Eis a segunda crónica na Tribuna Expresso, sobre o fabuloso Ajax de Erik Ten Hag.
quarta-feira, 17 de abril de 2019
A Estratégia da Identidade: O Atrevimento e a Insolência do Ajax de Erik Ten Hag
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terça-feira, 19 de março de 2019
Tribuna Expresso
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sexta-feira, 8 de março de 2019
Mão na bola
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sábado, 26 de janeiro de 2019
Chupar Limões
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Etiquetas: Passe e Devolução (Jornal Record)
sexta-feira, 24 de agosto de 2018
Don Andrés
Iniesta era essencialmente um jogador que, não sendo particularmente forte, rápido ou explosivo, se sentia confortável com a proximidade de um opositor e no meio de vários adversários. Essa capacidade de conviver com a proximidade do adversário é talvez o maior recurso num jogador de futebol moderno. Há jogadores extraordinários do ponto de vista técnico, alguns muito admirados por esse mundo fora, que nunca serão capazes de chegar ao nível dos melhores simplesmente porque não conseguem habitar espaços interiores. É muito mais fácil ser Toni Kroos, por exemplo, do que ser Andrés Iniesta. O espanhol nunca foi aquele jogador a quem compete virar flancos, abrir nas alas, jogar por fora e pautar o jogo sem se meter em alhadas. Sempre foi muito mais do que isso. Conseguia, e tinha prazer, em jogar em espaços curtos, dentro do bloco adversário, e percebia que era em espaços curtos, com muitos adversários à ilharga, e onde as opções de passe não são tão óbvias, que podia dar largas à sua criatividade. Os jogadores mais criativos são invariavelmente os que mais à vontade se sentem nessas condições, e os que as procuram para se sentirem bem consigo mesmos. Iniesta adorava conduzir em direcção a vários adversários, para os fixar, e decidir em conformidade; adorava levar a bola para a confusão das pernas adversárias, em vez de a soltar, como mandam os livros, para onde há menos gente; adorava meter-se em apertos, chamar a si os opositores, para lhes perturbar a organização e gerar espaços noutras zonas; e adorava driblar, sem recurso a nada que não a técnica, apenas pelo prazer de sentir o ganho colectivo que advém de tirar um adversário do caminho e provocar a deslocação de outro para lhe fazer as vezes. Havia, aliás, uma finta que o definia (e que define em geral os verdadeiros criativos), que consistia em criar a ilusão do desarme do adversário e, no momento em que esse adversário tomasse a iniciativa, passar a bola de um pé para o outro de modo a contorná-lo. Iniesta fazia-o amiúde, geralmente do pé direito para o pé esquerdo (os destros geralmente usam a finta deste modo porque, sendo destros, criam a ilusão do desarme quando a bola está mais próxima do pé direito), e sempre com uma subtileza notável. Não sei mesmo se alguém alguma vez o terá feito melhor e mais vezes. Essa finta definia-o, em parte, porque exemplifica o futebol de Iniesta. Não é uma finta feita em potência, não carece de velocidade ou explosão, nem é pré-fabricada. É um recurso, que só faz sentido ser utilizado na circunstância de um adversário esboçar uma tentativa de desarme, e que requer destreza técnica, competência a usar o corpo quer para proteger a bola, quer para induzir o adversário em erro, audácia e muita classe.
Agora que a sua carreira chegou ao fim, é tempo de pensar no modo como contribuiu para mudar o jogo. Individualmente, creio que é o melhor exemplo de como o futebol está diferente, para melhor. Há 20 anos, era quase impensável um médio de ataque franzino, pouco veloz e tímido impor-se ao mais alto nível. Os mais dotados, do ponto de vista técnico, tinham sempre de possuir outros atributos que os valorizassem. Zidane marcou dois golos de cabeça numa final do campeonato do mundo, por exemplo. Um jogador como Iniesta, no final dos anos 90, teria poucas possibilidades de se destacar. E, verdade seja dita, não sei se teria tido a notoriedade que acabou por ter se não tivesse tido a sorte de coexistir com Guardiola naqueles quatro anos em Barcelona. Antes disso, era uma jovem promessa do Barça, que não podia jogar no mesmo meio-campo onde já jogava Xavi Hernandez, e que teria de esperar pela sua oportunidade. Mas Guardiola não mostrou apenas que havia espaço para jogadores como Iniesta; mostrou que um jogador como Iniesta é fundamental para que uma equipa possa jogar de um determinado modo. Iniesta é uma possibilidade tornada real. Há 20 anos, ninguém acreditava que o espaço interior, de tão sobrepovoado que estava, era o espaço mais importante para atacar. Quando as equipas se fechavam no meio, todos achavam que era pelas alas que se devia entrar, que era para as faixas que os médios deviam levar o jogo. Não havia espaço, e parecia impossível penetrar pelo meio, por mais dotados que fossem os jogadores que aí se colocassem. E, portanto, achava-se que o futuro do futebol estava nos desequilibradores e nos velocistas, que nessa altura iam sendo transformados em extremos. Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, tornou-se um jogador de ala porque era na ala que, na altura, se achava que a sua capacidade técnica podia fazer a diferença. Foi também por isso que se decretou o fim dos números 10. Volvidas duas décadas, tudo mudou. Não só não se extinguiram os números 10, como os grandes jogadores da actualidade, aqueles mais competentes do ponto de vista técnico e mais criativos, são quase todos jogadores de corredor central. Os extremos, tão em voga nessa altura, têm hoje em dia muito menos preponderância. E se a mudança que se registou de então para cá tiver um rosto, esse é o rosto de Iniesta. Num contexto propício, claro, foi ele que mostrou que é possível jogar por dentro, em espaços curtos, e que não é com velocidade, potência física ou números de circo que se supera a organização defensiva do adversário, mas com talento e inteligência. Agora que terminou a sua carreira, vale pois a pena lembrarmo-nos do quanto contribuiu para que o jogo se tornasse melhor. É talvez o melhor tributo que podemos fazer a Don Andrés.
Escrito por Nuno às 18:08:00 4 bolas ao poste
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quarta-feira, 18 de julho de 2018
O Mundial na Era da Estratégia
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quinta-feira, 5 de abril de 2018
Equilíbrio Emocional
Escrito por Nuno às 14:32:00 10 bolas ao poste
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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
Sergio Busquets: o futebolista do futuro
É incrível, mas é Sergio Busquets quem, de costas para o lance, vê em primeiro lugar aquilo que havia para ver e é quem, de certo modo, indica o caminho ao argentino. O próprio Messi não parece ter sido tão perspicaz quanto ele a descobrir aquele espaço privilegiado. Busquets recebe a bola, olha por cima do ombro, vê onde estava o espaço verdadeiramente relevante e retarda o passe apenas o tempo suficiente para criar a ilusão de que vai fazer aquilo que parecia evidente que tem de ser feito e para dar tempo ao colega para perceber onde é que a bola tem afinal de entrar. E depois ainda executa o passe na perfeição. Numa fracção de segundos, sem estar de frente para o lance, Busquets faz uma série de coisas inacreditáveis: analisa o posicionamento colectivo de toda a equipa adversária, calcula qual o espaço a aproveitar e em que momento exacto fazê-lo, deixa os adversários lambuzarem-se com o engodo de uma linha de passe que sabe desde o início que não vai utilizar, indica ao colega quais as suas reais intenções e, num gesto técnico nada fácil, ainda faz a bola entrar num espaço diminuto, com precisão absoluta, de modo a deixar o companheiro nas melhores condições possíveis para atacar a linha defensiva adversária. O resto do lance pouco importa. Para a estatística, fica o golo de Suarez e a assistência de Messi. Mas o génio, nesta jogada, é todo de Busquets. É ele quem, do nada, atrás da linha de meio-campo, com uma acção tão subtil quanto aparentemente simples, inventa aquela ocasião de golo. E poucos são os que, levados pela histeria das bolas perto das balizas, conseguem perceber que, por vezes, uma ocasião de golo se gera por inteiro num passe de dez metros a meio-campo. No dia em que se conseguir perceber tal coisa, perceber-se-á, por fim, que o futebol é daqueles que, como Busquets, só usam os pés para cumprir aquilo que a cabeça idealiza.
Escrito por Nuno às 09:39:00 2 bolas ao poste
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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
A Jogada do Século
Se tivesse de escolher uma jogada que, de certo modo, definisse aquilo que foi a evolução do futebol no século XX, escolhia a primeira jogada da final do campeonato do mundo de 1974. O lance é, para os padrões actuais, uma aberração: a velocidade a que se troca a bola, a ausência de zonas de pressão, as marcações individuais dos alemães, a total anarquia da organização ofensiva holandesa, etc.. E, no entanto, o mesmo lance justifica toda a evolução que o futebol sofreu nos últimos 50 anos. É sobretudo por isso que me parece justo descrevê-la como a jogada do século. Nela estão contidas as sementes da revolução laranja, e de tudo aquilo que essa revolução proporcionaria depois, e é nela - precisamente nela - que identifico a fronteira entre o velho e o novo paradigma. Não é de todo irrazoável falar de um futebol antes de Cruyff e de um futebol depois de Cruyff, e muitos já o fizeram, mas normalmente situa-se a fronteira entre essas duas épocas um pouco mais tarde. Aquilo que Cruyff veio a ser como treinador, e o pensamento que depois criaria escola, não é indissociável, contudo, daquilo que foi como jogador. A revolução que as suas ideias protagonizaram tiveram expressão maior no seu 'Dream Team' e, posteriormente, no futebol praticado pelas equipas de Guardiola, mas tudo começou na Holanda, no final da década de 60 e início da década de 70. É nessa altura, com o sucesso do Ajax entre 1969 e 1973 (finalista vencido em 69, o Ajax venceria a Taça dos Campeões Europeus em 71, 72 e 73) e com o futebol apresentado pela selecção holandesa no Mundial de 74, que tudo começa. E a forma como a Holanda chega à vantagem na final dessa competição é o dealbar desse mundo novo. É nesse lance que a parceria entre Rinus Michels e Johan Cruyff encontra o seu expoente máximo. Mesmo que a selecção germânica tenha conseguido recuperar da desvantagem, e a Holanda não se tenha sagrado campeã do mundo, o futebol vergou-se nesse momento e nunca mais foi o mesmo.
Escrito por Nuno às 14:51:00 2 bolas ao poste
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segunda-feira, 16 de outubro de 2017
Marcação Individual
O problema principal da marcação individual não é, todavia, nenhum destes. Imaginando que essa marcação pudesse ser eficaz ao longo dos 90 minutos, e que o adversário que se achou importante marcar em cima não fosse capaz de escapar a essa marcação e de ter bola para fazer a diferença, a simples preocupação em seguir um adversário por todo o terreno é uma vantagem tremenda para a equipa adversária. Isto porque a equipa do jogador sobre o qual recai a marcação passa a poder levar um elemento adversário para onde lhe aprouver e, portanto, a poder induzir uma determinada desorganização defensiva nesse adversário. Imagine-se que os dois laterais de uma equipa estão destacados para marcar individualmente os dois extremos adversários (quem tiver pouca imaginação e achar que isso já não se usa assim, pode sempre ver alguns jogos do Manchester United de José Mourinho o ano passado). Se o treinador adversário quiser, pode simplesmente pedir aos seus extremos que passem a frequentar espaços centrais, levando consigo os marcadores directos, e aos restantes jogadores da equipa que façam a bola entrar no espaço que passa a ficar livre em cada flanco.
É verdade que do facto de ser assim tão fácil criar as condições de ataque ideais não se segue que todos os jogadores a quem é movida uma marcação individual se movimentem propositadamente para que isto se suceda. É aliás raro que um jogador o faça deliberadamente, ou que um treinador, perante uma situação destas, perceba a vantagem de que dispõe e saiba explicar ao seu atleta para onde e de que modo deve conduzir o seu marcador directo. Mas, mesmo que o adversário não compreenda essa vantagem e não saiba tirar proveito dela, a marcação individual continua a ser uma opção perigosa. Mesmo que involuntariamente, como aliás parece ter sido aqui o caso, é natural que o avançado a quem é movida a marcação acabe por arrastar o seu marcador directo para zonas potencialmente desvantajosas para quem defende e que a equipa que ataca acabe por usufruir do espaço que se cria na sequência disso. Messi é excepcional e merece considerações excepcionais, concordo. Mas hipotecar a organização defensiva na esperança de que Messi tenha menos influência no jogo parece-me estúpido. Entre apostar na organização para tentar vencer uma equipa na qual joga Messi e apostar na desorganização para se jogar contra a mesma equipa, mas sem Messi, parece-me óbvio aquilo que se deve escolher. Mesmo que, colectivamente, este Barça de Valverde seja banalíssimo, há uma quantidade de jogadores acima da média que podem facilmente usufruir da desorganização propiciada pela segunda aposta. Messi é excepcional, claro, mas achar que Messi é mais perigoso sozinho contra uma equipa bem organizada do que os restantes dez companheiros contra uma equipa mal organizada não me parece fazer muito sentido.
Escrito por Nuno às 11:13:00 11 bolas ao poste
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domingo, 23 de julho de 2017
Abdelhak Nouri
O tributo acima fala por si, mas vale a pena destacar 1) a velocidade do raciocínio que subjaz ao passe de calcanhar ao minuto 1.16; 2) a dificuldade e a precisão do passe ao minuto 1.36; 3) a qualidade com que faz a bola entrar no sítio certo, no momento certo e com a força certa ao minuto 1.50; 4) a inteligência e a criatividade inerentes ao passe ao minuto 4.18; 5) a visão de jogo, a subtileza e a imaginação que lhe permitem o passe ao minuto 6.23; 6) a forma como se associa aos colegas para se desenvencilhar dos obstáculos ao minuto 7.07; 7) a aparente simplicidade com que, de primeira, numa acção de difícil execução com a parte de fora do pé, devolve a bola a quem lha passara ao minuto 8.35; 8) a preocupação com o efeito a dar à bola, para que ela se aproxime do colega e fuja ao adversário, ao minuto 9.57; e 9) a genialidade com que, não se preocupando em conduzir para fixar, conduz a bola para fora de modo a dar tempo ao colega de entrar, no passe ao minuto 12.13. Resta-nos apreciar.
Escrito por Nuno às 23:24:00 1 bolas ao poste
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sábado, 17 de junho de 2017
Os Melhores de 2016/2017
Eis os melhores da Liga Portuguesa, em 433:
Extremos: Gelson Martins e Krovinovic
Avançado: Bas Dost
Médio Ofensivo: Francisco Geraldes
Extremos: Iuri Medeiros e Otávio
Avançado: Jonas
Escrito por Nuno às 14:05:00 45 bolas ao poste
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sexta-feira, 9 de junho de 2017
O Real de Zidane
Escrito por Nuno às 19:18:00 33 bolas ao poste
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quarta-feira, 3 de maio de 2017
O mesmo que se faz aqui, mas em mau...
Hoje em dia, quase toda a gente fala em decisões. Mas a maioria das pessoas não percebe bem o que é uma decisão, em futebol. Para as pessoas como o António Tadeia, os jogadores só tomam decisões quando decidem chutar em vez de passar, ou quando escolhem uma opção de passe em detrimento de outra. Nas suas cabeças, só faz sentido falar em decisões quando é evidente que há tempo para decidir antes de executar. Na verdade, tudo o que um jogador faz em campo é decidir. Uma simples recepção, por exemplo, acarreta uma decisão. E, mais importante do que isso, tais decisões são geralmente tomadas em fracções de segundo. Assim é porque as circunstâncias de uma jogada mudam em fracções de segundo. Este lance é um bom exemplo disso. No momento em que a bola sai do pé de Ronaldo, a jogada está ainda longe de estar definida, e é absurdo assumir que o jogador que a vai receber já tenha tomado uma decisão acerca do destino a dar à bola (cruzar de primeira ou dominar a bola, por exemplo). Mais do que isso, precisa de perceber como se vão comportar os colegas e os adversários nos instantes seguintes, e só então, avaliando as circunstâncias tais como se apresentarem nessa altura, poderá tomar uma decisão. A verdade é que Godin, o central do Atlético que sai ao caminho de Lucas Vázquez, não protege devidamente a baliza e ainda se aproxima em demasia do portador da bola, tentando dificultar-lhe a recepção. No último instante, o jogador do Real Madrid percebe que, orientando a recepção, tem espaço suficiente para driblar o uruguaio, e é isso que faz. A decisão foi tomada no último instante antes de chegar à bola, e em função das circunstâncias que só nessa altura tornaram claro que o drible era exequível. Não, António, não era preciso acreditar no Pai Natal para acreditar que havia espaço suficiente para tirar o adversário do caminho e cruzar para um dos colegas que se movimentavam na área. Os jogadores de futebol não fazem as coisas ao calhas; são agentes racionais. Lêem circunstâncias específicas, estimam o sucesso de determinadas decisões e agem em conformidade. Ainda que as suas acções não sejam precedidas de uma ponderação demorada, são determinadas por processos racionais. Recebem estímulos, interpretam-nos e decidem o melhor que conseguem. Avaliando os sinais corporais do adversário, a distância até à linha de fundo e a movimentação dos colegas na área, foi possível a Lucas Vázquez perceber (no último instante) que podia ultrapassar Godin, que teria espaço para chegar à bola antes de esta sair e que, entretanto, teria opções de passe diferentes das que havia nesse instante. Não fez nada ao calhas, e o toque que deu na bola foi tudo menos involuntário e mau. António Tadeia não percebeu isto e fez figura de urso. Anda a fazê-la há anos, aliás, desde que lhe disseram que falar de futebol na televisão não era muito diferente de brincar com ursinhos de peluche. E agora não larga o ursinho.
P.S. A figura de urso, na verdade, foi feita ao longo de toda a partida de ontem, sempre que António Tadeia se lembrava de que Isco, cujo virtuosismo técnico não deixou de gabar com toda a condescendência do mundo, não é capaz de acções colectivas relevantes.
Escrito por Nuno às 17:15:00 7 bolas ao poste
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sábado, 11 de março de 2017
Passe e Devolução
Escrito por Nuno às 00:29:00 4 bolas ao poste
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domingo, 5 de fevereiro de 2017
O Campeão Inglês
O Leicester de Ranieri é isto: jogadores ao monte, desorganização geral, referências ao homem, etc.. Muita fé e pouca ciência, em suma! Foi isto que foi campeão inglês o ano passado. Se querem elogiar o Leicester, muito bem. Mas o que estão a elogiar é isto. E isto é a Pré-História do jogo. Foi campeão porque o ano passado as únicas equipas que jogavam um jogo minimamente parecido com aquilo que o futebol é actualmente fizeram uma má época, porque os jogadores do Leicester se convenceram a dada altura de que eram melhores do que na verdade são e porque, em Inglaterra, o jogo continua a ser pré-histórico.
Escrito por Nuno às 21:12:00 50 bolas ao poste
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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
Lateral Esquerdo
Escrito por Nuno às 00:17:00 6 bolas ao poste
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terça-feira, 25 de outubro de 2016
As Incidências do Jogo e as Análises do Resultado
Vem isto a propósito de dois jogos da Liga dos Campeões da semana passada. É quase unânime que o Sporting foi muito inferior ao Borussia de Dortmund, sobretudo na primeira parte, e é quase unânime que essa inferioridade se explica pela incapacidade (individual e colectiva) de pressionar Weigl, o médio-defensivo que dava sistematicamente início à construção dos alemães. Não concordo com nada disto, e estou convencido de que tais análises decorrem justamente da impressão que os golos, e o resultado, causam às pessoas. Quando Aubameyang marcou o primeiro golo do Borussia, num lance em que Rúben Semedo não fica isento de responsabilidades (achou que podia tentar ganhar em velocidade, quando podia facilmente ter encostado assim que o gabonês arrancou), o Sporting mandava por inteiro no jogo: já tinha tido duas oportunidades de golo e, sobretudo, não permitia ao Dortmund senão lançamentos longos, a explorar as alas, que invariavelmente acabavam em bolas perdidas. Se, antes do golo, o jogo era diferente daquilo em que se tornaria depois, é absurdo diagnosticar um mal geral ao modo como o Sporting encarou a primeira parte do desafio. Se Bryan Ruiz tivesse conseguido dominar aquela bola que William lhe endossou e, ficando na cara do guarda-redes, fizesse golo, ou se o árbitro da partida tivesse assinalado a grande penalidade sobre Bas Dost no lance que precede o primeiro golo dos alemães, o jogo seria completamente distinto. Mais ainda, o golo não afectou a equipa de Jesus de imediato. Nos minutos seguintes, o Dortmund continuou com muitas dificuldades em ligar o seu jogo, e a liberdade de que Weigl acabou por gozar começou a fazer-se notar apenas aos poucos, e com a descrença que se foi apoderando da equipa leonina. No final da primeira parte, fica-se com a impressão de que Weigl jogou os primeiros 45 minutos sem oposição, que o Dortmund conseguiu sempre superar as linhas de pressão do Sporting e aproveitar o espaço entre a linha de meio-campo e a linha defensiva adversária, e que os leões foram totalmente subjugados. Nada mais falso. Do meu ponto de vista, aliás, o Dortmund fez uma primeira parte relativamente fraca. O jogo interior dos alemães, por exemplo, praticamente não existiu. À excepção de dois lances em que Weigl conseguiu ligar o jogo por Goetze (ao minuto 13, na sequência de uma acção defeituosa de Elias, que se fixa em demasia na referência do homem e deixa um espaço enorme no meio, e ao minuto 29, em que Goetze aparece a receber entre Elias e Gelson, já perto da linha lateral), a opção dos alemães foi sempre o jogo exterior, e esse raramente constituiu um grande problema. É verdade que o Dortmund conseguiu chegar muitas vezes ao último terço do terreno, e que o Sporting não travou o principal responsável por isso, Weigl, mas raramente lá chegou com a defesa leonina desequilibrada. Os desequilíbrios alemães ocorreram quase todos na sequência de lances de contra-ataque (como o de Pulisic ou como o de Kagawa) ou em acções individuais (como aquelas protagonizadas por Aubameyang). Em organização ofensiva, quantas vezes o Dortmund conseguiu realmente incomodar o Sporting? Conseguiu fazer a bola chegar ao último terço do terreno, mas quase sempre por fora e quase sempre com as linhas defensivas bem arrumadas.
O Sporting começou muito bem o jogo, em todos os aspectos (qualidade a sair de zonas de pressão, capacidade de circular a bola e penetrar no bloco adversário, competência a pressionar, com a linha defensiva muito subida a encurtar os espaços interiores), e continuou a fazer bem algumas dessas coisas. Mas houve uma coisa que mudou com o golo de Aubameyang. Fosse por receio de perder o controlo da profundidade, fosse por desconcentração, a linha defensiva dos leões não se comportou sempre como deveria, afundando em excesso em determinadas ocasiões. Veja-se, por exemplo, o lance de contra-ataque conduzido por Kagawa aos 39 minutos: Bartra recupera a bola, e toda a linha média do Sporting sai em pressão; a linha defensiva, porém, permanece atrasada, e o japonês pôde receber entre linhas, sem ninguém num raio de 20 metros. Foi esse, a meu ver, o principal defeito do Sporting, na primeira parte. Sempre que, em organização defensiva, a linha de defesa baixava, a linha média não tinha outra hipótese que não fosse baixar também, dada a colocação de Goetze e Kagawa (que se posicionavam sistematicamente junto à linha defensiva leonina), e foi isso que permitiu a Weigl toda aquela liberdade. E isso só aconteceu porque o resultado era desfavorável e, concretamente, porque isso resultara de um lance em que Aubameyang conseguira ganhar as costas à defesa do Sporting. Perante um resultado desfavorável, o passar do tempo faz aumentar a descrença dos jogadores, e com essa descrença aumenta também o receio de falhar e a desconcentração. O Sporting continuou a jogar bem, tanto ofensiva como defensivamente, depois de sofrer o golo (esteve muito bem a sair de zonas de pressão, a trocar a bola em espaços curtos, a explorar o jogo interior, a criar situações de ataque através de combinações colectivas, a criar superioridade numérica na zona da bola, a reduzir os espaços no corredor central, etc.), mas num ou noutro momento os jogadores perderam a concentração (geralmente em aspectos em que é mais fácil perdê-la, como seja em acções de posicionamento sem bola), e isso criou a ilusão de que o Borussia de Dortmund tinha dominado o jogo a seu bel-prazer. O Sporting falhou em certos momentos, é certo, mas não me parece justo justificar o resultado de um jogo (neste caso, o resultado que se verificava ao intervalo) com base num falhanço estratégico quando, na verdade, as falhas foram pontuais e em grande medida motivadas pelas incidências do próprio jogo.
Escrito por Nuno às 14:51:00 8 bolas ao poste
Etiquetas: Barcelona, Borussia de Dortmund, Manchester City, Raciocínios Tácticos, Sporting
domingo, 23 de outubro de 2016
O Futebol não é para Meninos
Escrito por Nuno às 13:01:00 50 bolas ao poste
Etiquetas: Arbitragem, Iniesta, Raciocínios Tácticos
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
O Futebol e o Bacalhau à Brás: a Falácia dos Princípios de Jogo
Escrito por Nuno às 12:59:00 43 bolas ao poste
Etiquetas: Raciocínios Tácticos, Soul Magazine