O jogo é o Portugal-França, na categoria de sub-21, a contar para o Torneio da Suécia. Em estudo, a exibição de Pelé, um dos novos ídolos, juntamente com o Gato das Botas e a Padeira de Aljubarrota, dos relvados portugueses. De referir, antes de começar, que Pelé esteve, na minha opinião, uns furos acima do que é normal, não abusando tanto do passe comprido, por exemplo. Isto deve-se, em parte, à forma como a equipa francesa defendeu, nunca pressionando em cima e fechando-se lá atrás, obrigando Pelé a passes mais laterais e recuados.
1 minuto: Má opção. (Recebe e dá em Manuel Fernandes, embora tivesse tido tempo para virar o flanco e pudesse, com isso, descongestionar o jogo.)
1 minuto: Boa opção. (Recebe um lançamento e entrega a Manuel da Costa.)
2 minutos: Falta. (Faz falta sem necessidade.)
5 minutos: Má opção. (Tenta driblar, perde, mas recupera graças ao porte atlético.)
6 minutos: Boa opção. (Dá atrás depois de receber.)
6 minutos: Má opção. (Drible arriscado no meio-campo que, por acaso, sai bem, havendo porém o perigo de, perdendo a bola, a França criar uma situação de superioridade numérica que era desnecessária.)
7 minutos: Mau passe. (Mau passe para a ala, a permitir a recuperação francesa.)
7 minutos: Recuperação de bola. (Recupera uma bola depois do jogador francês a adiantar em demasia.)
10 minutos: Mau passe. (Passe longo, na direcção de um francês.)
10 minutos: Má opção. (Tentativa de passe longo que acaba nas mãos do guarda-redes adversário)
15 minutos: Recuperação de bola. (Intercepta um passe e dá em Manuel Fernandes.)
15 minutos: Sofre falta. (Sofre falta à saída da grande-área, ao proteger a bola, após um ataque perigoso dos franceses.)
16 minutos: Mau posicionamento. (Demasiado subido no terreno, a permitir espaço entre linhas.)
18 minutos: Boa opção. (Devolve atrás.)
21 minutos: Mau passe. (Tenta pisar a bola, mas falha; o jogador francês escorrega e ele recupera, entregando depois mal a bola, obrigando Antunes a dividir a bola com um adversário.)
22 minutos: Mau posicionamento. (Novamente adiantado, concedendo muito espaço nas suas costas e entre os centrais.)
23 minutos: Boa opção. (Dá em Manuel da Costa.)
23 minutos: Boa opção. (Recebe e dá em Paulo Machado.)
25 minutos: Mau posicionamento. (Estando demasiado avançado, permite espaço entre si e os centrais, que Manuel da Costa tenta preencher, avançando ligeiramente; como Nuno André Coelho não acompanha, um lançamento longo apanha o avançado gaulês nas costas do defesa português, não sendo golo por manifesta falta de calma do francês.)
25 minutos: Boa opção. (Dá em Paulo Machado.)
25 minutos: Mau passe. (Executa um passe com demasiada força e para Bruno Gama, que não teria boas condições para receber a bola.)
26 minutos: Boa opção. (Devolve a Manuel da Costa.)
28 minutos: Mau remate. (Apesar de a opção não ser necessariamente má, o remate é francamente mau.)
30 minutos: Perda de bola. (Depois de a bola ter sobrado para uma zona de ninguém, tenta ganhar uma bola em habilidade, pisando-a, mas fá-lo de forma lenta e um francês rouba-lha.)
31 minutos: Boa opção. (Recebe, roda e dá em Manuel Fernandes.)
34 minutos: Boa opção. (Tabela com Manuel Fernandes, que no entanto estica demasiado o passe e o lance perde-se.)
39 minutos: Boa opção. (À entrada da área, tenta arranjar espaço para o remate; não consegue e dá para o remate de Paulo Machado.)
40 minutos: Boa opção. (Devolve a Nuno André Coelho.)
41 minutos: Ultrapassado. (É ultrapassado no um para um com relativa facilidade.)
42 minutos: Mau posicionamento. (Novamente muito subido, permite que apareça um adversário na sua zona, à entrada da área, a rematar completamente à vontade.)
44 minutos: Boa opção. (Recebe e dá em Manuel Fernandes.)
45 minutos: Má opção. (No meio-campo, com a selecção gaulesa a perder uma bola em transição e podendo jogar de forma mais cautelosa, efectua um passe longo para Edinho; este quase consegue chegar antes do guarda-redes, mas apenas porque a bola se afasta da baliza, obrigando o guarda-redes a percorrer um espaço maior.)
45 minutos: Má opção. (Com a equipa francesa descompensada, recebe uma bola de Antunes, podendo rodar o jogo para a direita, esticando-o, mas prefere fintar, voltar ao meio, perdendo a hipótese de uma transição rápida e permitindo à selecção francesa que se reorganizasse defensivamente.)
48 minutos: Boa opção. (Dá em Paulo Machado.)
51 minutos: Mau passe. (Passe sem nexo para o centro da defesa francesa.)
1 minuto: Má opção. (Recebe e dá em Manuel Fernandes, embora tivesse tido tempo para virar o flanco e pudesse, com isso, descongestionar o jogo.)
1 minuto: Boa opção. (Recebe um lançamento e entrega a Manuel da Costa.)
2 minutos: Falta. (Faz falta sem necessidade.)
5 minutos: Má opção. (Tenta driblar, perde, mas recupera graças ao porte atlético.)
6 minutos: Boa opção. (Dá atrás depois de receber.)
6 minutos: Má opção. (Drible arriscado no meio-campo que, por acaso, sai bem, havendo porém o perigo de, perdendo a bola, a França criar uma situação de superioridade numérica que era desnecessária.)
7 minutos: Mau passe. (Mau passe para a ala, a permitir a recuperação francesa.)
7 minutos: Recuperação de bola. (Recupera uma bola depois do jogador francês a adiantar em demasia.)
10 minutos: Mau passe. (Passe longo, na direcção de um francês.)
10 minutos: Má opção. (Tentativa de passe longo que acaba nas mãos do guarda-redes adversário)
15 minutos: Recuperação de bola. (Intercepta um passe e dá em Manuel Fernandes.)
15 minutos: Sofre falta. (Sofre falta à saída da grande-área, ao proteger a bola, após um ataque perigoso dos franceses.)
16 minutos: Mau posicionamento. (Demasiado subido no terreno, a permitir espaço entre linhas.)
18 minutos: Boa opção. (Devolve atrás.)
21 minutos: Mau passe. (Tenta pisar a bola, mas falha; o jogador francês escorrega e ele recupera, entregando depois mal a bola, obrigando Antunes a dividir a bola com um adversário.)
22 minutos: Mau posicionamento. (Novamente adiantado, concedendo muito espaço nas suas costas e entre os centrais.)
23 minutos: Boa opção. (Dá em Manuel da Costa.)
23 minutos: Boa opção. (Recebe e dá em Paulo Machado.)
25 minutos: Mau posicionamento. (Estando demasiado avançado, permite espaço entre si e os centrais, que Manuel da Costa tenta preencher, avançando ligeiramente; como Nuno André Coelho não acompanha, um lançamento longo apanha o avançado gaulês nas costas do defesa português, não sendo golo por manifesta falta de calma do francês.)
25 minutos: Boa opção. (Dá em Paulo Machado.)
25 minutos: Mau passe. (Executa um passe com demasiada força e para Bruno Gama, que não teria boas condições para receber a bola.)
26 minutos: Boa opção. (Devolve a Manuel da Costa.)
28 minutos: Mau remate. (Apesar de a opção não ser necessariamente má, o remate é francamente mau.)
30 minutos: Perda de bola. (Depois de a bola ter sobrado para uma zona de ninguém, tenta ganhar uma bola em habilidade, pisando-a, mas fá-lo de forma lenta e um francês rouba-lha.)
31 minutos: Boa opção. (Recebe, roda e dá em Manuel Fernandes.)
34 minutos: Boa opção. (Tabela com Manuel Fernandes, que no entanto estica demasiado o passe e o lance perde-se.)
39 minutos: Boa opção. (À entrada da área, tenta arranjar espaço para o remate; não consegue e dá para o remate de Paulo Machado.)
40 minutos: Boa opção. (Devolve a Nuno André Coelho.)
41 minutos: Ultrapassado. (É ultrapassado no um para um com relativa facilidade.)
42 minutos: Mau posicionamento. (Novamente muito subido, permite que apareça um adversário na sua zona, à entrada da área, a rematar completamente à vontade.)
44 minutos: Boa opção. (Recebe e dá em Manuel Fernandes.)
45 minutos: Má opção. (No meio-campo, com a selecção gaulesa a perder uma bola em transição e podendo jogar de forma mais cautelosa, efectua um passe longo para Edinho; este quase consegue chegar antes do guarda-redes, mas apenas porque a bola se afasta da baliza, obrigando o guarda-redes a percorrer um espaço maior.)
45 minutos: Má opção. (Com a equipa francesa descompensada, recebe uma bola de Antunes, podendo rodar o jogo para a direita, esticando-o, mas prefere fintar, voltar ao meio, perdendo a hipótese de uma transição rápida e permitindo à selecção francesa que se reorganizasse defensivamente.)
48 minutos: Boa opção. (Dá em Paulo Machado.)
51 minutos: Mau passe. (Passe sem nexo para o centro da defesa francesa.)
51 minutos: Ultrapassado. (É ultrapassado em velocidade por um adversário, junto à linha.)
55 minutos: Mau posicionamento. (Com Antunes fora a ser assistido, um dos centrais franceses entra pela esquerda da defesa e, através de um passe recuado, encontra um companheiro que tem tempo para tudo, numa zona que Pelé tinha de, obrigatoriamente, ter ajudado a preencher, coisa que não fez; do lance resulta o primeiro golo da França.)
56 minutos: Boa opção. (Dá para trás.)
58 minutos: Boa opção. (Recebe, tira um adversário e dá em Paulo Machado.)
58 minutos: Bom passe. (Passe vertical para Edinho.)
58 minutos: Ultrapassado. (Vai à queima e é ultrapassado.)
59 minutos: Corte. (Corte para o ar.)
62 minutos: Má opção. (Depois de deixar pregados ao relvado dois adversários, passando no meio deles, decide mal e entrega a bola a um adversário.)
64 minutos: Boa opção. (Entrega a Paulo Machado.)
66 minutos: Boa opção. (Recebe, dá em Manuel da Costa; este devolve a bola e Pelé abre na direita, para João Pereira.)
67 minutos: Corte. (Ganha um lance de cabeça.)
68 minutos: Má opção. (Tenta fazer uso do seu poderio atlético e segurar a bola junto à linha, quando a poderia entregar a um colega, e acaba por perdê-la.)
72 minutos: Boa opção. (Dá para Nuno André Coelho.)
73 minutos: Recuperação de bola. (Recupera uma bola.)
73 minutos: Má opção. (Depois da recuperação de bola, progride no terreno e, de muito longe e sem preparação, tenta alvejar a baliza adversária, quando se impunha que jogasse com um colega.)
75 minutos: Corte. (Corte com a ponta do pé, com a bola a sobrar para Paulo Machado.)
76 minutos: Remate. (Remate contra a barreira, na sequência de um livre indirecto.)
78 minutos: Bom passe. (Passe vertical para Hélder Barbosa.)
78 minutos: Má opção. (Ganha um ressalto; tenta fintar e perde a bola; ganha novamente o ressalto, dribla um adversário mas torna a perder a bola.)
80 minutos: Mau passe. (Mau passe para Tiago Gomes.)
80 minutos: Boa opção. (Recebe no peito e dá para Nuno André Coelho.)
81 minutos: Boa opção. (Entrega a João Moreira.)
81 minutos: Boa opção. (Dá atrás.)
81 minutos: Boa opção. (Dá a Paulo Machado.)
82 minutos: Boa opção. (Abre para João Pereira.)
83 minutos: Boa opção. (Intercepta e dá em Paulo Machado.)
84 minutos: Boa opção. (Entrega a Paulo Machado, recebe novamente e dá a Celestino.)
85 minutos: Bom passe. (Passe a abrir na esquerda, para Tiago Gomes, embora o facto de o lateral esquerdo não ter apoios tenha inviabilizado a jogada.)
85 minutos: Boa opção. (Passa a Hélder Barbosa.)
86 minutos: Mau passe. (Passe vertical para um colega que tinha marcação apertada, resultando numa bola dividida e, depois, perdida.)
86 minutos: Boa opção. (Dá atrás.)
86 minutos: Boa opção. (Recebe, tira um adversário com uma simulação de corpo e entrega bem no meio.)
87 minutos: Boa opção. (Dá para Manuel da Costa.)
87 minutos: Boa opção. (Passe lateralizado para Tiago Gomes.)
92 minutos: Má opção. (Tentativa de passe longo que acaba nas mãos do guarda-redes francês.)
Para melhor se aferirem os resultados, coloquei em negrito as acções negativas de Pelé. Vamos aos resultados:
1) 70 acções durante os 90 minutos; 41 acções positivas durante o jogo; 59% de acções positivas.
2) Em 53 lances com a bola nos pés e com condições para fazer algo (exclui-se portanto os lances de bola parada ou as disputas de cabeça, ou os lances em que procura recuperar a bola, ou os lances em que não tem a bola totalmente dominada), teve 34 boas opções contra 19 más opções; 64% de boas opções.
3) Destas 19 más opções, resultaram 15 perdas de bola, sendo que 9 delas não trouxeram perigo de maior à sua equipa, por terem ido para fora ou parar a zonas recuadas do campo, mas 6 delas provocaram desequilíbrios perigosos, permitindo à selecção francesa iniciar o seu processo ofensivo de imediato e com a selecção das quinas desorganizada defensivamente.
4) Pelé fez 3 cortes, ganhou 1 bola de cabeça e recuperou 3 bolas.
5) Fez 1 falta e sofreu outra.
6) Tentou desembaraçar-se individualmente dos seus adversários por 11 vezes, o que para um médio-defensivo é um exagero. Dessas 11 tentativas, apenas 6 foram bem sucedidas, sendo que, dessas 6, apenas 3 eram a melhor opção na altura.
7) Por sua vez, foi ultrapassado individualmente por 3 vezes.
8) Sendo um tipo que tem marcado golos que todos têm elogiado e que detém um pontapé invejável, fez 3 remates, sendo que 2 deles passaram muito por cima e outro saiu rasteiro e foi embater nos adversários que constituíam a barreira.
9) Passou o jogo todo mal posicionado, mas, em jogadas concretas de ataque francês, causou problemas à sua equipa por 5 vezes, o que, tendo em conta o pouco que os franceses atacaram, sobretudo na primeira parte, é muitíssimo. Desses lances, 1 deu golo da França, outro provocou o avanço de Manuel da Costa e o isolamento do avançado francês, outro permitiu a um francês um remate frontal, à entrada da área, sem oposição, e outros dois permitiram jogadas perigosas.
10) Efectuou 41 passes acertados contra 11 passes errados; 79% passes acertados. Este número revela que 1 em cada 5 passes de Pelé são errados. Não sendo um número muito problemático, tem de se ter em conta o risco dos mesmos. Destes 41 passes acertados, apenas 3 foram de risco elevado, sendo 2 deles passes verticais, pelo chão, que permitiram à equipa jogar entre linhas e 1 deles um passe a rasgar na esquerda. Se tivermos em conta o total dos 52 passes que efectuou, dos quais apenas 10 foram de risco elevado, vemos que apenas 19% dos passes que Pelé fez comportavam um risco elevado. Desses 10 passes de risco elevado, só 3 foram acertados, o que implica que os 79% de passes acertados diminuem drasticamente com o aumento do risco do passe. Assim, Pelé acertou 90% dos passes de risco baixo (38 passes acertados de um total de 42 passes de risco baixo) que efectuou, mas apenas 30% dos passes de risco elevado. Se é verdade que o seu acerto em passes de menor risco deve constituir prova de que conferiu alguma segurança com bola à equipa, não pode deixar de ser relevante que foi mal sucedido 2 em cada 3 vezes que tentava arriscar mais. Ora, tendo em conta o claro insucesso dos seus passes de maior risco, Pelé salvaguardar-se-á sempre que não abusar dos passes de risco elevado. Se é verdade que neste encontro obteve 79% de passes acertados, também é verdade que isso se deveu à percentagem relativamente baixa de passes de risco elevado, 19%. Uma vez que é conhecida a apetência de Pelé pelo risco, é de adivinhar que esta percentagem aumente noutros encontros, contra adversários que actuam de outra forma. Façamos um exercício: com estas contas e com uma percentagem de, por exemplo, 38% de passes de risco, o correspondente ao dobro do jogo de hoje e mais condizente com a apetência dele, Pelé teria, em 52 passes, 20 passes de risco, dos quais acertaria apenas 6; dos restantes 32 passes de risco menos elevado, à percentagem de 90%, Pelé acertaria 29; assim, com uma percentagem de passes de risco elevado nos 38%, Pelé acertaria, em 52 passes, apenas 35 e já não 41; o seu índice de passes acertados desceria de 79% para 67%. Se é evidente que 79% de passes acertados, não sendo uma marca óptima, é uma marca relativamente boa, não deixa de ser menos verdade que, num jogado mais normal de Pelé (como já o demonstrou noutras partidas, gosta de arriscar passes mais longos) esse índice relativamente bom tende a decrescer consideravelmente.
Notas finais: Tendo a equipa portuguesa a bola, Pelé raramente ofereceu linhas de passe aos colegas, andando nestas alturas a passo. Sem bola, quer em missão defensiva, quer ofensiva, foi um desastre, errando em termos posicionais como um principiante. Esta falta de aptidão para oferecer apoios ou para perceber que espaços deve ocupar nas diferentes situações de jogo são, talvez, o seu maior defeito. Sem bola, portanto, fica evidente que Pelé tem graves deficiências. Com bola, durante esta partida, não esteve tão mal como noutras alturas, sobretudo porque optou por não arriscar tanto quanto costuma. Ainda assim, para um jogador na sua posição, abusa de iniciativas individuais desnecessárias e não garante a segurança no passe que se desejaria. Como se não bastasse, não foi (nem é, normalmente), um jogador concentrado, andando a passo em muitas situações em que se exigia uma resposta rápida da sua parte. Esta lentidão de processos agravou-se ainda com a pouca disponibilidade de Pelé para as bolas divididas, coisa que, de acordo com o seu porte atlético, deveria ter facilidade em ganhar. Sabendo-se que Mourinho espera dos seus jogadores, além de inteligência e interesse pelo jogo, concentração máxima, estou em crer que Pelé precisa de modificar muito do seu futebol para entrar nas contas do técnico português.
Ainda sobre este encontro:
1) Um dos comentadores de serviço lembrou-se de comparar Nuno André Coelho a Ricardo Carvalho. O que eu gostava de saber era em que esquina esse indivíduo bateu com a cabeça.
2) A selecção nacional é das mais miseráveis de que me lembro neste escalão. Do onze inicial, aproveita-se um: Carlos Saleiro. O resto são tipos sem potencial, ou com menos potencial do que se diz, ou que pararam de evoluir, embora tivessem um potencial considerável.
3) Manuel da Costa foi repreendido por Rui Caçador e meio país ficou espantado. Foi preciso uma coisa dessas para se perceber que o jogador português é horrível na interpretação dos lances e na forma como abusa em subidas sem nexo, ou em lances individuais, ou em habilidades sem sentido?
4) Hélder Barbosa continua a não ser opção para Caçador. Agora, o melhor extremo português desta idade até já se vê ultrapassado por um ponta-de-lança adaptado... e que ainda por cima não tem idade para jogar nesta selecção. Brilhante!
5) E Fábio Coentrão, não?
6) Os comentadores disseram ainda que Pelé estava cansado, após uma época longa e desgastante. Segundo eles, o internacional português jogara mais de 20 jogos em Itália, tendo-se afirmado na equipa do Inter como poucos esperariam. Ya, ya. Pelé jogou 4 jogos a titular no campeonato, tendo entrado noutros 9. São 13. 496 minutos jogados. Isto é afirmar-se como?
56 minutos: Boa opção. (Dá para trás.)
58 minutos: Boa opção. (Recebe, tira um adversário e dá em Paulo Machado.)
58 minutos: Bom passe. (Passe vertical para Edinho.)
58 minutos: Ultrapassado. (Vai à queima e é ultrapassado.)
59 minutos: Corte. (Corte para o ar.)
62 minutos: Má opção. (Depois de deixar pregados ao relvado dois adversários, passando no meio deles, decide mal e entrega a bola a um adversário.)
64 minutos: Boa opção. (Entrega a Paulo Machado.)
66 minutos: Boa opção. (Recebe, dá em Manuel da Costa; este devolve a bola e Pelé abre na direita, para João Pereira.)
67 minutos: Corte. (Ganha um lance de cabeça.)
68 minutos: Má opção. (Tenta fazer uso do seu poderio atlético e segurar a bola junto à linha, quando a poderia entregar a um colega, e acaba por perdê-la.)
72 minutos: Boa opção. (Dá para Nuno André Coelho.)
73 minutos: Recuperação de bola. (Recupera uma bola.)
73 minutos: Má opção. (Depois da recuperação de bola, progride no terreno e, de muito longe e sem preparação, tenta alvejar a baliza adversária, quando se impunha que jogasse com um colega.)
75 minutos: Corte. (Corte com a ponta do pé, com a bola a sobrar para Paulo Machado.)
76 minutos: Remate. (Remate contra a barreira, na sequência de um livre indirecto.)
78 minutos: Bom passe. (Passe vertical para Hélder Barbosa.)
78 minutos: Má opção. (Ganha um ressalto; tenta fintar e perde a bola; ganha novamente o ressalto, dribla um adversário mas torna a perder a bola.)
80 minutos: Mau passe. (Mau passe para Tiago Gomes.)
80 minutos: Boa opção. (Recebe no peito e dá para Nuno André Coelho.)
81 minutos: Boa opção. (Entrega a João Moreira.)
81 minutos: Boa opção. (Dá atrás.)
81 minutos: Boa opção. (Dá a Paulo Machado.)
82 minutos: Boa opção. (Abre para João Pereira.)
83 minutos: Boa opção. (Intercepta e dá em Paulo Machado.)
84 minutos: Boa opção. (Entrega a Paulo Machado, recebe novamente e dá a Celestino.)
85 minutos: Bom passe. (Passe a abrir na esquerda, para Tiago Gomes, embora o facto de o lateral esquerdo não ter apoios tenha inviabilizado a jogada.)
85 minutos: Boa opção. (Passa a Hélder Barbosa.)
86 minutos: Mau passe. (Passe vertical para um colega que tinha marcação apertada, resultando numa bola dividida e, depois, perdida.)
86 minutos: Boa opção. (Dá atrás.)
86 minutos: Boa opção. (Recebe, tira um adversário com uma simulação de corpo e entrega bem no meio.)
87 minutos: Boa opção. (Dá para Manuel da Costa.)
87 minutos: Boa opção. (Passe lateralizado para Tiago Gomes.)
92 minutos: Má opção. (Tentativa de passe longo que acaba nas mãos do guarda-redes francês.)
Para melhor se aferirem os resultados, coloquei em negrito as acções negativas de Pelé. Vamos aos resultados:
1) 70 acções durante os 90 minutos; 41 acções positivas durante o jogo; 59% de acções positivas.
2) Em 53 lances com a bola nos pés e com condições para fazer algo (exclui-se portanto os lances de bola parada ou as disputas de cabeça, ou os lances em que procura recuperar a bola, ou os lances em que não tem a bola totalmente dominada), teve 34 boas opções contra 19 más opções; 64% de boas opções.
3) Destas 19 más opções, resultaram 15 perdas de bola, sendo que 9 delas não trouxeram perigo de maior à sua equipa, por terem ido para fora ou parar a zonas recuadas do campo, mas 6 delas provocaram desequilíbrios perigosos, permitindo à selecção francesa iniciar o seu processo ofensivo de imediato e com a selecção das quinas desorganizada defensivamente.
4) Pelé fez 3 cortes, ganhou 1 bola de cabeça e recuperou 3 bolas.
5) Fez 1 falta e sofreu outra.
6) Tentou desembaraçar-se individualmente dos seus adversários por 11 vezes, o que para um médio-defensivo é um exagero. Dessas 11 tentativas, apenas 6 foram bem sucedidas, sendo que, dessas 6, apenas 3 eram a melhor opção na altura.
7) Por sua vez, foi ultrapassado individualmente por 3 vezes.
8) Sendo um tipo que tem marcado golos que todos têm elogiado e que detém um pontapé invejável, fez 3 remates, sendo que 2 deles passaram muito por cima e outro saiu rasteiro e foi embater nos adversários que constituíam a barreira.
9) Passou o jogo todo mal posicionado, mas, em jogadas concretas de ataque francês, causou problemas à sua equipa por 5 vezes, o que, tendo em conta o pouco que os franceses atacaram, sobretudo na primeira parte, é muitíssimo. Desses lances, 1 deu golo da França, outro provocou o avanço de Manuel da Costa e o isolamento do avançado francês, outro permitiu a um francês um remate frontal, à entrada da área, sem oposição, e outros dois permitiram jogadas perigosas.
10) Efectuou 41 passes acertados contra 11 passes errados; 79% passes acertados. Este número revela que 1 em cada 5 passes de Pelé são errados. Não sendo um número muito problemático, tem de se ter em conta o risco dos mesmos. Destes 41 passes acertados, apenas 3 foram de risco elevado, sendo 2 deles passes verticais, pelo chão, que permitiram à equipa jogar entre linhas e 1 deles um passe a rasgar na esquerda. Se tivermos em conta o total dos 52 passes que efectuou, dos quais apenas 10 foram de risco elevado, vemos que apenas 19% dos passes que Pelé fez comportavam um risco elevado. Desses 10 passes de risco elevado, só 3 foram acertados, o que implica que os 79% de passes acertados diminuem drasticamente com o aumento do risco do passe. Assim, Pelé acertou 90% dos passes de risco baixo (38 passes acertados de um total de 42 passes de risco baixo) que efectuou, mas apenas 30% dos passes de risco elevado. Se é verdade que o seu acerto em passes de menor risco deve constituir prova de que conferiu alguma segurança com bola à equipa, não pode deixar de ser relevante que foi mal sucedido 2 em cada 3 vezes que tentava arriscar mais. Ora, tendo em conta o claro insucesso dos seus passes de maior risco, Pelé salvaguardar-se-á sempre que não abusar dos passes de risco elevado. Se é verdade que neste encontro obteve 79% de passes acertados, também é verdade que isso se deveu à percentagem relativamente baixa de passes de risco elevado, 19%. Uma vez que é conhecida a apetência de Pelé pelo risco, é de adivinhar que esta percentagem aumente noutros encontros, contra adversários que actuam de outra forma. Façamos um exercício: com estas contas e com uma percentagem de, por exemplo, 38% de passes de risco, o correspondente ao dobro do jogo de hoje e mais condizente com a apetência dele, Pelé teria, em 52 passes, 20 passes de risco, dos quais acertaria apenas 6; dos restantes 32 passes de risco menos elevado, à percentagem de 90%, Pelé acertaria 29; assim, com uma percentagem de passes de risco elevado nos 38%, Pelé acertaria, em 52 passes, apenas 35 e já não 41; o seu índice de passes acertados desceria de 79% para 67%. Se é evidente que 79% de passes acertados, não sendo uma marca óptima, é uma marca relativamente boa, não deixa de ser menos verdade que, num jogado mais normal de Pelé (como já o demonstrou noutras partidas, gosta de arriscar passes mais longos) esse índice relativamente bom tende a decrescer consideravelmente.
Notas finais: Tendo a equipa portuguesa a bola, Pelé raramente ofereceu linhas de passe aos colegas, andando nestas alturas a passo. Sem bola, quer em missão defensiva, quer ofensiva, foi um desastre, errando em termos posicionais como um principiante. Esta falta de aptidão para oferecer apoios ou para perceber que espaços deve ocupar nas diferentes situações de jogo são, talvez, o seu maior defeito. Sem bola, portanto, fica evidente que Pelé tem graves deficiências. Com bola, durante esta partida, não esteve tão mal como noutras alturas, sobretudo porque optou por não arriscar tanto quanto costuma. Ainda assim, para um jogador na sua posição, abusa de iniciativas individuais desnecessárias e não garante a segurança no passe que se desejaria. Como se não bastasse, não foi (nem é, normalmente), um jogador concentrado, andando a passo em muitas situações em que se exigia uma resposta rápida da sua parte. Esta lentidão de processos agravou-se ainda com a pouca disponibilidade de Pelé para as bolas divididas, coisa que, de acordo com o seu porte atlético, deveria ter facilidade em ganhar. Sabendo-se que Mourinho espera dos seus jogadores, além de inteligência e interesse pelo jogo, concentração máxima, estou em crer que Pelé precisa de modificar muito do seu futebol para entrar nas contas do técnico português.
Ainda sobre este encontro:
1) Um dos comentadores de serviço lembrou-se de comparar Nuno André Coelho a Ricardo Carvalho. O que eu gostava de saber era em que esquina esse indivíduo bateu com a cabeça.
2) A selecção nacional é das mais miseráveis de que me lembro neste escalão. Do onze inicial, aproveita-se um: Carlos Saleiro. O resto são tipos sem potencial, ou com menos potencial do que se diz, ou que pararam de evoluir, embora tivessem um potencial considerável.
3) Manuel da Costa foi repreendido por Rui Caçador e meio país ficou espantado. Foi preciso uma coisa dessas para se perceber que o jogador português é horrível na interpretação dos lances e na forma como abusa em subidas sem nexo, ou em lances individuais, ou em habilidades sem sentido?
4) Hélder Barbosa continua a não ser opção para Caçador. Agora, o melhor extremo português desta idade até já se vê ultrapassado por um ponta-de-lança adaptado... e que ainda por cima não tem idade para jogar nesta selecção. Brilhante!
5) E Fábio Coentrão, não?
6) Os comentadores disseram ainda que Pelé estava cansado, após uma época longa e desgastante. Segundo eles, o internacional português jogara mais de 20 jogos em Itália, tendo-se afirmado na equipa do Inter como poucos esperariam. Ya, ya. Pelé jogou 4 jogos a titular no campeonato, tendo entrado noutros 9. São 13. 496 minutos jogados. Isto é afirmar-se como?