O pouco tempo disponível, nos últimos dias, não tem permitido actualizar, com a regularidade desejada, este espaço. Como tal, e correndo o risco de repetir algumas coisas de textos recentes, queria deixar apenas um pequeno vídeo que ilustra algumas das coisas que se andaram a dizer aqui sobre David Luiz. É imperial, segundo alguns, é irrepreensível, segundo outros, é até o melhor central do mundo a sair a jogar, segundo os mais ousados. Os óculos vermelhos ou as emoções míopes levam a opiniões desta espécie e fazem com que se ignorem tendências comportamentais evidentes.
David Luiz esteve ligado, e muito directamente, a todos os golos que o Benfica sofreu até ao momento, em jogos oficiais. Frente ao Marítimo, uma entrada irresponsável dentro da área dá o penalty que Alonso converte; frente ao Poltava, os dois golos ocorrem pelo seu lado, sendo que a sua ausência, no primeiro, e sua movimentação, no segundo, propiciam tal coisa; contra o Setúbal, incorre em excesso de confiança e permite que Hélder Barbosa se antecipe; contra o Leiria, comete um auto-golo num lance controlado, quando não tem ninguém por perto e não necessitava de arriscar um corte difícil. Dito isto, haverá defensores do jogador que dirão que são lances pontuais e que, para azar dele, têm tido as piores consequências que poderiam ter. É uma hipótese. Infelizmente, não é a verdadeira. David Luiz comete bastantes mais erros do que aqueles que provocam dissabores à equipa. Este vídeo é sobre o lance que poderia ter dado a vantagem à União de Leiria e que poderia ter feito com que o resultado final fosse bem diferente.
Quando Pateiro pega na bola, Shaffer está adiantado e é David Luiz quem cobre provisoriamente o lado esquerdo. Pateiro dribla Javi Garcia e, nesse mesmo momento, David Luiz desata a correr desalmadamente para trás. Será que se lembrou que tinha uma coisa importantíssima para dizer a Quim? Será que estava a ter um ataque epiléptico? Será que o neurónio esquerdo informou o direito de que correr estupidamente na direcção contrária à do local da bola provoca extraordinárias sensações de prazer? Todas estas hipóteses são plausíveis e, em abono da verdade, podem servir para desculpar o comportamento esquisito de David Luiz. Aquilo que não pode deixar de se notar é que a reacção do jogador é uma reacção anormal. O normal seria responder precisamente da maneira oposta, havendo para isso até duas possibilidades. Poderia ter atacado o portador da bola, obrigando-o a voltar para trás, a tentar o drible ou a soltar a bola, sabendo de antemão que a única opção de passe era Carlão e o mesmo iria demorar a reocupar uma posição legal, ou poderia simplesmente ter-se mantido naquela zona, fechando o corredor e aguardando que Javi Garcia ocupasse o espaço central de modo a equilibrar a equipa. David Luiz fez o oposto: correu para trás, como que fugindo do portador da bola, e para o meio, abrindo uma avenida para que o atacante leiriense progredisse até ao momento de cruzar. Um lance de clara superioridade numérica da defesa encarnada foi assim transformado na melhor ocasião dos leirienses na segunda parte. A abordagem perfeitamente disparatada de David Luiz ao lance denota uma dificuldade particular do jogador em entender quando é que deve atacar o portador da bola e quando é que deve esquecê-lo. Há ainda a possibilidade da opção de David Luiz ter sido condicionada pela movimentação de Carlão, o que é igualmente grave. Nesse caso, David Luiz estaria naquela zona apenas porque Carlão lá estava e, assim que este se moveu nas suas costas, foi atrás dele, acabando depois por perceber que talvez fizesse falta no meio. Qualquer que tenha sido a razão que fez com que David Luiz tivesse cometido este enorme erro, é certo que errou e que fez precisamente o contrário do que deveria fazer. Embora seja mais comum errar ao contrário, tentando atacar o portador da bola quando deve ficar quietinho, a fonte do erro é a mesma: uma má leitura das necessidades colectivas e da adequação das suas acções ao momento concreto da jogada. Aos seus problemas posicionais, de excesso de confiança, de má decisão com bola e de impetuosidade excessiva, acresce assim um que, de certo modo, se relaciona com todos os outros, a patetice. E, como ficou evidente, essa patetice não é minimamente pontual. Acontece recorrentemente e muitas vezes em prejuízo da equipa. Não querer ver isto, retendo na memória apenas o fulgor com que joga, é um problema de falta de juízo tão grande como a falta de juízo que, jogo após jogo, David Luiz faz questão de demonstrar.
Quando Pateiro pega na bola, Shaffer está adiantado e é David Luiz quem cobre provisoriamente o lado esquerdo. Pateiro dribla Javi Garcia e, nesse mesmo momento, David Luiz desata a correr desalmadamente para trás. Será que se lembrou que tinha uma coisa importantíssima para dizer a Quim? Será que estava a ter um ataque epiléptico? Será que o neurónio esquerdo informou o direito de que correr estupidamente na direcção contrária à do local da bola provoca extraordinárias sensações de prazer? Todas estas hipóteses são plausíveis e, em abono da verdade, podem servir para desculpar o comportamento esquisito de David Luiz. Aquilo que não pode deixar de se notar é que a reacção do jogador é uma reacção anormal. O normal seria responder precisamente da maneira oposta, havendo para isso até duas possibilidades. Poderia ter atacado o portador da bola, obrigando-o a voltar para trás, a tentar o drible ou a soltar a bola, sabendo de antemão que a única opção de passe era Carlão e o mesmo iria demorar a reocupar uma posição legal, ou poderia simplesmente ter-se mantido naquela zona, fechando o corredor e aguardando que Javi Garcia ocupasse o espaço central de modo a equilibrar a equipa. David Luiz fez o oposto: correu para trás, como que fugindo do portador da bola, e para o meio, abrindo uma avenida para que o atacante leiriense progredisse até ao momento de cruzar. Um lance de clara superioridade numérica da defesa encarnada foi assim transformado na melhor ocasião dos leirienses na segunda parte. A abordagem perfeitamente disparatada de David Luiz ao lance denota uma dificuldade particular do jogador em entender quando é que deve atacar o portador da bola e quando é que deve esquecê-lo. Há ainda a possibilidade da opção de David Luiz ter sido condicionada pela movimentação de Carlão, o que é igualmente grave. Nesse caso, David Luiz estaria naquela zona apenas porque Carlão lá estava e, assim que este se moveu nas suas costas, foi atrás dele, acabando depois por perceber que talvez fizesse falta no meio. Qualquer que tenha sido a razão que fez com que David Luiz tivesse cometido este enorme erro, é certo que errou e que fez precisamente o contrário do que deveria fazer. Embora seja mais comum errar ao contrário, tentando atacar o portador da bola quando deve ficar quietinho, a fonte do erro é a mesma: uma má leitura das necessidades colectivas e da adequação das suas acções ao momento concreto da jogada. Aos seus problemas posicionais, de excesso de confiança, de má decisão com bola e de impetuosidade excessiva, acresce assim um que, de certo modo, se relaciona com todos os outros, a patetice. E, como ficou evidente, essa patetice não é minimamente pontual. Acontece recorrentemente e muitas vezes em prejuízo da equipa. Não querer ver isto, retendo na memória apenas o fulgor com que joga, é um problema de falta de juízo tão grande como a falta de juízo que, jogo após jogo, David Luiz faz questão de demonstrar.