domingo, 30 de outubro de 2011

Dois Lances

O Chelsea perdeu ontem em casa com o Arsenal por 5 a 3, num jogo esquisito, com mais incidências do que aquelas que certamente André Villas-Boas desejaria. A primeira parte foi, na maior parte do tempo, dominada pelo Chelsea, mas na segunda o Arsenal mandou no jogo e acabou por justificar a vitória. Os comentadores de serviço passaram os 90 minutos a maldizer o Arsenal, a falar da falta de competitividade da equipa, do mau arranque de campeonato, dos insucessos dos últimos anos. Esquecem-se que a equipa de Wenger, apesar de não ganhar nada há algum tempo, andou a lutar com Manchester e Chelsea nos últimos anos, até às últimas jornadas, pelo campeonato, e com um orçamento francamente inferior. Este ano, o campeonato começou pior e muitos apressaram-se a dizer que era o fim da era do francês. Esquecem-se, uma vez mais, que o Arsenal perdeu Fabregas e Nasri, que praticamente ainda não pôde contar com Wilshere, Diaby e Vermaelen, e que, por exemplo, na goleada sofrida em Old Trafford, jogava sem oito habituais titulares. Ontem, frente ao Chelsea, apesar de todos os problemas defensivos que a equipa continua a ter e que justificam a sua incapacidade para se superiorizar aos adversários mais poderosos, o Arsenal voltou a mostrar por que não pode ser tão facilmente descartado das contas do título. É que não há equipa, em Inglaterra, com princípios ofensivos tão interessantes como os "gunners".

Trago os lances do primeiro e do segundo golo do Arsenal, o primeiro para mostrar como é evoluída, ofensivamente, a equipa de Wenger, e o segundo para pôr em evidência um erro individual primário em que não se parece ter reparado e que permitiu que o Arsenal regressasse ao jogo. Chamo ainda a atenção para os comentários feitos pela equipa inglesa, no vídeo, e para a incongruência dos mesmos, criticando os defesas no primeiro golo do Chelsea e no primeiro golo do Arsenal por não terem marcado em cima o avançado, e criticando igualmente Bosingwa no segundo golo do Arsenal por ter saído da sua posição para ir marcar em cima o avançado. Vamos aos lances.



O primeiro golo do Arsenal é uma boa demonstração de como o futebol vai evoluir no futuro. Na altura, disseram os comentadores que o Chelsea deixou o Arsenal jogar, e que, portanto, o primeiro golo surgiu na sequência de certa permeabilidade defensiva. Não concordo com isso. A equipa de Villas-Boas está bem organizada, e é suficientemente agressiva a tentar condicionar o portador da bola e a efectuar a zona de pressão central. Se há, no momento em que Ramsey recebe a bola, algum espaço entre linhas é porque Mikel acabara de tentar tirar a bola a Gervinho, ligeiramente à frente. Mas veja-se que é Fernando Torres quem vem tentar fechar a linha de passe. O Chelsea não poderia estar mais compacto. O que aconteceu foi que o Arsenal soube arranjar os espaços de penetração certos, e nesse capítulo não há outra equipa igual em terras de Sua Majestade. Ramsey vem do espaço interior para receber e Gervinho, que antes atraíra Mikel para a zona dos médios, deixando o espaço entre linhas momentaneamente desprotegido, vai explorar esse espaço. Ramsey utiliza-o e Gervinho fica isolado, oferecendo o golo a Van Persie. Há quem diga que atacar pelo meio é errado, e que se devem explorar as alas para abrir brechas no bloco contrário. O Arsenal mostra que não é bem assim, que mesmo contra um bloco muito compacto e organizado, é possível, com toques curtos e sabendo aproveitar o espaço entre as diferentes linhas do adversário, forçar o bloco a abrir pequenos buracos pelo centro. Claro que isto, para resultar, tem de ser feito com muitos toques, com muito rendilhado. Atacando pelo meio, o truque consiste precisamente em tocar e devolver, para desposicionar o adversário, para se trazer os jogadores adversários para onde se pretende, criando espaços nas zonas que mais nos convêm.

O segundo golo do Arsenal é diferente e, embora não haja, como foi sugerido pelos comentadores da Sporttv, sempre empenhados em dizer disparates, problemas colectivos alguns, há um erro individual que compromete todo o lance. É pena que a câmara aérea, neste vídeo, abra apenas no momento em que Song faz o passe. Uns instantes antes serviriam para se verificar que a equipa de Villas-Boas está extraordinariamente bem posicionada, toda praticamente do lado esquerdo do campo, onde se desenrola a jogada, com todos os espaços bem fechados, utilizando a linha lateral para asfixiar os comandados de Wenger. A pressão é, também ela, bem executada, obrigando o Arsenal a recuar, por não ter soluções ofensivas nem espaço entre linhas a explorar. Colectivamente, a resposta da equipa não podia ter sido melhor, neste lance. Lampard obriga Djorou a dar no apoio recuado, Ramires obriga Song a rodar sobre si, mas depois aparece André Santos, o lateral esquerdo, completamente isolado na esquerda. Colectivamente, o Chelsea defendeu-se o melhor que podia. Não houve mau posicionamento, nem falta de agressividade, uma vez mais. Houve, contudo, um erro primário de Bosingwa, que foi atrás de Gervinho para o espaço entre linhas, não mantendo a linha defensiva, e desguarneceu o seu flanco, por onde o Arsenal acabou por entrar. Um passe do trinco que deixa o flanqueador na cara do guarda-redes, num lance de ataque organizado, só é possível com erros deste tipo. Bosingwa não cumpriu o seu papel no lance, que era de defender perto de Ivanovic, mantendo-se na mesma linha, e sentiu necessidade de ir atrás do seu opositor directo. Isso permitiu à equipa de Wenger, cujo lance ofensivo fora muito bem condicionado pela pressão colectiva dos jogadores do Chelsea, chegar facilmente a uma ocasião de golo. Bosingwa tem atributos atléticos notáveis, mas a má leitura que faz de grande parte dos lances continua a impedir que seja um lateral de eleição.

De resto, creio que ainda é cedo para tecer conjecturas acerca do futuro de André Villas-Boas. Mas passou já tempo suficiente para que se possa fazer uma análise do seu trabalho até ao momento. A intenção é clara e passa por tornar o Chelsea uma equipa mais competente na gestão da bola, mais dominadora com bola, mais autoritária. No entanto, parecem-me faltar soluções colectivas, no momento ofensivo, para que isso possa ser feito com mais eficácia. E parece também que, perante as adversidades, Villas-Boas não tem insistido muito para que a equipa se mantenha fiel aos seus princípios. A inclusão das dinâmicas de Mata no onze são, para já, a única boa notícia no futebol ofensivo da equipa. Torres não é um avançado que se sinta bem entre os centrais, e o Chelsea ainda não conseguiu tirar partido dos seus abaixamentos. O espaço entre linhas continua a ser pouco povoado (geralmente apenas por Mata) e a equipa, embora com mais bola, continua com índices de criatividade muitíssimo baixos. Talvez fosse útil, como resposta a este momento, perceber não só onde se errou, mas de que modo é possível melhorar. E aí a resposta pode estar precisamente no modo em que o Arsenal explora os espaços ofensivos. Neste momento, estas duas equipas parecem estar fora da corrida do título, que para já tem nos dois clubes de Manchester os mais sérios candidatos. Mas o campeonato inglês é longo e não é crível que as diferenças actuais não possam ser recuperadas. Colectivamente, a forma como o Chelsea defende, apesar dos cinco golos (não esquecer que houve erros individuais, escorregadelas e incidências esquisitas), é já muito boa, a meu ver, e a equipa tirará dividendos disso no futuro. Se for capaz de evoluir, em termos colectivos, no que diz respeito ao capítulo ofensivo, aproximando-se daquilo que o Arsenal faz, por exemplo, talvez possa, no final, estar de facto a discutir o campeonato inglês.

14 comentários:

Anónimo disse...

Nuno,

Em relação ao primeiro golo, não concordo. Não por Bosingwa mas sim pelo posicionamento de Cole e Terry.
Cole não está alinhado e está demasiadamente aberto. Terry está numa linha vertical com o médio em pressão, não pode acontecer, no momento da ruptura, desta forma, a cobertura é mal efectuada. Terry sabe disso, até porque foi isso que tentou recuperar (o espaço que devia estar ocupado pois a Gervinho era o único que poderia receber a bola, pensando, lá está que Van Persie estaria fora de jogo).

Cole, está a dar referências de desmarcação a Van Persie, outra solução de ruptura, esta criada por erro individual. Já não é a primeira vez que Cole o faz este ano.

Mas concordo absolutamente que foi mais mérito do Arsenal que demérito do Chelsea. Nesta situação poucas equipas tentariam o meio, sendo que a grande parte optaria por lateralizar par Walcott.

Depois a atacar é o que dizes, apenas Mata é boa noticia. Jogar com Sturrige também não me parece, de todo, a melhor solução.

E claro, se o Arsenal alguma vez conseguir defender com a qualidade com que ataca, vai ombrear com os melhores do mundo, disso tenho certeza.

Abraço. Jorge D.

�pah, coisas disse...

excelente artigo, que resume muito bem este excitante jogo.
Nuno, gostaria de saber se não poderia fazer uma análise a este Liverpool de Dalglish. Ficarei à espera com muita curiosidade.
Cumprimentos

João Varela

Unknown disse...

Lamento, mas a inclusão dum calhau como o Ivanovic ao lado dum tronco, no bom sentido, como o Terry, faz com que o centro da defesa seja muito permeável a solicitações nas costas, neste caso foi mesmo pelo meio. é para mim incompreensível como é que o David Luiz não é titular de caras. depois o Petr Cech deve ter feito o pior jogo que vi deles nos últimos anos, estando ao nível de um qualquer Roberto. A manutenção de Mikel em campo implica que o Chelsea não joga com um verdadeiro trinco, assim sendo, com dois defesas que defendem na mesma linha e com dois médios que também ocupam a mesma linha, torna-se fácil encontrar espaços entre as linhas, desde que existam executantes suficientemente rápidos

MM disse...

Nuno, por isso custa a entender o "bota-abaixo" relacionado somente com ... resultados. Ha equipas - poucas - que jogam, tentam jogar; treinadores - poucos - que orientam as suas equipas para realmente jogar futebol, e no entanto, vao muito facilmente para o caixote dos "maus" quando nao atingem resultados.
Wenger no ultimo par de meses viu alguma da pressao aliviada, via sobretudo de resultados fora-de-casa na LC. Mas durante tanto tempo tantos disseram que perdeu o jeito, desorientou-se (que ate podia ser o caso) ou que perdeu competencia.

Resultados apenas ...

Devia o futebol ter mais Wengers, mais Guardiolas, 8 ou 9 por cada campeonato. Seria certamente um jogo bem melhor. Veja-se o que as suas equipas jogam, ou tentam jogar, e veja-se a propensao para se resguardarem dentro de portas e buscar internamente aquilo que outros compram por milhoes de libras, ou euros (City, Chelsea, Real, e outros).

Ha poucos Wengers.
E demasiado dinheiro a circular.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Tal qual!

Bernardo disse...

em relação ao primeiro golo, concordo genericamente com o que dizes. é grande mérito do arsenal aquele lance dar golo.

em relação ao segundo lance, concordo que o erro de bosingwa é gravíssimo, mas penso que a chave do lance está no song que conseguiu rodar o jogo mesmo estando pressionado. ou, por outras palavras, se há que dar mérito ao talento do song, penso que o ramires devia ter "fechado" o arsenal no outro lado do campo. mas mérito para o song que o iludiu bem e descobriu o buraco do bosingwa.

aquilo que defendes em relação ao chelsea é o que acho ao ver os jogos deles. muita bola, bom posicionamento. mas jogo ofensivo inócuo na maior parte do tempo. acho que o villas boas está à procura de um hulk no sturridge, mas está enganado. e nem é de um hulk que ele precisa. precisava de, talvez, ter ficado com o joe cole, precisa de ter mais oriol romeu e de um médio centro com alta rotação criativa e táctica, que não sei se tem...

Unknown disse...

o chelsea tem 15 golos sofridos em 10 jornadas, antes desta tinha 10 em 9 jornadas, superior a 1 golo por jornada, se não quiserem falar da média de 1,5 que têm agora, e tecem loas ao bom posicionamento defensivo ? então porque têm tantos golos empochados ? O city tem 8, o united apanhou 6 do city e tem 12, o newcastle tem 7, o liverpool tem 10, ou seja qualquer destas equipas sofre menos que o chelsea, será que são assim tão bons defensivamente ? eu admito que sou um leigo nisto da bola, pois só vejo bola para aí há 30 anos e só nos últimos comecei a prestar mais atenção a detalhes tácticos, agora vir a fazer a apologia de uma equipa que por este ou por aquele motivo empocha a torto e a direito e dizer que é boa defensivamente parece-me pouco coerente com a realidade

Nuno disse...

Jorge D., não consigo responsabilizar tanto os defensores do Chelsea no primeiro golo. É verdade que podiam estar ligeiramente mais fechados, mas é essencialmente o aproveitamento do espaço entre linhas, primeiro pelo Ramsey e depois pelo Gervinho, que faz a diferença. E sobretudo a forma como o Arsenal "tirou" desse espaço o Mikel, atraindo-o para uma posição mais alta. Claro que o Cole está muito aberto e que, por isso, o Terry também não pode fechar tão dentro, mas é sobretudo mérito do Arsenal, parece-me.

Quanto ao Sturridge, concordo. Há um lance, então, ainda estando 0-0, em que ele pode isolar o Torres se jogar de primeira, mas tenta levar a bola e quando decide fazer o passe já perdeu a linha de passe. Que infantilidade! É um jogador interessante em transição, mas vulgaríssimo para aquilo que o Chelsea pretende, na maioria dos jogos.

pah, coisas, ainda não vi o Liverpool com toda a atenção possível. E ainda não vi nenhum jogo desde que Gerrard voltou à competição. Não gosto do 442 clássico rígido em que jogam, e tenho muitas dificuldades em apreciar o futebol pouco elaborado da equipa. Mas com a entrada de Gerrard no onze talvez as coisas mudem ligeiramente. Preciso de ver.

Bcool973, o David Luiz foi o responsável directo pela derrota do Chelsea no passado fim-de-semana, com mais um penalty absurdo. Se calhar, explica-se por aí a sua ausência do onze. Para mim, tanto o Terry como o Ivanovic são bem superiores ao David Luiz, e não me parece que se explique qualquer um dos golos por não ter um defesa veloz como o brasileiro em campo. Quanto ao Mikel, parece-me que estás a deixar-te influenciar pela idiotice dos comentadores. O Mikel é extraordinário. Posicionalmente, é muito bom, e com bola é um jogador que não complica, que escolhe a melhor solução, que entrega curto. Claro que não faz passes longos, e portanto não é vistoso, mas é precisamente por não fazê-los, por perceber que não tem de fazê-los, que é tão bom. Depois, não percebo que 2 médios é que ocupam a mesma linha. O Mikel joga sozinho à frente da defesa. O Ramires e o Lampard jogam os 2 à frente do Mikel, estes sim na mesma linha.

Sobre a estatística, não tenho muita paciência para argumentos baseados em estatísticas. Dizer que o Chelsea é mau defensivamente porque sofre muitos golos é tão parvo como dizer que um homem é mau a correr porque é coxo. Enfim, o Chelsea sofreu 5 golos frente ao Arsenal e 3 frente ao United. Tirando esses 2 jogos, que se podem dizer que foram extraordinários, sofreram 7 golos, o que é mais ou menos o que as outras equipas sofreram e não é muito. Mas basta ver como aconteceram estes 5 golos para se perceber que não tem muito a ver com problemas defensivos gerais. Foram incidências esquisitas, na maior parte dos lances. De resto, falei deste jogo e desta altura da época. Creio ter havido evolução na forma de defender da equipa e creio que agora já está num nível bastante bom, nesse capítulo, apesar dos 5 golos sofridos. Talvez não fosse assim no início da época, não sei. O que sei é que os números não justificam nada.

Bernardo, sim, claro, há muito mérito no gesto técnico do Song, que evita a pressão do Ramires. Mas bastava o Bosingwa estar bem colocado para que inviabilizar a possibilidade daquele passe. O Arsenal teria saído da zona de pressão na mesma, claro, porque tem muita qualidade, mas nunca transformaria um lance daqueles numa oportunidade de golo com um só passe.

Anónimo disse...

Nuno,

Eu percebo o que dizes, isso que referi foi chegar quase a um limite do posicionamento. Mas os grandes terão sempre de o fazer.

Depois até me esqueci de referir essa questão, e falei dela ontem com o PB.

Mikel saiu, e não se compensou, há treinadores que nesta situação colocam o DC mais perto dos médios e fazem baixar uma linha de cobertura com os outros 3 homens. Para isso mesmo, empurrar jogo para as laterais. Isto até existir novo reposicionamento. Até por aí, acho que Cole deveria estar melhor colocado. Já não é a primeira vez que tem erros destes. Mas é como te digo, o mérito é do Arsenal, qualquer equipa do mundo naquela situação, tirando o Barça e o B. Dortmund (que são uma espécie de Arsenal, atacam bem mas terão de evoluir muito defensivamente, embora tenham potencial para o fazer), colocariam a bola na lateral, onde Wallcot estava.

Estou perfeitamente lembrado desse lance do Sturrige, isso não se considera sequer infantilidade, em alta competição deveria dar direito a uma multa pesada.

Villas Boas tem dado poucas hipóteses a Josh McEarchan, penso que vai ser agora emprestado mas poderia dar algo mais a esta equipa. Embora seja difícil no Chelsea um miúdo mostrar-se como médio centro poderia ter mais oportunidades. Assim como André Martins no Sporting.

Acho a equipa com bola demasiado presa. Um pouco previsível...!

Abraço, Jorge D.

Nuno disse...

Pois, o McEarchan poderia dar muito a esta equipa, talvez sobretudo se o Villas Boas optasse por um 442 losango, sistema que acho que se adequa melhor ao plantel do Chelsea. Mas essa parece não ser uma hipótese a considerar, e é pena. Acho que falta imensa criatividade, do meio para a frente, e isso tem a ver com o tipo de jogadores que têm jogado e com a inadequação destes ao sistema de jogo. Por exemplo, o Torres rendia muito num modelo como o do Liverpool, com espaço nas costas das defesas, mas não é um jogador que renda muito em ataque organizado, enfiado entre os centrais, sem grande capacidade de explorar as costas. Para que o seu rendimento voltasse a ser elevado, era talvez boa ideia jogar descaído para a esquerda, um pouco como Villa no Barça, pedindo-lhe diagonais para o centro ou movimentos de aproximação, da linha para dentro, para vir dar uma solução de passe, sistematizando-lhe assim um pouco mais os movimentos. Depois, seria importante juntar ao Mata, que tem um papel de maior liberdade, e que está incumbido de se movimentar entre linhas, um jogador que procure esses espaços, que jogue curto, que saiba tabelar. Lampard não é este jogador. Para mim, Lampard e Ramires podiam ser os interiores, mas o 10 teria de ser alguém com maior imaginação, alguém que jogasse solto, que preferisse essencialmente dar apoios recuados aos avançados, permitindo os movimentos verticais quer de Lampard, quer de Ramires, mas que se movimentasse horizontalmente no espaço entre os defesas e os médios adversários. Falta esse jogador ao Chelsea. Ou melhor, só o Mata é que o pode fazer, e depois falta alguém com características parecidas com quem combinar.

�pah, coisas disse...

é isso mesmo que eu penso acerca do liverpool. Com todo o respeito que tenho a dalglish, por ser uma das maiores lendas do clube, tacticamente o liverpool é do mais simples, monótono e clássico possível, e muito facilmente o adversário consegue com que a equipa fique vazia de ideias...o que acho uma pena pois o plantel deste ano tem jogadores de qualidade. Se não for Suarez a inventar algo, tudo se torna demasiado previsível.

cumps

Anónimo disse...

Sim, desde o primeiro jogo que vi do McEarchan que fiquei com a perfeita noção do seu valor.

Ao inicio pensei que VB iria optar pelo losango, é também para mim o melhor sistema para este Chelsea.

Quanto ao Torres concordo. Perde-se entre os DC, mas é algo onde já obteve sucesso. Para mim está a sofrer do mesmo síndrome do C. Ronaldo. Quiserem enche-lo em demasia. Torres era muito mais solto, muito melhor sucedido em espaços curtos do que hoje o é.

Hoje necessita de mais espaço, sair de trás, ou em diagonais, sempre de frente para a baliza.

Talvez Modric possa vir a ser esse elemento que falta a Mata e Torres...! Eu apostava em Cani, mas parece que sou o único a gostar dele.

Nuno, uma pergunta. Estás a ver como o FCP está a fazer dos cantos "fraqueza", quando era tão fácil fazer deles uma "força"? E esta equipa do Apoel? Não estava a espera de tanto, não tinha visto o outro jogo.

Jorge D.

Nuno disse...

Pois, é verdade, o Torres parece que perdeu agilidade e alguma técnica nos últimos anos. Acho que antes podia perfeitamente jogar enfiado entre os centrais, pois sabia segurar a bola e tinha técnica suficiente para se desembaraçar em espaços curtos. Agora já não parece capaz disso, e tem certamente a ver com as diferenças morfológicas que sofreu. É pena.

O Modric era óptimo. Eu gosto do Cani, mas já vi que tu gostas mesmo muito dele. Agora, é um jogador na fase descendente da carreira, e não me parece que chegue muito mais longe. Eu acho que ele tinha qualidade para ter ido muito mais longe, mas como muitos outros não apostaram nele. Outro que acho mesmo muito bom e que faz alguma confusão nunca ter saído de onde saiu é o Xabi Prieto.

Não vi o Porto com atenção nenhuma. O que se passou nos cantos? E o Apoel, jogou bem?

Anónimo disse...

Sim, sou fã de Cani mesmo, está a passar ao lado e tem qualidade para jogar nos melhores clubes Europeus. O Prieto foi muito falado quando apareceu, depois foram-se desinteressando sem que eu perceba muito bem o porquê. Mas há muita coisa no Futebol que não percebo mesmo.

O Modric, pela idade, parece ser uma aposta mais segura. Já que qualidade tem que sobre.

O Apoel na primeira parte gostei muito (foi quando escrevi o comentário), na segunda nem por isso!

O FCP teve imensos cantos (na 1º parte) e desperdiçou-os todos da mesma forma. Bateram a bola e pronto. Até poderiam cruzar, mas antes disso fazer um passe atrasado e cruzar para o segundo poste. É que o Apoel deixava sempre um homem no 1º poste, enquanto todos os outros saíam. Era só sair curto (fazer a defesa oscilar) e fazer um passe para o 2º poste (onde poderiam aparecer a encostar)... geriram mal a situação, e sofreram até ataques perigosos depois desse momento.

Abraço, Jorge D.