segunda-feira, 11 de abril de 2011

Um Argumento Político Contra a Arbitragem Portuguesa

É costume a contestação a uma qualquer arbitragem sustentar os seus argumentos nos lances capitais do jogo, em lances de golos anulados, de penálties mal marcados, de ordens de expulsão mal dadas, etc.. Já aqui foi defendido que a avaliação de uma arbitragem não pode, nem deve, conceder maior importância aos lances capitais. A razão é simples: são lances como outros quaisquer e os árbitros estão sujeitos a errá-los como erram outros quaisquer. Nenhum árbitro, por o lance se estar a disputar junto a uma das balizas ou por ter maior importância para o desfecho do jogo, adquire uma competência ou certa capacidade de concentração que não tem ao analisar outros lances. Os árbitros erram, e erram tanto no meio-campo quanto nas áreas. Nenhum árbitro abre mais os olhos ou activa a sua capacidade de concentração só por sentir que o lance merece maior atenção. Por isso, não faz sentido exigir que os erros mais decisivos sejam mais penalizadores que os restantes. Um árbitro que cometa um único erro durante os 90 minutos, e esse erro seja assinalar uma grande penalidade em que, descaradamente, o avançado tenha simulado a falta, faz uma exibição óptima. Em sentido contrário, um árbitro que não comprometa em lances capitais, mas que erre sistematicamente em lances de meio-campo, faz uma exibição miserável. E isto apenas no capítulo técnico.

Serviu este preâmbulo para introduzir uma conversa sobre árbitros que me interessa hoje ter. Sobre, por exemplo, o Benfica-Porto da semana passada, falou-se demasiado na arbitragem de Duarte Gomes. Sim, o penalty contra o Porto é mal marcado. A expulsão de Otamendi resulta de um erro no primeiro cartão amarelo, sim. Também há um lance em que Falcao se isola após cortar com a mão um alívio de Sidnei. Também haverá outros lances relevantes em que Duarte Gomes tenha errado. Nada disso pode servir de argumento para justificar uma arbitragem tendenciosa. Pessoalmente, acho Duarte Gomes um dos melhores árbitros portugueses. Infelizmente, não me pareceu nada tranquilo e acho que fez uma má arbitragem no passado fim-de-semana, mas não por esses lances que tanto têm discutido. Na minha opinião, o lance em que Duarte Gomes mostrou mais essa intranquilidade e que melhor espelha a falta de qualidade da sua arbitragem aconteceu logo nos minutos iniciais. Após uma tentativa de desarme perfeitamente normal de Otamendi, em que apesar do derrube involuntário do jogador do Benfica, não houve intenção nenhuma além de tentar acertar no esférico, a bola seguiu para Aimar e o Benfica poderia desenvolver um contra-ataque perigoso. Duarte Gomes decidiu parar o lance para chamar à atenção o defesa do Porto, o que deixou enervado Aimar, muito compreensivelmente. Ora, se nem quando é para mostrar amarelo se deve parar um lance em benefício do infractor, mais ridículo é pará-lo apenas para apelar à calma, ainda por cima num lance em que Otamendi não tem outra intenção além de jogar a bola. Aimar contestou a decisão e viu ele o amarelo. E aqui se espalhou ao comprido Duarte Gomes. É sobre isto, e sobre as consequências disto, que quero falar.

É quase unânime dizer-se que os jogadores estão lá para jogar e não para protestar, que todo aquele que protesta merece o amarelo, que os árbitros são soberanos e as suas decisões não devem ser contestadas. Sinceramente, acho que esta unanimidade é das coisas que, em futebol, melhor reflecte o que sociologicamente o povo português é. Não sou admirador das arbitragens inglesas, porque são demasiado permissivas e não protegem o talento. Mas admiro uma coisa nos árbitros ingleses: a facilidade do diálogo. Não é raro assistirmos a discussões acesas entre um jogador e um árbitro, o que, a meu ver, é extraordinariamente saudável. Isto pode ser muito chocante para alguns, sobretudo para portugueses, mas tem a ver com democracia. Em Portugal, tal é impossível de suceder não porque os árbitros tenham directrizes diferentes, mas porque a mentalidade das massas é outra. Somos um povo mais conservador, damos demasiada importância ao "respeitinho" e temos ainda o vício salazarento de achar que há agentes soberanos, nas mais diversas áreas, que estão acima do diálogo e não precisam de justificar as suas decisões de modo racional. Obedecer caladinho e servilmente a um árbitro só porque é árbitro não faz sentido nenhum. O diálogo, a argumentação, a contestação, o protesto, fazem parte da vida pública e deveriam, a bem daquilo que é o jogo que melhor representa, nos dias que correm, a nossa sociedade, fazer parte desse jogo. Não é isso que se vê. Mais depressa um árbitro penaliza um jogador por discordar dele do que por ter uma entrada em que põe em risco a integridade física de um adversário. Isto não faz sentido nenhum. Esse árbitro parece preferir ser juiz de carácter do que juiz do jogo, ou seja, parece ter mais facilidade em exercer o poder que o estatuto de árbitro lhe concede quando esse exercício não depende de uma decisão técnica, o que é - convenhamos - absurdo. Isto é autoritário e politicamente primitivo. Faz parte de uma mentalidade ancestral que deveria estar arrumada nos livros de História, mas que sobrevive pela transmissão, de geração para geração, dos mais enraízados valores patriarcais.

O futebol português, como aliás o rochedo à beira-mar plantado que é o país, continua a resistir à invasão da modernidade como pode, com um instinto de auto-preservação cuja natureza consiste em manter uma distinção hierárquica bem definida, dentro da qual aquele que tem o poder deve exercê-lo sem prestar contas do seu exercício. As nossas principais características, enquanto povo, continuam a ser o "bairrismo", a defesa da paróquia de cada um, a família enquanto pilar social. Não somos uma nação moderna, nem existe em Portugal um sentido democrático assaz relevante. Aliás, somos uma democracia apenas institucionalmente, apenas porque temos a liberdade de eleger, por sufrágio universal, aqueles que queremos que nos representem. No que diz respeito a valores morais e a competências políticas, continuamos uma nação feudal; cada um tem por interesse único o modo como os interesses alheios beneficiam ou prejudicam os seus interesses privados. A população sente-se insatisfeita com o estado de coisas a que o país chegou e vai a correr às urnas votar em massa na conservação e na austeridade, de modo a poder preservar o feudo de cada um. Não está em causa, obviamente, a opção de voto de cada pessoa, mas a tendência das massas e a incompreensão colectiva do que é exigido, na verdade, pela responsabilidade democrática. As pessoas revoltam-se hoje contra a classe política como se revoltariam contra o monárquico que nos regesse, caso isto fosse uma monarquia; revoltam-se contra os soberanos quando se deveriam revoltar contra a ideia de soberania. O que está mal não é a classe política, nem os políticos; o que está mal e deveria ser combatido é a relação de soberania, subordinativa e hierárquica, entre quem representa e quem é representado. No actual sistema político, exercemos praticamente um único direito democrático, o de ir, de quatro em quatro anos, conceder poderes de decisão sobre tudo o que nos diz respeito a meia-dúzia de pessoas cujas ideias mal conhecemos. O nosso único sentido democrático, no intervalo que é cada legislatura, é insurgirmo-nos contra aqueles que elegemos anteriormente, é manifestarmo-nos contra a classe que nos governa, é fazer greves, é falar mal por falar mal. Tudo isso são idiotices sindicais e disparates das barata-tontas que somos. No fundo, somos como jogadores de futebol que não aceitam uma decisão do árbitro, mas com a agravante de que, ao contrário do jogador de futebol, que joga um jogo que não tem regulação democrática, estando por isso sujeito à arbitrariedade das regras que elementos exteriores ao jogo estipulam, nós estamos a jogar um jogo em cuja regulação podemos exercer um determinado papel.

O argumento deste texto é ostensivamente político. Consiste em afirmar que a relação de subordinação entre jogador e árbitro ilustra a relação de subordinação a que o povo português está habituado e preza, ainda que pareça não prezar, como aliás ninguém preza nenhum árbitro, nenhum dos indíviduos a que está subordinado. A meu ver, é precisamente essa relação de subordinação entre jogador e árbitro, que quase todos aceitam sem questionar - porque é assim que está estatuído e tudo o que está estatuído parece não merecer reflexão -, que está errada. Como o que está errado no país é a relação de subordinação entre classe representante e representados. Portugal é um país com excesso de moralidade, com um legado católico do qual demorará a libertar-se, no qual vigoraram sistemas anti-democráticos durante demasiado tempo. Sentem-se confortáveis, por isso, os portugueses com aquilo a que estão habituados, com o servilismo, com a vidinha calma, com o "respeitinho pelos mais velhos", com todos os valores, em suma, do país que historicamente é. O que é criticável não são os políticos, de quem se diz que são todos gatunos, não são as fortunas desmesuradas dos milionários, não é a desigualdade económica entre classes. O que é criticável é a mentalidade dos portugueses, é a falta de consciência política das massas, é a aceitação incondicional, ainda que inconsciente, de um sistema que depois cada um se apressa a contestar. O problema do país é só um: temos um conceito de democracia demasiado fraco. Não existe debate público lógico; a troca de argumentos, em qualquer área, é geralmente pobre e vaga; as ideias políticas apresentadas são, por norma, demagogias inconcretas e manipuladoras; as crianças são educadas a obedecer arbitrariamente em vez de serem educadas a obeder ao que faz sentido.

Regressemos ao futebol. Dos jogadores, em Portugal, espera-se que joguem à bola e que aceitem tudo o que o árbitro - versão do tirano de apito na boca - lhes ordene que façam. Acontece que a generalidade dos árbitros, para os quais reservei as palavras finais, representa sublimemente os valores antiquados da nação a que me referi acima e ilustra a falta de competência democrática de que o país padece. Aliás - e agora refiro-me sobretudo a árbitros de futebol distrital, ou seja, a pessoas que optam pela arbitragem apenas como hobby subsidiado (às custas precisamente dos clubes que apitam) e não como carreira - atrever-me-ia mesmo a conjecturar que a grande maioria destes árbitros tem preferências políticas consentâneas com o exercício arbitrário de poder que o apito lhe autoriza. São pessoas que gostam da sensação de poder ou que gostam da relação arbitrária entre quem ordena e quem respeita ordens; são pessoas que não gostam particularmente de discutir as decisões que tomam, embora gostem de tomá-las, ou seja, pessoas que não gostam particularmente de justificar opiniões, que é outra definição para estupidez; são pessoas a quem lhes apraz a irracionalidade da autoridade absoluta e que, por isso, aceitam críticas com muito menos facilidade do que um jogador aceita uma má decisão de um árbitro.

É usual fazer-se o argumento de que, enquanto o árbitro está lá para decidir, o jogador está lá para jogar e não para criticar decisões, e que, portanto, todo o protesto deve ser punível. Não obstante a estupidez, a hipocrisia e a obsolescência do argumento, faço agora o argumento contrário, que refuta o anterior de maneira implacável, com a mesma lógica argumentativa prepotente: se os jogadores, enquanto agentes de um jogo, têm uma missão específica dentro desse jogo que lhes veda a liberdade de se intrometerem nas opiniões sobre a missão que estão desempenhar, então os árbitros, enquanto agentes de um jogo, têm de ter igualmente uma missão específica dentro desse jogo que lhes veda a liberdade de se intrometerem nas opiniões sobre a missão que estão a desempenhar. Por outras palavras, sendo ambos agentes de um jogo com responsabilidades próprias, se o jogador não tem direito a manifestar a sua opinião acerca da decisão do árbitro acerca de um lance, então o árbitro não tem direito a manifestar a opinião acerca da opinião do jogador acerca de um lance. Se o jogador está lá apenas para jogar e o árbitro apenas para decidir, nem o jogador tem direito a protestar nem o árbitro tem direito a punir o protesto. Isto porque, sendo ambos agentes independentes de um jogo, não há razão nenhuma para que uns tenham mais direitos que outros. Declarei acima que o argumento contra a liberdade do protesto do jogador era estúpido, hipócrita e obsoleto. Se a sua estupidez ficou demonstrada pelo meu contra-argumento, a hipocrisia tem que ver com o facto de se esquecer sistematicamente que os jogadores não são máquinas, mas seres humanos, com emoções, com noções de justiça e moral, sujeitos pelo jogo a um desgaste mental e a níveis de adrenalina que condicionam as suas reacções. Achar que devem estar caladinhos e obedecer àquilo de que discordam é não perceber nada de seres humanos. Quanto à obsolescência do argumento, que é, no fundo, aquilo que mais me interessa, tem que ver com o argumento político desenhado acima. Esta é uma defesa do espírito crítico e do ideal democrático, aplicado a um caso concreto do futebol. Se o principal problema da sociedade portuguesa está intimamente relacionado com o conceito de democracia que a mesma cultiva, a prepotência da grande maioria dos árbitros nos campos de futebol do país, sendo um caso particular desse mesmo problema social mais amplo, resulta do facto de não se permitir, por estipulação e tiques de despotismo, que as decisões do árbitro possam ser alvo de discussão e crítica. A este respeito, o que falta ao futebol, como o que falta ao país, é tornar-se mais democrático.

14 comentários:

Anónimo da Silva disse...

Concordo. No ano passado vi no Marítimo-Benfica uma das coisas mais ridículas a que já assisti.
Nos primeiros 20 minutos, do nada, sem que ninguém percebesse porquê, o João Ferreira dirige-se a um jogador que estava 10 metros atrás de si e para o qual estava de costas e dá-lhe o vermelho directo!!!
O jogo acabou aí, apartir daí o benfica marcou 5 ou 6 golos contra uma equipa completamente espedaçada. E nesse jogo sem a menor dúvida foi o árbitro o principal desequilibrador!

Zezé disse...

"Nenhum árbitro, por o lance se estar a disputar junto a uma das balizas ou por ter maior importância para o desfecho do jogo, adquire uma competência ou certa capacidade de concentração que não tem ao analisar outros lances."

Não concordo. Por mais que assim não o deseje, a atenção certamente que é redobrada em locais do campo onde assinalar uma falta poderá ter influência no resultado.

A metáfora que fazes com o actual estado do país é boa, legítima. Mas se não houvesse essas figuras de autoridade, se não houvessem essas figuras que estão no cimo da pirâmide hierárquica, o futebol era uma bandalheira. A imagem que me vem sempre à cabeça é a de Aimar: tudo bem que proteste quando há uma decisão que não lhe agrade, mas consegues vê-lo a abusar constantemente de uma coisa: puxa, agarra sempre a camisola do árbitro para mostrar a sua indignação com a indecisão. Protestar sim, Nuno, mas dentro dos limites.

Joao disse...

um dos melhores textos aqui escritos.
parabens nuno.

Pedro disse...

Nuno, percebo e concordo com muito do q dizes. Mas começas com um pressuposto errado: "Nenhum árbitro, por o lance se estar a disputar junto a uma das balizas ou por ter maior importância para o desfecho do jogo, adquire uma competência ou certa capacidade de concentração que não tem ao analisar outros lances". O que não falta são exemplos de como um árbitro analisa de forma diferente lances iguais q apenas variam no local onde ocorrem. Qts vezes vimos faltas serem assinaladas a meio campo q nunca são assinaladas na grande área?

E a lei patética q diz q em caso de dúvida deve-se beneficiar o ataque? Mas qual é o fiscal de linha q prefere deixar passar um lance irregular q dê em golo do q cortar logo uma jogada q não resulta em nada?

Aos nossos árbitros falta perceber de futebol e, acima de tudo, falta isenção. Podemos falar mil e uma coisas mas o cerne da questão é e será sempre a dualidade de critérios.

Em relação à política...gostava de acreditar q temos salvação mas somos um povo acomodado. Andamos sempre a saltar de PS para PSD. Qd um faz merda viramo-nos para o outro, qd esse faz merda voltamos para o anterior qd no fundo no fundo as políticas de ambos são iguais. Há alternativas credíveis aos dois estarolas? Não me parece.

Isto precisa de uma brutal revolução de valores e atitudes. Mas somos um povo demasiado calmo. E o futebol prova isso. Num outro país qqr se os árbitros roubassem um clube como roubam o SLB já tinham aparecido uns qts pendurados por uma corda numa qqr árvore...

Nuno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nuno disse...

Zezé, como é que se activa ou redobra a atenção? Ter atenção não é, assim como por exemplo acreditar ou ter a intenção, uma coisa que dependa de esforço. Ou se está com atenção ou não se está; ou se acredita em algo, ou não se acredita; ou se tem intenção de fazer uma coisa ou não. São tipos de acções que não dependem de uma vontade. O que digo é que o árbitro não activa nenhum tipo especial de atenção que possui; pode é sentir maior necessidade de rigor e ser mais cauteloso a tomar decisões.

De resto, o puxão de camisola do Aimar é um bom exemplo. Por que é que puxar a camisola é passar dos limites? É precisamente contra essa ideia de limite que estou. Faltar ao respeito é uma coisa muito diferente. Em Portugal, porque estamos demasiado habituados ao "respeitinho", esses limites são baixos. Puxar a camisola é desrespeito, falar mais alto é desrespeito, discordar é desrespeito. Para mim, desrespeito é chamar nomes ao árbitro ou pôr em causa a sua honestidade. Puxar a camisola é tão normal quanto resmungar e só porque, culturalmente, não estamos habituados a isso é que aceitamos o amarelo nessas circunstâncias.

João, obrigado.

Pedro, do facto de o árbitro analisar de maneira diferente lances dentro da área e lances no meio-campo não se segue que esteja com mais atenção a uns do que a outras. Aliás, a razão é outra. Mais facilmente se assinalam certas faltas no meio-campo porque o árbitro sabe que a sua decisão, certa ou errada, não terá grande interferência no resultado. Num lance idêntico na área, normalmente não assinala a não ser que tenha a certeza. A razão para a dualidade de critérios não é maior competência ou maior atenção em determinados lances. Tem a ver com dúvida. O que acontece é que o grau de certeza necessário para assinalar uma falta difere de acordo com a importância que o árbitro atribui ao lance.

Pois, Pedro, sobre a política, o que eu acho é que o problema do país é precisamente pensar em termos partidários, pensar que isto não tem volta porque todos os partidos são maus. Eu acho que o problema não está nos partidos, na credibilidade da oposição, nos políticos em si, etc.. O problema está na falta de consciência política das pessoas e no conceito demasiado fraco que temos de democracia. Em que decisões do país é que os portugueses, em 37 anos de democracia, tiveram opinião, além da que exercem nas urnas de tempos a tempos? Para além de ideias vagas, programas eleitorais pouco claros, e ideologias condizentes com as cores que vestem, que conhecimento real e concreto tem cada cidadão das pessoas em que votam? O discurso político em Portugal é de uma morbidez e de uma abstracção absurdas. Uma democracia é, ou devia ser, muito mais do que eleger representantes. E esse é que é o problema.

Pedro disse...

Isso resulta tb da probreza de discurso dos políticos q se perdem em guerras uns com os outros e não em debater soluções concretas para os problemas. Tira-me do sério ver um debate na AR e tudo o q um partido diz os outros deitam abaixo sem olharem ao mérito da coisa mas sim, pelo simples facto de ser o partido x a colocar a questão. É patético.

E mais uma vez podemos usar o futebol como exemplo. Tiveste agora as eleições no sporting q começaram por discutir problemas, no meio de muita peixarada mas no final o q se discutia era jogadores...

Irrita-me q a malta qd chega as eleições diga: são todos uma merda, quero lá saber, vou para a praia.

Mike Portugal disse...

Pedro,

"Irrita-me q a malta qd chega as eleições diga: são todos uma merda, quero lá saber, vou para a praia."

Agora a maioria já não é assim. Agora vão para o Colombo. LOL


Nuno,

Concordo em grande parte com o teu texto. Em Inglaterra, por exemplo, os árbitros aceitam "mais coisas" do que cá. Mas isso de facto tem a ver com a nossa cultura. Mas olha que reclamar com veemência com o árbitro é sempre considerado comportamento inaceitável. Só que há uns que deixam passar e outros que "se irritam" (e não deviam) e mostram amarelo.

Joao disse...

"Num outro país qqr se os árbitros roubassem um clube como roubam o SLB já tinham aparecido uns qts pendurados por uma corda numa qqr árvore..."
coitadinhos de fanaticos.
este tipo de discurso tb é um dos males deste pais.



"Pois, Pedro, sobre a política, o que eu acho é que o problema do país é precisamente pensar em termos partidários, pensar que isto não tem volta porque todos os partidos são maus. Eu acho que o problema não está nos partidos, na credibilidade da oposição, nos políticos em si, etc.. O problema está na falta de consciência política das pessoas e no conceito demasiado fraco que temos de democracia. Em que decisões do país é que os portugueses, em 37 anos de democracia, tiveram opinião, além da que exercem nas urnas de tempos a tempos? Para além de ideias vagas, programas eleitorais pouco claros, e ideologias condizentes com as cores que vestem, que conhecimento real e concreto tem cada cidadão das pessoas em que votam? O discurso político em Portugal é de uma morbidez e de uma abstracção absurdas. Uma democracia é, ou devia ser, muito mais do que eleger representantes. E esse é que é o problema."
aprovado.

Cisto disse...

brilhante texto

Nuno disse...

Nuno, uma pergunta com truque para ti. Qual é a tua opinião sobre o Chicharito do MU?

Nuno disse...

Obrigado, Cisto.

João Pinto, o Chicarito precisa de crescer em aspectos do jogo não relacionados com a finalização. Parece-me um jogador que se movimenta bem na frente de ataque e que parece solicitar com facilidade o passe dos colegas e responder com qualidade quando solicitado. No último toque, parece-me ser de facto uma mais-valia. Agora, raramente privilegia movimentos de apoio e é banalíssimo a jogar de costas. Não é, no entanto, mau, por as suas intervenções não serem necessariamente perniciosas. Mas, para vir a ser um avançado de topo, terá de trabalhar mais para a equipa fora da área, ou seja, terá de aprender a solicitar passes interiores, e a perceber quando deve aproximar-se dos colegas e quando deve atacar a baliza. Não se modificando, o que pode perfeitamente suceder, acredito que pode apenas chegar a um nível de jogadores que são muito fortes a jogar no limite, mas que têm preponderância apenas no último toque, como é exemplo paradigmático o Inzaghi. O que, no futebol moderno, me parece curto para um avançado titular de um grande.

Nuno disse...

Para quem é visita habitual e não percebeu o porquê da minha pergunta, foi apenas e só porque o Chicharito me faz lembrar um certo jogador muito dissecado por estas bandas, que usava a camisola 31 e voltou há uns meses para o Brasil ;)

Nuno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.