São dois os casos, dois os jogos, dois os exemplos. O primeiro, na passada quarta-feira, no jogo que opôs o Shalke 04 ao Inter de Milão. A referência é ao primeiro golo e o ponto é sustentar a ideia antiga, já aqui expressa noutras ocasiões, de que Lúcio, apesar de um defesa muito agressivo e até rápido para a envergadura física que possui, é forte para jogar num bloco baixo, mas não tem condições nenhumas para fazer parte de uma defesa que pretenda jogar mais subida. É que, quando tem de ocupar bem os espaços, quando tem de fazer uso do cérebro e não dos músculos, Lúcio é francamente mau. O exemplo é o golo de Raúl. Já vi o lance várias vezes e ainda não consegui perceber o que se terá passado na cabeça de Lúcio. Jurado conduz a bola e Lúcio só tem que preencher a zona central. Maicon até vem a fechar por dentro e, como tal, não há qualquer possibilidade de a bola entrar por aquele lado. Mas Lúcio, talvez imaginando que Raúl se iria desmarcar por ali, flectiu para a direita e deixou o centro da defesa aberto. Raúl só teve depois que procurar aquele espaço e receber o passe fácil do compatriota. Mais uma vez, fica evidente que Lúcio, quando tem que decidir rápido, quando tem que reajustar o seu posicionamento às incidências de cada lance, falha rotundamente. A este nível, um falhanço deste tipo é patético. Quando não é para ir à bola e para atropelar adversários, Lúcio é demasiado fraco para que possa estar entre a elite dos centrais europeus. Talvez seja bom para salivar atrás de javalis, ou como macho dominante de um grupo de ursos, mas para jogar futebol faltam-lhe algumas capacidades perceptivas fundamentais.
O segundo caso diz respeito ao clássico espanhol, no fim-de-semana, e à exibição de Pepe. Gostava de ter uma compilação dos lances de Pepe, para melhor ilustrar a minha opiniao, mas não tenho. Por isso, fico-me pelas palavras. Há quem jure que Pepe fez um jogo enorme. Enorme, enorme, só o disparate. Em primeiro lugar, Mourinho preparou a exibição de Pepe antes do jogo, quando alertou para o facto de o Real não conseguir acabar o jogo com onze jogadores. Aliás, viu-se bem, após quinze ou vinte minutos de jogo, qual fora a intenção dessas declarações. Visavam condicionar o árbitro e permitir aos jogadores do Real entrar sistematicamente duro. O mais duro de todos, e aquele que manteve a dureza excessiva ao longo dos 90 minutos, foi Pepe. Para mim, que ainda há dias escrevi coisas sobre árbitros, este clássico espanhol representou bem o tipo de injustiças que esta modalidade preconiza. Como é que é possível que Piqué e Xavi vejam amarelos por esbracejar ou dizer coisas, e Pepe passe o jogo impune? Sem qualquer espécie de exagero, Pepe fez o suficiente para ser expulso, no mínimo dos mínimos, cinco vezes, tantas foram as entradas fora de tempo. Talvez não tenha feito uma entrada merecedora de vermelho, mas fez pelo menos dez merecedoras de amarelo. E nem pela repetição de faltas viu o cartão. O seu jogo consistiu basicamente em atropelar jogadores do Barcelona, em correr feito maluquinho direito ao portador da bola, em andar à rabia e a tentar intimidar os adversários sempre que podia. E só não andou de liana em liana porque não havia lianas. Quando um jogador se destaca essencialmente pelo temor que tenta provocar nos outros, muita coisa está mal. Há quem garanta, ainda assim, que foi o melhor jogador em campo. Sinceramente, achava que um critério necessário para se eleger o melhor jogador em campo fosse ser jogador. Pepe talvez tenha sido o melhor animal em campo. Como jogador, fez uma exibição horrível, correu excessivamente e sem nexo, andou feito barata-tonta atrás de tudo o que mexesse, e arriscou entradas duras vezes sem conta e sem qualquer necessidade. Após o jogo, Mourinho reforçou a ideia de não ser possível acabar um jogo contra o Barcelona com onze em campo, mas devia ter acabado com nove. E devia ter ficado sem Pepe, aliás, logo na primeira parte. Aquilo que me parece recomendável, portanto, para quem deseja terminar o jogo com onze mas queira, ainda assim, colocar animais ferozes em campo, é açaimá-los o melhor possível. Útil seria também que não houvesse idiotas a elogiar uma exibição que consistiu em tentar fazer o perfeito oposto de jogar futebol. É que ajudava muito que os homens das cavernas sentissem que passar por cima de colegas de profissão não é jogar futebol.
O segundo caso diz respeito ao clássico espanhol, no fim-de-semana, e à exibição de Pepe. Gostava de ter uma compilação dos lances de Pepe, para melhor ilustrar a minha opiniao, mas não tenho. Por isso, fico-me pelas palavras. Há quem jure que Pepe fez um jogo enorme. Enorme, enorme, só o disparate. Em primeiro lugar, Mourinho preparou a exibição de Pepe antes do jogo, quando alertou para o facto de o Real não conseguir acabar o jogo com onze jogadores. Aliás, viu-se bem, após quinze ou vinte minutos de jogo, qual fora a intenção dessas declarações. Visavam condicionar o árbitro e permitir aos jogadores do Real entrar sistematicamente duro. O mais duro de todos, e aquele que manteve a dureza excessiva ao longo dos 90 minutos, foi Pepe. Para mim, que ainda há dias escrevi coisas sobre árbitros, este clássico espanhol representou bem o tipo de injustiças que esta modalidade preconiza. Como é que é possível que Piqué e Xavi vejam amarelos por esbracejar ou dizer coisas, e Pepe passe o jogo impune? Sem qualquer espécie de exagero, Pepe fez o suficiente para ser expulso, no mínimo dos mínimos, cinco vezes, tantas foram as entradas fora de tempo. Talvez não tenha feito uma entrada merecedora de vermelho, mas fez pelo menos dez merecedoras de amarelo. E nem pela repetição de faltas viu o cartão. O seu jogo consistiu basicamente em atropelar jogadores do Barcelona, em correr feito maluquinho direito ao portador da bola, em andar à rabia e a tentar intimidar os adversários sempre que podia. E só não andou de liana em liana porque não havia lianas. Quando um jogador se destaca essencialmente pelo temor que tenta provocar nos outros, muita coisa está mal. Há quem garanta, ainda assim, que foi o melhor jogador em campo. Sinceramente, achava que um critério necessário para se eleger o melhor jogador em campo fosse ser jogador. Pepe talvez tenha sido o melhor animal em campo. Como jogador, fez uma exibição horrível, correu excessivamente e sem nexo, andou feito barata-tonta atrás de tudo o que mexesse, e arriscou entradas duras vezes sem conta e sem qualquer necessidade. Após o jogo, Mourinho reforçou a ideia de não ser possível acabar um jogo contra o Barcelona com onze em campo, mas devia ter acabado com nove. E devia ter ficado sem Pepe, aliás, logo na primeira parte. Aquilo que me parece recomendável, portanto, para quem deseja terminar o jogo com onze mas queira, ainda assim, colocar animais ferozes em campo, é açaimá-los o melhor possível. Útil seria também que não houvesse idiotas a elogiar uma exibição que consistiu em tentar fazer o perfeito oposto de jogar futebol. É que ajudava muito que os homens das cavernas sentissem que passar por cima de colegas de profissão não é jogar futebol.
11 comentários:
É verdade quando dizes que o jogo do Pepe foi essecialmente de varredura aos jogadores do Barcelona mas, repara quantas vezes lhe foi possível roubar realmente a bola aos catalães: algumas. E quando não era ele, resultava da pressão que ele já vinha fazendo ao portador da bola. Nuno, qualquer jogador que roube a bola ao Barça as vezes que Pepe roubou, tem quefazer um jogo enorme. Dentro do que lhe é pedido, certamente.
Se o objectivo era apenas fazer o papel de touro enraivecido, porque não colocar um jogador descerebrado como Pepe?
Embora concorde que o Pepe não é , nem será um jogador virtuoso, tem características muito úteis a qualquer equipa.
O jogo de futebol , tambem contem dureza e os próprios jogadores do Barcelona também jogam e sabem jogar "duro" (Puyol, Busquets e Dani Alves não são exemplos de jogadores "santinhos").
Que o Barcelona é actualmente a melhor equipa do Mundo, com o melhor jogador do Mundo é verdade, mas para defender o seu tipo de jogo e o seu treinador não é preciso dizer que todas as outras equipas e jogadores não prestam e que não é possivel jogar bonito sem ser dessa forma.
Aliás a beleza e valor do Barcelona é mais valorizado ,pela existência de outras excelentes equipas, jogadores e treinadores.E não é uma equipa imbatível e é uma equipa muito "protegida" a nível de arbitragens (e aqui não incluo o ultimo jogo)
comentei isso com quem vi o jogo. Sem exagero, o Pepe bateu nos adversários ja depois de a bola não lá estar, umas 5,6,7 x.
Se fosse em Portugal teria sido expulso num ápice. Isto, pq, os adversários cairiam para o chao e rebolariam.
E o estupido de tudo naõ é que os jogadores finjam que está a doer mais do que o que realmente está. o estupiod é que se os jogadores não o fizerem os árbitros não os protegem...
100% de acordo. O Pepe é um jogador que me envergonha por ter vestido a camisola do meu clube. O Bruno Alves que tantas vezes foi perseguido em Portugal tem 10 vezes mais classe e inteligência!
O Mourinho esta época tem-me desiludido muito, joga um futebol paupérrimo e baseia a maior parte da sua estratégia no condicionamento das arbitragens. E não me venham dizer que tem um plantel fraco. O Barça joga com 1 trinco a central e tem 1 avançado apenas, eles têm 4 centrais caros, 3 avançados caríssimos, jogadores com classe como Pedro Léon ou Canales encostados, enfim...
Para mim caso não vença a Champions será o pior ano da carreira do Mourinho.
Que letrado e mestre da bola me saíste tu, DC. Nos tempos do FCP, o Pepe varria tudo aquilo que surgia na sua área de jurisdição. E muitas vezes jogava sozinho lá atrás, naquele sistema mega-naive de 3 defesas.
O Mourinho joga o futebol que sempre jogou. Nunca primou pela espectacularidade. Pedro Léon tem muita classe...mas Canales é um garoto pouco competitivo.
Não é por varrer ou deixar de varrer que me envergonha (admito que me tenha explicado mal, mas sim por situações como a do Getafe e especialmente as com o Lisandro já que me choca que alguém que possa agredir daquela forma alguém com quem partilhou um balneário. isto entre muitas outras...)
E quanto ao Mourinho não, não joga. O Porto de 2003 principalmente era tudo menos uma equipa de contra-ataque, o Chelsea no 1º ano também não. No entanto apartir de uma certa altura deixou de apostar no génio para apostar no músculo. Onde antes se viam jogadores como Deco, Duff ou Robben agora vê-se trincos, na frente privilegia jogadores que corram em detrimento dos que têm classe e inteligência (Di Maria vs Ozil por exemplo). É uma desilusão para mim e não é por acaso que grande parte dos adeptos do Real estão também desiludidos, incluíndo o Di Stefano.
http://www.ojogo.pt/Directo/NoticiaHora_fut_pepenoonzelequipe_190411_354047.asp
LOL
Estava à espera de um comentário teu ao clássico espanhol e aos elogios da Pepe.
É verdade q ele é um tronco, tirado a dureza do seu jogo pouco mais pode oferecer à equipa e isso choca, claramente , com a ideia bela que tens do futebol. Mas a verdade é q conseguiu suster um pouco o jogo a meio campo do Barça e conseguiu criar dificuldades na saída de bola dos catalães do seu meio campo. Sei q não é este o tipo de futebol q defendes mas mais nenhuma equipa tem as armas q o Barça tem pelo que têm de utilizar as q estão ao seu alcance. Quem quiser jogar o jogo com o Barça neste momento não tem hipóteses!!!!
O Lúcio é outro tronco!!!!
Lisboa, no texto encontra a seguinte frase:
"Útil seria também que não houvesse idiotas a elogiar uma exibição que consistiu em tentar fazer o perfeito oposto de jogar futebol."
Sublinho o vocábulo "idiotas".
Pedro diz: "mas a verdade é q conseguiu suster um pouco o jogo a meio campo do Barça e conseguiu criar dificuldades na saída de bola dos catalães do seu meio campo."
Pedro, dêem-me uma moca e ponham o árbitro a dormir e também consigo suster o jogo a meio-campo do Barça. Sem a permissividade do árbitro, o Pepe não teria conseguido a quantidade de recuperações que conseguiu. Aliás, sem a permissividade do árbitro, o Pepe não durava 45 minutos. Não sou eu que não gosto desse tipo de jogo; são as leis do jogo que o proibem. Vê lá se ele, no jogo de ontem, não amansou assim que viu o amarelo. E, mesmo assim, ainda fez o suficiente para ver o segundo.
http://www.youtube.com/watch?v=lhak6HMrXjs&feature=player_embedded#at=87
-> ao minuto 1:25
Podem ver aqui o Lucio ir marcar o companheiro de equipa quando a bola é centrada para a aérea, e deixou o jogador que era suposto estar a marcar... claro, sofreram golo LOL
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