segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Gente casmurra e mais qualquer coisa...

Não gosto de gente casmurra. Também não gosto de gente casmurra e estúpida. E ainda gosto menos de gente casmurra, estúpida e chata. Por falar em gente de quem não gosto, uma semana depois da infeliz decisão de Pedro Proença no Dragão, João Querido Manha continua a dizer que Anderson Polga atrasou deliberadamente a bola para Stojkovic. Jorge Coroado ainda lhe tentou ver que um desarme é tecnicamente diferente de um passe. Por acaso não concordo: acho, como o querido João Querido Manha, que um passe é exactamente a mesma coisa que um desarme. Argumentou Coroado que um jogador que joga a bola em esforço, tocando mesmo com o joelho no chão para o fazer, não pode nunca estar a efectuar um passe deliberado. Apesar do belo argumento do ex-árbitro, Querido Manha manteve a sua posição. "É passe, é passe, é passe." E disse mais. Disse que é possível fazerem-se passes sem se estar na posse da bola, de maneira a refutar mais um excelente argumento de Jorge Coroado. Também estou de acordo em relação a isto. Aliás, considero que só se faz um passe se não se estiver na posse da bola. Nem percebo como é que, estando na posse da bola, se pode fazer um passe. Isso é totalmente absurdo. Creio, depois disto, que todos à excepção de João Querido Manha vivem num mundo à parte. À noite, quando chegar a casa, aposto que João Querido Manha dirá à mulher, com razão, que os peixes respiram fora de água. Amanhã, quando chegar ao trabalho, contará, uma vez mais na posse de toda a razão, que viu um homem com duas cabeças.

Com pessoas casmurras, costumo agir de maneira especial. Com pessoas casmurras e que se recusam a ver o óbvio, costumo agir de maneira ainda mais especial. Ao senhor João Querido Manha queria, portanto, dizer que é uma pessoa perspicaz e que não deve ligar ao que os outros dizem. Se acha que é passe, é porque é passe. Quem sabe, sabe. E nem que toda a gente já tenha percebido que não foi passe, não desista da sua opinião. Aliás, se amanhã se lembrar que afinal se chama Napoleão Bonaparte e se a sua mulher o tratar por João, dê-lhe logo uma lambada, que é para ela aprender. Só uma perguntinha: 1 mais 1 são 3, não são?

11 comentários:

Anónimo disse...

Por incrivel que lhe possa parecer o casmurro era o Coroado.
Se quiser ler as regras terei todo o gosto em lhe enviar o link, faço-o no fim do comentario.
Irá reparar que a lei diz kicked e não passed, ou seja foi efectuada com o pé, essa distinção existe porque a decisão 3 da lei 12 define quando o GR pode recolher a bola sem incorrer em falta. Não há regra alguma em relação á posse de bola tal como casmurro do Coroado afirma. Está ultrapassado e não quer ver isso. É extraordinário ver um benfiquista ferrenho como o Manha a defender o lance. :)


http://www.fifa.com/mm/document/affederation/federation/laws_of_the_game_0708_10565.pdf

Nuno disse...

Eu não sou propriamente fã do Coroado, mas neste caso, peço desculpa, mas ele tem razão. A lei diz que é concedido um livre indirecto ao adversário se o guarda-redes "touches the ball with his hands after it has been DELIBERATELY kicked to him by a team-mate." É óbvio que a lei não fala na posse de bola. Só referi isso porque é absurdo alguém pensar, como o João Querido Manha, que é possível efectuar um passe sem se estar na posse de bola. O que o Coroado referiu foi que o Polga nem sequer tinha a posse de bola. Como tal, nem sequer poderia ter deliberado sobre o que lhe fazer: se passar, se aliviar. O que o Polga fez foi desarmar o Postiga. Isso não é, nem nunca será, PONTAPEÁ-LA DELIBERADAMENTE para o seu guarda-redes, para chegarmos a uma tradução consentânea. Assim sendo, o João Querido Manha insiste numa questão em que, evidentemente, não tem razão...

P.S. Realmente a lei não fala em "passed", mas em "kicked". Mas também usa o advérbio "deliberately", e isso faz toda a diferença. Aliás, a lei nem sequer faria sentido se não usasse este advérbio. Qualquer pontapé para o ar que o guarda-redes agarrasse seria punido com livre indirecto, não?

Anónimo disse...

Se o homem quis passar para alguem até foi para o Tonel... se ha dois burros nesta historia toda eles são o Tonel, e o ingenuo Stojkovic que pensa que em Portugal se aplicam as regras do futebol como no resto do mundo.

Isto faz-me lembrar o Kandaurov, quando já toda a gente tinha visto 5000 vezes nas repetições que a bola tinha tocado na barriga, o Pinto da Costa continuava a insistir que tinha sido com o braço...

Anónimo disse...

Ponto 1 - O JQM é uma valente besta.

Ponto 2 - Não considero que o Polga tenha atrasado a bola, tal como ontem isso também não aconteceu.

Ponto 3 - Acho que é possível haver passes numa altura que não se está na posse da bola, dependendo da interpretação do que é posse de bola. Num caso em que um jogador adianta a bola, o defesa pode antecipar-se e conseguir jogar perfeitamente a bola sem dificuldade fazendo um (um pco ridículo este termo) "corte-passe". A questão é...numa antecipação tão "tranquila e espaçosa" considera-se que já está na posse da bola?

Nuno disse...

Para mim, sim. Se consegues fazer um passe deliberado, depois de o adversário ter adiantado a bola, é porque recuperaste a posse de bola. Nem que seja no instante imediato em que efectuas o passe. Passar implica pontapear a bola deliberadamente. Sem um momento em que supões poder passar a bola, não podes deliberar o passe. Só isso.

Pampa disse...

Concordo então.

Anónimo disse...

A palavra chave aqui é mesmo essa deliberadamente.
O que transforma a situação numa interpretação e como tal é subjectiva. E nisso estamos de acordo.
Portanto se o árbitro não tivesse assinalado ia achar errado, mas aceitaria a decisão, porque seria a interpretação dele na altura.
Agora continuo a dizer o Coroado já devia de deixar de se mostrar tão arrogante e em especial porque parece que não percebe as leis, apesar de ter andado por lá tantos anos.

Helder

PS:Sou o mesmo anónimo do primeiro post

Anónimo disse...

Parece que a comissão de arbitragem me veio dar razão. :)

Helder

Nuno disse...

Foi, mas fê-lo depois de mudar a lei. Assim também eu sou bom. Se mudar as leis da física, também posso dizer que os corpos pequenos é que atraem os grandes e que a Terra está na órbita da Lua.

Anónimo disse...

O "deliberately" sé poderia ser atestado por alguém que nunca admitiria tê-lo feito: o Polga. No entanto parece-me inequívoco que o corte de Polga é feito deliberadamente para aquele local que lhe pareceu a ele (pelo menos a mim pareceu-me) ser o mais seguro para a jogar. E essa é a área de influência do guarda-redes como confirma o Tonel ao deixar passar a bola tranquilamente. Concordo com o Paulo Bento quando afirma que na dúvida o GR a devia ter afastado ao mesmo tempo que pontapeava a bola. Qualquer comparação com o lance de Costinha deve ser visto mais como uma provocação do que uma tentativa válida de discutir o lance.
Parabéns pelo blog o qual considero um dos poucos sérios sobre futebol jogado. Apenas o descobri há pouco tempo mas sou já um visitante assíduo.

Anónimo disse...

pareceu-me que o Polga fez um corte de forma a que a sua equipa ficasse de posse da bola e como tal a decisão do árbitro foi admissivél.
Digo sempre aos meus Guarda-redes que na duvida decidam eles em não jogar a bola com a mão em vez de ficarem refens da analise do árbitro.
PS: considero que o Quim a semana passada não fez falta mas a decisão mais sensata seria passá-la com o pé ao cesar Peixoto...