sábado, 8 de setembro de 2007

Responsabilidade...

Eis o que parece não ter o Editor-chefe do jornal desportivo Record. Pelo menos a avaliar pela sua página no mesmo diário desportivo, intitulada " OFF-SIDE". E não digo isto porque me apetece. Digo-o porque na edição de sexta-feira, dia 7 de Setembro, deste mesmo jornal, Luís Pedro Sousa mo demonstra de forma inequívoca.

No primeiro ponto visa Paulo Bento, e o "erro" que é o seu losango. Defende que o Sporting tem motivos de preocupação pela exibição frente ao Beleneses. Eu até aceitaria que ele partilhasse desse sofisma, mas esperava que ele o defendesse convenientemente. Ao invés, resolveu aproveitar a boleia do Rui Santos e foi apenas pateta. A forma ingénua - sim, vou optar por ser subtil - como interpreta o futebol é deliciosa. Comete um erro comum, e que em circunstâncias normais até seria admissível, mas, tratando-se de alguém com tanta responsabilidade num veículo informativo com a importância que o jornal em questão detém no panorama nacional penso que é lamentável.
Falo do erro de assumir o futebol como xadrez, como algo sem dinâmica nas suas peças. E até mesmo nestas seria errado preconizar esta perspectiva. Quando de uma forma displicente ele "resolve" os problemas do Sporting com a inclusão de extremos, e responsabiliza os empates consentidos a época passada, pela falta dos mesmos só podemos rir. Na época transacta a táctica foi sempre esta, a única coisa que foi alterando foram os seus intérpretes. E aqui sim se explica alguns resultados menos positivos, para além dos factores mais " banais", como o fraco indíce finalizador, etc. A táctica foi a mesma, do inicio da época, até ao fim. Ou seja desde o periodo mais "infeliz", até ao periodo em que o clube de Alvalade se revelou insuperável.

Partir do princípio que uma táctica que não tem extremos está privada de aproveitar as faixas laterais é irresponsável. Creio que na mente das pessoas que defendem esta ideia basta colocar os jogadores na linha para, imediatamente, e por magia, o jogo se desobstruir e começar a fluir pelas linhas, qual rio que desagua no mar. Por isso quando vêem um sistema que não apresente extremos ou médios-alas o seu poder de sintese leva-os a crer que a equipa em questão despreza a opção de jogar pelas alas. Nada mais errado. A mobilidade e os processos assimilados pela equipa, estes sim, é que definem e caracterizam o futebol desenvolvido pela mesma. Assumir que só porque no desenho não está ninguém numa determindada zona do campo esses terrenos vão ser ignorados é estúpido. As oscilações inerentes ao jogo, por si só, provam isso mesmo. Seja o lateral, o interior, o "numero dez", ou o avançado, a um deles, ou mais, caberá sempre a responsabilidade de explanar o jogo da sua equipa por essa zona do terreno, consoante o definido.

Mais à frente ele diz que o Sporting está a perder o fulgor do início de época, e aqui eu tenho de pedir a alguém que o conheça pessoalmente para lhe avisar que o Porto foi campeão o ano passado, que o Sporting venceu a taça de Portugal, que este ano venceu a supertaça, que entretanto ja decorreram três eliminatórias da taça da liga, etc... O Sporting começa a perder fulgor? Esta época? Qual fulgor?

Segue-se Vieirinha e dá a entender que este, para já, dá mais garantias que Tarik e o Mariano. Não renego as qualidades técnicas deste miudo, todavia, os outros dois também as possuem, e pelo menos são mais experientes. Não percebo como é que este pode revolucionar o jogo de uma maneira que os outros não o possam fazer. Mais, nem considero Vieirinha como sendo uma grande promessa. Ele, assim como Bruno Gama, apesar de lhe ser concedida uma maior montra por parte da comunicação social do que ao Hélder Barbosa - um pouco por causa da lesão, bem sei - está a anos luz deste. Não é tão forte no um para um como o jogador da Académica, nem possui a lucidez deste na hora de definir as suas opções.

Este é o tipo de pessoas que não perecebe o porquê do Carlos Martins, o ano passado, e o Vukcevic este ano, neste sitema - 442 losango - não actuar como numero dez. Um jogador com as caractrísticas deles, ao contrário do que muita gente pensa, neste sistema é aproveitado de uma forma mais eficaz como interior. Porque ao vértice mais adiantado, mais do que "pautar", transportar o jogo da sua equipa, como é pedido ao trinco numa primeira fase, e aos interiores numa fase posterior, pede-se que provoque os desiquílbrios através da sua movimentação.
Contem as vezes em que Romagnoli vem "buscar" jogo. Poucas, muito poucas. Não quer isto dizer que o médio argentino se esconda, mas se ele recuasse à procura da bola, para além de concentrar demasiados jogadores nessa zona (meio-campo defensivo) congestionando as linhas de passe, acabaria por privar a equipa dos espaços e opções que a sua movimentação, geralmente entre o lateral e o central da equipa adversária, proporciona. Essa movimentação não só é necessaria para ele encontrar espaço para poder desenvolver o seu futebol, como para criar linhas de passe para os seus colegas, sendo este factor tão importante como o primeiro.

E este facto leva-nos de encontro a outro erro comum. A responsabilzação imputada ao interiores quando estes muitas vezes não estão em jogo. Ou porque a equipa não jogou bem porque se esconderam, ou porque a equipa abusou em demasia do passe longo, sendo esta então ridícula, se tivermos em conta que muitas vezes os responsáveis pelos lançamentos são os defesas. Incapazes de se aperceberem da sua movimentação em prol do colectivo, o espectador comum, e infelizmente o jornalista desportivo também, criticam, muitas vezes de forma errada, estes jogadores quando as circunstâncias não lhes permitem ter tanta visibilidade.
No caso do Sporting o paradigma disso mesmo sucedeu no jogo da supertaça. Do russo Izmailov escreveu-se e disse-se que não fora o golo e o russo teria passado ao lado do jogo, ignorando a sua movimentação tanto no plano ofensivo, como defensivo, não percebendo assim que o mérito do golo não se esgota no fantástico pontapé. Não fosse a sua inteligência táctica lhe permitir o bom posicionamento, de certo que o golo, pelo menos aquele, não teria surgido. E não só. Neste início de época o Sporting passa muito por aproveitar a movimentação do Romagnoli, dai a ser muito importante a movimentação sem bola concertada entre os médios interiores e o "dez". São muitas vezes os interiores os responsáveis pelo deslocamento do lateral adversário para assim promover a entrada do médio argentino nas costas dos mesmo, criando ( ou tentando) assim uma situação de desiquilíbrio junto da área adversária. Este facto leva a que o jogo não passe pelos interiores nestas situações, sendo os laterais que lançam o Romagnoli.

Eu admito que todos erramos, e que o senhor Luís Pedro Sousa também tem direito a faze-lo, apenas esperava que defendesse os seus erros de uma forma mais lúcida.

3 comentários:

Anónimo disse...

Esse senhor é um benfiquista doente...e anda a abrir caminho para a azia do mau começo do seu clube.

Basta ver a "Linha Directa" que fez sobre o jogo Sporting-Belenenses, bem como a forma que exultava com cada jogada de perigo do Belenenses nesse jogo.

Gonçalo disse...

Deu para desconfiar disso pelo texto que na mesma página fez sobre Camacho, mas como no caso não tinha meio para provar que ele estava, mais uma vez, errado, abstvi-me de o criticar...

Anónimo disse...

Estou de acordo em relação ao teu texto.
A nossa imprensa é uma verdadeira mina em casos como este.
No exemplo que deste em relação ao jogador na posição 10 ainda te dou um melhor exemplo do que aquele que deste: Simão Sabrosa no ano passado!
MS