domingo, 25 de fevereiro de 2007

Génios

Sexta feira, 23 de Fevereiro. Um jogo entre duas equipas distintas, tais como os seus objectivos, mas que comungaram os mesmos pontos. Nesta altura o mais facíl será dizer o que faz falta ao Sporting; mas não é isso que vou apresentar, não, nada disso. O clube de alvalade apenas aproveita os prejuízos de ter um plantel bastante jovem. Uma grande parte da culpa está imíscuida nos comportamentos dos adeptos, uma vez que, ao invés de se apresentarem como apoiantes, mais parecem procurar na equipa o escape de todas as sua frustrações, dando assim enfâse ás dificuldades, inerentes à idade, resultantes da pressão de jogar num clube com grandes objectivos, mas, não só; um dos predicados das equipas jovens, é a sua irreverência, a sua imprevisibilidade, o seu arrojo e tendência para fantasiar. Porém, refém de uma disciplina rigída, a equipa não consegue explorar os seus valores na sua plenitude. O caso mais gritante passa por Carlos Martins. O seu talento ímpar para ser aproveitado, temos que o deixar ser rei no campo. Deixá-lo sentir os ritmos da equipa, e, então com alguma anarquia, produzir os desiquilibrios que fazem dele um dos maiores talentos da sua geração. Não podemos circunscrver o seu talento com rigidez táctica, tão pouco com um altruismo exagerado. Os génios são individualistas, e serão sempre dotados de temperamento muito sensível, oscilando, sempre em função do momento em que vivem. Por outras palavras, o génio, nunca irá ter a consciência das necessidades dos vulgares, por isso são mais verdadeiros nas suas demonstrações de insatisfação, não se preocupando com as consequências de tais actos.
Não tendo a consciência da correlação entre um talento criativo descomum, e um desajustamento social, que neste caso se refere à equipa, somos levados, muitas vezes, a crucificar estes jogadores por não manifestarem a mesma predisposição para sofrer como os demais. Porém, esta expectativa, por si só, é uma contradição. Num génio o seu intelecto, ou sentido criativo, prevalece de uma forma clara, sobre a sua vontade, ou espírito de sacrifício. Ao Carlos Martins, temos que deixar de pedir que se integre nesta sociedade, cada vez mais triste, e que seja cada vez mais um desajustado. Só assim, não o obrigando a ser igual aos outros, e a ter a consciência das limitações da mediocridade, poderemos comtemplar o talento dos grandes. Teria Zidane sido quem foi, se, por ventura, não fosse o rebelde que sempre se mostrou em campo? Não basta ser diferente com a bola nos pés. É preciso arrojo, coragem de pensar diferente, fazer o inesperado, quando o mais aconselhável, é seguir o convencional. E são esses momentos, em que uma aparente loucura toma conta dos predestinados, que ficam para sempre. Em alkmar, contra o Az, muitos daqui a uns anos, para além do golo do Miguel Garcia, poucas coisas serão recordadas. E uma dessas poucas coisas que surgirão, será o passe em plena pequena área da sua própia equipa, do P. Barbosa para Ricardo, quando à ilharga do primeiro se avistavam dois adversários. Ou, então, quando contra o Feyenoord, depois de um canto contra a sua equipa, em vez de aliviar a bola, fazendo o que qualquer comum jogador faria, e que, muito provavelmente, iria dar origem a um segunda vaga de ataque da equipa holandesa, saiu em drible, tirando do caminho quem quer que lhe aparecesse pela frente. Louco e arriscado? Não!, Superior! Não basta ser brilhante, é preciso a coragem para assumir esse futebol diferente.

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