domingo, 20 de maio de 2012

Ser Adepto

O que é ser adepto? Em grande medida, é ser alguém que gosta especialmente de um clube, tendencialmente de modo irracional, e que se regozija com a vitória desse clube. Há, no entanto, um problema. De que serve uma vitória a um adepto? Isto é, por que razão uma vitória do clube de que gosta o deixa tão contente? Numa guerra, vencer o inimigo implica necessariamente evitar a aniquilação, ou a subjugação. Vencer, nesse caso, é sobreviver. Mas, em futebol, não é assim. Qual é o objectivo ulterior da vitória? Um só: sentir que se é melhor do que os vencidos. O Chelsea acabou de se sagrar campeão europeu, e muitos londrinos sentirão neste momento que são os melhores do mundo. Senti-lo-ão, sim, mas porque são estúpidos. Um adepto inteligente, havendo-o por aí, só poderia sentir vergonha, nesta altura. Aliás, a capacidade de sentir vergonha nos momentos certos é, não raro, um sintoma de inteligência.

Dir-me-ão que isto não tem nada a ver com inteligência. Respondo que defender a prática da celebração de vitórias recorrendo à estupidez em que consiste o exercício é provavelmente uma defesa idiota. Os adeptos do Chelsea que festejam hoje a vitória do seu clube são como jogadores de casino a quem saem os dados certos, com a diferença significativa de que, depois da jogada certeira, não ganham dinheiro nenhum. O que se festeja hoje em Londres é, à falta de melhor, a irracionalidade própria. Aquelas pessoas celebram porque estão convencidas - a cultura em que nasceram educou-as assim - de que as vitórias, por si só, merecem celebração. Mas não há razão nenhuma para que assim seja. Só há um tipo de sítios em que imagino que as coisas se festejem por si só: os hospícios. Londres é hoje um hospício gigante em que os doidos, apenas porque sim, apenas porque há qualquer coisa dentro deles que os faz sentirem-se embriagados de felicidade, festejam a sua doidice. Ser adepto, como é normalmente entendido, é pouco mais do que ser doido.

Ganhar, por si só, não é nada. A vitória só faz sentido enquanto materialização de uma certa superioridade. O que deve ser festejado, quando se festeja uma vitória, não é a vitória, mas a superioridade que essa vitória materializou. Quando a vitória cai do céu, quando não materializa rigorosamente coisa nenhuma, festejá-la é um absurdo. Assim é neste momento. O Chelsea não foi superior a ninguém, e a vitória que alcançou é ridícula. Festejar essa vitória é como ser muçulmano e festejar o triste episódio do World Trade Center em 2001. Pensando bem, aquilo que celebram as pessoas que celebram vitórias como a do Chelsea é o Acaso; celebram o terem tido sorte, o ter-lhes protegido os interesses qualquer força inexplicável. A conclusão surpreendente é estas pessoas celebrarem afinal o não terem livre-arbítrio. Não é extraordinário? Eis a melhor definição possível de um adepto: indivíduo que, por gostar irracionalmente de algo, reconhece inadvertidamente que esperar a morte é o único objectivo da sua vida.

Depois de, em Camp Nou, o Barcelona jogar e o Real Madrid vencer; depois de, outra vez em Camp Nou, o Barcelona jogar e o Chelsea vencer; depois de, em Bucareste, o Athletic de Bilbao jogar e o Atlético de Madrid vencer; eis que, em Munique, o Bayern jogou e o Chelsea venceu. Às vezes, no futebol, são os que menos fazem por isso que ganham. Este ano, sobretudo nesta fase final da época, aconteceu mais vezes do que é normal. É por isso um ano desastroso para o futebol. De tempos a tempos, acontece um ano assim. E o que dizer agora de André Villas Boas e de Di Matteo? Digo o mesmo que disse há uns anos de Juande Ramos e Harry Redknapp. Na altura, disse que o Tottenham não quisera crescer para onde podia. Harry Redknapp devolvera os resultados imediatos ao clube, mas o clube não tinha por onde crescer. Com o orçamento e o grupo de jogadores que o Tottenham tem, hoje em dia, não ser capaz de lutar pelo título é mau. Continua atrás do principal clube londrino, e vai tendo, no máximo, uma ou outra vitória circunstancial. Ao fim destes anos, confirmou-se a previsão: o Tottenham tem a força máxima que poderia ter com a qualidade do plantel que tem, mas estagnou enquanto colectivo. Preferiram-se os resultados a curto prazo, e não o projecto de longo termo. O Chelsea que Villas Boas desejava talvez desse frutos sustentados daqui a uns anos. Os jogadores não quiseram, e estou certo de que os adeptos estão, neste momento, felizes com a substituição de treinador. Ganharam um título muito importante, mas comprometeram, na minha opinião, o futuro. O Chelsea foi campeão europeu, mas, extraordinariamente, deu um passo atrás. De vez em quando, também acontece. É estranho pensar assim, mas é o único pensamento correcto. Ganhar nem sempre é dar um passo em frente. Por mais paradoxal que pareça, ao sagrar-se campeão europeu, o Chelsea tornou-se um clube mais fraco do que era.

43 comentários:

Anónimo disse...

é assim.. o problema deste post é a utilização excessiva da palavra superior ou superioridade. substituam em todos os momentos superioridade por inteligencia e o post fica bom.

eliminem as comparações com a guerra, sobretudo a frase dos muçulmanos (muito infeliz, inserir neste contexto os "festejos" dos muçulmanos..) e pronto, tá feito!

isto por um motivo simples. ser superior é ser melhor, é ter mais força, é ter mais autoridade, é estar por cima, etc. e tal. http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=superior

ora, no futebol, quem é superior? quem faz mais passes? quem joga o jogo de forma justa? quem procura boas estratégias de mercado e de formação? não, é quem marca mais golos!! e para marcar mais golos não se precisa de nada disto. ás vezes nem o contrário disto é necessário. basta ganhar o euromolhoes! e o chelsea, ontem, como já tinha sucedido contra o barça, marcou mais golos. e no futebol, só os golos, dão autoridade de levantar uma taça, colocam um clube por cima dos outros na tabela classificativa, etc..

o chelsea, na presente edição da champions, superiorizou-se em toda a linha e de acordo com as regras do jogo, aos seus adversários.

agora, se analisarmos isto tudo de outra forma, mais racional, o chelsea não jogou nada!!! e, realmente, festejar esta vitoria é um absurdo. a não ser que o abramovic consiga uma golpe de teatro neste defeso, como por exemplo contratar guardiola, penso que nunca mais ouviremos falar desta equipa ao mais alto nivel. e mesmo que contratem guardiola.. imaginemos que o espanhol tenta reformular completamente a equipa.. e na proxima epoca não ganha nada.. provavelmente é despedido!!

o bayern jogou muito melhor, e o barça então nem se fala. são equipas mais inteligentes, com melhor estratégia, com o futuro assegurado fruto de uma boa estrategia de formação e de mercado, etc..o chelsea ganhou o euromilhoes!

ser superior não significa ser mais inteligente. ser mais inteligente pode levar à superioridade mas, muitas vezes (a maior parte das vezes..)não o faz. ser inteligente não significa ser melhor, significa antes que se o mundo for justo, temos mais probabilidade de viver um futuro melhor, e de tornar esse "futuro" mais duradouro obtendo melhores resultados. aplicando isto ao futebol, significa ter mais probabilidades de ficar mais tempo no topo do que qualquer outra equipa.

ora, resumindo, ao contrário do que dizem no texto, o chelsea foi indiscutivelmente superior. se vai permanecer no topo, provavelmente não!

como devem ter calculado, só a parte da superioridade é que me faz alguma confusão. estou farto de viver num mundo onde é preciso ser "superior" para fazer alguma coisa de jeito.

Joel disse...

Nuno, em conversa com os meus pares, disse o mesmo em relação ao Villas Boas vs Di Matteo. (Por acaso, o Villas Boas também tinha feito melhores resultados que o Di Matteo, seria impossível o Villas Boas ter ganho os jogos decisivos visto que ele não os fez). Mas será que esta Champions compensa a hipoteca do futuro?

Bernardo disse...

epá nuno, compreendo o teu ponto de vista e o que queres dizer com todo este texto. a sério que sim e respeito essa opinião, mas esticaste-te. as vitórias não se festejam apenas pela superioridade de se jogar melhor, mas pela superioridade de se ganhar mesmo com imensas dificuldades! o chelsea não jogou a ponta dum chavelho, mas ganhou porque conseguiu potencializar a ideia de jogo que o di matteo teve para este fim de época e também porque tiveram sorte. muita sorte, certo. mas não deixa de ser uma vitória saborosíssima, não por causa disso, mas apesar disso! a vitória é muito mais do que a superioridade só pela superioridade, atenção. quanto à profecia da desgraça do chelsea. concordo. com este caminho hipotecam qualquer hipótese de futuramente serem alguma coisa. mas têm bons jogadores e...um tipo com muitos milhões que em 2 meses tem muito tempo para construir um plantel e ir buscar um treinador a pensar num projecto de futuro novamente. se o quiser, claro. esse futuro está hipotecado, mas depende de quem inicia a nova época no banco parece-me. esta é a parte que mais concordo contigo, porque ganhando fica difícil tomar um novo caminho e voltar ao que estava a ser tentado desde o início da época. mas esperemos para ver o que acontece.

Tiago disse...

Que visão tão pedante do desporto em geral e do futebol em particular.

Duarte disse...

Concordo até com a filosofia que defendes para o futebol e da análise que fazes dele enquanto ciência.
Acontece que o futebol é um desporto de massas, é um entretenimento. As pessoas querem entreter-se e têm afinidades com clubes e selecções.
Não estão de lupa e bloco de notas a analisar cientificamente o jogo.
Apoia-se uma equipa e festeja-se quando ela ganha. Ponto.
Não perceber isto é não perceber a natureza humana (o que costuma acontecer com quem acha sempre que sabe tudo e o resto do mundo é que está errado).

Nuno disse...

Mike diz: "ora, no futebol, quem é superior? quem faz mais passes? quem joga o jogo de forma justa? quem procura boas estratégias de mercado e de formação? não, é quem marca mais golos!!"

Mike, uma equipa que marca mais golos é superior em quê? Em ter marcado mais golos. Achas que os adeptos vão festejar isso para as ruas? O que se festeja, sempre, em qualquer lado, é a superioridade em relação aos outros. Por que é que um derby é tão importante para um adepto? Porque os adeptos de um clube, no dia seguinte, querem sentir-se "superiores" em relação aos adeptos do outro clube. É um sentimento moral. Ora, é precisamente por isso que acho que um adepto que festeja um título como este do Chelsea é estúpido. É que não há superioridade moral nenhuma ali. Houve a conquista de um título, que tinha de ir acabar nas mãos alguém, e que por acaso acabou nas deles. Por acaso, só.

Joel, pois, desconfio que não. Com esta vitória, imagino que o Di Matteo prolongue o seu vínculo ao clube, e que a revolução de balneário que se preparava não aconteça. E o Chelsea continuará a envelhecer. Este ano, ficaram em sexto. Para o ano, veremos.

"as vitórias não se festejam apenas pela superioridade de se jogar melhor, mas pela superioridade de se ganhar mesmo com imensas dificuldades!"

Bernardo, não é apenas a superioridade de jogar melhor. É a superioridade moral de ter sido o melhor. Se o Chelsea tivesse tido sorte apenas num jogo, claro que isso não se colocava. Fora um caso, um caso em que se tinham superiorizado pelo sacrifício. Ou, se por acaso, fosse uma equipa como a Grécia, que não tinha quaisquer expectativas de vencer o torneio. Não foi o caso. Em que é que eles foram superiores? Nem eles saberão bem. Defenderam mal, levaram bolas ao poste em todos os jogos, jogaram 1 hora contra 10 e iam sendo eliminados. A única superioridade que tiveram foi na sorte. Se calhar é essa superioridade que festejam.

Tiago, não gosto do lado do desporto em que a irracionalidade domina. Se isso é pedantismo, tens razão.

Duarte diz: "não perceber isto é não perceber a natureza humana (o que costuma acontecer com quem acha sempre que sabe tudo e o resto do mundo é que está errado)."

Duarte, mas eu percebo a natureza humana. Percebo-a até bem demais. É esse o problema. Percebo-a e acho-a estúpida, neste caso. Eu sei que é um desporto de massas. E o que estou a criticar não é que seja um desporto de massas, mas que seja um desporto de massas estúpidas. Eu não estou a criticar o futebol; estou a criticar a natureza humana.

Pedro disse...

Um post desprovido de qualquer emoção e sem isso nunca perceberás o pq de os adeptos do Chelsea ou os da Briosa terem festejado como festejaram.

Algum dia na vida os adeptos da Briosa podem festejar a superioridade de serem superiores a um Sporting? Claro q não. É impossível, são realidade diferentes. Mas podem festejar a conquista de um titulo ganho a esse mesmo Sporting. E isso nunca mais ninguem lhes tirará. Muito do que tu escreves resulta desta falta de emoção que tens a analisar o futebol. Pelo que escreves só os adeptos do Barça é q podiam festejar pq são os unicos q são claramente superiores aos outros...quem ganha trofeus não festeja. É parvo.Ó Nuno...francamente...

Os homens acabaram de ganhar a Champions...apenas o titulo mais desejado de vencer por qualquer adepto. E não festejavam pq a equipa joga "mal"??

E se queres retirar a emoção da equação e ficar com apenas a objectividade: O Chelsea foi a equipa que ultrapassou todos os obstáculos. Todas as outras numa qualquer fase do percurso cairam. Eles não.

Uma das tuas máximas é "não se falar do que não se sabe". Não fales disto pq, francamente, não sabes. Não sabes o que é ser adepto, o que é vibrar com vitórias, o que é amar um clube. Se é irracional? Claro que sim. E depois?

Joel disse...

Mas Nuno, apesar do Chelsea ter tido uma sorte tremenda.. há um aspecto que não podemos esquecer... Trocar Muller por Van Buyten? Defender um resultado? Mas...tiramos o melhor jogador (que tem jogado menos por parvoíce, mas também o treinador do Bayern nem é grande coisa) para defender o resultado?

Anónimo disse...

caro nuno, no meu comentário não toquei na questão dos festejos. simplesmente disse que o conceito de superioridade, tal como o colocaste não fazia sentido. são os golos que permitem ganhar um jogo. penso que isto não merece grande discussão. e quem ganha o jogo levanta a taça. e pronto tá feito. não há grande discussão por aqui. e de acordo com isto, que me parece obvio, o chelsea foi superior. assim sendo, não faz sentido falar em superioridade porque não há discussão possivel. só há discussão se aplicares outros conceitos..

mas entrando na questão dos festejos dos adeptos, e sobretudo tendo em conta a forma como a colocas na tua resposta ao meu comentário, bem, concordo menos ainda. superioridade moral é daquelas coisas...

ora vejamos, se uma vitoria não vier carregada de "superioridade moral" isto é, se não for também uma vitoria moral, não deverá ser festejada? bem, cada um é como cada qual. eu acho que festejar vitorias morais é, antes de mais nada, um exercicio bastante triste.

não sou psiclogo, mas acho que o que os adeptos do barcelona festejaram este ano não foi a derrota na liga ou na champions (que pelo que dizes, podem ser consideradas vitorias morais, pois tanto numa competição como noutra o barça foi "superior", isto é, não marcou mais golos, mas jogou melhor) mas sim as vitorias, que guardiola lhes deu nos 3 anos anteriores.

festejar uma vitoria moral é triste porque não estás a festejar a vitoria mas sim a superioridade, e festejar a superioridade (que pode ou não vir com os golos, que pode ou ser verdadeira, que pode ou não ser justa..) não será, antes de mais nada, festejar uma espécie de complexo de inferioridade???

quando um adepto de um clube festeja a derrota do clube que considera rival, como por exemplo, quando um sportinguista festeja a derrota do benfica frente ao porto no campeonato, ou um benfiquista festeja a derrota do sporting frente academica na taça, é porque se sente superior.. porque a derrota colocou o adversário num patamar abaixo do seu. ora, esta celebração da superioridade é o quê? advém do quê? de algo muito mal resolvido iternamente.

se tu achas que os adeptos do chelsea são estupidos por terem festejado um titulo que lhes caiu do ceu, bem, quem tem problemas és tu. eu acho que o chelsea ganhou por acaso, acho a equipa fraquissima, e como escrevi no meu comentário inicial, a não ser que consigam um tremendo golpe de treatro no mercado, o chelsea, como equipa de alto nivel europeu, acabou.

e acho que festejar esta vitoria, como disse acima também, é um poubo absurdo. mas isto não significa que as pessoas sejam estupidas (sendo que pela forma como expoes as tuas ideias fico com a sensação que, para ti, ser estupido é sinonimo de ignorante..). significa apenas, apesar do absurdo da situação, pois repito que me dá toda a sensação que a equipa está a dar as ultimas, que os adeptos do chelsea não têm complexos em relação a ninguem, são livres, e pronto, celebram uma taça que há uns 10 anos não sonhavam alcançar. se alguns adeptos se sentirem que a taça lhes confere uma posição de superioridade, bem, também acho que terão alguns problemas mal resolvidos...

epá, e quem nunca viveu momento absurdos, sem sentido, que surgiram do nada, secalhar não está bem vivo! lolol. foi isso que aconteceu aos adeptos do chelsea. um momento absurdo. nonsense. um disparate!! como ganhar o euromilhoes. ganhar o euromilhoes deve ser a coisa mais absurda e disparatada que pode acontecer a uma pessoa. um gajo gasta 2 euros num bocado de papel, mete uma cruzes aletoriamente e pronto, ganha 80 milhoes de euros. não festejavas se isso te acontecesse?

é que ganhar o euromilhoes não dá superioridade nenhuma. ou achas que dá? superioridade moral ná dá de certeza! mas aposto que festejavas.

Tiago disse...

O Nuno não joga no Euromilhões. O Nuno só jogaria no Euromilhões se o Liedson preenchesse o boletim por ele.

Joel disse...

Sim, Tiago, até porque o liedson era um matador de todo o tamanho que marca menos golos que o Wolswinkel (um avançado que sendo bom não é de todo um finalizador e participa no jogo da equipa ao contrário do Liedson)

Blessing disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mike Portugal disse...

Nuno,

Os adeptos não festejam vitórias morais, festejam vitórias. PONTO

Se a sua equipa marcar mais golos que a outra e ganhar, festejam, senão não festejam. É assim em todo o mundo. Será todo o mundo estúpido por isso?

O que pode acontecer e é aqui que te dou razão, é que os festejos não serão tão saborosos.

PS: Não me confundir com o outro utilizador que se chama Mike.

Nuno disse...

Obvio que o Chelsea se não fizer uma revolução com sangue novo vem por aí abaixo.

Mas, a tua visão do futebol, não a queiras impor aos outros. Rídiculos os teus complexos de superioridade.

Conhecendo os jogadores e equipas de antemão, sabendo que não és, de longe, o melhor, para quê jogar então?? Tu vais ao bowling? Paintball? Jogas poquer? Se souberes que há alguém melhor que tu na mesma mesa, não vale a pena jogares porque para ti ganhar é só quando se é superior.

Para quê que a Grécia, Rússia, Polónia etc vao ao Europeu? Punham um torneio a 3 com Espanha Alemanha e Holanda porque as vitórias dos outros é só para os envergonhar, não vão mostrar que são melhores que os vencidos.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Subscrevo inteiramente o conteúdo deste e de todos os posts neste blog. É impressionante ter encontrado um sítio que, de forma tão clara e sustentada, apresenta uma visão sobre o futebol tão similar à minha e com a qual tenho aprendido bastante.
Devo confessar que, enquanto adepto, sou bastante propenso a momentos de irracionalidade, contudo não me deixo controlar por eles nem emito as minhas opiniões com base neles. Tenho percebido, contudo, que a forma vigente de olhar para o futebol tem muito mais que ver com superstições, dogmas e numerologia do que propriamente com o conhecimento da realidade do jogo. Por se achar que o futebol é um desporto de massas acessível a todos, as pessoas julgam que qualquer indivíduo está habilitado a emitir opiniões sobre o mesmo. Isto não é ser arrogante ou superior, é simplesmente ser rigoroso. Tal como não são todos os que podem discorrer sobre literatura,filosofia ou direito sem prévio aprofundamento e estudo dessas disciplinas (estudo esse que é universalmente acessível), também não será qualquer pessoa que poderá emitir opiniões informadas sobre o futebol.
Devo desde já dizer que o meu processo de "habilitação" está numa fase muito inicial, mas isso não me impede de percepcionar as realidades e concordar com as opiniões aqui defendidas. De qualquer forma, espero que continuem com este espaço que muito tem contribuído para o desenvolvimento da minha compreensão do jogo.

Um abraço


P.S.: o meu post preferido é de caras o do Campeonato do Mundo dos Idiotas que consegue resumir toda a idiotice que pode existir revestida de pretensa sabedoria. Todo o post é por isso clarificador, divertidíssimo e absolutamente devido.

El Niño disse...

Nuno,

Gosto da tua visão que tens do futebol e o que defendes ser para ti o ideal de jogo, no entanto fiquei algo aturdido com este post.

O adepto é isso mesmo, adepto. Tu és adepto dum tipo de futebol, vais defender esse modo de jogo, e este post é isso mesmo, a defesa dum modo de jogo em função do resultadismo. Isto resulta da maneira que tu conheces o jogo, que parece ser sustentada por estares bem perto do trabalho técnico dos clubes (ou na área).

98% dos adeptos não são isto, são adeptos do seu clube e deliram com as vitórias e faz-me confusão considerares inferiores este tipo de sentimentos. Eu também uso de vez em quando a máxima inglesa 'supporters are idiots', mas isto é uma máxima usada com ironia e não com superioridade. A ironia de quem sabe que a 'paixão' é inimiga da 'lógica'.

O adeptos do Chelsea merecem festejar porque ganharam. O jogo de futebol foi feito com um único propósito, ter um resultado final com base em regras.

Transpõe para a música, é o mesmo que estares a ouvir Nirvana e um melómano fã de Mahler retirar-te o prazer da escuta por não saberes as regras da música.

Blessing disse...

O futebol tem tantos adeptos por ser um jogo simples. Quem ganha fica feliz e quem perde fica triste. Nem sequer se pensa no processo, os adeptos não têm de o conhecer a fundo. A única coisa que os adeptos têm de conhecer e bem é o resultado desportivo! Existem várias formas de se jogar futebol, nenhuma delas é completamente certa ou errada, todos os treinadores jogam de acordo com a forma que mais lhes dá hipótese de ganhar pois é esse o objectivo final do jogo. De todas as formas podemos ganhar ou perder e isso vem sendo comprovado pela história do jogo. Portanto o que acontece é que existem formas de jogar em que eu/tu acredito/as mais que outros e é a partir dela que me sustento. Entretanto compreendo que pela natureza do jogo, nada é completamente certo ou errado! A pluralidade das formas de jogar são muitas e todas elas têm resultados comprovados. A história está aí para o provar.

Acho errado o facto de dizeres ser uma estupidez os adeptos festejarem a conquista da prova mais difícil do mundo, mas pronto é a tua visão.

A minha é de que essa questão da superioridade é paradoxal... Para mim é mais importante o método e para outros o mais importante é o resultado. Essa diferença deriva da singularidade de cada cérebro humano.

Portanto, para uns ser superior é o que descreves e para outros o ser superior é ganhar o jogo, ponto final!

E quem diz quem está certo ou errado?
Ninguém

São apenas duas forma diferentes de sentir o jogo.

O Chelsea de Mourinho no primeiro e terceiro ano era de longe a Equipa mais forte da Europa, e nesse ano não vi nenhum dos adeptos a festejar as duas eliminações nas meias finais em 2005 e 2007... Curiosamente para uma equipa a 40 pontos deles no campeonato.

É a prova mais difícil do mundo, é para ser festejada quando se conquista.

Humberto disse...

Olá Nuno,


Não estou seguro de que esta discrepância entre a qualidade de jogo e a satisfação da vitória seja uma irracionalidade. Parece-me que cometes um erro de pensamento, não a respeito do jogo, mas a respeito da natureza humana.

Que as pessoas normalmente prefiram que a sua equipa ganhe, ainda que o resultado seja “injusto”, é para ti um disparate. Apenas para clarificar o que se entende por “injusto” no futebol, dizemos que é “injusto” quando (1) a equipa que perde jogou melhor mas não marcou mais golos que os adversários, ou (2) quando é prejudicada por decisões de arbitragem. Ora, do teu ponto de vista, é irracional celebrar o acaso (e.g. as bolas que por acaso não entraram) e o erro (dos árbitros).

Eis o teu erro, que é acerca da natureza da satisfação. As pessoas não celebram a justiça da vitória, mas sobretudo a satisfação da vitória: o gozo que a vitória lhes dá. A justiça é largamente secundária (e, já agora, a esse respeito, o futebol é como a vida: quem disse que no fim há justiça?) e isso é o que excita as emoções.

O gozo de compreender o jogo é diferente do gozo da vitória e não me parece que um seja menos racional que o outro. Nada há de irracional em puxar pelos mais fracos (e.g. ser adepto de uma equipa pequena), mesmo quando não jogam bem — em particular quando defrontam adversários melhores. E sobretudo quando são “os nossos”. Bem sei que não atribuis muito valor a “os nossos” (recordo-me de um post sobre patriotismo), mas não se compreende a beleza de qualquer desporto colectivo se o desligarmos do modo como nos preocupamos com “os nossos”. Tens de ver isto em continuidade com o que se passa no resto da vida.

Imagina uma equipa cujos jogadores são todos teus vizinhos e amigos chega à final da Champions contra o Barcelona de Guardiola de 2011. Eles chegaram lá ou porque mereceram, ou porque tiveram sorte, ou porque todas as outras foram desqualificadas por alguma razão; mas estão lá. Não uns toscos, mas estão lá; e o facto de lá estarem anima (no sentido literal) toda uma comunidade. Estão lá e queres que ganhem. Porquê? Porque são os rapazes da tua rua, que farão felizes muitas pessoas na tua rua. O que há de irracional em querer ver as pessoas da tua rua bem-dispostas? Ou imagina que Portugal chega à final deste europeu contra uma equipa mais forte e melhor organizada. Se lá estiver, queres que ganhe. Que ganhe bem é um bónus. A satisfação da vitória não é acerca do jogo, mas essencialmente acerca das pessoas à tua volta.

Ainda que “os nossos” sejam imperfeitos, ou façam um mau jogo (para todos os efeitos, já sabíamos mais ou menos do que são capazes), gostamos de os ver ganhar porque gostamos de nos ver satisfeitos; e gostamos de nos ver satisfeitos porque estar satisfeito é bom.

Podes dizer assim: é um gozo superficial. Talvez seja, mas não é censurável (nem necessariamente irracional). Por vezes fazer-se justiça é entendido como uma vitória; mas o sabor da vitória não depende de haver justiça. E, se alargarmos a questão, não creio que seja propriamente “injusto” os mais fracos vencerem (indepedentemente de serem os nossos): significa que resistiram a adversidades, deram a volta por cima apesar da fraqueza — e isso significa muito para as pessoas. Falar em injustiça do resultado pode ser muitas vezes um modo de não compreender o esforço e determinação da equipa mais fraca. O seu carácter. (Tal como disse o José Mourinho há dias.) O apelo (sempre vão) à qualidade do jogo obscurece também isto: por vezes o esforço dos mais fracos, dos menos rápidos, dos que usam as armas que têm, merece ser premiado. Desse ponto de vista, este foi um ano extraordinário para o futebol.

Um abraço do H.

Anónimo disse...

Nuno,

qual é a tua opinião sobre o Elias?

Abraço

Nuno disse...

Antes de mais, queria pedir desculpas a todos pela demora da resposta. Não tendo sido possível responder mais cedo, faço-o agora.

Pedro diz: "Algum dia na vida os adeptos da Briosa podem festejar a superioridade de serem superiores a um Sporting?"

Claro que podem. Aliás, na final da taça, a Académica foi bem superior. Por superior não digo que tenha de jogar mais ao ataque do que o adversário. Digo que tem de jogar melhor. E a Académica, com a sua estratégia, jogou melhor que o Sporting, e esteve inclusivamente mais perto de ampliar a vantagem do que de ceder o empate.

"Pelo que escreves só os adeptos do Barça é q podiam festejar pq são os unicos q são claramente superiores aos outros...quem ganha trofeus não festeja."

Pedro, claramente não percebeste o que quis dizer. Aquilo que estou a criticar é a conquista de troféus em que todos sentem que só foi ganho por acaso. Nessas circunstâncias, eu não consigo perceber o que é que uma pessoa festeja.

"Os homens acabaram de ganhar a Champions...apenas o titulo mais desejado de vencer por qualquer adepto. E não festejavam pq a equipa joga "mal"??"

Exactamente. Se tivessem um bocadinho de consciência, viam que estavam a festejar uma jaimepachequice. E se calhar retraíam-se. Eu, se fosse adepto do Chelsea, teria tido vergonha suficiente para que não conseguisse festejar nada.

"Não sabes o que é ser adepto, o que é vibrar com vitórias, o que é amar um clube. Se é irracional? Claro que sim. E depois?"

Pedro, então não sei? Achas que nasci assim racional? Também passei pela fase "adepto". Depois percebi que isso me prejudicava a análise, e que era tão racional como qualquer outro credo. Não há mal nenhum em ser irracional. Eu é que tenho a mania de que o futebol é praticado por seres racionais.

Joel diz: "Mas Nuno, apesar do Chelsea ter tido uma sorte tremenda.. há um aspecto que não podemos esquecer... Trocar Muller por Van Buyten? Defender um resultado?"

Joel, é verdade. Quando ele o tirou, o Gonçalo virou-se para mim e disse que o Heynckes merecia perder aquilo. Realmente, a única coisa justa nisto tudo foi o treinador que dispensou o João Pinto não se ter sagrado campeão europeu.

Mike diz: "são os golos que permitem ganhar um jogo."

Antes dos golos, Mike, há um sem fim de coisas que permite que os golos permitam ganhar o jogo. Por esse prisma, é tão legítimo defender que a superioridade advém de se ter marcado maior número de golos como defender que advém de ser criado as melhores condições para que o maior número de golos fosse marcado. O Chelsea chegou aos golos por mero acaso. Não fez nada por isso. Não criou condições nenhumas para que marcasse mais e para que ganhasse o jogo. No único canto que teve a seu favor, já em cima dos 90 minutos, empatou o jogo. Achar que é superior quem marca mais golos é ver um jogo de futebol à segunda-feira, nas folhas de um jornal.

"eu acho que festejar vitorias morais é, antes de mais nada, um exercicio bastante triste."

Mike, eu não sei se estamos a falar da mesma coisa. O que eu te pergunto é: o que é que festejas quando festejas a vitória da tua equipa? A vitória? Então e por que é que uma vitória é uma coisa que deve ser festejada? Que sentimentos é que a vitória suscita em ti para que tenhas vontade de festejá-la? Consegues responder a isto? A minha resposta é simples: as pessoas festejam a vitória porque a vitória do seu clube as faz sentir superiores às outras, as faz sentir importantes, orgulhosas de pertencer àquele clube e não a outro. Nesse sentido, a vitória é sempre (e não é sequer outra coisa) uma vitória moral.

Nuno disse...

"festejar uma vitoria moral é triste porque não estás a festejar a vitoria mas sim a superioridade, e festejar a superioridade (que pode ou não vir com os golos, que pode ou ser verdadeira, que pode ou não ser justa..) não será, antes de mais nada, festejar uma espécie de complexo de inferioridade???"

Festejar a superioridade é festejar a superioridade. Num jogo, seja ele qual for, o objectivo é ser superior ao(s) adversários. A vitória é a tradução prática, na maioria dos casos, dessa superioridade. Quando se festeja uma vitória, festeja-se a vitória sobre os outros, festeja-se a superioridade em relação aos outros. Seja qual for o jogo. Aliás, não percebo sequer o que é festejar um prémio se não for um festejo da superiorização do vencedor. Complexo de inferioridade?? O que me parece é que estás a ignorar a natureza competitiva do jogo. Onde há competição, há vontade de ser superior. Sempre.

"se tu achas que os adeptos do chelsea são estupidos por terem festejado um titulo que lhes caiu do ceu, bem, quem tem problemas és tu."

Porquê? O meu ponto é controverso, eu sei. Mas diz-me, o que festejam eles? O Acaso? Será o Acaso motivo de festejo? Depende. Se esse Acaso me trouxer boas consequências, sim. Quando alguém ganha a Lotaria, também festeja. Mas aí não festeja o acaso de ter ganho. Festeja o dinheiro que ganhou. Ora, estes adeptos não ganharam nada. O clube de que gostam é que ganhou. E ganhou por acaso, como quem ganha a Lotaria. Um adepto do Chelsea a festejar é tal e qual o vizinho da pessoa que ganhou a lotaria, que festeje apenas porque conhece a pessoa. É ridículo, e irracional. O vizinho, como os adeptos do Chelsea, não ganharam nada. Aquilo que podiam ganhar (o tal sentimento de superioridade) não se deu; logo, estão a festejar a fortuna alheia, tal como o vizinho pateta festeja a fortuna do conhecido que ganhou a lotaria.

Tiago diz: "O Nuno não joga no Euromilhões. O Nuno só jogaria no Euromilhões se o Liedson preenchesse o boletim por ele."

Estás a ver como sabes.

Mike Portugal diz: "Os adeptos não festejam vitórias morais, festejam vitórias. PONTO"

Pronto. Está bem. Agora pergunto: porquê? Por que é que se festejam vitórias? O que é que há na vitória que faz com que mereça ser festejada? Tem de haver alguma coisa, para além da vitória, que justifique o facto de ser algo que se costume festejar, não achas? Não achas que é o facto de a vitória fazer com que os vencedores se sintam superiores moralmente?

Nuno disse...

Pinto diz: "Tu vais ao bowling? Paintball? Jogas poquer? Se souberes que há alguém melhor que tu na mesma mesa, não vale a pena jogares porque para ti ganhar é só quando se é superior."

Em qualquer um desses jogos é preciso haver perícia. Qualquer jogador de bowling que compita com outros jogadores tem de confiar na sua perícia para competir. Ninguém competiria se não confiasse na sua perícia. O que estás a sugerir é que as pessoas jogam jogos mesmo quando sabem que são inferiores aos outros, e jogam apenas confiantes de que o Acaso as beneficiará. Eu percebo que haja pessoas que confiem no Acaso acima de tudo. O que acho é que essas pessoas raramente ganham, e são estúpidas quando festejam as suas vitórias. As vitórias só fazem sentido serem festejadas quando se festeja não a vitória em si, mas a perícia que se materializou em vitória.

"Para quê que a Grécia, Rússia, Polónia etc vao ao Europeu?"

Para tentarem superiorizar-se aos adversários que, teoricamente, lhes são superiores. Não vá lá, de certeza, à espera que a vitória lhes caia do céu.

oatalho diz: "o meu post preferido é de caras o do Campeonato do Mundo dos Idiotas que consegue resumir toda a idiotice que pode existir revestida de pretensa sabedoria. Todo o post é por isso clarificador, divertidíssimo e absolutamente devido."

Muito obrigado pelos elogios. É um prazer perceber que há pessoas que se revêem neste espaço. Sobre o Campeonato do Mundo dos Comentários Hilariantes, conto escrever o terceiro texto brevemente. Aliás, é um texto que já devia ter aparecido há mais tempo.

"qual é a tua opinião sobre o Elias?"

Mais ou menos. Acho que é correcto em termos tácticos, e é inteligente. Mas não é um jogador criativo. E, com o Rinaudo em condições, não sei se o poria a jogar. Isto é, daria preferência sempre ao André Martins, ao Pereirinha, ao Matías e ao Izmailov. Mas é um bom jogador. Não o acho é extraordinário. O Gonçalo gosta mais dele do que eu.

Mordomo do Império diz: "O adeptos do Chelsea merecem festejar porque ganharam."

Merecem inteiramente. Nunca, em lugar algum, me verão dizer que as pessoas não têm o direito de fazer o que quiserem. Mesmo de fazer coisas irracionais. Só estou a dizer que festejar, nestas circunstâncias, é ridículo. Agora, as pessoas têm todo o direito de fazer coisas ridículas. Eu teria muito menos coisas a dizer se as pessoas não fizessem coisas ridículas.

"Transpõe para a música, é o mesmo que estares a ouvir Nirvana e um melómano fã de Mahler retirar-te o prazer da escuta por não saberes as regras da música."

Acho que o exemplo não se adequa. Eu não percebo nada de música, mas tinha todo o direito de gostar mais de Nirvana do que de Mahler. Agora, se houvesse um concurso e os Nirvana ganhassem a competição contra o Mahler e eu festejasse, se calhar estaria a ser ridículo. Em música, a única coisa parecida com um concurso é o Festival da Canção. Por exemplo, a música vencedora do concurso do ano passado, com a qual Portugal foi ao Eurofestival, era muito inferior a algumas outras. Aqueles que festejaram essa vitória festejaram-na ou porque tinha alguma espécie de relação com os vencedores ou porque gostavam mais dessa música. As primeiras pessoas, admito, talvez estivessem felizes pela vitória de alguém de que gostam. Mas essas pessoas não estão a festejar a vitória. Estão a festejar a felicidade dos vencedores. As segundas pessoas, sim, festejam a vitória, e festejam-na porque estão convencidas de que era a que mais merecia a vitória. Essas pessoas são ridículas. É só isto. Em futebol, as pessoas têm todo o direito a gostar mais do Chelsea do que do Bayern, ou do Barça, ou do Real. Têm todo o direito a ser de um clube. E têm todo o direito a festejar as vitórias desse clube. Agora, se festejam as vitórias desse clube apenas porque ganhou, essas pessoas são ridículas. Isto porque só faz sentido festejar uma vitória quando essa vitória é a materialização de uma superioridade.

Nuno disse...

Blessing Lumueno diz: "Acho errado o facto de dizeres ser uma estupidez os adeptos festejarem a conquista da prova mais difícil do mundo, mas pronto é a tua visão."

Por acaso, não acho que seja a prova mais difícil do mundo. O Chelsea tinha, francamente, muito mais hipóteses de ganhar a Champions do que de ganhar o Campeonato Inglês. Uma prova a eliminar nunca é mais difícil de ganhar do que uma prova de regularidade (sobretudo se estivermos a falar do campeonato inglês, espanhol, ou italiano). O Mourinho, ainda recentemente, disse isso mesmo. Uma prova por eliminatórias, muitas vezes, decide-se pela sorte.

"O Chelsea de Mourinho no primeiro e terceiro ano era de longe a Equipa mais forte da Europa"

Epá, o Chelsea do Mourinho, no terceiro ano, era uma equipa muito diferente. Para não dizer pior. Além de ter perdido o campeonato (com justiça, diga-se), perdeu bem essa eliminatória frente ao Liverpool. Ao contrário do que tinha acontecido dois anos antes, nessa eliminatória foi o Chelsea que deu a iniciativa ao adversário e jogou directo no Drogba, e foi o Liverpool que mais fez por ganhar. De longe.

Samuel Clemente diz: "Ora, do teu ponto de vista, é irracional celebrar o acaso (e.g. as bolas que por acaso não entraram) e o erro (dos árbitros)."

Sim, acho que é contra isto que me posiciono. Embora não seja assim tão simples. Como disse acima, se o Chelsea tivesse tido sorte apenas na final, se fosse uma circunstância isolada, penso que seria legítimo o festejo. Por exemplo, o Barcelona de Guardiola, no primeiro ano, acabou por chegar à final com alguma sorte, uma vez que marcou já nos descontos, e num jogo em que o árbitro teve influência no resultado. Mas a verdade é que, na primeira mão dessa eliminatória, o Barcelona tinha sido tão superior, e o árbitro tinha errado tanto a favor do Chelsea, que a sorte da segunda mão de algum modo se justificou. Ou seja, festejar o Acaso é um bocado ridículo, mas há ocasiões em que é justo ser festejado.

"Eis o teu erro, que é acerca da natureza da satisfação. As pessoas não celebram a justiça da vitória, mas sobretudo a satisfação da vitória: o gozo que a vitória lhes dá."

Concordo. Aliás, a minha crítica é precisamente à natureza dessa satisfação. É que há 2 formas de gozar uma vitória: gozá-la por si mesma, ou gozá-la por ser a materialização do que é mais justo. E o que me parece é que, ao contrário do segundo tipo de gozo, o primeiro é essencialmente irracional. Gozar uma vitória apenas porque sim é o mesmo que gozar qualquer outra coisa. É da natureza de qualquer competição o vencedor satisfazer-se com a vitória, sim, mas porque essa vitória significa a superiorização em relação aos outros competidores. E essa é a única forma de festejar uma vitória que me parece racional. Não implica isto que as pessoas não possam festejar o que quiserem. Isto não é, de modo nenhum, um texto contra a liberdade individual. Ainda assim, implica que certas pessoas festejam irracionalidades.

Nuno disse...

"Nada há de irracional em puxar pelos mais fracos (e.g. ser adepto de uma equipa pequena), mesmo quando não jogam bem — em particular quando defrontam adversários melhores."

Não sei. Não há? Isto é, em certas coisas, creio que não. Numa guerra, se calhar, torcer pelos desfavorecidos é um sentimento racional. Implica sentimentos de natureza ética. Mas num jogo - e esta é a minha opinião geral acerca de jogos - nunca percebi essa ideia de torcer pelos mais fracos. Percebo que haja muita gente que o faça, mas considero errado misturar sentimentos de natureza ética num jogo. Um jogo tem regras definidas e o melhor executante é aquele que merece vencer. Interessa pouco que esse executante seja arrogante, tenha mau carácter, ou humilhe os adversários. É um jogo. Se ele o joga melhor, é ele que merece a vitória. Não implica isto que as pessoas não possam ser adeptas de uma equipa pequena. Foi-se educado a gostar dessa equipa, ou tem-se sentimentos de afinidade por essa equipa, e deseja-se que essa equipa vença. Mas isso, sobretudo tendo em conta que o futebol é um jogo e que quem o joga melhor é quem merece vencê-lo, é não raras vezes um desejo irracional. É irracional porque se deseja a vitória independentemente da superioridade que essa vitória materializa. A única forma racional de ser adepto é desejar não que a equipa vença, mas que seja superior.

"Bem sei que não atribuis muito valor a “os nossos” (recordo-me de um post sobre patriotismo), mas não se compreende a beleza de qualquer desporto colectivo se o desligarmos do modo como nos preocupamos com “os nossos”. Tens de ver isto em continuidade com o que se passa no resto da vida."

Não é bem assim. Não atribuo valor a "os nossos" quando aquilo que nos faz dizer que "os nossos" são "os nossos" é algo que não consigo perceber e que considero irracional, como um determinado credo religioso, um clube preferido, uma pátria, etc. Mais uma vez, advirto para o facto de isto não implicar que as pessoas não possam ter qualquer uma destas coisas. O que quero dizer é que não consigo perceber, no contexto de um jogo, a preferência por uns determinados "nossos" com base numa relação deste tipo. Quando, ao contrário disso, a relação com "os nossos" é de espécie racional, quando tem a ver com o facto de considerarmos que esses "nossos" são melhores do que os restantes na actividade em questão, aí sim, acho que é de todo legítimo valorizar "os nossos". Agora, não sei de que modo é que um desporto colectivo deixa de ter beleza se nos "desligarmos do modo como nos preocupamos com "os nossos". Claro que 99% das pessoas que vê futebol vê-o por se preocupar com "os nossos", mas não sei até que ponto o jogo perderia beleza se essas pessoas se preocupassem com outras coisas. Isto é, é difícil imaginar a sustentabilidade de clubes sem o apoio de pessoas que se preocupam com "os nossos", mas o jogo em si tem beleza independentemente disso. E a verdade é que as pessoas também se convencem de que "os nossos" são mesmo "os nossos" se reconhecerem que são superiores, de algum modo. Tirando contextos políticos particulares, como no caso dos adeptos do Athletic de Bilbao, por exemplo, as pessoas tendem a gostar dos "nossos" consoante a glória ou a superiorização passada. Para a maior parte dos portugueses, "os nossos" é o Benfica porque o Benfica foi superior, durante muito tempo, aos restantes adversários, e isso foi juntando pessoas. Se é verdade que é difícil imaginar a sustentabilidade de clubes sem as pessoas que se preocupam com "os nossos", também é difícil imaginar o crescimento sustentado desses clubes sem uma preocupação desses clubes com o serem superiores aos outros, ou seja, com o darem às pessoas mais do que serem o clube dos "nossos".

Nuno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nuno disse...

"Imagina uma equipa cujos jogadores são todos teus vizinhos e amigos chega à final da Champions contra o Barcelona de Guardiola de 2011. Eles chegaram lá ou porque mereceram, ou porque tiveram sorte, ou porque todas as outras foram desqualificadas por alguma razão; mas estão lá. Não uns toscos, mas estão lá; e o facto de lá estarem anima (no sentido literal) toda uma comunidade. Estão lá e queres que ganhem."

Por acaso, se fosse mesmo uns toscos, duvido que desejasse que ganhassem. :)

"O que há de irracional em querer ver as pessoas da tua rua bem-dispostas?"

No contexto de um jogo, não estou nem posso estar preocupado com a boa disposição dos que me são queridos. Isto é, posso querer que eles ganhem, mas aí é porque gosto deles e os conheço. Não é por achar que são os melhores. Ora, tirando a família dos jogadores do Chelsea, os adeptos comuns não queriam que o Chelsea ganhasse pelos jogadores, ou pelo treinador, ou pelos dirigentes. Queria que ganhasse porque era o clube de que gostavam. O que digo é que só é racional gostar de um clube por esse clube ser o melhor, ou por se ter um sentimento forte de qualquer tipo com as pessoas que o representam.

"Ou imagina que Portugal chega à final deste europeu contra uma equipa mais forte e melhor organizada. Se lá estiver, queres que ganhe. Que ganhe bem é um bónus. A satisfação da vitória não é acerca do jogo, mas essencialmente acerca das pessoas à tua volta."

Olha que não. No último mundial, por exemplo, estava pela Espanha, quando nos eliminou. Simplesmente porque eram melhores, jogavam melhor, e o Carlos Queiroz pôs uma selecção até minimamente aceitável a jogar cobardemente. Aliás, a epidemia de patriotismo que foi o 2004, por exemplo, não me contagiou particularmente. Gostei da vitória frente à Inglaterra e frente à Holanda, porque fomos superiores, mas não me decepcionou a derrota frente à Grécia. Isto é, não gostei de que a Grécia tivesse ganho, porque tiveram bastante sorte em chegar até onde chegaram, mas fiquei mais frustrado por a Grécia ter deixado a Espanha pelo caminho nos grupos, e por ter eliminado a República Checa (que foi a melhor equipa do Euro) nas meias-finais do que propriamente por Portugal ter perdido aquela final. Só me lembro de ter sido verdadeiramente adepto de Portugal em 2000, quando a equipa era orientada pelo Humberto Coelho e jogava mesmo bem. Quando olho para esse europeu, lembro-me até de ter achado que não merecíamos ter perdido com a França. Claro que, olhando para o jogo hoje, percebo que a Franca nos foi superior.

"O apelo (sempre vão) à qualidade do jogo obscurece também isto: por vezes o esforço dos mais fracos, dos menos rápidos, dos que usam as armas que têm, merece ser premiado. Desse ponto de vista, este foi um ano extraordinário para o futebol."

Isso depende. O esforço, por si, não é nada. Há equipas esforçadíssimas que quero mesmo que percam, porque a única coisa que têm é esforço. Esses não merecem ser premiados. Escrevi um texto, há já uns anos, em que defendia que a ideia de "entrega" é geralmente incompreendida. É este: "http://entredez.blogspot.pt/2008/09/entrega_29.html". Quando se fala em entrega, está-se geralmente a pensar em esforço físico. Para mim, a única entrega que merece realce é a entrega mental (ou intelectual). Se o esforço dos mais fracos se materializou numa transcendência a nível de capacidade de organização colectiva, por exemplo, não me custa nada a admitir que merecem o prémio de vencer. Mas se isso acontecer é porque não são tão fracos como isso. Por isso é que não acho que tenha sido um ano tão extraordinário como isso. O Chelsea não defendeu bem, por exemplo. Só ganhou o que ganhou porque teve sorte (contra o Bayern, contra o Barça, mas também contra o Benfica e contra o Nápoles).

Cumprimentos

Batalheiro disse...

Nuno,

Começo por dizer que não li os comentários, apenas o post.

É claro que é irracional gostar de um clube. Eu gosto de futebol, mas gosto muito mais do Benfica. Nem sequer é comparável. São coisas diferentes... Se o Benfica jogar com o Barcelona eu quero que o Benfica ganhe nem que seja com 11 Luisões lá dentro. E festejaria essa vitória que nem um doido.

Tu dizes "Qual é o objectivo ulterior da vitória? Um só: sentir que se é melhor do que os vencidos."

Mas eu não concordo. Eu não sou do Benfica porque gosto de ver o Benfica vencer... sou do Benfica porque sou do Benfica. Porque me apaixonei pelo Benfica. A metáfora da guerra não é uma boa janela de interpretação da paixão do adepto... penso que uma analogia mais apropriada seria a de uma relação amorosa. Gostas de alguém porque gostas de alguém e pronto.

Os adeptos do Chelsea não festejam o facto de serem superiores ao Barcelona, na verdade celebram o clube numa momento único e que dificilmente se repete. É tudo.

Quando reflicto acerca deste meu amor pelo Benfica é claro que compreendo que é manifestamente estúpido e irracional. Mas é como estar apaixonado. É mais forte do que eu, gosto do Benfica e pronto. Não quero estar a racionalizar as minhas paixões... isso seria eliminar toda a dimensão mística do amor.

Nuno disse...

Batalheiro, imagina que era provado que uma vitória do Benfica fora obtida ilegalmente, por influência de resultados. O teu "amor" ao Benfica é assim tão irracional ao ponto de não te importares minimamente com isso? Isto é, é incondicional ao ponto de não se deixar influenciar por sentimentos éticos, por exemplo? Eu sei que o de muita gente é. Mas o ponto é: para quem sente orgulho por um clube, esse orgulho não pode ser incondicional. Ora, se há limites, se nem todas as vitórias devem ser celebradas, isso coloca uma questão: qual é a verdadeira razão pela qual se festeja? É por se amar o clube? É por se ter orgulho no clube? Ou é porque o clube "demonstrou" ser melhor? O que eu digo é que os adeptos são irracionais quando celebram o amor incondicional que têm pelo clube. A única forma racional de gostar de um clube, e é isso que me interessa aqui, é gostar do que o clube faz, e não do que o clube é. Isso não invalida que as pessoas possam gostar do clube como tu dizes que gostas. Claro que podem. Só que é irracional, e não me parece especialmente diferente de outras irracionalidades. E isto, no contexto de um jogo racional, faz pouco sentido, para mim. Ou seja, gostar irracionalmente de um clube de futebol é incompatível com gostar racionalmente de futebol. Por outras palavras, ser adepto de um clube de futebol é ser necessariamente alguém que não gosta de futebol. E isto é que é esquisito.

Batalheiro disse...

Estamos de acordo. Eu também acho que "A única forma racional de gostar de um clube, e é isso que me interessa aqui, é gostar do que o clube faz, e não do que o clube é." mas não é assim que eu gosto do meu clube. Eu não gosto do meu clube de forma racional. De que maneira é que a maioria dos adeptos gosta de um clube eu não sei, mas se tivesse de apostar diria que se aproxima da minha.

Trata-se de uma irracionalidade é claro. E agora surge uma questão interessante, trata-se de uma irracionalidade no contexto de um jogo racional. Certo, mas é um jogo racional que gera, que tem como consequência uma série de reacções emocionais, ou não? E vou mais longe, se não existisse essa paixão, o futebol não seria aquilo que é hoje (como tudo que tem de mau e de bom.)

"Ou seja, gostar irracionalmente de um clube de futebol é incompatível com gostar racionalmente de futebol." não poderíamos estar mais de acordo. Mas eu aceito a pulsão incontrolável, irracional (e muitas vezes estúpida,) da minha paixão. Pois essa paixão oferece à minha vida momentos de enorme catarse, deleite, comunhão...e agora estou a racionalizar! hehehe e não quero...

"Por outras palavras, ser adepto de um clube de futebol é ser necessariamente alguém que não gosta de futebol. E isto é que é esquisito." aqui discordo, pelo menos em parte, ou seja, concordo que em certos momentos assim será. O meu gosto por futebol será colocado em segundo plano, por vezes, sim é verdade. Mas tal como argumentei anteriormente, o futebol é que gera essa paixão, o futebol é gerador da própria paixão que depois o nega. Curioso não é?

João disse...

Este post é tão estúpido como a arrogância de quem o escreve que parece ter o rei na barriga.

Mas por ser tão estúpido é que tenho que comentar.
Então agora não existe superioridade moral dos adeptos do Chelsea? Foram superiores que qualquer das outras equipas da LC só porque a ganharam e os outros não, isso é SUPERIORIDADE!
Uns com tudo (titulo) e os outros com nada.

Batalheiro disse...

João,

Define "superioridade".

Blessing disse...

Amigo Nuno,adoro a tua visão apaixonada do futebol como jogo e a forma como o sentes juro que sim. Adoro a forma cirúrgica e meio complexa como defendes as tuas ideias e sobretudo a racionalização que metes em tudo. Mas amigo, julgo humildemente que compreendes mal o fenómeno desportivo. Em qualquer desporto o objectivo final é ganhar! Nisto ninguém pode tocar e se ganhar passar por jogar bem/melhor óptimo, se não ... Vou extremar uma posição para que percebas... Não é a minha visão, aliás reitero que partilho da tua, mas com algumas diferenças que continuo a achar que se deve a minha posição actual no futebol e a experiência que tenho tido como jogador. A mim também me interessa mais o métodocque o resultado final, mas compreendo que nada é completamente certo ou errado. o a seguinte questão: O que aconteceria a uma equipa que jogasse melhor que as outras e perdesse todos os jogos da forma como o barcelona perdeu em londres este ano? Consideravas essa equipa a melhor? Se jogasse como este barcelona e a única diferença fosse perder os jogos todos...

Blessing disse...

E uma prova que tem as melhores equipas do mundo é a mais difícil. Principalmente devido ao que Mourinho diz, é preciso ter sorte para ganhar. Ou seja, és melhor ganhas um campeonato, porque é mais fácil e a amostra de jogos é tão grande que te permite margem para erros... Enquanto que a eliminar não... Daí ser a mais difícil competição de futebol do mundo a par de ter as melhores ...

Pedro disse...

Nuno, são coisas diferentes. Não podes comparar uma vitória obtida ilegalmente com uma vitória obtida por sorte. Ter sorte, beneficiar do acaso é legal, não atropela a verdade desportiva.

Se tu fores para o ringue com o Fedor Emelianenko e no meio da saraivada de murraças que estás a levar, esticares o braço com os olhos fechados e lhe acertares em cheio e fizeres KO não festejavas? Ai não que não festejavas!!! ☺☺☺

Mas aqui já se percebeu q não vale a pena alongar a discussão. ☺

Abraços

Anónimo disse...

epá..

a discussão está interessante, mas perdi um pouco o fio à meada...

"Festejar a superioridade é festejar a superioridade. Num jogo, seja ele qual for, o objectivo é ser superior ao(s) adversários. A vitória é a tradução prática, na maioria dos casos, dessa superioridade. Quando se festeja uma vitória, festeja-se a vitória sobre os outros, festeja-se a superioridade em relação aos outros. Seja qual for o jogo" - isto foste tu que escreveste mais acima.


vamos lá ver então uma coisa, quando festejas a vitoria estás a festejar:

1)a vitoria sobre os outros (ou seja, aquilo que para ti é a superioridade sobre os outros)?

2)estás a festejar aquilo que fizeste para ganhar (as tuas ideias, a forma como as aplicas, etc.)?

3) ou está a festejar outra coisa qualquer? sei lá, os religiosos festejam uma suposta benção divina, por exemplo.

se festejas da primeira forma, e pelo que escreves parece que sim, entao como podes dizer que os adeptos do chelsea são estupidos????? eles não ganharam? nao alcançaram uma vitoria? não a mecerem festejar, independentemente de ter sido fruto do acaso? ah, já sei, a vitoria deles não traduzio superioridade.. mas é aqui que está o teu erro.

o teu erro, no meu ponto de vista, é partir do pressuposto que só é superior quem faz por isso e a superioridade de quem fez por ser superior nunca poderá ser contestada independentemente de isso se traduzir em vitorias ou não. a questão é que o "mundo" contradiz este pressuposto. porque o "mundo" entrega taças a quem marca golos e medalhas de segundo lugar a quem não os marca. e a taça, no futebol, é materializçaão da vitoria. é o que vai para o museu, é o que é lembrado daqui a 100 anos. ok, também te podes lembrar do brasil de 82, ou dos hungaros que pouco ou nada ganharam, mas isto são as excepções que confirmam a regra! são excentricidades. ora, isto é muito injusto eu sei, e secalhar é por isso que tento deixar a superioridade de lado... analisar o futebol como um jogo em que apenas tentas ser superior é muito limitador.

e se festejares da segunda forma, estás estás a negar a natureza competitiva do jogo???? como é isso possivel?? então o treino não existe? a forma de estar no jogo não existe?

eu penso que a natureza competitiva do jogo nada tem que ver com superioridade. está antes relacionada com superação e inteligencia. se assim não fosse messi nunca seria o melhor do mundo. o melhor do mundo teria de ser sempre ronaldo. ronaldo é um atleta sobre-humano. arrisco dizer que se ronaldo fosse tivesse escolhido o tenis, o basket, o volei, etc.. seria sempre um dos melhores atletas do mundo. mas o messi é um artista, é diferente, é brilhante. será messi superior a ronaldo? eu acho que não. acho que messi não é superior e ninguem. acho que messe é messi. acho que o barça de guardiola é o barça de guardiola. e é aqui que está a natureza competitiva do jogo é isto. tornarmo-nos unicos.

um ser que é unico, uma equipa que é unica, como pode ser superior a alguem? não pode, não tem termo de comparação que é algo subjacente à superioridade. quando dizes eu sou superior e festejas por isso estás comparar-te com outro. o ronaldo pode ser comparado com todos os jogadores de futebol do mundo, incluindo messi e, porque não, com todos os atletas do mundo e será superior ou inferior de acordo com a prespectiva de cada um. messi não pode ser comparado com ninguem, nem com maradona. um pouco como, na minha opiniao, eusébio. são os 3 unicos. e esse é o objectivo final da competição que penso não poder ser alcançado através de um simples jogo de comparações. e será que os que são unico, são os melhores? será eusébio melhor que ronaldo?

e há ainda a terceira forma de festejar. bem, esta complica ainda mais a discussão porque, na verdade, o mundo não é preto e branco... é muito mais complexo que isso e secalhar os adeptos do chelsea estavam simplesmente bebados e a tentar esquecer a crise!!!

Joel disse...

Mike, não concordo com a tua premissa.

"o teu erro, no meu ponto de vista, é partir do pressuposto que só é superior quem faz por isso e a superioridade de quem fez por ser superior nunca poderá ser contestada independentemente de isso se traduzir em vitorias ou não. a questão é que o "mundo" contradiz este pressuposto."

Isto não é verdade. A esmagadora maioria das vezes o mundoo não contradiz esse pressuposto. Regra geral quem ganha é quem é superior, em alguns casos pontuais é que o vencedor ganha com essas armas. Vais falar da GRécia em 2004, mas quem é que costuma ganhar os Euros? A Alemanha, porque regra geral é a melhor e é superior, por isso é que eles têm mais europeus que os outros. O que acontece é que esses casos raros são exagerados e pensam que é a regra (tipo a história do Liedson ser um goleador que marca menos golos que o Wolswinkel)

" é o que vai para o museu, é o que é lembrado daqui a 100 anos."
também não concordo... quem está na história são os jogadores que costumam ganhar com mais frequencia... (quantos títulos colectivos tem o Maradona? o Pelé? o Messi?) Daqui a uns 10 anos de quantos jogadores do chelsea te vais lembrar? e de quantos do barça? e qual deles terá mais títulos?

Ronaldo - Seria o melhor do mundo em qualquer coisa em que se empenhasse, mas não por causa das suas caracteristicas físicas mas mentais

Anónimo disse...

olá joel!

epá, já se disse tanta coisa aqui que eu já nem sei o que pensar.

mas, resumindo, eu penso (acho eu, lol) duas coisas:

1 - o conceito de superioridade é muito limitado e não faz sentido aplicá-lo ao futebol (seja qual for a vertente do jogo) porque limita a análise do jogo a comparações entre coisas que são incomparaveis. epá, muita gente vibra com a discussões do tipo pelé vs. maradona, messi vs. ronaldo, etc. eu não. vibro com outras coisas. a questão do ronaldo, é que parece-me que pela forma como aborda o jogo, é uma pessoa que se considera superior aos outros. ao contrário de eusébio, por exemplo.

2 - devido ao ponto 1, não percebo como alguem pode chamar estupidos ao adeptos do chelsea por festejarem uma vitoria, porque é a vitória e não a superioridade, que pode ou não estar associada á vitoria, que deve ser festejada. tal como não chamei estupidos aos gregos por festejarem a vitoria no euro. tal como os adeptos da académica fizeram muito bem em festejar a taça, num final de epoca absolutamente miseravel que os podia ter levado para a 2ª divisão.

no fundo, festejar a superioridade é festejar o que? isso é que eu ainda não percebi. festejar a vitoria é festejar algo que nos enche de alegria, orgulho, satisfação, etc.. e que pode ou não colocar-nos numa posição de superioridade.. no caso do chelsea, da grecia e da academica não o fez, e eles, e muito bem, festejaram. se for caso dessa vitoria colocar o clube numa posição de superioridae em relação aos outros, optimo, nada contra. como dizes, acontece muitas vezes.

agora, festejar a superioridade, ou a vitoria só quando coloca quem ganha numa psição superior, é o que??? para mim é complexo de inferioridade e nada mais.

Nuno disse...

Batalheiro diz: "E vou mais longe, se não existisse essa paixão, o futebol não seria aquilo que é hoje (como tudo que tem de mau e de bom.)"

Tens razão. Mas, ao mesmo tempo, será que, se não fosse também um jogo racional, um jogo em que o melhor ganha mais vezes, seria também o que é hoje?

João diz: "Então agora não existe superioridade moral dos adeptos do Chelsea? Foram superiores que qualquer das outras equipas da LC só porque a ganharam e os outros não, isso é SUPERIORIDADE!"

João, leste o texto, ao menos? Em que medida é que uma vitória significa superioridade moral? Uma vitória é apenas uma vitória. Geralmente, significa que se foi melhor do que o adversário, e é isso que, geralmente, é festejado. Mas às vezes uma vitória não significa superioridade moral, como neste caso. A minha crítica é a pessoas que festejam vitórias por si e não a superioridade que essas vitórias geralmente significam.

Blessing Lumueno diz: "Em qualquer desporto o objectivo final é ganhar!"

Pois eu discordo. Já o escrevi aqui várias vezes, e há até um texto só sobre esse tema. Um dos corolários da minha maneira de ver o jogo é achar que o objectivo do jogo não é ganhar. Isto é contra-intuitivo, eu sei, mas acho que o argumento é forte, e se quiseres podemos falar sobre isso. O objectivo do jogo é jogar bem a cada instante, sabendo que, se o fizer, isso se traduzirá no fim em "ganhar". Isto não é exclusivo do futebol, nem sequer exclusivo daquilo que se entende por jogo. Mas, imaginando o paralelo com o xadrez, diria que o objectivo do xadrez não pode ser apenas o de ganhar. Além de vago, isso não permite nada. O objectivo do xadrez é jogar o melhor possível cada jogada para que a última jogada seja de xeque-mate. Mas podia falar de manifestações de coragem, por exemplo. Para o Aristóteles, não era assim tão corajoso o indivíduo que entrasse nas hostes inimigas sem medo para resgatar um compatriota com a finalidade ulterior de ser reconhecido como corajoso. Só era corajoso aquele que lá fosse com a finalidade única de resgatar aquele homem. A verdadeira coragem estava no acto em si, e não nas consequências possíveis do acto. A verdadeira virtude estava em agir de modo virtuoso; não em agir com a finalidade de lhe reconhecerem essa virtude. É mais ou menos isto que acho que deve ser entendido num jogo de futebol. O verdadeiro objectivo não deve ser ganhar, mas sim jogar bem.

"O que aconteceria a uma equipa que jogasse melhor que as outras e perdesse todos os jogos da forma como o barcelona perdeu em londres este ano? Consideravas essa equipa a melhor? Se jogasse como este barcelona e a única diferença fosse perder os jogos todos..."

Eu não consigo perceber como é que uma equipa que jogue sistematicamente bem pode perder todos os jogos. Essa equipa podia, quando muito, perder alguns jogos, e perder o suficiente para conquistar pouca coisa. O que te posso dizer é que, mesmo que o Barça não tivesse ganho os 14 títulos que ganhou (o que é difícil de conceber, face à superioridade que demonstrou) eu continuaria a achar que era a melhor equipa de sempre.

"E uma prova que tem as melhores equipas do mundo é a mais difícil. Principalmente devido ao que Mourinho diz, é preciso ter sorte para ganhar."

Depende. Certamente que, para as grandes equipas, não é tão fácil de ganhar, porque dependem mais da sorte. Mas para as medíocres é mais fácil, precisamente por causa do factor sorte. Aí é que está. Por isso é que para o Chelsea não me parece que fosse a competição mais difícil de ganhar. Bastava ter sorte em 4 ou 5 jogos, como aconteceu. Ter sorte ao longo de uma época inteira é muito mais difícil.

Nuno disse...

Mike diz: "a questão é que o "mundo" contradiz este pressuposto. porque o "mundo" entrega taças a quem marca golos e medalhas de segundo lugar a quem não os marca. e a taça, no futebol, é materializçaão da vitoria."

Sim, e então? Do facto de o "mundo" entregar taças a vencedores segue-se que o "mundo" entregue taças aos melhores? Obviamente que não. As taças são o que se recorda? Permita-me que duvide. Quem era o treinador alemão em 74, quando a Alemanha derrotou a Holanda na final do mundial? E quem era o holandês que foi vencido? Quem é que o mundo recordou mais, posteriormente? E qual dos dois influenciou mais o futebol daí para a frente? E nem está em causa o futebol alemão nesse jogo, que acho que até foi superior ao holandês. Está em causa que os derrotados causaram muito mais impacto do que os vencedores. Daqui a 50 anos, podes apostar nisto, a única coisa que vai ser lembrada da final do mundial de 2006 é da cabeçada do Zidane, porque o mundial começou e acabou com ele. A taça foi da Itália, mas o mundial foi do Zidane. Por norma, as taças são mais recordadas porque as pessoas são preguiçosas, e interessam-se apenas por números. E há apenas um ou outro episódio dos derrotados que ficam para a História, mais como anedotas do que outra coisa. Mas a verdade é que essas excepções confirmam que nem sempre a taça é aquilo que é mais importante.

"tal como não chamei estupidos aos gregos por festejarem a vitoria no euro. tal como os adeptos da académica fizeram muito bem em festejar a taça, num final de epoca absolutamente miseravel que os podia ter levado para a 2ª divisão."

Mike, a Académica foi superior ao Sporting. Quanto à Grécia, teve muita sorte com a Espanha e com a República Checa, mas a verdade é que era a Grécia. Tudo bem, o Tsartas devia jogar, e a equipa devia ter sido montada de outra maneira, mas ainda assim eram mais fracos do que a grande maioria dos adversários. O ponto é que o Chelsea (e o Villas Boas tentou fazer isso), se quer ser um clube grande, tem de jogar como uma equipa grande. E ganhou uma competição como uma equipa pequena. A estupidez, a meu ver, está em não perceber isso. Repito, se fosse do Chelsea, teria tido vergonha.

"no fundo, festejar a superioridade é festejar o que? isso é que eu ainda não percebi. festejar a vitoria é festejar algo que nos enche de alegria, orgulho, satisfação, etc.. e que pode ou não colocar-nos numa posição de superioridade.."

Mas alegria em quê? Orgulho em quê? Satisfação de quê? Festejar a superioridade é festejar a superioridade em relação aos outros, é festejar a demonstração de que, naquela actividade em concreto, se foi o melhor de todos os que competiram. Festejar uma vitória é que, em si, não é nada. Só faz sentido se essa vitória simbolizar superioridade. A alegria, o orgulho, a satisfação, são os efeitos da demonstração de que se foi melhor que os outros, não são os efeitos da coisa vaga que é uma vitória. A relação de um adepto para com um clube só pode ser de orgulho. Isto é, o que faz ser adepto é sentir orgulho dos feitos do clube de que se é adepto. Sentirias orgulho se ganhasses a lotaria? Não. Festejarias o prémio, não a sorte de tê-lo ganho. Estarias alegre pelo dinheiro, não pelo golpe de sorte. Não há nada, numa vitória obtida por obra do Acaso, que te faça sentir orgulhoso, precisamente porque o orgulho depende da qualidade dos feitos e não dos seus resultados. Ora, ganhar uma coisa pela sorte, como seja a lotaria ou a LC do Chelsea, não é motivo de orgulho. É, quando muito, motivo de alegria. Mas as únicas pessoas que têm o direito a festejar a alegria são as que a obtiveram. Os adeptos não ganham nada quando o clube deles ganha alguma coisa, além de orgulho. Se a vitória não é motivo de orgulho, não há razão nenhuma para festejarem. São tontinhos, a festejar a sorte alheia, como disse.

Anónimo disse...

em nenhum momento defendo que as taças são o mais importante. simplesmente existem e nada podes fazer contra isso. e se não existissem, como era? e se não existissem golos no futebol??

não contesto que as pessoas se lembrem mais da holanda de 74 do que da alemanha, ou do brasil de 82do que da italia, mas não foram essas aquipas que ganharam a taça e isto é, na minha opiniao, tremendamente injusto. e agora, vamos fazer o quê? não podemos fazer grande coisa, nem sempre os melhores ganham. nem sempre os melhores ficam no topo. nem sempre os melhores são superiores o que faz com que os superiores não sejam, por vezes, os melhores.

é isto que tenho tentado dizer. o chelsea foi pior que bayern e que o barça mas foi superior. o barça e o bayern foram muito melhores que o chelsea mas ficaram numa posição inferior. superioridade e qualidade não são sinonimos. as vezes os melhores são inferiores.

agora, vamos lá ver, os que ficam no topo, mesmo não sendo melhores, não devem festejar? são estupidos se o fizerem? devem sentir vergonha por isso? eu acho que não. tu achas que sim porque não foram os melhores. porque não foram os que apresentaram mais qualiadde. ou seja, tu achas que só se deve festejar quando, estando no topo, te podes comparar aos outros dizer, eu sou superior, fui melhor, tenho mais qualidade porque para ti isto é tudo a mesma coisa. para mim não. eu acho que podes festejar, estando no topo ou noutro sitio qualquer, quando consideras que estás a fazer, ou que conquistaste, algo unico e inigualavel. e nada no futebol é mais unico do que ganhar uma champions (ainda mais quando é a 1ª champions) que é a competição que reune os melhores jogadores e melhores equipas. os adeptos do chelsea podem muito bem ter festejado isso. alías, no meu ponto de vista é sempre isso que se festeja. festejar por comparação nem é bem festejar, é outra coisa cujo nome desconheço. e que reflecte, como já disse, um tremendo complexo de inferioridade. e as coisas unicas não têm termo de comparação..

o chelsea, dizes tu, "ganhou uma competição como uma equipa pequena A estupidez, a meu ver, está em não perceber isso. Repito, se fosse do Chelsea, teria tido vergonha"

aqui levas a discussão para outro nivel. como tu percebes isto tudo não festejavas, logo, como os adeptos do chelsea festejaram, não o percebem e são estupidos. ou seja, os adeptos do chelsea são estupidos porque não pensam como tu pensas. se pensassem como tu, teriam tido vergonha e não tinham ido festejar.

isto é, sem ofensa, de uma infantilidade tremenda. é não conseguires colocar-te no lugar dos outros. é assim, tens o direito às tuas opinioes... e nada mais tenho a dizer sobre isto.

isto é tudo muito relativo. superioridade, orgulho, etc.. vou comentar o teu outro post que é bem mais concreto. fica bem.

vemo-nos lá em cima.

Blessing disse...

Amigo Nuno,

Sabes qual é a origem do desporto de competição?
Do que surgiu?
Porquê que surgiu?

Como estudante num curso tal posso-te responder a isto:

Surgiu originalmente de actividades que inicialmente eram consideradas necessárias a sobrevivência, como pesca ou caça... Depois teve como objectivo final aprimorar fisica e mentalmente os seus praticantes... Passando depois essas actividades a serem lúdicas, com objectivo de entreter e criar o melhor espectáculo... De seguida com a competição esse desporto passava a ter um outro objectivo "Ganhar"! Daí a palavra competição... não era entreter o objectivo desta nova forma, não era ser o melhor a desempenhar as tarefas... O Objectivo era simplesmente ganhar e é a partir dessa base que a competição se cria.

Podes claro, como eu pensar que se fazemos "melhor" as coisas vamos ganhar mais vezes que os outros. Mas simplesmente não consegues aceitar que se pense de outra forma. O que é o melhor para ti ou para mim é completamente diferente do que é melhor para Guardiola, Cruyff, Mourinho, Fergunson... A questão é que a história contraria mais a nossa tese do que lhe dá razão... É uma questão de método, de pensamento, de singularidade, não de estupidez... No futebol, qualquer método, modelo, ideia, sistema, pode ganhar... Apesar de achares o contrário... O bom deste desporto é que é tão imprevisível devido as suas características e variáveis tão aleatórias que em qualquer momento, minuto ou segundo o melhor torna-se pior e o pior torna-se melhor.

O que eu acho realmente estranho é não perceberes isso, porque está inerente e intrínseco a natureza do jogo! São demasiadas variáveis para ser controladas daí não existir uma equipa perfeita! Que seja a melhor em todos os momentos do jogo, nem este Barcelona o era nem nunca foi durante todos estes anos uma equipa perfeita.

Qualquer ideia no futebol pode ser boa, porque todas elas têm pontos fortes. Se eles forem potencializados, podem-se tornar numa grande mais valia e produzir uma grande dinâmica, mas como tudo, todas as ideias têm as suas limitações e os treinadores trabalham no duro para escondê-las.

"A verdadeira virtude estava em agir de modo virtuoso; não em agir com a finalidade de lhe reconhecerem essa virtude."

A virtude, está na cabeça de quem a vê. Já te expliquei que cada ser humano é singular, mesmo que possuam experiências semelhantes, essas nunca são iguais. E cada um molda o pensamento da sua forma. Não me atrevo, nem nunca o vou fazer, a dizer que a minha forma de ver a virtude é melhor que a dos outros. Simplesmente é minha e eu acredito mais nela que outros.
Há quem veja virtude no resultado, há quem veja virtude no método! Simples assim!


Cumprimentos

E obrigado pelas reflexões ;)

Blessing disse...

Ah acrescento só isto... Já viste o que seria do mundo se gostássemos todos de azul?

A pluralidade de ideias só beneficia o futebol e o facto de tu achares a tua melhor e a defenderes com unhas e dentes não invalida que os outros façam o mesmo com a deles.

Ninguém está aqui certo ou errado por gostar mais do resultado do final ou do processo que leva ao resultado final.

São ideias que potenciam a evolução do mesmo e se não percebes isso, ainda bem e o futebol agradece pois com todas as equipas a jogar de forma igual (a que tu defendes e que eu sou adepto) os jogos acabariam todos empatados... Ou então não acabariam empatados, porque os jogadores interpretam as ideias de forma diferente e mesmo que se tente implementar esta forma de jogar noutra qualquer equipa o resultado seria diferente...

Quando Guardiola voltar ao Barcelona vais dar-me razão, pois vai ser diferente...

PS: Li num post teu aqui que nada iria beliscar o Barcelona este ano, na liga... O Real Venceu e bem com 9 pontos de avanço, fazendo 100 pontos... Numa competição que segundo tu, é mais difícil de vencer que a champions e nem "os melhores da história" como afirmas conseguiram tal feito. Ora ainda não vi o teu post sobre o Madrid deste ano e sobre os seus méritos. Bater a melhor equipa do mundo em regularidade é um grande mérito, segundo vinhas afirmando e vou esperar para ver se fazes o post.


Abraço