Mascherano diz-se feliz por fazer parte da História, e tem razões para isso. Afinal, se não fosse por ele, talvez o Milan nunca reentrasse no jogo. É inegável que o golo de Nocerino nasce depois de um bom trabalho de Robinho, e de uma excelente assistência de Ibrahimovic. Mas será que a bola chegaria a Nocerino em boas condições de finalização se todos se tivessem comportado adequadamente? Não. E quem falhou foi precisamente Mascherano. Para muitos, o que digo pode ser trivial, pois são capazes de perceber que é o argentino quem coloca em jogo o italiano, no momento do passe de Ibrahimovic. Mas os erros de Mascherano no lance não se limitaram à forma desajustada como respondeu ao mesmo na altura do passe decisivo.
szólj hozzá: BAR
A meu ver, o erro de Mascherano começa bem antes, ao abordar a recepção de Robinho, a meio do meio-campo defensivo, de forma imprudente. O brasileiro estava de costas, rodeado por adversários, sem apoios por perto, e o comportamento correcto consistiria em obrigá-lo a jogar para trás. Mascherano, porém, não é um jogador inteligente neste tipo de abordagem. Para muita gente, tem características defensivas óptimas, pois é muito agressivo, "morde" constantemente os calcanhares aos adversários, etc. Mas também para se ser competente defensivamente é preciso decidir bem. E, muitas vezes, ao contrário do que se pensa, a melhor decisão do jogador que sai ao portador da bola passa por não lhe querer roubar a bola. Este é um bom exemplo. O que Mascherano deveria ter feito, já que foi ele que saiu para ocupar o espaço central, era ficar em contenção, esperar que Dani Alves e Messi bloqueassem a possibilidade de passe lateral a Robinho, e "forçar" a que o brasileiro voltasse para trás. Mascherano não ficou em contenção, procurou ir para cima de Robinho para desarmá-lo, e foi "comido" com toda a facilidade do mundo. Ingenuamente, o argentino ficou batido e Robinho com o espaço central para progredir. Estava criada a superioridade. O lance acabou como acabou, mas poderia ter acabado com uma simples tabela com Ibrahimovic. Não satisfeito ainda com isso, Mascherano ainda viria a colocar Nocerino em jogo, não respeitando (quase que pornograficamente, tantos foram os metros) a linha defensiva que os seus colegas tinham delineado. Dois erros graves que foram decisivos para que o Milan empatasse a partida e para que, mais tarde, se argumentasse que houve um momento em que a eliminatória parecia pender para o lado italiano. Após quase dois anos, Mascherano continua a não perceber o que é jogar nesta equipa, e continua a ser o elo mais fraco de um conjunto muito acima da média. Mesmo não jogando na sua posição de origem, onde este tipo de comportamentos errados, aliados à sua incapacidade, em posse, para perceber os espaços certos onde a bola deve entrar, seriam ainda mais prejudiciais à equipa, Mascherano continua a ser um corpo estranho neste modelo de jogo. E ontem, de facto, ia entrando na História, mas pelas razões erradas.
Entretanto, a final de Munique começou a ser jogada logo após a partida, e já houve responsáveis madrilenos a aproveitar-se das queixas italianas (absurdas, diga-se) para preparar o eventual embate frente ao Real. As jogadas de bastidores deram resultado no passado, e são a arma mais forte até hoje apresentada pela equipa de Mourinho para parar a equipa catalã, pelo que seria natural que tal acontecesse. Quanto aos casos de arbitragem, e àqueles que se insurgiram de imediato contra o alegado favorecimento aos catalães, repete-se a história do monstro a que já muitas vezes aludi. Não me lembro de outra equipa, na História do jogo, que tenha criado tanto medo nas pessoas. Qualquer coisinha, por mais irracional que seja, serve para tentar destruir o monstro medonho em que a equipa de Guardiola se transformou. As pessoas não compreendem esta equipa, não compreendem por que é tão forte, por que não há ninguém capaz de derrubá-la, e querem à força que ela caia. Por causa dessa vontade, repetem imbecilidades. E aproveitam-se de um jogo em que foram assinaladas duas grandes penalidades, coisa pouco comum, para se atirarem ao ar; e aproveitam qualquer lance, por mais claro que seja, para pôr em causa a competência do monstro.
A qualquer uma destas pessoas poderia facilmente fazer recordar as razões de queixa que os catalães tinham na primeira mão. Mas nem vale a pena. É que qualquer dos lances que protestam, no jogo de ontem, foi claramente bem assinalado: qualquer um dos penáltis é claríssimo, sendo que o primeiro só por misericórdia é que não valeu igualmente a expulsão de Antonini; o alegado penálti sobre Ibrahimovic só é penálti na cabeça dos que querem à força que o seja; e o lance em que Robinho fica isolado, de longe o meu preferido, só não vê que a bola foi amortecida nos braços do brasileiro, coisa que o beneficiou, quem não quiser ou por má fé decida não ver. O jogo de ontem teve casos não porque, de facto, os tenha tido, mas porque as pessoas querem à força que os jogos do Barcelona tenham casos. Querem justificar aquilo que não compreendem, e precisam de algo (arbitragens) que lhe confira racionalidade. Se isto já é estúpido no comum adepto, é muito grave num jornalista. A falta de ética profissional de alguns dos jornalistas da Sporttv, no que diz respeito às analises dos jogos do Barcelona, tem-se vindo a acentuar nos últimos tempos, e ontem, após o jogo, atingiu proporções obscenas. Não obstante Luís Freitas Lobo se recusar a comentar a arbitragem, chegando aliás a dizer que ela nunca poderia justificar um jogo tão desnivelado, o jornalista de serviço insistiu, outra e outra vez, procurando forçar a interpretação de que o jogo tinha sido resolvido pelos homens do apito. Apesar de estúpido, a insistência condiciona a opinião do espectador, sobretudo daquele espectador que não tem opinião própria. A ética jornalística não existe apenas porque é giro que exista; existe porque a opinião jornalística influencia a opinião pública e porque o jornalista é um profissional com mais responsabilidades do que o comum cidadão. Num país a sério, depois do exercício de irresponsabilidade profissional de ontem, a carreira deste senhor estaria, no mínimo, em risco. Como não é esse o caso, a demonstração de valores patrióticos no acto de protestar subtilmente contra os rivais dos portugueses em Madrid até fica bem vista. De resto, o jogo esteve sempre controlado pelos catalães, e é quase criminoso dizer, num jogo com aquelas características, que a arbitragem desempenhou um papel importante. Francamente, é preciso ser idiota para ter uma interpretação da partida tão profundamente errada.
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A meu ver, o erro de Mascherano começa bem antes, ao abordar a recepção de Robinho, a meio do meio-campo defensivo, de forma imprudente. O brasileiro estava de costas, rodeado por adversários, sem apoios por perto, e o comportamento correcto consistiria em obrigá-lo a jogar para trás. Mascherano, porém, não é um jogador inteligente neste tipo de abordagem. Para muita gente, tem características defensivas óptimas, pois é muito agressivo, "morde" constantemente os calcanhares aos adversários, etc. Mas também para se ser competente defensivamente é preciso decidir bem. E, muitas vezes, ao contrário do que se pensa, a melhor decisão do jogador que sai ao portador da bola passa por não lhe querer roubar a bola. Este é um bom exemplo. O que Mascherano deveria ter feito, já que foi ele que saiu para ocupar o espaço central, era ficar em contenção, esperar que Dani Alves e Messi bloqueassem a possibilidade de passe lateral a Robinho, e "forçar" a que o brasileiro voltasse para trás. Mascherano não ficou em contenção, procurou ir para cima de Robinho para desarmá-lo, e foi "comido" com toda a facilidade do mundo. Ingenuamente, o argentino ficou batido e Robinho com o espaço central para progredir. Estava criada a superioridade. O lance acabou como acabou, mas poderia ter acabado com uma simples tabela com Ibrahimovic. Não satisfeito ainda com isso, Mascherano ainda viria a colocar Nocerino em jogo, não respeitando (quase que pornograficamente, tantos foram os metros) a linha defensiva que os seus colegas tinham delineado. Dois erros graves que foram decisivos para que o Milan empatasse a partida e para que, mais tarde, se argumentasse que houve um momento em que a eliminatória parecia pender para o lado italiano. Após quase dois anos, Mascherano continua a não perceber o que é jogar nesta equipa, e continua a ser o elo mais fraco de um conjunto muito acima da média. Mesmo não jogando na sua posição de origem, onde este tipo de comportamentos errados, aliados à sua incapacidade, em posse, para perceber os espaços certos onde a bola deve entrar, seriam ainda mais prejudiciais à equipa, Mascherano continua a ser um corpo estranho neste modelo de jogo. E ontem, de facto, ia entrando na História, mas pelas razões erradas.
Entretanto, a final de Munique começou a ser jogada logo após a partida, e já houve responsáveis madrilenos a aproveitar-se das queixas italianas (absurdas, diga-se) para preparar o eventual embate frente ao Real. As jogadas de bastidores deram resultado no passado, e são a arma mais forte até hoje apresentada pela equipa de Mourinho para parar a equipa catalã, pelo que seria natural que tal acontecesse. Quanto aos casos de arbitragem, e àqueles que se insurgiram de imediato contra o alegado favorecimento aos catalães, repete-se a história do monstro a que já muitas vezes aludi. Não me lembro de outra equipa, na História do jogo, que tenha criado tanto medo nas pessoas. Qualquer coisinha, por mais irracional que seja, serve para tentar destruir o monstro medonho em que a equipa de Guardiola se transformou. As pessoas não compreendem esta equipa, não compreendem por que é tão forte, por que não há ninguém capaz de derrubá-la, e querem à força que ela caia. Por causa dessa vontade, repetem imbecilidades. E aproveitam-se de um jogo em que foram assinaladas duas grandes penalidades, coisa pouco comum, para se atirarem ao ar; e aproveitam qualquer lance, por mais claro que seja, para pôr em causa a competência do monstro.
A qualquer uma destas pessoas poderia facilmente fazer recordar as razões de queixa que os catalães tinham na primeira mão. Mas nem vale a pena. É que qualquer dos lances que protestam, no jogo de ontem, foi claramente bem assinalado: qualquer um dos penáltis é claríssimo, sendo que o primeiro só por misericórdia é que não valeu igualmente a expulsão de Antonini; o alegado penálti sobre Ibrahimovic só é penálti na cabeça dos que querem à força que o seja; e o lance em que Robinho fica isolado, de longe o meu preferido, só não vê que a bola foi amortecida nos braços do brasileiro, coisa que o beneficiou, quem não quiser ou por má fé decida não ver. O jogo de ontem teve casos não porque, de facto, os tenha tido, mas porque as pessoas querem à força que os jogos do Barcelona tenham casos. Querem justificar aquilo que não compreendem, e precisam de algo (arbitragens) que lhe confira racionalidade. Se isto já é estúpido no comum adepto, é muito grave num jornalista. A falta de ética profissional de alguns dos jornalistas da Sporttv, no que diz respeito às analises dos jogos do Barcelona, tem-se vindo a acentuar nos últimos tempos, e ontem, após o jogo, atingiu proporções obscenas. Não obstante Luís Freitas Lobo se recusar a comentar a arbitragem, chegando aliás a dizer que ela nunca poderia justificar um jogo tão desnivelado, o jornalista de serviço insistiu, outra e outra vez, procurando forçar a interpretação de que o jogo tinha sido resolvido pelos homens do apito. Apesar de estúpido, a insistência condiciona a opinião do espectador, sobretudo daquele espectador que não tem opinião própria. A ética jornalística não existe apenas porque é giro que exista; existe porque a opinião jornalística influencia a opinião pública e porque o jornalista é um profissional com mais responsabilidades do que o comum cidadão. Num país a sério, depois do exercício de irresponsabilidade profissional de ontem, a carreira deste senhor estaria, no mínimo, em risco. Como não é esse o caso, a demonstração de valores patrióticos no acto de protestar subtilmente contra os rivais dos portugueses em Madrid até fica bem vista. De resto, o jogo esteve sempre controlado pelos catalães, e é quase criminoso dizer, num jogo com aquelas características, que a arbitragem desempenhou um papel importante. Francamente, é preciso ser idiota para ter uma interpretação da partida tão profundamente errada.
20 comentários:
Macherano cometeu alguns erros, mas a linha defensiva que os seus colegas estavam a fazer era errada, pois estava a permitir que Robinho ficasse em jogo, caso o passe fosse feito para ele (que não foi por má decisão do Ibra que preferiu passar para o seu colega que estaria em fora-de-jogo caso Macherano fosse menos burro).
"A falta de ética profissional de alguns dos jornalistas da Sporttv"
Não é só nesse canal. A SIC e a TVI também nos brindam com comentários "interessantes" durante os jogos. A última foi o Paulo Garcia no jogo da liga Europa Manchester City - SCP, no último minuto de jogo, chegou a gritar GOLO no lance que Patricio defendeu. E gritou duma forma quase histérica que nem parecia que era uma equipa Portuguesa que poderia sofrer o golo.
compreendo o que dizes nuno, mas vendo a repetição com cuidado não me parece que a primeira abordagem de mascherano seja assim tão errada. sim, há um momento em que ele tenta dar um lado ao robinho, mas nesse momento já ele vai a fugir. na primeira abordagem ele apenas acompanhou e fez um compasso de espera, mas não me parece fácil só o mascherano obrigar o robinho a jogar para trás. para isso a cobertura de daniel alves tinha de ser mais próxima e a fechar o espaço entre ele e mascherano e o messi baixar rapidamente para fechar o outro lado do campo. como isso não sucedeu penso que o robinho ia encarar o um para um de qualquer maneira porque mesmo que o mascherano se contivesse mais continuava a haver demasiado espaço de um lado e do outro para ele penetrar. o erro do mascherano foi a meu ver tentar fechar do lado do daniel alves (pois este não recuperou a posição de cobertura) em vez de fechar o meio, porque o robinho vira-se imediatamente e tenta atacar precisamente o espaço entre o mascherano e o dani alves, quando o mascherano tenta fechar esse espaço dá demasiado espaço no meio e o talento e velocidade de robinho fazem o resto.
isso não invalida a diferença de qualidade que apontas ao mascherano neste modelo e o erro grosseiríssimo na linha de fora de jogo.
Sobre o Mascherano, estou completamente de acordo contigo.
Agora dois pontos :
Nuno obviamente o Barcelona jogou muitíssimo mais que os italianos. Agora, nao entrando em teorias de conspiração, o arbitro esteve mais do lado dos da casa, mesmo se estes últimos estiveram sempre superiores a equipa do Milan.
Se o primeiro é pénalti claríssimo tens de ser objectivo, nunca poderia ser cartão vermelho. O Antonini foi deslizando quase, et nem se fez ao lance, só que efectivamente tocou no messi e impediu que ele continuasse a jogada, e portanto foi assinalada grande penalidade.
Dizer que merecida o cartão vermelho é completamente irracional, e penso que quando escreves sobre o Barcelona ficas muito nervoso.
O segundo pénalti, desculpa Nuna, nunca. A bola ainda nem tinha entrado em campo. E foi aquilo do Puyol ?
No máximo, o arbitro pára o jogo e diz basta aos jogadores envolvidos.
Dizendo isto eu nao estou a por em causa a honestidade do arbitro, ou a imaginar uma conspiração qualquer.
Ultimo ponto :
"Num país a sério, depois do exercício de irresponsabilidade profissional de ontem, a carreira deste senhor estaria, no mínimo, em risco."
Relaxa Nuno, é futebol. É só um jogo de futebol, é entretenimento. Penso que as pessoas ainda podem se exprimir livremente sem medo de censura, se o comentador acha que o Milan foi prejudicado, ele tem toda a liberdade para o fazer. Ainda mais num canal privado, se nao gostam desliga a TV e vai ver pela internet ou pelo radio. Agora pedir a demissão dum gajo que esta a comentar um jogo de futebol só por que ele teve a indecência de dizer que o arbitro teve uma influencia no joga, por amor de deus, Nuno, és um pequeno ditador o que ?
Eu nao sei que país a sério estas a mencionar, mas avisa para eu nao por lá os pês. Obrigado.
Mike, depois de o Robinho encarar a defesa, o Busquets, que tinha ficado em contenção, sai-lhe ao caminho. Aí, com uma tabela rápida, não há tempo para a defesa se recompor. Não creio que a defesa tenha responsabilidades depois de o Mascherano falhar.
Sobre o comentador da Sporttv e os outros, é evidente. O problema é que a Sporttv é um canal pago, unicamente dedicado ao futebol, e que os seus jornalistas deveriam ser mais competentes por isso. E não são.
Bernardo, o Mascherano só é "comido" porque tenta antecipar o que o Robinho vai fazer. Ele tenta adivinhar que ele vai fugir pelo lado do Dani Alves, e a rotação do Robinho deixa-o fora do lance. É disso que me queixo. Se ele não tivesse tentado adivinhar nada, das duas uma: ou o Robinho se virava para ele, e ele aí teria vantagem no um para um, ou o Robinho, para não arriscar a perda, voltava para trás. O Mascherano foi à cão e o Robinho aproveitou-se disso. Só passou por ele por causa disso. De outra forma, não o conseguiria.
João, eu aceito o amarelo no primeiro penalty, mas nunca pelos teus argumentos. Pouco interessa aqui que ele se tivesse ou não feito ao lance. O Messi ficava isolado e aí a lei é clara. O que pode ser alegado é que ele não tinha a bola totalmente controlada, ainda que isso seja discutível. Ou seja, o que estou a dizer é que tanto o amarelo como o vermelho seriam decisões difíceis de criticar. Dizer que seria irracional é que me parece um exagero de todo o tamanho.
Quanto à questão do nervosismo, não percebo muito bem o que te leva a concluir isso.
Quanto ao segundo penalty, como é que a bola não tinha entrado em campo? Podes dizer que o agarrão começou antes de a bola entrar em campo. Mas prolongou-se, e terminou com 3 jogadores no chão. Quando o Busquets cai, a bola está praticamente a sobrevoá-lo. Quando muito, o árbitro podia ter interpretado que havia uma falta ao Puyol, e que essa falta era anterior à do Nesta. Mas, além de não me parecer, como tu próprio dizes, a do Nesta começou bem antes.
Quanto ao país sério, e à censura, não estás a perceber. Toda a gente tem a liberdade de dizer o que quiser. Toda. Mas um jornalista não pode fazer uma peça com base nas suas opiniões. Há um código que o obriga a ser imparcial e ético. A razão de haver esse código é que a sua opinião não é igual à de um cidadão comum. A sua opinião pode influenciar a opinião pública. Posso-te dar vários exemplos de acontecimentos passados (alguns até relacionados com o próprio Barcelona) que não aconteceram bem como as pessoas se lembram, e exemplos de opiniões públicas que são reflexo da opinião de um ou outro comentador (seja em que área for). Lembra-te do que a TVI fez no caso Freeport com o Sócrates. Aquilo não era jornalismo. E moldou significativamente a opinião pública.
Ora, o que se passa num jogo de futebol passado numa televisão é que há um jornalista responsável pela narração dos eventos, e outro de quem se esperam opiniões. O que se passou ontem, a seguir ao jogo, foi que se pediu a opinião ao Freitas Lobo sobre a questão da arbitragem, o Freitas Lobo manifestou-a, mostrando-se relativamente indiferente, e o jornalista responsável pela narração dos factos não a respeitou, querendo impor a sua opinião. Enquanto que, havendo 2 comentadores, cada um responsável por coisas diferentes, as pessoas sabem distinguir os factos das opiniões, quando o jornalista responsável pela narração manifesta uma opinião, as pessoas passam a tomar os factos pela opinião desse jornalista. Isto, além de ser uma falta de ética óbvia, é irresponsável. Eu não peço a demissão de ninguém (apesar de o João Gobern ter sido despedido da RTP por ter sido apanhado pelas câmaras a festejar um golo do Benfica, o que não é muito diferente); peço é respeito, profissionalismo e competência. É que, repara, a minha opinião só a lê quem quer. A opinião de quem comenta um jogo tem obrigatoriamente de levar com ela quem quiser ver o jogo. Há uma diferença de responsabilidade grande. E, como tal, as consequências têm de ser outras. Toda a gente tem direito a manifestar a sua opinião. Mas toda a gente tem o dever, também, de perceber se a sua opinião pode influenciar ou não a opinião de outros. Todos temos a liberdade de não gostar de judeus, mas podemos sempre ser acusados de incitar ao anti-semitismo pela simples manifestação dessa opinião. O que quis dizer foi que, num país sério, num país em que a democracia funcionasse realmente bem, num país como os EUA, por exemplo, se alguém lhe apetecesse processar o jornalista em questão, de certeza que tinha, pelo menos, fundamentos para levar o caso a tribunal, pondo em risco a carreira dessa pessoa. É que não é só é só futebol e só entretenimento. Há dinheiro envolvido, há prestígio, etc..
É uma discussão repetida e sei que nunca terás objectividade para reconhecer o óbvio: o Barça é escandalosamente beneficiado pelas arbitragens.
E o que enoja mais é que todos sabem que o Barça não precisa dessas ajudas. O Barça é tão superior aos demais que estas benesses apenas mancham esta cavalgada histórica de conquistas. Os penaltys são bem assinalados mas NUNCA o seriam na área do Barça. O Daniel Alves passa o jogo a ter um futebol agressivo (q tu condenas muito noutros jogadores) e raramente leva amarelo.
Ao Messi basta qqr encosto q ele cai e o árbitro nem pensa duas vezes, marca logo falta. No futebol é permitido contacto, menos ao Messi. E ele não precisa. Ele brinca com qqr adversário mas isso não lhe devia dar direito a ser intocável.
Gostas demasiado deste Barça para conseguires ver isto. Não é mal nenhum. Simplesmente prova que és humano ☺☺
Costumo ler o que aqui se escreve porque penso merecer o respectivo dispêndio de tempo. Não tenho por hábito, no entanto, fazer comentários porque reconheço o meu sítio, isto é, não falo do que não percebo o suficiente para poder ter opiniões devidamente fundamentadas.
Posto isto.
Relativamente ao «jornalista» e sua «opinião» tenho que concordar com o Nuno, numa parte que seja.
Criou-se em Portugal (e não só) a ideia de que ao jornalista cabe a possibilidade de opinar ou, se quisermos ser mais benignos, dar um determinado enfoque à notícia. Isso começa por pequenos tiques (entoação da frase, expressões ou micro expressões faciais, perguntas com resposta incluída ou implícita, etc)e desemboca na expressão pura e simples da sua própria opinião sobre o conteúdo noticioso. Isso não é jornalismo no sentido estrito e coloca um problema de verticalidade e honestidade na comunicação informativa. Por essa razão deixei, há muito, de me informar nos meios clássicos de divulgação de «informação» porque, além desse problema, a natureza da editorialização da informação por parte dos directores de informação expressa uma agenda condicionada por interesses económicos, políticos ou culturais. Agenda essa que não é clara no sentido de ser declarada e, portanto, não permitindo ao receptor da informação contextualizar a sua origem.
É, por isso, inadmissível a postura do jornalista da SportTv, procurando, insistindo mesmo, numa resposta à medida da sua opinião, assim como é inadmissível o festejo do João Gobern mas, aqui, apenas porque não faz uma prévia declaração de interesses enquanto adepto do Benfica. Se o tivesse feito previamente nada, a meu ver, obstaria ao exercício do respectivo comentário. Não pode é dar a entender que está ali a ser comentador equidistante e ser claramente, como denuncia o seu festejo incontinente, fervoroso adepto de determinado clube.
Daí que, concluo, se justifique a demissão do Gobern (se aconteceu, que desconheço se o foi, de facto). Mas, quanto ao jornalista, já tenho mais dúvidas, na medida em que se teriam que demitir mais de 90% dos jornalistas/apresentadores.
ó Pedro estavas assim indignado quando não marcaram 2 penaltis óbvios na 1ª mão? E na final do ano passado quando o Rooney empata o jogo em fora-de-jogo mais de um metro?
E quando o Olegário validou 2 golos ilegais e fechou os olhos a um penalti do tamanho do Camp Nou no fim do jogo?
E quando ficou um penalti evidente por marcar no Arsenal-Barça? E quando o Abidal foi expulso por simulação do Anelka na tão ínfame meia final?
Custa assim tanto abrir os olhos?
Mesmo aceitando que tudo isso aconteceu e que merecem toda essa indignação o saldo ainda está MUITO favorável ao Barça.
Pedro diz: "É uma discussão repetida e sei que nunca terás objectividade para reconhecer o óbvio: o Barça é escandalosamente beneficiado pelas arbitragens."
O que é escandaloso é continuar a haver quem pense isto, quem ache que o Barcelona é mais beneficiado do que outro clube de elite qualquer. Isso é que é escandaloso, Pedro. Escandaloso e estúpido.
"Os penaltys são bem assinalados mas NUNCA o seriam na área do Barça."
Mas quem és tu para dizer isto? Com que bases o dizes? Aconteceu alguma coisa na área do Barça que te faça supor que seria assim? Se calhar também são os melhores porque não são tão imprudentes, em lances como estes, como os outros. Já pensaste nisso?
"No futebol é permitido contacto, menos ao Messi."
Pedro, isto é falso. No futebol, não é permitido contacto. O único contacto que é permitido é em lances de ombro com ombro. Repito: o único. Aliás, a ideia de que, em futebol, é permitido contacto, é algo que se tornou consensual por ter sido veiculado repetidamente ao longo dos anos. E é falso. Qualquer contacto que prejudique a acção do portador da bola deve ser punido. O Messi sofre mais faltas porque é mais difícil travá-lo sem utilizar contactos irregulares.
"Mesmo aceitando que tudo isso aconteceu e que merecem toda essa indignação o saldo ainda está MUITO favorável ao Barça."
Pedro, qual saldo? Queres ser específico? É que, por exemplo, o ano passado, ao fim dos 4 jogos com o Real Madrid, o Barça passou na Champions, empatou para o campeonato (consolidando a vantagem), e perdeu na Taça, ou seja, o Barça teve melhores resultados que o Real, e no final o saldo, como tu lhe chamas, beneficiou MUITO o Real Madrid, que não merecia ter acabado qualquer jogo com 9 jogadores.
Pedro, tu fazes parte daqueles que têm medo do monstro. Alinhas pelo diapasão da maioria das pessoas, que quer arranjar desculpas para tudo e mais alguma coisa. Isso é que é ser tipicamente humano. E isso é que é ter falta de objectividade. Eu gosto deste Barcelona porque são muito melhores que os outros. Ou seja, eu já gosto deles objectivamente, não por qualquer capricho ou apetite meu. Ao contrário de qualquer adepto de qualquer clube, que perde objectividade quando fala do clube de que gosta, uando elogio esta equipa estou a ser o mais objectivo possível porque as razões para gostar do futebol que pratica são objectivas. É por isso que as minhas análises estão a salvo das tuas acusações, embora não o percebas.
http://www.miragens.abola.pt/videosdetalhe.aspx?id=16367
Nao foi só um ou dois como tu dizes.
João, mas todos os lances na área do Barcelona nesse jogo foram penalty, queres ver?
Um deles é fora da área, e em outros dois há quedas suspeitas. Como é que podes afirmar, com certeza, que eram penalty? No lance do Drogba e do Abidal, por exemplo, o Drogba ganha inicialmente vantagem fazendo basicamente o mesmo que o Abidal faz depois. Há um penalty claro, o do Piqué. Depois há o lance do remate do Ballack, que além de ser à queima-roupa e de ir para fora, bate numa zona que é assim tão fácil de ver. Aceito que se marcasse esse penalty. Mas, como já disse, Ballack só estava em campo porque lhe perdoaram a expulsão no primeiro jogo. Aliás, outro lance de que se queixam, a falta de Yaya Touré sobre Anelka também não aconteceria se Yaya Touré estivesse a jogar no meio-campo, como aconteceria se Puyol não tivesse visto o amarelo na primeira mão que o impediu de jogar a segunda. Repara, se a primeira mão tivesse sido isenta de erros, não só o Barça teria chegado ao segundo jogo com a eliminatória praticamente resolvida, como 2 lances dos que se queixam não poderiam ter acontecido.
O que me espanta é que se fale tanto desse jogo e desses lances (alguns deles muito pouco evidentes) e não se fale da primeira mão, que se tivesse sido bem apitada faria com que toda e qualquer incidência da segunda se tornasse irrelevante. Se há alguém com razões de queixa nesta história, é o Barça, que continua a ver a imagem de uma eliminatória que deveria ter sido ganha logo no primeiro jogo denegrida pelas incidências de um segundo jogo que, em condições normais, não teriam importância nenhuma.
Nuno,
Não percebi essa do monstro quando digo, claramente, q eles são a melhor equipa q alguma vez vi jogar. Q são muito superiores aos demais adversários. Medo do monstro?? Não tenho qqr medo de uma equipa q jogue à bola. Monstro para mim são equipas levadas ao colo por arbitragens manhosas. Isso sim são monstros que têm de ser abatidos do futebol. Infelizmente o Barça faz parte desse pequeno grupo...gostes ou não. Quem sou eu? Apenas alguém q vê o futebol com atenção e pensa pela sua própria cabeça. Não é o futebol fabuloso do Barça que me faz ignorar esses lances.
Dizes que não é permitido contacto no futebol? Então mais me ajudas...Daniel Alves, por exemplo, usa e abusa do contacto. Puyol ui... se não é permitido contacto então se calhar o lance do segundo penalty contra o Milão tem q ser revisto.
O Messi sofre muitas faltas...tal como Ronaldo ou Aimar. Os melhores sofrem sempre muitas faltas...mas ao Messi, xiça, não é preciso exagerar. Principalmente pq não há coerência de critérios.
O Barça é o expoente máximo de tudo aquilo que defendes em termos tácticos num jogo de futebol, Tu vês ali materializado tudo o que tens defendido ao longo dos anos. E mereces pq sempre foste coerente nessa opinião mas isso acaba por te retirar a objectividade necessária para analisar o jogo pq não consegues conceber q a tal super equipa (q o é) tenha ajudas externas que ajudam a cimentar a supremacia que tem sobre os adversários. Tu gostas do Barça por factos objectivos, sem dúvida mas não consegues ser objectivo, pq a vitória deles é uma vitória tua, nas análises às arbitragens.
Isso é ser humano. É perfeitamente normal isso acontecer. Não te levo a mal por isso. ☺
O Cristiano voltou a tomar mais 3 más decisões contra o Atletico Madrid, e a bola só entrou porque teve toda a sorte do mundo.
Banalissimo jogador.
Pedro, quando falo em ter medo do monstro, falo em não compreender o que significa esta equipa. É isso que acho que todos aqueles que justificam os seus êxitos com as arbitragens, assim como aqueles que não percebem coisas como as que tu não percebes, sentem em relação a este Barcelona. É uma espécie de criatura estranha, que não compreendem. E, para compreenderem, precisam de lhe dar justificações racionais, como sejam a arbitragem. De resto, ainda não me disseste, em concreto, em que é que o Barça é beneficiado. Tirando aquela ideia tola de que o Messi é protegido nos contactos. Para te ser sincero, eu acho que o Messi é pouco protegido nisso. Se o fosse, o Real não acabava um único jogo com menos de 6 ou 7 jogadores expulsos.
João, o Cristiano marcou 3 golos, dois dos quais de bola parada. O que é que esses lances têm a ver com más decisões? Que intervenção idiota! Quanto ao segundo golo, é um golo extraordinário. De resto, é também idiota continuar sem perceber o que eu acho que é uma boa decisão. Para muita gente, e pelos vistos para ti, boa decisão é uma decisão que não é arriscada. Por isso acham que critico qualquer jogador que parte para o drible, que remata de longe, que faz um passe longo, etc. Isso é absurdo. Uma boa decisão depende sempre da situação e do perfil do jogador. Quando critico o Hulk por rematar de tudo o que é sítio, não é por rematar que o critico. É por o fazer quer esteja em boa posição para o fazer, quer não esteja. Há vezes em que a melhor decisão é driblar, rematar, passar de calcanhar, etc. Depende sempre do contexto. O Ronaldo é forte no remate, logo há situações em que fazê-lo não é uma má decisão. Foi o caso do segundo golo. Ele veio para dentro, aproveitando um erro posicional colectivo do Atlético, que permitiu que houvesse muito espaço ali, e, à entrada da área, com espaço, não tendo propriamente melhores opções, desferiu o remate. As probabilidades de êxito, pelas circunstâncias (qualidade do Ronaldo, enquadramento, espaço à sua volta), eram as mais elevadas possíveis. Foi um bom golo, e foi uma boa decisão. Não tem nada a ver, por exemplo, com o golo frente ao Rayo Vallecano, em que as probabilidades de êxito eram ridiculamente menores, e ele tinha várias opções bem melhores. Uma vez mais, repito, a tua intervenção, além de referir 2 golos em que a questão da decisão não se pode colocar, é profundamente idiota porque revela que não percebes rigorosamente nada dos meus argumentos acerca de boas decisões.
Nuno, era só uma picada. Estou completamente de acordo sobre a tua definição duma "boa decisão".
Mas para mim, como eu (acho eu) já expliquei muito bem porque a situação do "coice" (acho o nome muito bem apropriado ao movimento, e até no certo sentido a personalidade do jogador) pode ter sido a mais acertada.
Percebo o que dizes, e estou de acordo, mas acho que nao esta bem exemplificado pelo coice do Ronaldo.
Sobre o Barcelona percebo tb perfeitamente o que esta equipa representa, o que nao quer dizer que nao foi escandalosamente beneficiada pela equipa de arbitragem nomeadamente em Londres.
Dizendo isto nao estou por em causa a superioridade futebolística et intelectual do Barça, e o seu mérito pelas conquistas.
E sobre monstros, ja vi pessoas fazer este tipo de comentários :
"o que quer que ele faça, ele será sempre inferior ao Messi".
Demostra simplesmente o fanatismo das pessoas, e traduz completamente um certo ódio de estimação.
Portanto, os monstros estão dos dois lados.
Nuno, esquecendo esta questão das arbitragens, gostava de saber a tua opinião sobre uma coisa:
Acho que já te fiz a pergunta mas não me lembro se respondeste ou não. O futebol do Barça não depende de um finalizador nato, qqr um pode chegar à zona de finalização e marcar tal é a forma como o futebol envolve toda a equipa e tantas oportunidades de golo. Não há um contrasenso entre o futebol do Barça e o facto de ser quase sempre o Messi o finalizador?
Desculpa a demora, Pedro. Sim, já fizeste essa pergunta, mais ou menos. Não acho que haja contrassenso algum. Na primeira época, o Henry, o Eto'o e o Messi tiveram praticamente os mesmos golos uns dos outros. Só no segundo ano do Guardiola é que o Messi se começou a destacar como máximo goleador da equipa, e só nesta época é que, de facto, não tem havido um segundo goleador como houve o Ibrahimovic, o Villa, o Pedro, etc.. Tem isto a ver com várias coisas. No primeiro ano, a equipa era muito mais rígida, em termos de movimentação ofensiva, do que é hoje. A partir do momento em que Guardiola abdicou do ponta-de-lança clássico, a equipa teve de compensar isso com uma mobilidade diferente. O Messi é o jogador mais adiantado da equipa e é ele que, por sê-lo, procura mais vezes zonas de finalização. O Fabregas, no início da época marcou muitos golos jogando precisamente numa posição muito similar à do Messi, no 343 do Guardiola. E marcou-os essencialmente porque, jogando aí, procurava muitas vezes movimentos de finalização parecidos com os que o Messi procura. De resto, é preciso não esquecer que, esta época, só Messi tem sido titular indiscutível nos três da frente. Villa pouco jogou, Pedro esteve muito tempo lesionado e tem voltado aos poucos, Cuenca, Tello, Iniesta e até Dani Alves têm integrado o trio da frente com frequência, Alexis tem jogado mais do que qualquer um dos outros, e também por isso tem marcado mais do que qualquer um dos outros. Resumindo, qualquer um pode chegar à zona de finalização e marcar, obviamente, mas é natural que quem jogue na posição mais adiantada esteja mais vezes em condições de fazê-lo. O mesmo se passa, aliás, no Real Madrid, apesar de o Ronaldo não ser, no papel, o jogador mais adiantado. O que acontece é que o Ronaldo é aquele que, no modelo do Real, mais vezes procura movimentos para finalizar.
Compreendo. Mas no caso do Real não me espanta pq sinto q o Real depende muito do Ronaldo e da sua eficácia...já o jogo do Barça não parece, na teoria, depender de Messi.
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