quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Entrevista

Um amigo jornalista que começou a visitar com frequência blogues de futebol nos últimos tempos, perfilhando a ideia inteligente de que a utilidade de qualquer discussão se baseia na troca de argumentos, perguntou-me outro dia o porquê das recentes hostilidades entre o Filipe do Jogo Directo e eu. Segundo ele, reproduzindo ideias que outras pessoas já expressaram, o debate sobre futebol tem a ganhar com as discussões que nós temos e seria interessante mantê-las. Disse-lhe que os argumentos são a maior arma numa discussão e que há pessoas que assumem posições fáceis quando os argumentos as conduzem para becos sem saída. Como ele não percebeu o que eu queria dizer, iniciou uma conversa que, pelo vício da sua profissão, aqui reproduzo em forma de entrevista. Para o distinguir, chamemos-lhe Rei de Copas.

Rei de Copas: É verdade que o Filipe te censurou comentários por não lhe "agradar a conversa", como se costuma dizer?

Nuno: Só ele poderá responder a essa pergunta. Isto é, só ele poderá dizer qual a razão pela qual censurou um comentário, mas não consigo encontrar explicação melhor.

Rei de Copas: E em que consistiam os comentários censurados?

Nuno: Era a conclusão de uma conversa - mais uma - sobre o método de análise que ele recentemente adoptou para aferir rendimentos individuais. Estávamos a falar do Maniche e sugeri, como cenário hipotético, uma análise feita ao jogo do Mascherano contra o Bétis, para a Taça do Rei. Nesse jogo, o Mascherano esteve impecável em termos de passe e teve certamente uma percentagem de passes completados na ordem dos 80%, no mínimo. Teci dois argumentos para defender que os números do Mascherano não implicavam que tivesse feito uma boa partida. O primeiro consistia em dizer que percentagem de passes completados não traduz, de maneira nenhuma, o rendimento de um jogador em termos de passe, seja ele quem for, pois não nos informa se a opção de passe foi a melhor em cada situação. Acha o Filipe - e esse é apenas um dos erros do seu método que aponto - que a percentagem de passes completados indica, com um grau elevado de precisão, o rendimento de um jogador da linha média. Aliás, é essa a principal razão para gabar sucessivamente as exibições do Maniche. Ele pensa assim porque acha que a exibição de um médio depende em muito da sua capacidade de dar seguimento aos lances que lhe passam pelos pés. Por trás dessa ideia, está outra que consiste em pensar que um jogador que consiga endereçar a bola a um colega, seja ele qual for e esteja ele em que condições estiver, beneficia a equipa em termos de posse e circulação de bola. Ora, isto não faz sentido.

Rei de Copas: Não sei se estás a ser muito claro. Então achas que a posse de bola depende de mais coisas do que da capacidade de preservá-la?

Nuno: Sim. Para muita gente, manter a posse de bola depende da capacidade de conservá-la. Discordo inteiramente disto. Acho que, em futebol, a posse de bola tem duas componentes: a componente de conservação e a componente de risco, chamemos-lhe assim. Um central, por exemplo, quando sai a jogador tem invariavelmente duas ou três opções fáceis. Se optar por nunca arriscar um passe mais vertical, se jogar sempre com o colega do centro da defesa, ou com o lateral do seu lado, falhará pouquíssimos passes. O mesmo acontece num médio. Um médio que opte por jogar para o lado ou para trás participará com qualidade na posse de bola da equipa, mas apenas na sua componente de conservação. Ora, há alturas em que a melhor opção é um passe para a frente, ou para uma zona mais povoada, ou para um colega com menos espaço para jogar. Às vezes, em situações específicas, o ideal é procurar um apoio frontal, procurar chamar o adversário, procurar invadir espaços curtos. Isto comporta riscos que não se coadunam com a componente de conservação da posse de bola, mas riscos que são necessários se, com efeito, se quer fazer da posse de bola algo mais do que mantê-la. Aliás, a única função da componente de conservação é criar condições ideais para que a componente de risco seja assumida.

Rei de Copas: Então, nesse caso, o rendimento de um jogador de meio-campo depende da forma como avalia cada situação e da opção entre conservar ou arriscar?

Nuno: Não. A sua qualidade em posse depende disso, mas o rendimento de um jogador depende de muitas outras coisas. É por isso que o método do Filipe é altamente redutor. E, por ser altamente redutor, é altamente falacioso.

Rei de Copas: Nesse caso, a sua avaliação do rendimento do Maniche está errada de duas maneiras. Está errada porque se reduz a um elemento do jogo e está errada porque não interpreta sequer correctamente esse elemento. É isto?

Nuno: Sim. Para ele, o rendimento do Maniche é bom porque ele completa muitos passes. Isto não indica nada senão que ele completa muitos passes. Não indica se cada um desses passes correspondeu à melhor opção em cada momento, porque isso só a observação empírica e a análise descritiva de cada lance podem perceber. Além de reduzir o rendimento do jogador àquilo que ele faz com bola. É aqui que entra o segundo argumento que utilizei. O exemplo do Mascherano não foi inocente. Utilizei-o porque ele, apesar de ter estado impecável em termos de percentagem de passes completados, fez um jogo abominável. Como já referi, mesmo com bola, não fez um jogo extraordinário, ainda que não tenha comprometido. Mas sem bola foi absurdo. Posicionalmente, esteve uma lástima. Não só teve culpa em dois golos sofridos, como esteve invariavelmente mal colocado: pressionava à frente dos avançados, ia atrás de jogadores adversários em vez de estar preocupado com a posição relativamente aos colegas, não fornecia coberturas nem apoios recuados, estava permanentemente desconcentrado, fazia faltas desnecessárias, etc. Ora, isto a análise numérica do Filipe não contempla, porque não há maneira de transformar comportamentos em números. E não contemplar isto é perder de vista algo muito importante. A exibição do Mascherano foi horrível, mas, usando o método de análise do Filipe, teria sido bastante boa.

Rei de Copas: E foi essa sugestão que despoletou a hostilidade?

Nuno: Assim parece. A primeira reacção foi defender-se com ironia, acusando-me de estar a afirmar que ele tinha feito uma avaliação ao Mascherano que, na verdade, não tinha acontecido. A acusação é tão idiota que, vindo de uma pessoa inteligente, significa apenas que não tinha outra maneira de defender o seu argumento. Reforcei a ideia de que aquele era um cenário hipotético, de que era eu quem estava a criar o cenário hipotético, e de que a minha intenção era criticar o método e não a análise, pois essa análise não tinha ocorrido. E ele insistiu com a ideia tola de que eu estava a fazer declarações falsas e a pôr palavras na boca dele. Foi aí que se lembrou de dizer que se iria tornar mais activo na moderação de comentários, alegando que a inteligência das pessoas que visitam o Jogo Directo ficaria a ganhar com a censura das minhas mentiras.

Rei de Copas: E achas que essa foi uma estratégia de evasão?

Nuno: Evidentemente. Aliás, o truque não é novo. Já não é a primeira vez que a sua estratégia argumentativa se reduz à tentativa de defesa através do desmentido. Muitas vezes, quando discutimos, a conversa acaba com ele a afirmar que eu estou a pôr palavras falsas na sua boca e que não estou a compreender o que ele está a dizer. Considero-o uma pessoa inteligente, mas este tipo de truque era escusado. Fá-lo porque não lhe interessa continuar a discussão e quando sente que não tem ou não lhe apetece pensar em argumentos. Desta vez, só foi um pouco mais longe e, depois de insistir no truque do costume de dizer que eu estava a inventar coisas que ele não tinha dito (coisa que eu próprio assumi desde o início e que fiz questão de salientar), decidiu acabar a conversa ameaçando censurar o comentário seguinte, assim como todos os que, daqui para a frente, não lhe interessassem.

Rei de Copas: E o que lhe dizias no comentário censurado?

Nuno: Repeti que não estava a inventar coisas que ele não dissera, mas antes a utilizar o seu método de análise para avaliar eu o rendimento de um jogador. Insisti que estava a criticar o método e não a criticar a sua análise, pois ele não a fizera. E disse-lhe, por fim, que, apesar de a opção da censura ser obviamente um direito seu, não deveria justificá-la com a inteligência dos seus leitores, pois os seus leitores, se fossem de facto inteligentes, facilmente percebiam que eu não estava a inventar coisas que ele não tinha dito, como ele alegava.

Rei de Copas: Achas então que a censura não se deveu à necessidade de proteger a inteligência dos seus leitores e a sua honestidade?

Nuno: Isso é evidente. Qualquer pessoa o percebe.

Rei de Copas: Deveu-se a quê, então?

Nuno: À incapacidade de argumentar. Tenho insistido bastante com as limitações do método e ele até assume essas limitações. Mas como quer defender a utilidade do método, tem de ignorar essas limitações. Quando fica incapacitado de defender essa utilidade, perante a evidência da falácia em que consiste, não tem outra solução senão recorrer a estratégias fáceis, como seja aquela de dizer que eu invento coisas que ele não disse, ou a menos honrada de censurar o comentário.

Rei de Copas: Sentes-te de algum modo atingido por não te permitirem contra-argumentar?

Nuno: Não. Não sou pessoa de ficar afectada com golpes baixos. A indignidade atinge apenas aqueles que a praticam. Acho que quem perde alguma coisa com a recusa do debate são as pessoas que o acham interessante e ele próprio, que poderia evoluir com as críticas. Ele, no entanto, entende as minhas críticas como um ataque inútil. E é isso com o qual não concordo. Concordo que seja um ataque e até concordo que seja provocador. Aquilo com que não concordo é com a sua inutilidade. A minha capacidade argumentativa, como a capacidade argumentativa de qualquer pessoa, constrói-se com o treino a que se é submetido pelos ataques que nos fazem. Eu, ao contrário da grande maioria das pessoas, gosto que ataquem as minhas ideias, sobretudo se os argumentos com que o fazem forem fortes. É com a força dos argumentos contrários que o meu pensamento e as minhas ideias evoluem. E quanto mais frontal, desde que honesto, for o ataque, melhor. É isto que ele não entende. É que, apesar da frontalidade, da provocação, da ofensiva do ataque, trata-se de um ataque honesto, isto é, fundado em argumentos. E ele teria muito a ganhar se optasse por contra-argumentar, em vez de fugir à argumentação. Mas são opções. Como é opção dele, de há uns tempos para cá, deixar cada vez mais que as suas análises sejam influenciadas pelos números e menos pela interpretação.

Rei de Copas: Achas, portanto, que as análises feitas no Jogo Directo têm menos interesse, hoje em dia, do que tinham?

Nuno: Acho que são mais redutoras. O Filipe pensa que progrediu, ao ter números a suportar as suas análises. Mas está enganado. É que, apesar de poder falar com mais conhecimento de causa em relação a certas coisas - e isso é um facto - perdeu de vista coisas importantes.

Rei de Copas: E que coisas importantes foram essas?

Nuno: Ao basear a sua análise em números, talvez tenha arranjado maneira de comprovar que um certo jogador é forte num determinado aspecto do jogo e fraco noutro, mas deixou-se levar por uma tendência de análise que consiste em entender o rendimento de um jogador como uma soma de atributos. Para ele, o rendimento é igual ao somatório dos vários aspectos do jogo. Com isto, perdeu de vista algo muito mais importante, que tem que ver com a relação entre cada um desses aspectos. O rendimento do Maniche é obtido através da soma de percentagem de passes completados, desequilíbrios ofensivos, perdas de bola, recuperações, remates, etc. De fora desta história ficam várias coisas. À cabeça, coisas que se fazem sem bola: posicionamento, movimentação, desmarcação, capacidade de fornecimento de apoios. Mas fica de fora também a tomada de decisão, que em futebol vale mais do que o efeito de cada decisão. O Filipe contabiliza factos, quando na verdade deveria contabilizar intenções. É por isso que a adopção do método o afastou do que verdadeiramente importa. Compenetrado com os números, perdeu de vista coisas muito mais importantes.

Rei de Copas: É esse o teu argumento contra as estatísticas, em geral?

Nuno: Em parte, sim. O problema de deixar que as estatísticas expliquem os fenómenos, numa coisa que depende de intenções, como é o caso do futebol, é que normalmente explicam apenas os resultados e não as tendências que conduziram a esses resultados. Explicar rendimentos através de factos seria o mesmo que explicar a qualidade de uma obra de arte pelo número de pessoas que visitou a galeria em que ela se encontra exposta. A qualidade da arte não depende de coisas contáveis, não por ser arte, mas por ser qualidade. Não depende da opinião das pessoas, não depende da perfeição técnica, não depende do domínio do medium, não depende de nada que seja mensurável. Não existe, em arte, uma pedra de toque através da qual se possa aferir a qualidade de uma coisa. Depende, isso sim, da potencialidade descritiva da obra, das ideias do autor, do interesse dessas ideias, etc. Em futebol, passa-se o mesmo. Não existe uma pedra de toque com que possamos contabilizar a qualidade com que um jogo foi jogado. Ao criar um método que pretende eliminar parte da análise descritiva, um método que, não sendo assumidamente perfeito, tem a pretensão de aproximar a análise da verdade, o Filipe está a tentar inventar uma pedra de toque através da qual possa medir, com maior ou menor grau de erro, uma coisa que não é mensurável por natureza. O que o método dele pretende é eliminar a análise descritiva e transformar números em evidências. Isto, em futebol, é altamente falacioso. A sua formação matemática diz-lhe que a estatística ajuda a perceber melhor tendências. O que ele não entende é que os fenómenos cujas tendências as estatísticas podem explicar não são fenómenos como o futebol. No futebol, a matemática e as estatísticas não têm nem podem ter a mesma capacidade explicativa que têm noutras áreas. A minha reacção contra as estatísticas deriva da convicção de que, em futebol, elas são sempre uma tentativa frustrada e simplista de resolver a complexidade inerente ao jogo. No fundo, o que as estatísticas fazem é tentar tornar quantitativo o que não pode deixar de ser qualitativo. E isso é absurdo.

Rei de Copas: A tua analogia com a arte é muito interessante. Queres falar um pouco dela?

Nuno: Posso falar. Ninguém no seu perfeito juízo achará que pode medir a qualidade - digamos - da Noite Estrelada de Van Gogh ou da Für Elise de Beethoven. Essa qualidade só pode ser descrita, nunca medida. Até uma certa altura, a pintura era essencialmente representação e a qualidade de uma pintura dependia em muito da sua capacidade representativa. De certo modo, o mundo visível era uma pedra de toque para aferir a qualidade da obra. Mas o Impressionismo acabou com isto. A qualidade não depende da sua capacidade de imitar ou representar o real, como não depende da perfeição técnica, de aspectos formais, etc. A qualidade está na imaginação do artista no momento da pintura. Para descrever qualitativamente a Noite Estrelada, é necessário descrever as intenções, as ideias e as preocupações de Van Gogh, a aquisição técnica e conceptual que lhe permitiu aquela pintura, a relação, no fundo, entre as propriedades manifestas no quadro e aquilo que era a figura do seu autor. Estas coisas não são contáveis; podem apenas ser descritas. Em futebol passa-se o mesmo. Tal como, para perceber a qualidade da Noite Estrelada, é muito mais importante descrever relações entre o que é visível e as intenções do autor do que reparar em coisas visíveis, em futebol é muito mais importante descrever as intenções, as ideias e as opções do Maniche do que contar a quantidade de passes que ele conseguiu.

Rei de Copas: E queres dar exemplos de aspectos estatísticos que, segundo o que defendes, não podem servir senão para perceber coisas supérfluas?

Nuno: Bom, já falei de alguns, como seja a percentagem de passes completados. Não queria falar disso em profundidade, pois um amigo de longa data está a preparar um texto sobre a falácia das estatísticas, que será publicado, se tudo correr bem, nos próximos dias, mas posso referir exemplos. Remates à baliza, por exemplo. No método do Filipe, a quantidade de remates à baliza influencia o rendimento do jogador. O erro implícito é grosseiro. Qualquer remate, para ele, é qualitativamente relevante. Isto não faz sentido nenhum. Um jogador que remate cinco vezes de meio-campo tem um rendimento, a nível de remates, idêntico a um jogador que rematou cinco vezes à entrada da área. Um remate em desequilíbrio, sem ângulo, numa situação de três para um, é qualitativamente igual a um remate em condições privilegiadas, em zona frontal, sem oposição, quando não tem nenhum colega melhor colocado. E por aí fora. O mesmo se passa com recuperações de bola. O jogador que faz a intercepção fica com os louros todos, quando muitas vezes é um colega que força, pela pressão que exerce, o adversário a fazer mal o passe. No método do Filipe, uma intercepção por boa leitura de quem intercepta tem tanto valor como uma intercepção por mau passe do adversário. Um jogador que tenha a sorte de estar na zona por onde o adversário mais ataca terá, à partida, mais condições que os colegas para ter mais recuperações de bola. Além disto tudo, há ainda que perceber que custos, sobretudo em termos de organização defensiva, terá tido cada uma das recuperações de bola de um jogador. Nada disto é contemplado pelas estatísticas. Poderia falar de muitos mais exemplos, pois nenhum aspecto estatístico está isento de falhas deste tipo, mas estes dois chegarão. Há, ainda, no entanto, um outro problema, que tem a ver com o critério de selecção dos aspectos relevantes. Como é que se decide que um remate é relevante para aferir o rendimento de um jogador e um lançamento de lateral não é? É uma pergunta justa. E a única resposta possível é: bom senso. E aqui entra um lado não-quantitativo da coisa que entra em contradição com a pretensão científica do método. É que todo o método, que se pretende o mais científico possível, depende da sua não-cientificidade.

Rei de Copas: Mas o Filipe assume que a análise estatítisca é apenas um instrumento e que carece de interpretação.

Nuno: Assume, mas só para o que lhe dá jeito. E, ao assumi-lo, fica com um problema grande entre mãos. É que, se os números carecem de interpretação e, por si só, não servem de muito, então os números não têm poder explicativo. Se não têm poder explicativo, não podem ser usados como pedra de toque para aferir nada, não podem servir de arma de arremesso para validar interpretações e não podem servir de argumento para desvalorizar outras interpretações. O problema do Filipe é que quer duas coisas que se excluem mutuamente: a cientificidade dos números e a interpretação deles. E quere-as por razões diferentes. Quer, por um lado, que os números legitimem a sua interpretação, e nesse sentido diz que eles são apenas instrumentos; mas quer também que os números tornem ilegítimas interpretações diferentes das suas, e aí os números já são ciência exacta. Na verdade, o método do Filipe é uma tentativa pobre e desonesta de se auto-legitimar.

Rei de Copas: Tens algum exemplo com que possas ilustrar isso?

Nuno: Sim. Recentemente, o seu método avaliou o Guarín muito positivamente. Apesar disso, o Filipe considera que o Fernando é melhor para o lugar, pois é melhor a nível posicional. Neste caso, o Filipe ignorou a tendência estatística, assumindo a limitação do método, explicando a opção por questões que o método não contempla, como seja a responsabilidade táctica e o sentido posicional do Fernando. Devo dizer que concordo inteiramente com o Filipe. O problema é a incoerência. Neste caso, o Filipe teve lucidez suficiente para perceber que o Guarín é inferior ao Fernando em certas coisas importantes que não podem ser contabilizadas. Mas, noutros casos, o método funciona como ciência exacta e os números servem para objectar opiniões que se fundam em coisas que também não podem ser contabilizadas. Desde logo, o exemplo do Maniche. O meu argumento em relação ao Maniche era semelhante ao argumento do próprio Filipe em relação ao Guarín e ao Fernando. O que eu defendia era que os números do Maniche não significavam, por si só, que ele merecesse o aplauso largo que ele lhe concedia, da mesma forma que os números do Guarín não justificavam, por si só, que fosse melhor para o lugar que o Fernando. Para que o Maniche merecesse tal coisa, havia que falar de coisas de que o Filipe não falava, coisas que o método não pode contemplar. Nesse caso específico, o Filipe não aceitou a interpretação. No caso do Maniche, os números representam fielmente o seu rendimento e ele não admite outra interpretação. No caso do Maniche, o sentido posicional e a responsabilidade táctica nem sequer são relevantes para aferir a sua qualidade. Isto é uma incoerência primária. Poderia ainda falar da questão do Javi Garcia. Ultimamente, tem argumentado o Filipe sistematicamente que o Airton desempenha a posição com qualidade e que merecia a titularidade, por não perder tantas bolas como o espanhol. Mais uma vez, está a basear a sua opinião somente nos números. Está a esquecer coisas importantes, coisas que ele próprio não esquece noutras ocasiões. Está a deixar de lado, em primeiro lugar, as opções de passe dos dois. Para aferir se o Airton perde mais ou menos bolas que o Javi, não basta contar as perdas de bola; é necessário também perceber as opções de passe dos dois, o grau de risco adoptado, a restante estrutura colectiva, etc. Depois, é necessário também observar coisas como o sentido posicional, coisas como a capacidade de leitura dos lances e a velocidade com que os jogadores se reposicionam, etc. E, finalmente, uma coisa que o Filipe tanto gosta, o aspecto mental: o Javi Garcia é mais adulto e acusa menos a pressão que o Airton, é mais experiente e sabe melhor em que situações, por exemplo, pode e deve fazer falta. Todas estas coisas ficam de fora na observação do Filipe. Não quero com isto defender nada em relação ao Javi e ao Airton. Estou apenas a discutir as razões numéricas que servem o argumento do Filipe.

Rei de Copas: E a questão do Belluschi?

Nuno: Pois, o Filipe acha que descobriu a pólvora, ao afirmar que o Belluschi, ao contrário do que se pensava, é muito forte em termos defensivos, recuperando muitas bolas. E é um dos exemplos que mais gosta de dar para justificar a relevância do método. A meu ver, trata-se de uma trivialidade. Já há um ano que o Entredez defendia que o Belluschi não era fraco em termos defensivos. O argumento não era necessariamente o mesmo, ou seja, o de que recupera muitas bolas, mas isso não importa. Já o dizíamos, como o dizemos em relação a outros jogadores, normalmente os criativos, que, por serem criativos, geram o preconceito de serem fracos defensivamente. Quase nenhum o é. Mas, mais importante do que afirmar que a descoberta do Filipe não foi descoberta nenhuma, pois já havia quem o defendesse antes, é afirmar que a descoberta do Filipe é um disparate. É que, para ele, as recuperações de bola de um jogador, seja o Belluschi ou outro qualquer, é sinal inequívoco de que exerce um trabalho defensivo relevante. O que ele esquece é que esse jogador está inserido numa determinada estrutura colectiva, estrutura essa que pressiona de uma determinada forma. Não será alheio aos números do Belluschi, por exemplo, o facto de ter ao seu lado um jogador muito forte em termos de agressividade e ocupação de espaços, como seja o Moutinho. A minha opinião é que, parte dos números do Belluschi se explicam melhor pelo trabalho colectivo do que propriamente pelo desempenho individual. O Belluschi recupera muitas bolas porque é inteligente, porque se posiciona bem, porque lê bem os lances, porque é suficientemente agressivo e ocupa suficientemente bem os espaços defensivos, mas também porque o Porto pressiona de um modo específico que conduz a mais recuperações na sua zona. E esta segunda parte da explicação o método do Filipe não é capaz de perceber.

Rei de Copas: Para ti, portanto, o método estatístico do Filipe é um perfeito disparate?

Nuno: Acho que pode ajudar a perceber tendências, mas nunca a explicá-las. E jamais pode funcionar para aferir rendimentos individuais. Há demasiadas coisas que não podem ser contempladas senão pela análise descritiva.

Rei de Copas: E o que tens a dizer em relação à pretensão do Filipe de que um método estatístico, parecido com o seu ou não, ajudaria necessariamente as equipas a estarem mais conscientes das suas necessidades e a perceberem melhor o rendimento individual dos seus atletas?

Nuno: Isso sim, acho um perfeito disparate. Há coisas muito mais importantes a considerar para que uma equipa possa potenciar o seu colectivo do que propriamente perceber quantas bolas um jogador perde e quantas bolas ele recupera. A potenciação das equipas dependerá de uma melhor percepção dos comportamentos dos seus jogadores e de uma melhor percepção do seu comportamento colectivo, não da percepção daquilo que cada jogador fez ou deixou de fazer.

Rei de Copas: Gostavas que o Filipe fizesse alguma coisa em relação ao seu método?

Nuno: Não tenho nada a ver com o que ele faz. Mas, já que falas nisso, gostava a sério que ele o utilizasse para analisar um jogo do Barcelona. A prazo - como ele diz que todos aqueles números devem ser lidos - iria talvez perceber que não poderia chegar a conclusões nenhumas. Iria talvez perceber que Xavi e Iniesta têm uma percentagem de passes completados inferior à dos outros médios e perdem mais bolas que Busquets e até do que Mascherano e Keita, embora isso não os faça necessariamente descartáveis. Iria talvez perceber que Puyol perde menos bolas que Piqué, e que isso não faz dele um defesa necessariamente mais fiável em posse. Iria talvez perceber que os desequilíbrios ofensivos são repartidos quase igualmente pelos cinco jogadores mais adiantados, e que isso complicaria a distinção individual que gosta de fazer. Iria talvez perceber que não há diferença significativa entre o número de passes completados pelo Mascherano e o número de passes completados pelo Busquets e que Busquets perde mais bolas que Mascherano, embora a titularidade de Busquets não possa sequer ser posta em causa. Uma análise ao Barcelona poderia servir para ele perceber a inutilidade em que consiste o seu método. Ou então não. A casmurrice é tanta que era capaz de inventar desculpas para as coisas esquisitas que encontrasse.

Rei de Copas: A tua relação com o Filipe é cada vez mais tensa?

Nuno: Não acho que tenhamos uma relação. Aliás, deixa-me aproveitar para falar de um assunto sobre o qual muitos têm uma opinião que considero errada. As pessoas falam muito de cordialiidade e de boa educação. Acham que eu tenho um estilo deselegante e, mesmo que reconheçam importância ao que digo, aconselham invariavelmente a ser mais moderado no modo como exponho as minhas ideias. Devo dizer que essas pessoas não percebem bem aquilo que eu faço. Interessa-me pouco cultivar amizades; isto não é a minha vida. As intervenções em blogues, a exposição das minhas ideias neste blogue, a minha existência cibernáutica, no fundo, não tem nada a ver com a minha vida. O meu interesse é inteiramente intelectual. E, por sê-lo, deve estar o menos constrangido possível por convenções sociais. As pessoas imaginar-me-ão sempre como alguém muito irritado à frente do computador, como alguém muito febril, que se entusiasma muito com as discussões. Não sou nada disso. Se disser que, no dia-a-dia, sou uma pessoa extraordinariamente diplomática, calma e muitíssimo bem-educada, cordialíssima, que não ostenta qualquer tipo de arrogância nem tem opiniões fortes sobre praticamente nada, poucos acreditarão. E não acreditarão sobretudo porque não percebem aquilo que eu faço aqui. O meu interesse aqui é discutir, expor ideias, tecer argumentos, ouvir opiniões diferentes e procurar rebatê-las. O meu interesse é cultivar-me, e isso faço-o pelo exercício exaustivo da discussão, pelo esforço mental de procurar respostas para todos os problemas. É precisamente porque o que me interessa é a discussão e só a discussão que assumo o estilo que assumo. Isto porque a discussão tem tanto mais interesse quanto mais controversas forem as propostas. A minha falta de cordialidade, a minha postura acusativa, a minha arrogância, a minha ironia, tudo aquilo que as pessoas, no fundo, acham que eu sou é uma fatalidade do meu único interesse, que é discutir. O carácter desta entidade que escreve e assina como "Nuno" não é o carácter da pessoa real que lhe dá corpo, mas uma consequência necessária dos interesses que essa pessoa tem ao escrever nestes espaços sobre estas coisas. É por isso que não faz sentido achar que devo respeito às pessoas com quem falo. É que eu não falo, verdadeiramente, com elas. A personalidade que é resultado dos meus interesses em falar destas coisas é que fala com elas. Trata-se de uma máscara. E eu, na verdade, não tenho controlo sobre o que ela diz, pois o que ela diz é consequência dos interesses intelectuais e do interesse na discussão que, esses sim, possuo.

Rei de Copas: Pois, para mim, que te conheço, isso é claro. Obrigado, Nuno, por esta extensa conversa! E até uma próxima oportunidade...

81 comentários:

Mike Portugal disse...

Já assisto aos teus debates com o Filipe e com outros bloggers há algum tempo. É verdade que apenas 7% da comunicação é verbal, o que leva ao que o resto seja visual e auditivo, componente essa que não temos no blog. Daí as pessoas te verem como um arrogante.

Eu gosto de ler os teus debates com outros bloggers, sejam o Filipe ou não. O que é um facto é que não tenho conhecimentos futebolisticos suficientes para rebater ideias tuas, portanto fico-me pelo comentário de circunstancia.

Quanto ao metodo do Filipe: é obvio que os numeros não dizem tudo. Ainda em outro post eu falei com ele sobre a diferença entre o tipo de passes do A.Santos e os do Maniche e ele até rebateu que conhece perfeitamente as diferenças entre os tipos de passe. Portanto acho que és injusto quando dizes que ele só se fia nos numeros.

Ele é o próprio a afirmar nesse post que e passo a citar: "Finalmente, porque é a estatística é um complemento da análise e não substitui o visionamento cuidado do jogo. Logo, mais do que introduzir parâmetros, o objectivo é enquadrar os números com a observação."

MM disse...

Clap clap.
Muito bom. Muito bem.

Futebolices de parte, métodos de parte, análises de parte (não me interessa muito essa parte, agora) e energias negativas entre as partes também de parte, é impossível não me rever no que dizes. Por completo. E isso que dizes vale para tudo Nuno, como aliás também o dizes. Faz parte e é característica de um modo de ser-se. Modo muito acertado e inteligente, diga-se.
Alguma coisa do que aí dizes tive oportunidade de comentar no Jogo Directo, nos momentos que se seguiram à discussão que fazes referência.
A discussão é apetecida. É valiosa. É indispensável. No que aos leitores respeita, a alguns pelo menos, imagino, porque falo apenas por mim, ela é fundamental. Se essa discussão for tida entre partes que divergindo estão ao mesmo tempo munidas de valiosa bagagem, como é possível rejeitar-se semelhantes ocasiões?, quando são tão raras infelizmente ...

Pequenas coisas: futebol é arte, claro que é. Mas não só. E não só porque é um desporto organizado, onde tem de existir um mínimo de senso em termos de papeis naquilo que se está a fazer e, desse modo, existem sempre elementos que vão para lá do subjectivismo ou da criatividade. Basta pensarmos nisto Nuno: de toda a quantidade de futebolistas que jogam profissionalmente futebol quantos são aqueles que realmente têm valor? Há muito jogo e existem muitas equipas onde de facto interessa ver quem é aquele que rouba mais bolas, quem é aquele que acerta mais passes, quem é aquele que remata mais vezes. Não porque tais acções signifiquem por aí além mérito ou valor - como tantas vezes repetes, e bem - mas, porque podem significar acerto. E há tanto futebol que é jogado sem talento que obriga-nos a pelo menos medir esse mínimo de acerto.
Por ser um desporto colectivo, também: é sempre possível de algum modo separar partes e medi-las individualmente. Não é a situação ideal - longe disso - mas é possível.

Dito isto, isso, para mim, tem pouco que ver com o Jogo Directo ou com o Filipe. Atritos de parte, não acho que o Filipe se agarre a um método para atribuir valor a jogadores ou equipas. Muito raramente vejo lá posições desse tipo. "Aquele é bom, beltrano é mau, sicrano é assim-assim, tal equipa é muito boa ou muito má".
O Filipe raramente faz isso.

Gosto muito do Jogo Directo e gosto muito da forma como o Filipe produz tudo aquilo. Tem muito valor porque preenche e balança muito bem com os tais elementos de análise puramente subjectivos (que não o são, em boa verdade, aos olhos certos). Eu por exemplo vejo futebol de um modo em que acabo por sentenciar aquilo que acho de valor ou não e aquilo que aprecio ou não, baseado exclusivamente em ... gosto(?) - não me ocorrendo termo melhor - pelos tais elementos da esfera do talento, arte, criatividade, arrojo, risco e coragem. Deste modo, torna-se óptimo e mais do que excelente ver também os números. Por serem diferentes, justamente por isso.
Um abraço.

Ricardo disse...

Excelente.

Dispensava a forma como decidiste dar a opinião. Mesmo que a conversa tenha, de facto, existido (e não tenho razões nem dados para duvidar disso), penso que poderias ter abdicado de passar a tua opinião em forma de entrevista. Um texto directo serviria os mesmos propósitos.
Quanto ao conteúdo, não há muito a dizer de tão verdadeiro e interessante que está. Gosto das tuas ideias, concordo com elas e elogio-as, porque inteligentes e, fundamental, bem estruturadas com argumentos sólidos.
Assisti, na altura, a essa discussão no "Jogo Directo" e confesso que também eu fiquei perplexo com a escolha argumentativa do Filipe. Por não ter tido lógica nenhuma a assumpção por parte dele que estavas a inventar coisas que ele não disse, e por ele ser uma pessoa inteligente, facilmente se depreende que o problema ali não eram as tuas críticas ao método mas a falta de argumentos que ele tinha para o defender.

O futebol nunca poderá ser analisado de forma profunda à luz de estatísticas. Pode servir, pontualmente, para corroborarmos uma ideia específica sobre o desempenho de um jogador e é só. E concordo que as análises do Filipe, na generalidade, perderam alcance, qualidade e profundidade exactamente por estarem agora "poluídas" pela demasiadama importância que ele dá aos números em detrimento da análise descritiva. O que é humano, diga-se. Se ele valoriza de tal forma o método que usa (e valoriza-o, de facto), é-lhe impossível ter capacidade para se abstrair daquilo que o método transpira. E é pena, porque, ao nível puramente analítico, sem números, o Filipe sempre foi uma pessoa com opiniões interessantes sobre o fenómeno.

Tenho tido com ele uma discordância em relação às exibições de Gaitan. Ele defende que têm sido muito produtivas, eu o contrário. Para isto, regra geral, utiliza o argumento dos números - que o argentina recupera muitas bolas, que aparece em muitos desequilíbrios. Ora, o Gaitan é um dos melhores exemplos de um jogador que, tendo um talento acima da média, é, jogando na posição em que joga, claramente prejudicial à equipa. Mas se o analisarmos à luz método do "Jogo Directo" o Gaitán é dos melhores do campeonato. Serve este exemplo mas serviriam outros.

Já agora, gostava de saber o que tens achado do argentino.

Ricardo disse...

Excelente.

Dispensava a forma como decidiste dar a opinião. Mesmo que a conversa tenha, de facto, existido (e não tenho razões nem dados para duvidar disso), penso que poderias ter abdicado de passar a tua opinião em forma de entrevista. Um texto directo serviria os mesmos propósitos.
Quanto ao conteúdo, não há muito a dizer de tão verdadeiro e interessante que está. Gosto das tuas ideias, concordo com elas e elogio-as, porque inteligentes e, fundamental, bem estruturadas com argumentos sólidos.
Assisti, na altura, a essa discussão no "Jogo Directo" e confesso que também eu fiquei perplexo com a escolha argumentativa do Filipe. Por não ter tido lógica nenhuma a assumpção por parte dele que estavas a inventar coisas que ele não disse, e por ele ser uma pessoa inteligente, facilmente se depreende que o problema ali não eram as tuas críticas ao método mas a falta de argumentos que ele tinha para o defender.

O futebol nunca poderá ser analisado de forma profunda à luz de estatísticas. Pode servir, pontualmente, para corroborarmos uma ideia específica sobre o desempenho de um jogador e é só. E concordo que as análises do Filipe, na generalidade, perderam alcance, qualidade e profundidade exactamente por estarem agora "poluídas" pela demasiadama importância que ele dá aos números em detrimento da análise descritiva. O que é humano, diga-se. Se ele valoriza de tal forma o método que usa (e valoriza-o, de facto), é-lhe impossível ter capacidade para se abstrair daquilo que o método transpira. E é pena, porque, ao nível puramente analítico, sem números, o Filipe sempre foi uma pessoa com opiniões interessantes sobre o fenómeno.

Tenho tido com ele uma discordância em relação às exibições de Gaitan. Ele defende que têm sido muito produtivas, eu o contrário. Para isto, regra geral, utiliza o argumento dos números - que o argentina recupera muitas bolas, que aparece em muitos desequilíbrios. Ora, o Gaitan é um dos melhores exemplos de um jogador que, tendo um talento acima da média, é, jogando na posição em que joga, claramente prejudicial à equipa. Mas se o analisarmos à luz método do "Jogo Directo" o Gaitán é dos melhores do campeonato. Serve este exemplo mas serviriam outros.

Já agora, gostava de saber o que tens achado do argentino.

Dejan Savićević disse...

eu acho que tens muito tempo livre Nuno...;-)

apenasfutebol disse...

Grande Nuno,

Corroboro, em absoluto, a resposta à última pergunta.

Tenho tido, por vezes, conversas com outros bloggers, nas quais me referem a tua suposta arrogância, entre outros mimos, ao que eu, invariavelmente, respondo no sentido desta tua resposta, já que foi a ideia que construí sobre ti, do tempo (curto) em que convivemos.


Da minha parte, e em relação à temática mais alargada, devo dizer que quer o "Entre Dez", quer o "Jogo Directo", são dois dos melhores blogues de futebol nacionais. Também devo dizer, apenas por uma questão de gosto pessoal, que não aprecio as novas tendências quantitativas do "Jogo Directo", o que não faz com que não oconsidere da forma que referi atrás. Quanto ao "Entre Dez", continua ssempre fiel a um determinado registo, e a meu ver, muito bem, já que é único.

Tenho andado um pouco alheado da blogosfera (nem para o meu tenho tido o tempo que gosaria de ter), mas se há blogue que visito quase diariamente é o teu!

Grande abraço

MM disse...

ApenasFutebol,
A arrogância na personalidade do Nuno existe. Isso é evidente. Agora a arrogância pode ter vários tons e a arrogância de que o Nuno se vem usando (Nuno espero que não te importes de estar aqui a versar sobre ti como se estivesses ausente do que é escrito / lido), dizia, a arrogância de que ele se vem usando desde há muito tempo a esta parte é saudável, porque ao mesmo tempo mantém o espírito mais ou menos agressivo que o caracteriza mas não roça o insulto.

Já que estamos a versar sobre estas temáticas vou escrever algo que deixei em tempos expresso noutros sítios (não muitos, apenas 2) a propósito do Nuno, e algo que para mim é importante porque tem que ver com alguém por quem tenho elevadíssima consideração intelectual e sportinguista. Sim, elas misturam-se. E não, não é simplismo. Elas misturam-se mesmo, e a personalidade que vou invocar é um dos exemplos máximos que muito bem atestam sobre esta verdade: o PLF, da Bancada Nova. Poderosa mente, e um poderoso sportinguista. Poderosa mente porque poderoso sportinguista. E poderosa pessoa, porque poderosa mente e poderoso sportinguista.
Mais uma vez, desaguisados de parte, certa vez tive oportunidade de ler um texto do Nuno em que são dispostas uma série de considerações que ele fazia - nesse texto - sobre o PLF. Nuno, vou dizer algo e pedia-te que não te melindrasses: miserável. Esse texto foi miserável. Injusto, insultuoso e que pretendia - entre outras coisas decerto - achincalhar o seu alvo. E bom, embora possam parecer as mesmas coisas, essa produção do Nuno não tem nada que ver com esta. Esta não insulta. É igualmente forte, clara e directa mas, não insulta. E isso faz toda a diferença. E faz toda a diferença em exclusivo para o Nuno porque como ele diz e bem a "indignidade atinge apenas os próprios". Não estou a afirmar indignidade de ninguém, estou apenas a usar-me das suas palavras para passar a mensagem.
Do mesmo modo, como o Nuno diz e muitíssimo bem e que de resto por si só é suficiente para se perceber que estamos também na presença de uma poderosa mente: a evolução existe. A modificação existe. E ao contrário do que muito bacocamente se costuma dizer a mudança e transformação de hábitos, modos, ideias e conceitos é fruto da coerência. Coerência para com a inteligência, e a verdade. As situações mudam, as pessoas mudam, tudo muda, e portanto só uma pessoa limitada é que pensa as mesmas coisas durante longo tempo. Se for uma pessoa muito limitada, não só pensará as mesmas coisas durante muito tempo como ainda orgulhar-se-á disso. Nessa medida, Nuno, caso esta diferença na forma como expressas os teus pontos de vista seja uma que queiras afirmar e da qual te orgulhes: parabéns. Como dizes, os conflitos fazem-nos melhorar. As coisas e situações pouco claras fazem-nos evoluir.
E por isso, parabéns.

MM disse...

E já agora a introdução do PLF não é obviamente inocente. Serve também para agrupar num mesmo conjunto a totalidade de nomes que na produção de conteúdos futebolísticos feita de forma mais ou menos uni-pessoal - e cujos escritos eu conheça, porque não conheço todos como é óbvio - destacam-se: Bancada Nova. Entre10. Jogo Directo. Lateral Esquerdo. Por ordem de achado. Na ordem pelos quais os descobri, a título pessoal. Bancada Nova: 100% Sporting e todo um conjunto riquíssimo e ímpar de considerações vastíssimas que não se limitam ao jogo em si. Entre10 e Lateral Esquerdo: só futebol. Só e apenas futebol. Jogo Directo: 99% de futebol e 1% de pequenas considerações que o Filipe sempre faz dos acontecimentos relevantes, como é exemplo a nota sobre a demissão de Bettencourt num post recente que publicou.
Ainda sobre isto:
O Filipe é claramente o mais simpático e generoso de todos.
O PLF é o mais antipático. Seco e que por vezes faz tábua rasa do que lhe é perguntado, por leitores. Mal educado até, por vezes.
PB, não é seco nem simpático. Não inventa muito, mas não se pode dizer que seja simpático. Nunca o vi fazer humor ou brincar com algo. Nem nunca o vi também reagir ao humor. Mas não é antipático claro, nada mesmo.
Nuno, não se pode dizer que seja simpático. Sabe ser cordial e correcto mas essa cordialidade não lhe advém de simpatia. Também não é antipático. Nem quando insulta, ou insultava. Fazia-o sempre de um modo em que se percebia alguma frieza e ausência de emoção. Ainda sobre o Nuno: é extraordinariamente de salutar o fim dos "pahs". Nuno, há muitos meses tinhas o hábito de escrever "pah", ou "pá". Isto é do mais básico e reles benfiquismo que pode haver. É feio. Muito feio. Fica mal e soa mal. É péssimo, acredita. Mais péssimo escrito do que dito.

Pronto, era só isto.
Pela minha (desimportante e leitora) parte está fechado este capítulo.

Só uma nota final: troquem os "o PLF", "o Nuno", "o Filipe" e tudo isso pelas suas personalidades - ou percepções que delas fazemos - em espaços como estes, virtualizados, porque como o Nuno diz e bem há diferenças. Tem que ver com a intelectualidade misturada com a esfera literária. Demoraria muito tempo a explicar mas basicamente motiva-se no facto de que quando pensamos usamos umas células. Quando falamos usamos essas células e outras. E quando escrevemos usamos essas, as outras, as acoloutras, e ainda outras. É basicamente por isto.

João disse...

Vir publicar um texto nas costas do filipe em que só a tua versão é ouvida é, na minha opiniao, absolutamente cobarde.
Há uma coisa que acho que ainda não percebeste: tu não sabes tratar as pessoas com o devido respeito, pões-te sempre um ou mais degraus acima delas e posso-te dizer que, em qualquer coisa que faças na vida, isso nunca te vai ajudar. nota-se isso na tua maneira de escrever, em cada post que fazes.

NunoC disse...

Post cobarde, baixo, agressivo. Falta de respeito atroz. Nada de anormal, portanto.

Posto isto, quero dizer que, apesar da baixeza que o post emana (até tresanda, ia vomitando), é impossível não rir com a "entrevista" dada pelo "amigo jornalista". Gostei particularmente quando o "jornalista" se interessa pelos conhecimentos artísticos do iluminado. É, claramente, a minha parte preferida. Um dia vou ter um "jornalista" assim só para mim!

Gosto também do início bombástico. O Filipe "censurou" um comment. Diz isto o libertino Nuno, que não permite anónimos e que já "censurou" no passado. E diz isto, como se o Filipe não tivesse tido a paciência em 1000 posts diferentes no jogodirecto, de ler, responder, discutir os comentários do excelentíssimo Nuno. Quando muita gente já dizia "Não ligues Filipe", o Filipe continuava.

Um leitor daqueles que conhecemos do rol de grandes blogues PTs sobre futebol, refere que o Nuno anda com muito tempo. Olhando para o número reduzido de posts, para a qualidade dos mesmos, (eu apelidaria-os repetitivos, mas se calhar estou a alucinar), para o abandonar das (péssimas) crónicas na Academia de Talentos (completamente furada a tentativa de acompanhar o futebol jogado mais regularmente) eu diria que não. Que está sem tempo. Ou que só tem tempo para o que lhe interessa. E o que lhe interessa, muitas vezes, não é o futebol. É ele próprio. O iluminado.

Mas o Nuno é assim. Só consegue teorizar (pelo menos ultimamente) a partir do suposto "erro" do outro. Desconstrói tudo o que os outros escrevem/dizem, mesmo que o que eles façam seja algo trabalhoso, algo a que dedicam tempo, atenção, só porque querem, só porque gostam. Tempo esse que o Nuno agora apenas utiliza para "cortesias". "Cortesias" que agora também são dirigidas a simples bloggers que vão partilhando o seu conhecimento e ideias completamente pro-bono. Coloca pensamentos nas cabeças deles, assume ideias e convicções de outros. Depois reformula. Ataca. Ataca muito. Com uma capacidade boa/muito boa, depende dos dias, de argumentação.

Enfim, há gente que não suporta não ser protagonista.

daniel duarte disse...

Rei de Paus(um amigo meu jornalista): O Nuno é um ganda tótó né?Concordas que é um complexado de primeira ou não?
Eu: Não digas..

Sem mais a acrescentar, faço minhas as palavras do NunoC...na mouche...Dedica-te à pesca ó Nuno...O Filipe dá-te baile, e foste dos primeiros a perceber isso...astuto...

Hugo disse...

Muito baixo vir publicar um post sobre outra pessoa sem ouvir a sua versão.

Nuno disse...

Mike Portugal diz: "Portanto acho que és injusto quando dizes que ele só se fia nos numeros."

Eu não digo que ele se fia só nos números. Digo que o faz quando lhe dá jeito e digo que, muitas vezes, ao fazê-lo, esquece-se de coisas importantes. De resto, há análises muito boas no Jogo Directo. Por norma, análises que deixam momentaneamente de lado a relevância dos números...

Ricardo, em relação ao Gaitán, há muita coisa em que concordo com o Filipe. Nomeadamente, em relação ao posicionamento do argentino. Isto é, não me parece, de todo, que seja jogador para jogar na posição do Aimar, por exemplo. Para jogar numa posição central, teria de ser numa de atacante. Mas acho que tem evoluído aos poucos no Benfica. Não o acho tacticamente irresponsável, por exemplo. O seu pior defeito é a sua capacidade de decisão, que ainda precisa de muito trabalho. Mas, mesmo nesse aspecto, ele não é inferior ao Di Maria. E é muito novo. Acho que não tem sido dos melhores do campeonato, mas também acho que tem justificado o uso frequente no Benfica.

R. Galeiras, arranjei um tempinho. :)

Paulo, é verdade. É pena as pessoas estarem preocupadas com a minha alegada arrogância e não com o que eu tenho a dizer. Grande Abraço!

Nuno disse...

João diz: "Vir publicar um texto nas costas do filipe em que só a tua versão é ouvida é, na minha opiniao, absolutamente cobarde."

e

Hugo diz: "Muito baixo vir publicar um post sobre outra pessoa sem ouvir a sua versão."

João e Hugo, não sei se leram o texto, ou se acompanharam a discussão. Presumo que não, pois a vossa acusação não faz qualquer sentido. Vocês acham que este texto é cobarde porque é publicado nas costas do Filipe e sem ouvir a sua versão. A discussão teve lugar numa caixa de comentários do Jogo Directo. É pública, logo frontal. Não há nada publicado nas costas. Quanto à versão do Filipe, ela está nessa caixa de comentários. É pública, para quem a quiser ler. O argumento de que só a minha versão é que foi ouvida é falso. E se falta um comentário a essa discussão, não é porque eu assim tenha decidido. A minha versão desse comentário é a que dei aqui. Se não quiserem acreditar em mim, não o façam, mas não digam é que é cobarde por ser a única versão, quando foi opção do Filipe não publicar a versão original.

João diz: "Há uma coisa que acho que ainda não percebeste: tu não sabes tratar as pessoas com o devido respeito, pões-te sempre um ou mais degraus acima delas e posso-te dizer que, em qualquer coisa que faças na vida, isso nunca te vai ajudar."

João, lê a última resposta da entrevista, ou a opinião do apenasfutebol sobre a minha pessoa. Talvez ajude a esclarecer alguma coisa. Se não ajudar, lê outra vez a última resposta. Perceberás que não me importa muito que teçam considerações sobre o que eu farei ou não na vida.

Nuno C diz: "Gosto também do início bombástico. O Filipe "censurou" um comment. Diz isto o libertino Nuno, que não permite anónimos e que já "censurou" no passado."

Nuno C, se há coisa que nunca fiz foi censurar comentários por não me apetecer responder-lhes. Já censurei comentários por insultos, embora nunca senão por repetição e insistência, e por serem comentários cujo único objectivo é, precisamente, o insulto. Censurei também comentários uma ou outra vez em que se diziam mentiras descaradas que as pessoas que fossem ler não tinham forma de comprovar. Não foi isso que o Filipe fez, nem foi isso que eu critiquei. Se não permito anónimos é porque, a dada altura, se tornou necessário acabar com comentários não identificados. Isto porque a identificação de quem comenta é de superior importância para um espaço que se interessa pela troca de ideias, não para saber quem o faz, mas para haver uma ideia acerca do pensamento dessa pessoa. Em boa hora o fiz. Tornou o espaço mais limpo e seleccionou quem tinha, de facto, interesse em participar objectivamente. Havia outras opções, como moderar os comentários apenas depois de lê-los. É, por exemplo, o que o Filipe faz. Não optei por isso por duas razões. Primeiro, porque podiam passar-se muitas horas sem ter acesso ao mail e os comentários demorarem a ficar online; depois porque cairiam sempre sobre mim a hipótese de ocultar comentários. Mais uma vez, não tens razão nenhuma no que dizes.

Nuno C diz: "Mas o Nuno é assim. Só consegue teorizar (pelo menos ultimamente) a partir do suposto "erro" do outro."

Nuno C, é mesmo necessário mostrar-te como estás errado em relação a isto?

Nuno disse...

Nuno C diz: "Desconstrói tudo o que os outros escrevem/dizem, mesmo que o que eles façam seja algo trabalhoso, algo a que dedicam tempo, atenção, só porque querem, só porque gostam."

Nuno C, em momento algum me viste a desvalorizar o empenho que as pessoas põe no seu trabalho. Se há coisa que me impressiona no Filipe é o tempo e o esforço que despende naquilo que faz. Louvo-lhe a dedicação. Gostava de ter tempo para me dedicar tanto a isto quanto ele se dedica. Isso não implica que, a meu ver, seja tempo mal gasto, tempo que poderia gastar a evoluir noutra direcção. O que vocês se esquecem é que é precisamente por respeitar o trabalho do Filipe e por lhe reconhecer competência que o critico. Já tive oportunidade de dizer que é dos poucos blogues que leio assiduamente. Isto é um sinal de reconhecimento.

Nuno C diz: "Coloca pensamentos nas cabeças deles, assume ideias e convicções de outros. Depois reformula."

Isso é falso. Não coloco pensamentos na cabeça de ninguém. Pego nas coisas que as pessoas dizem e, por elas as dizerem, faço certas implicações. Que as pessoas não entendam a diferença entre declarações e implicações de declarações e que não percebam que eu, ao fazer essas implicações, não estou a pôr coisas na boca delas mas sim a estender-lhes o raciocínio através de uma implicação, já não é problema meu.

Daniel Duarte diz: "Sem mais a acrescentar, faço minhas as palavras do NunoC...na mouche...Dedica-te à pesca ó Nuno...O Filipe dá-te baile, e foste dos primeiros a perceber isso...astuto..."

Sim, Daniel, eu estou mesmo preocupado é com baile...

Unknown disse...

Nuno, as pessoas nao sao cordiais, tolerantes ou conscientes das suas limitaçoes(todos as temos) na internet, porque presas a "convençoes sociais". O relativo anonimato deste meio, demonstra sim que quem age assim, fá-lo, porque é a sua verdadeira natureza, sem qualquer grilheta social, na maioria dos casos.
Ora a tua explicação sobre a forma como ages "lá fora" e como vês apenas uma personagem neste Nuno do entredez, ao contrario do pretendido, faz é de ti(e nao aos simpaticos nicks) o verdadeiro hipocrita...no mundo real. Pensa nisso.

Quanto ao Filipe, lamento que nao continuem as vossas discussoes no jogo directo, porque por vezes levantavam-se alguns pontos interessantes...mas entendo a atitude do Filipe, Nuno. Foi um acumular. Ele já demonstrava algum cansaço pela forma como o abordavas constantemente com os mesmos argumentos sobre o metodo de avaliaçao dele. Acerca disso, tornou-se muito redundante a vossa discussao e tu foste um verdadeiro melga. Nao que eu concorde com o metodo, mas ainda assim acaba por ter alguns pontos não desprezáveis. Ressalvo ainda assim que considero o Filipe de longe, o melhor blogger sobre futebol deste país.

Nuno disse...

Eduardo, acredita no que quiseres. Como disse, pouco me importa o que as pessoas pensam acerca de mim. Se são inteligentes ou não para me entenderem, é um problema delas. E não me interessa também justificar-me porque, como disse, este "Nuno" não carece de justificação.

Em relação ao Filipe, eu não sei se as discussões vão ou não continuar. Eu continuo a lê-lo com interesse e, achando pertinente, comentarei. O que ele fará com esse comentário fica à sua responsabilidade. Eu não estou, de maneira nenhuma, magoado ou ofendido com o facto de ele estar cansado ou de se ter cansado com o que quer que seja. Agora, se ele, de há uns tempos para cá, passou a analisar coisas de acordo com um método falacioso, as análises tornaram-se necessariamente mais erradas. E isso, não a minha insistência, é que provocou a redundância da discussão. Repara, as discussões centraram-se muito em torno do método e não das análises em si porque as análises passaram a sustentar-se e a serem justificadas pelo método. Se sempre que eu criticava uma observação dele, ele argumentava com o método e com os números, a minha crítica passava a ter de ser direccionada para o método e para os números. Por isso, a redundância da discussão, como tu a entendes, foi provocada pela opção argumentativa do Filipe, não por mim.

Ricardo disse...

"Ricardo, em relação ao Gaitán, há muita coisa em que concordo com o Filipe. Nomeadamente, em relação ao posicionamento do argentino. Isto é, não me parece, de todo, que seja jogador para jogar na posição do Aimar, por exemplo."

Nuno, não defendo minimamente a utilização do Gaitan a 10, pelo contrário, acho que seria um erro tremendo. Defendo, isso sim, numa posição mais avançado, a segundo atacante, como o Saviola, por exemplo. Com liberdade para aparecer nas alas, em trocas posicionais com o Salvio, onde é forte no cruzamento e no um-para-um (ainda que ultimamente tenha estado mais fraco a cruzar) mas também par apoder aparecer em espaços interiores. O que não me parece possível é, tendo em conta a imaturidade que (ainda?) tem no que concerne aos momentos de decisão, justificar a sua utilização numa posição em que está mais exposto ao erro e expõe toda a equipa sempre que erra, prejudicando-a e deixando-a muitas vezes desequilibrada e numa posição fragilizada.

"Para jogar numa posição central, teria de ser numa de atacante."

Claro.

"Mas acho que tem evoluído aos poucos no Benfica. Não o acho tacticamente irresponsável, por exemplo."

Também acho. Tenho defendido isso, aliás: melhorou muito na forma como lê o jogo e se posiciona, melhorou na forma como acompanha os movimentos do adversário e compensa bem as subidas do Coentrão. Tem ainda, porém, alguns momentos de paralisia e displicência mas bem menos do que tinha no princípio da época.

"O seu pior defeito é a sua capacidade de decisão, que ainda precisa de muito trabalho."

Exactamente. O que eu não compreendo é como é possível admitir isto e defender a sua utilização na ala. A menos que uma equipa seja um laboratório de experiências e tempo infinito até ao resultado dar certo, o Benfica não pode dar-se a esse luxo de esperar pelo momento em que o Gaitán deixe de perder bolas suicidas ainda na defesa ou se decida a não fintar gente quando só tem um colega atrás dele, por exemplo.
Por precisar de muito trabalho é que convém, primeiro, não jogar deslocado de onde pode render mais e, segundo, a jogar deslocado, terá de fazê-loe a espaços, entrando em certos jogos e não, como acontece no Benfica, tendo a titularidade garantida.

"Mas, mesmo nesse aspecto, ele não é inferior ao Di Maria. E é muito novo. Acho que não tem sido dos melhores do campeonato, mas também acho que tem justificado o uso frequente no Benfica."

Não percebo a comparação constante que se faz com o Di Maria. São jogadores com características bastante diferentes. O Gaitan é muito mais Saviola do que Di Maria, na minha opinião.

vitor disse...

Confesso que não tive pachorra para ler a entrevista toda. Aborreci-me logo no inico onde se insiste em confundir circulação com posse de bola. Muito menos os comentários, dai as minhas escusas por alguma coisa.

E onde o que realmente importa é o desempenho do Manche que já todos devim ter percebido que não tem manifesa capacidade para fazer o que o treinador lhe pede. E esse fato não tem nada a ver com a idade, há jogadores até mais velhos que o conseguem. O Maniche para além de durar pouco está ainda mais lento do que sempre foi porque não consegue inclusive livrar-se do excesso de peso que sente. Continuará sempre a ser util por exemplo na posse que não implique circulação, portanto em certas aturas do jogo, sobretudo na gestão do tempo, para matar o jogo por exemplo. O fulgor fisico não se evidencia só na corrida, mas também no discernimento.

O médio de transição que houve em Maniche acabou. A outra função do duplo pivot é trinco para a qual nunca adquiriu competências, muito menos agora pesado.

O Maniche pode e deve ser util ao Sporting, assim decida o treinador. É um campeão europeu em actividade num clube numa fase com fraca capacidade financeira. É preciso mais alguma coisa? Quiçá mais de 30 anos de associado, não serão muitos clubes no mundo que se podem gabar disso.

SL

vitor disse...

Só para terminar, os jogadores têm várias valências, o problema do Maniche são estas comparações idiotas com o jogador espanhol ou a que a claque pretendeu com o Moutinho, mais novo uma década.

Conta para o prestigio, para o adversário, é inclusive importante e de que maneira no autocarro. No campo como outro qualquer dependerá sempre do treinador.

SL

Cisto disse...

O metodo do Filipe eh obviamente muito falivel, qualquer imbecil sabe isso. Mas servira para qualquer coisa, como para por exemplo chamar a atencao para determinado jogador. Outros aspctos avaliativos - que sejam mais 'comprehensive' - entao sao usados para confirmar o seu valor.
De resto, cada um faz o que quiser com o 'data'.
Em suma, assumir determinado metodo so traz coisas positivas, como sejam o debate, a critica, a proposicao de novos metodos.
Termino chamando a atencao para este momento marcante na historia dos media, em que quem publica a entrevista eh o entrevistado.

Bruno Pinto disse...

"Não tenho a menor dúvida de que, em Itália ou em Espanha, Ronaldo marcaria menos golos..."

Muito boa pérola.

Ministro disse...

Oh filho duma ganda puta, volta lá para o teu buraco, corrupto filho dum real cabrão

Rocha disse...

Eu acho que tu também ainda nao percebeste o metodo dele completamente.
Se um jogador so tem muitos passes completos mas poucas recuperacoes de bola (vindo do mau posicionamento) e mau comportamento defensivo isto daria uma nota abaixo da média.
E acho que é isso que o chateou, tu assumiste que o Mascherano teria uma boa nota o que mostra que nao percebeste o método.

Nuno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nuno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nuno disse...

Rocha, eu acho, por outro lado, que tu não percebeste o que é que eu percebo.

Critico que se diga que um jogador tem um rendimento óptimo porque tem muitos passes completos, porque o rendimento de um jogador depende de muito mais coisas (esse foi o argumento principal deste texto), mas critico também que se diga que um jogador tem um rendimento bom porque a soma da percentagem de passes completos, das perdas de bola, das recuperações de bola, dos remates à baliza e dos lançamentos de lateral dá números elevados.

O que estás a dizer é que eu não percebi o método por achar que só uma nota de determinada coisa é que daria o rendimento de um jogador. Mas eu não acho nada disso. Eu sei como funciona o método do Filipe. E é por saber que funciona por adições, somando as diferentes coisas que ele acha que são importantes, que não concordo com ele. Aquilo com que não concordo é precisamente o que tu achas que faz todo o sentido.

Repara, de acordo com o método do Filipe, um jogador que recupere muitas bolas, que perca poucas bolas, que faça muitos remates, que tenha uma percentagem de passes elevada, faz um bom jogo. O que eu digo é o seguinte: um jogador assim pode fazer um jogo óptimo e pode fazer um jogo miserável. E a soma dessas coisas não mostra nada.

De resto, mau posicionamento não é equivalente a poucas recuperações de bola, assim como muitas recuperações de bola não é equivalente a bom posicionamento. Uma coisa não depende da outra. De maneira nenhuma.

Miguel Nunes disse...

"De resto, mau posicionamento não é equivalente a poucas recuperações de bola, assim como muitas recuperações de bola não é equivalente a bom posicionamento. Uma coisa não depende da outra. De maneira nenhuma"

clap clap clap

Jk13 disse...

Boas

Para já gostaria de clarificar que não sendo contra a forma de análise do Filipe percebo que ela tem muitas incoerências.

Neste sentido gostava que me respondesses ao seguinte. Tu defines o método do Filipe como sendo incorrecto mas a meu ver ele é o único que apresenta dados, algo fiável, que é igual para todos.
Então, o que te pergunto: é como podemos analisar um jogo se cada um tem a sua forma de ver o jogo em si? Concordo totalmente contigo quando afirmas que as estatísticas não devem ser analisadas de forma demasiado linear, mas, e pegando no teu exemplo, como podemos definir qual é o melhor passe em cada ocasião (um com segurança ou com risco) se cada um tem a sua opinião relativamente à eficácia desse passe? Ou seja, para ti numa situação um passe de risco pode ser bom mas eu posso achar o contrário. Gostava de saber o que achas, e de que forma é que a tua forma de análise pode estar de acordo com diversas opiniões.

P.S. - Peço desc mas não tive paciência para ler todos os comentários, pelo que até podes já ter esclarecido as minhas dúvidas anteriormente.

Grande abraço e bom trabalho

Nuno disse...

Jk13 diz: "Tu defines o método do Filipe como sendo incorrecto mas a meu ver ele é o único que apresenta dados, algo fiável, que é igual para todos."

O que não falta por aí são estatísticas desse tipo. A maior diferença, parece-me, são os desequilíbrios ofensivos e defensivos, que raramente fazem parte de estatísticas normais. De resto, não é apenas por ser um método estatístico que o critico, mas por ser um método estatístico que pretende quantificar o que não pode ser quantificável.

"como podemos analisar um jogo se cada um tem a sua forma de ver o jogo em si?"

Com descrição, análise e argumentos. Não há duas formas verdadeiras de ver o mesmo lance que não possam entender-se com troca de razões.

"como podemos definir qual é o melhor passe em cada ocasião (um com segurança ou com risco) se cada um tem a sua opinião relativamente à eficácia desse passe?"

Não podemos. É esse o ponto. Não podemos defender que o melhor na ocasião X seria o passe 18. Mas podemos dizer que o passe 18 seria melhor que o 13 e que o 25. Mas dizer isto requer análise. O que o método do Filipe faz é qualificar com Bom e Mau o que tem uma natureza gradativa. Repara, para ele, conta positivamente o passe que chega ao destino e negativamente o que não chega. Eu sei de muitos passes que chegam ao destino que são pouco melhores ou trazem benefícios pouco melhores que um passe que não chega ao seu destino. É esta a crítica. Um jogador pode fazer 50 passes que chegam ao destino e fazer uma partida inferior, em termos de qualidade, a um jogador que fez 10 passes chegarem ao destino, mas dos quais se tirou mais proveito do que dos outros 50.

"para ti numa situação um passe de risco pode ser bom mas eu posso achar o contrário."

Para isso é que servem os argumentos. E é por isso que só com análise e argumentação é que é possível aferir se um passe tem qualidade ou não.

De resto, cheguei a fazer em tempos estudos sobre uma partida de um jogador individual. Ainda que limitada, é uma análise que vai mais fundo do que as análises estatísticas do Filipe. Ainda que se preocupe apenas com as mesmas coisas com que o Filipe se preocupa, ou seja, com acções sobre a bola, e não tenho em conta posicionamento, desmarcações, etc., preocupa-se em perceber intenções e não factos. E é isso que deve servir de base a uma análise do rendimento de um jogador, não os números. Como é óbvio, isso não possibilita classificar quantitativamente o jogador. Mas nada o pode.

rui disse...

Nuno, sabes que não há maior fã do que eu das tuas "pérolas", mas agora fiquei preocupado:

Diz-me, esse teu "amigo jornalista" aparece-te muitas vezes ao dia? E é quando estás com outras pessoas ou só quando estás sozinho?

Outra coisa, essas oscilações de personalidade acontecem apenas quando estás na internet, ou também noutras situções?

É melhor ires veres isso, amigo. É frequente os artistas terem problemas psiquiátricos e tu, como grande artista que és, podes sofrer do mesmo.

Acho melhor veres isso, porque parece estar já num estado avançado. Se quiseres ajuda, eu conheço muitos médicos que te encaminharão para um bom especialista.

As melhoras, amigo, e, já sabes, se precisares de ajuda...

Rui Silva

Jk13 disse...

Concordo com o que dizes.
Mas então deixo-te mais uma questão:
O que achas dos estudos científicos na área do futebol? Todos os estudos científicos têm por base dados, estatísticas e números. Então achas que a sua utilidade é reduzida ou nula?

Nuno disse...

Jk13, não conheço tais estudos. Pretendem estudar o quê? Por exemplo, há exames científicos a obras de arte que podem ter relevância, para questões de datação, de autoria, de análise de pigmentos, etc.. Mas esses exames não servem para aferir a qualidade artística dessa obra. Estudos científicos que sirvam para perceber certas coisas em futebol são aceitáveis. Servindo para quantificar o rendimento de um atleta, são disparates.

Mike Portugal disse...

Penso que os estudos que o jk13 se refere são na área da resistência fisica e muscular, recuperação e aspectos de treino.

Bruno Pinto disse...

Entrevista


Valete de Espadas: Liedson, agora que vai partir, que comentário lhe merecem as patetices que o Nuno escreveu sobre si aqui neste blog?

Liedson: Não tenho muito a dizer. É apenas algo "que faz adivinhar um ódio particular que só as crianças, os frustrados e os psicóticos possuem". Como tal, o melhor mesmo é ignorar. Vozes de burro não chegam ao céu.

Valete de Espadas: Muito obrigado por esta curta conversa, 'Levezinho'.

Liedson: Obrigado eu. E um abraço ao Nuno e as melhoras para ele. Vou ter saudades dele.

Ministro disse...

Enrabador de caras feias: Oh Bruno Pinto, tu tens uma puta cara feia.

Bruno Pinto: E tu gostas de enrabar as caras feias ne?

Enrabador de caras feias: Ah pois é, meu panasquinha...

O resto voces adivinham

S L disse...

Estudos científicos que sirvam para perceber certas coisas em futebol são aceitáveis. Servindo para quantificar o rendimento de um atleta, são disparates.

A sua afirmação é que é um gande disparate e revela uma enorme ignorância no que respeita à ciência aplicada ao desporto.

Tudo é mensuravel, até a arte (devia ler mais). O problema é que aqueles que "aparecem" com números, na sua grande maioria, mal sabem a tabuada ou no máximo resolvem com grande dificuldade uma equação do 1º grau. Por isso, arranjam para ali uns números relativos a passes, remates, recuperações, posse de bola, numa cópia rasca das estatísticas da NBA e que pouco medem do que se passa num jogo de futebol, mas que vão servindo para mostrar, julgam eles, que há alguma ciência na análise (inserir gargalhada aqui).

É claro que manter a matemática fora do jogo interessa, se não o que teriam para dizer os analistas qualitativos do alto da sua sabedoria feita de nada?

Nuno disse...

Abutre, então que tipo de números é que, no seu entender, valem a pena serem levados em conta?

E, já agora, o que é que, em arte, é mensurável?

El Mariachi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
El Mariachi disse...

nuno, ainda bem que tens este blog, caso contrário não sei como é que o teu amigo jornalista publicava a entrevista.

Nuno disse...

El Mariachi diz: "ainda bem que tens este blog, caso contrário não sei como é que o teu amigo jornalista publicava a entrevista."

Extraordinário ponto de vista.

El Mariachi diz: "a forma como tu falas sobre o método que o filipe usa, torna óbvio que não o compreendas. a forma como tu depois continuas a dizer sempre a mesma coisa sobre esse método, torna óbvio que tu não o queiras compreender."

É por compreendê-lo bem que falo dele como falo. E qualquer um que ache que o método tem outra virtude que não a de mostrar acontecimentos é que não lhe percebe as limitações. Continuo a dizer sempre a mesma coisa porque, por mais precisos que o método e as contas sejam, limita em muito a percepção do jogo. Quem insiste em não compreender isto é que não compreende nada do jogo.

El Mariachi disse...

é uma pena

O PESSOAL disse...

Nuno, à uns bons velhos tempos que sigo as tuas discussões com o Filipe, e sempre notei um pouco de inveja...

Ao vizualizar isto, muito sinceramente, fiquei com pena de ti e espero mesmo que peças ajuda a alguém, pois o que se passa dentro da tua cabeça é muito grave, eu nao falo isto com rancor, mas sim com pena, porque em tudo na vida os números são importantes e como o Filipe já te disse 30 000 vezes a estatistica dele serve para suportar uma base de opiniao.

A tua "entrevista" é simplesmente ridícula e mais uma vez prova que de facto não és bom da cabeça!!"

Li a entrevista em Z e é uma pouca vergonha o que andas para aqui a fazer... Dedica te ao futebol americano... mas não vás chatear outro gajo tipo o filipe do futebol americano... se calhar é melhor mesmo nao te dedicares a nada porque invariavelmente vais te tornar sempre uma melga para alguém...

Abraço e as melhoras...

Nuno disse...

Claro, tu que escreves "há" sem "h", que lês as coisas em Z e dizes mal delas, e que achas que os números são importantes para tudo, é que és o tipo saudável. Faz todo o sentido...

El Mariachi disse...

é verdade, nuno. as pessoas cometem erros ortográficos e têm defeitos.

Unknown disse...

"Eu, ao contrário da grande maioria das pessoas, gosto que ataquem as minhas ideias, sobretudo se os argumentos com que o fazem forem fortes. É com a força dos argumentos contrários que o meu pensamento e as minhas ideias evoluem."

Alguém que chama idiotas, entre outros insultos a todos quanto não concordam com as suas ideias, tem realmente muita vontade de discussão.
Bem sei que a minha opinião não te importa, mas moderação é sempre bom. Insultar pessoas só por terem ideias contrarias revela falta de inteligência. E logo tu que dás tanta importância a esse aspecto.

Dito isto, concordo com algumas das coisas que dizes em relação ao método e ao futebol em geral. Mas não concordo com tudo. Também não te vou dar o gosto de estar a trocar argumentos "como tu tanto gostas". Ou seria tu insultares todas as minhas ideias e continuarias a considerar isso uma discussão?...

Ah e a encenação que foi uma conversa? Só rir... basta comprar com outras conversas contigo mesmo e dá para perceber que tu fizeste as perguntas e as respostas. Coisa tão bonita de se ver. É isso que tu chamas argumentar? Iludes-te a ti proprio. Tens razão em algumas coisas, mas não tens razão em tudo, nem nada que se pareça.

Nuno disse...

Rome, chamo idiotas aos que vêm aqui insultar ou dizer disparates, não argumentando. Não chamo idiota a ninguém que pretenda apenas ter uma discussão e que use argumentos. Há uma diferença grande que às vezes é imperceptível entre vir fazer barulho e vir discutir. Não gosto muito de barulho.

"Ah e a encenação que foi uma conversa? Só rir... basta comprar com outras conversas contigo mesmo e dá para perceber que tu fizeste as perguntas e as respostas."

Uhh!! Jura!

Unknown disse...

Olha que não, olha que não. Tu em varios "post" que fizeste, insultaste toda e qualquer pessoa que tivesse uma ideia diferente da tua.

É só ir lendo os vários posts que fizeste para ver isso. E eu nem tenho nada a ver com isso, cada um faz o que quer e bem lhe apetece. Só acho estranho defenderes que gostas que ataquem as tuas ideias e de discussões. Tu já antes das discussão estás a insultar quem poderia entrar nela.

Juro. E ainda juro mais, tu quiseste dar a entender que se tratava verdadeiramente de uma entrevista que o "teu amigo jornalista" te fez.
Tirando o final que é meio ambíguo, tu transmites uma ideia errada. Provavelmente para tentar enganar alguém menos atento. Não sei qual foi a intenção. Eu só vejo uma intenção ridícula. Se tiveres uma melhor e me a explicares, terei todo o gosto em dizer que estás certo.

Ah e já agora, o Filipe tem noção que o método dele não é totalmente fiável. Tens razão quando o afirmas, mas também não é menos verdade que ele próprio já o afirmou algumas vezes também. Agora é claro que ele tem que defender o seu método. Tens razão quando fazes por exemplo distinção na dificuldade\risco dos passes. Mas também não é menos verdade que ao fim de muitos jogos e muitas análises, o valor médio vai-se aproximar de uma valor minimamente aceitáveis. Ou achas que um jogador em 30 jogos vai sempre fazer passes de baixo grau de dificuldade? Pode até fazer. Mas na média, o método pode torna-se interessante.
Apesar da diferença entre cada tipo de jogo, acho interessante poderem-se comprar por exemplos os centrais dos 2 grandes. Fazem os mesmo jogos, contra as mesmas equipas, porque não comprar? Não quer dizer que o resultado não vá ser totalmente falacioso. Mas para avaliares qualquer jogador, não vais ver só um jogo, ou vais? O método que o Filipe usa é a longo prazo e nunca para um jogo apenas.

Mas chega disto que até parece que eu sou um grande fã do método. Apenas quero dizer que tem alguma coisa boa para retirar dele. O que não quer dizer que seja melhor do que uma observação atenta.

Só para terminar. Uma coisa que me parece boa para aquele método, é o facto de poderes olhar para as estatísticas de uma equipa ao longo de toda a época e mesmo sem conheceres um jogador, ele poder-te chamar à atenção pelos seus números. É o que acontece com os avançados, boa parte das vezes. Primeiro vê-se que ele marca muitos golos, só depois é que se vai procurar saber o resto Não digo que seja o mais correcto, mas é o que acontece.
Porque não utilizar isso para outra posição? Não me parece muito provável que o Pirlo falhe muitos passes (podia ter pegado num jogador do barça, mas seria fácil demais). E o Pirlo não anda propriamente a fazer passes para trás e para o lado. Só olhando para as estatiticas dele, poderia ser um jogador a observar com mais atenção.

Pode acontecer que um jogador tenha um nível de interceptações por jogo, fantástico. Mas jogar numa terceira divisão e destacar-se mais por isso. Pode acontecer que o tipo de jogo da equipa potencie esse desempenho fantástico (o caso do macherano que falaste), mas não vais comprar o jogador só olhando ás estatiticas, tens que o observar. Podes apanhar grandes "barretes"? Podes sim senhor. Mas é uma ferramenta que te pode ajudar a escolher para observação este ou aquele jogador. Nesta altura chegar antes de outro clube por uns dias, pode fazer a diferença.
Acredito que pode ser útil. O que não quer dizer que seja perfeito ou o ideal. Mas ninguém tem tempo para ver tantos jogos ou ter tantas pessoas com a competência necessária para dizer "olha, este vale mesmo a pena seguir".
Como tu mesmo dizes, existe muito boa gente ligado ao futebol que pouco percebe sobre ele.

Nuno disse...

"tu quiseste dar a entender que se tratava verdadeiramente de uma entrevista que o "teu amigo jornalista" te fez."

Eu tenho o estranho hábito de escrever com a presunção de que as pessoas que me lêem são inteligentes. Infelizmente, nem sempre é assim.

El Mariachi disse...

nuno diz

"Rome, chamo idiotas aos que vêm aqui insultar ou dizer disparates, não argumentando. Não chamo idiota a ninguém que pretenda apenas ter uma discussão e que use argumentos. Há uma diferença grande que às vezes é imperceptível entre vir fazer barulho e vir discutir. Não gosto muito de barulho."

o rome faz um texto em que expõe o ponto de vista dele, sempre a argumentar validamente.

nuno responde

"Eu tenho o estranho hábito de escrever com a presunção de que as pessoas que me lêem são inteligentes. Infelizmente, nem sempre é assim."

Nuno disse...

El Mariachi diz: "o rome faz um texto em que expõe o ponto de vista dele, sempre a argumentar validamente."

El Mariachi, não sabes o que é argumentar. O que o Rome fez foi barulho. E eu, como já disse, não gosto de barulho.

El Mariachi disse...

esclarece-me uma coisa: tu estás mesmo a falar a sério?

Nuno disse...

A resposta mais adequada à tua pergunta é: depende.

El Mariachi disse...

porque é que fizeste questão de frisar que essa era a resposta mais adequada? normalmente as que dás não são adequadas?

Nuno disse...

Foi exactamente por isso, Alexandrino...

El Mariachi disse...

isso teve imensa piada. tu pegaste no nome de um adivinho popular com uma fama duvidosa, e atribuíste-o a mim. assim implicas que eu sou um personagem tipo o Alexandrino, enquanto ironizavas sobre uma eventual perspicácia minha.
que astúcia!

e tudo isso com reticências no fim, que é para mostrar que a frase ainda não tinha acabado (ou então era só para dar o tom irónico).

Unknown disse...

Que choque...o tipo que gosta de discutir ideias, tem como resposta a um texto enorme, uma tentativa de insulto à minha inteligência. Eu acabo de dizer que tu ias terminar a discussão dessa forma e tu só confirmas. És sempre assim...

E tens aí um erro. Tu não escreves com "a presunção". Tu escreves com presunção! Que é diferente. Mas tu como tipo de inteligência superior, sabes bem ver que é diferente...

Engraçado que te queixas que o Filipe apagou comentários teus para preservar a inteligência dos leitores. Tu no comentário que fazes, dizes mais ou menos o mesmo. Mas claro, o Filipe é que agiu muito mal. É bem pior apagar comentários do que classificar de burros, leitores que nem se conhece.

El Mariachi, deixa estar. Já esperava uma resposta desse nível, do tipo que mais sabe de futebol ao cimo da terra. Ele faz um texto entrevista, porque é muito inteligente, os outros tentam debater argumentos e são apenas poucos inteligentes, fazendo apenas barulho. Ainda hei-de ver no dicionario o que é "fazer barulho", porque discutir eu sei o que é, e aparentemente a palavra não se adequa á situação. Talvez se fosse o sábio a falar, já não fosse "fazer barulho". Afinal de contas é um iluminado, quase um deus. Só ele sabe tudo e só ele tem a razão. Quando ele fala devemos escutar com toda a atenção e NUNCA discutir, pois só vamos estar a fazer barulho e nunca iremos saber nada de nada.
Tanta coisa e não me explicaste porque razão fizeste uma entrevista falaciosa. Eu não tenho culpa de não ser tão inteligente como tu e gostaria de saber qual foi o motivo tão inteligente que fez com que tivesses que fazer passar a ideia de que era uma entrevista real.

Engraçado que foi ontem que me lembrei porque razão tinha deixado de ler este blog. Nunca tive nenhuma discussão contigo, mas é fácil adivinhar as tuas reacções. E também não acho muita piada a quem insulta tudo e todos só porque não partilham da opinião do sábio.

Nuno disse...

Rome diz: "Que choque...o tipo que gosta de discutir ideias, tem como resposta a um texto enorme, uma tentativa de insulto à minha inteligência."

Rome, o teu "texto enorme" não é um texto argumentativo. Eu gosto de discutir ideias, mas com pessoas. Sobretudo porque as pessoas sabem argumentar. Com batráquios, prefiro fazer conversa fiada. O teu primeiro comentário foi para criticar a minha postura, a minha reacção às críticas, e não para argumentar o que quer que fosse. Dizes, inclusivamente, isto: "Também não te vou dar o gosto de estar a trocar argumentos "como tu tanto gostas"." Confessas ostensivamente que não vinhas cá para argumentar nada, mas apenas para criticar o modo como eu modero conversas e o tipo de imoralidade que tu achas que eu tenho. Ou seja, só vieste cá fazer barulho. Respondi-te isto: "chamo idiotas aos que vêm aqui insultar ou dizer disparates, não argumentando. Não chamo idiota a ninguém que pretenda apenas ter uma discussão e que use argumentos. Há uma diferença grande que às vezes é imperceptível entre vir fazer barulho e vir discutir. Não gosto muito de barulho." Como vês, o que vieste cá fazer permite-me chamar-te idiota, porque não apresentaste qualquer argumento e nem tiveste esse interesse. A seguir, mentes, e dizes que eu insulto todos os que têm uma opinião diferente da minha. Depois, não percebes uma intenção básica da minha parte e queres à força que eu tenha tido uma intenção que não tive. Não há, até aqui, nenhum argumento. Apenas barulho e mais barulho. Depois, finalmente, após muito barulho, falas um pouco do método do Filipe. Não comentei essas observações porque todas elas estão rebatidas no texto ou depois em comentários a outras pessoas. Como vês, não trouxeste argumentos novos ou o que quer que fosse que valesse a pena ser comentado. Quando fiz o último comentário, fi-lo apenas dirigindo-me à insinuação de que tinha tentado enganar os leitores, porque era a única coisa de que valia a pena falar. E disse que um leitor inteligente jamais ficaria com essa impressão. Se não te enquadras e insistes em afirmar que houve tentativa de enganar, então a conclusão é óbvia. De resto, escrever um texto enorme não significa escrever muitas coisas interessantes e, muito menos, escrever algo sustentado por argumentos. Repito: tu vieste cá essencialmente fazer barulho. E eu não gosto de barulho.

"Engraçado que te queixas que o Filipe apagou comentários teus para preservar a inteligência dos leitores. Tu no comentário que fazes, dizes mais ou menos o mesmo."

Não, eu, no comentário, digo que escrevo assumindo que os meus leitores são inteligentes e que, por isso, vão perceber as minhas intenções. Que é que isso tem a ver com apagar comentários para proteger a inteligência de leitores?

"Tanta coisa e não me explicaste porque razão fizeste uma entrevista falaciosa. Eu não tenho culpa de não ser tão inteligente como tu e gostaria de saber qual foi o motivo tão inteligente que fez com que tivesses que fazer passar a ideia de que era uma entrevista real."

Em primeiro lugar, volto a repetir que não quis passar essa ideia e que só alguém com pouca capacidade intelectual acharia isso. Depois, não tenho que te explicar nada. Ou também achas que o Fernando Pessoa te teria de explicar por que razão decidiu escrever em nome de outros e não em seu nome?

El Mariachi disse...

só alguém com pouca capacidade intelectual é que acharia que o texto abaixo é uma tentativa de passar por uma entrevista real.

"Um amigo jornalista que começou a visitar com frequência blogues de futebol nos últimos tempos, perfilhando a ideia inteligente de que a utilidade de qualquer discussão se baseia na troca de argumentos, perguntou-me outro dia o porquê das recentes hostilidades entre o Filipe do Jogo Directo e eu. Segundo ele, reproduzindo ideias que outras pessoas já expressaram, o debate sobre futebol tem a ganhar com as discussões que nós temos e seria interessante mantê-las. Disse-lhe que os argumentos são a maior arma numa discussão e que há pessoas que assumem posições fáceis quando os argumentos as conduzem para becos sem saída. Como ele não percebeu o que eu queria dizer, iniciou uma conversa que, pelo vício da sua profissão, aqui reproduzo em forma de entrevista. Para o distinguir, chamemos-lhe Rei de Copas."

Nuno disse...

Precisamente da mesma forma que só alguém com pouca capacidade intelectual é que acharia que o texto abaixo é uma tentativa de passar por uma conversa real:

"Ontem fui até ao Pireu com Gláucon, filho de Aríston, a fim de dirigir as minhas preces à deusa, e, ao mesmo tempo, com o desejo de ver de que maneira celebravam a festa, pois era a primeira vez que a faziam. Ora a procissão dos habitantes dessa terra pareceu-me linda; contudo, não me pareceu menos aprimorada a que os Trácios montavam. Depois de termos feito preces e contemplando a cerimónia, íamos regressar à cidade. Entretanto, Polemarco, filho de Céfalo, que, de longe, observou que estávamos de abalada, mandou o escravo a correr, para nos pedir que esperássemos por ele. Agarrando-me no manto por detrás, o escravo disse: - Polermarco pede-vos que espereis. - Eu voltei-me e perguntei-lhe onde estava o seu senhor. - Está já aí - replicou -; vem mesmo atrás de mim; esperai. - Esperamos com certeza. - disse Gláucon.

E pouco depois chegou Polemarco e Adimanto, irmão de Gláucon, Nicérato, filho de Nícias, e outros mais, com ar de quem vinha de procissão.

Disse então Polermarco: - Ó Sócrates, parece-me que vos estais a pôr a caminho para regressar à cidade.

- E não conjecturas mal - declarei."

O texto acima corresponde ao início da República de Platão. E é óbvio que o intuito dele era enganar os leitores e fazer com que todos acreditassem que os seus diálogos eram conversas verdadeiras. Aliás, é engraçado que, na República, Platão vai defender precisamente que os artistas devem ser expulsos da cidade, com o argumento de que são charlatães e a arte leva as pessoas a confundir coisas. O medo que Platão tinha em relação à arte tinha que ver com o facto de as pessoas vulgares, vítimas de um intelecto inferior, poderem confundir imitações com coisas reais, mais ou menos a mesma confusão que certos palermas conseguiram fazer com o meu texto. Este exemplo não poderia ser, por isso, mais adequado.

P.S. El Mariachi e Rome, francamente, até o Bruno Pinto percebeu a intenção da entrevista.

El Mariachi disse...

boa! agora cita um texto completamente irrelevante do Dante Alighieri e ficamos todos convencidos de que és tão culto que só podes estar certo!

Nuno disse...

Queres explicar por que é que o exemplo do Platão é irrelevante para esta conversa? É que se encena uma conversa entre duas personagens com uma intenção não de fazer os leitores acreditarem que as situações encenadas tenham acontecido mas com a intenção de escrever um texto sobre determinado assunto. E isto é exactamente o mesmo que eu fiz. Fica, por isso, provada a relevância do exemplo e a imbecilidade do teu comentário.

El Mariachi disse...

é verdade, ó nuno.
eu quando li "É que se encena uma conversa entre duas personagens com uma intenção não de fazer os leitores acreditarem que as situações encenadas tenham acontecido mas com a intenção de escrever um texto sobre determinado assunto. E isto é exactamente o mesmo que eu fiz.", ou seja, antes de ler a última frase, eu até cheguei a pensar: "está tudo provado! eu sou um imbecil e a República do Platão é relevante!"

César Silva disse...

"No futebol, a matemática e as estatísticas não têm nem podem ter a mesma capacidade explicativa que têm noutras áreas." > Ahahaha desculpa lá mas não percebes nada de futebol...!

Nuno disse...

César, no dia em que conseguires explicar por que é que achas o contrário, talvez te leve a sério...

César Silva disse...

A matemática e a estatística são, para o futebol e muitos outros, uma ferramenta... essencial ou não, fica ao critério de quem as utiliza. Como medes esse factor "capacidade explicativa"? Não medes... é simplesmente a tua opinião! Estamos a falar de ciências exactas que, quando estudadas todas as variáveis (de um jogo de futebol por exemplo), permitem a quem não viu o jogo em questão retirar ilações que de outra forma não se produziriam. Não podemos retirar aos números a importância que eles têm. Sinceramente, a explicação que pediste nem me parece necessária...
Repito, a estatística tem a importância que o utilizador lhe dá; são números que existem para ser interpretados.

César Silva disse...

O que a meu ver te perturba em relação ao Filipe do "Jogo Directo", não é a sua opinião ou a base das mesmas, mas principalmente o enriquecimento gráfico e estatístico ao mais alto nível do qual podemos usufruir no blog dele. É um acréscimo de informação que rejeitas pela incapacidade de o reproduzires. Pão pão, queijo queijo.

Nuno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nuno disse...

César, ser uma ferramenta é uma coisa, ser um instrumento com poder explicativo privilegiado é outra. A estatística serve para perceber tendências, nunca para aferir rendimentos qualitativos. O argumento é que a qualidade não depende da quantidade. Logo, os números, que só dizem respeito à quantidade, não podem explicar a qualidade.

Não se trata, como pensas, de uma opinião. E não o é porque há um trabalho argumentativo a suportar esta ideia. Tu achas que os números são importantes porque sim. Eu explico-te por que é que não são. De resto, o futebol é tudo menos uma ciência exacta. Mostrar que um jogador fez x passes, y remates e roubou z bolas não diz nem 1% do que foi o jogo. As pessoas é que se contentam apenas com os números, porque se habituaram a ver futebol como soma de coisas. Isso não significa que os números tenham a importância que pensas que têm.

Em relação ao modelo do Filipe, sim, é inveja. Não sou capaz de fazer contas nem tenho dinheiro para comprar máquinas de calcular, por isso tenho inveja.

Jay disse...

Nuno, imagina veres um jogo e pensar "o maldini estava em todo o lado! cortou as bolas todas!". depois vais a ver e apenas cortou 4 bolas. o tassotti, por outro lado, cortou 16 bolas e nem deste por ele. Estavas sobrevalorizar um gajo, enquanto ignoravas o grande contributo de outro.

Outro reparo: acabaste de admitir que não sabes fazer contas (sim, ironicamente, mas não escondes que matemática não é de todo a tua especialidade).
Sendo que o Filipe já disse mais do que uma vez que é formado na área de matemática e que inclusive trabalha e investiga estatística há vários anos, então tenho que te fazer esta pergunta:
porque é que insistes em dizer que ele está errado, ignorando sequer qualquer explicação por parte dele?
Garanto-te que sou dos primeiros a acompanhar o blog dele, e sempre tive a par das vezes que ele teve que te aturar.
Tu disseste mal do método dele. Ele explicou-te falhas no teu argumento, chegando até a dar exemplos. Tu em vez de tentar perceber o que ele te disse, insististe sempre no mesmo argumento, só que com sucessivamente mais parágrafos.

A conclusão que tiro é que para ti uma discussão é uma espécie de competição de argumentos. Não interessa-te a validade do argumento dos outros, nem tens o mínimo interesse em aprender com o que as outras pessoas te tentam ensinar (e várias pessoas como o filipe, ou até este césar são notoriamente mais inteligentes que tu), nem sequer tens a preocupação de debater argumentos; procuras falhas de português ou uma frase menos coerente num texto enorme, para apontares que o texto não é perfeito, ergo tu tens razão (viste? latim!). Ou seja para ti é "ganhar com argumentos". E a tua táctica costuma ser ganhar por cansaço.


E mais um conselho: tu és péssimo no sarcasmo! a sério! e aqui só tens a ganhar: deixa o sarcasmo para os adultos.

Nuno disse...

Jay diz: "imagina veres um jogo e pensar "o maldini estava em todo o lado! cortou as bolas todas!". depois vais a ver e apenas cortou 4 bolas. o tassotti, por outro lado, cortou 16 bolas e nem deste por ele. Estavas sobrevalorizar um gajo, enquanto ignoravas o grande contributo de outro."

Pois, o próprio exemplo invalida a possibilidade de isto ser um contra-argumento. Nunca justificaria qualidade com "estar em todo o lado" ou "cortar muitas bolas". O meu argumento é que todos os que acham que a qualidade depende de factores contáveis (é o caso do Filipe e é o teu) estão enganados. O teu exemplo não serve para contra-argumentar isso.

"porque é que insistes em dizer que ele está errado, ignorando sequer qualquer explicação por parte dele?"

Isto é mentira. Ainda ontem (ou anteontem), concordei com o texto que o Filipe escreveu. A razão pela qual concordei deveu-se ao facto de estar a defender coisas que as estatísticas podem ajudar a perceber. Tratava-se da capacidade do Benfica em lances de bola parada. Nesse caso, os números são factos. Porque dizem claramente que os centrais do Benfica marcam mais golos que os outros em lances desse tipo. Não é contra isso que me posiciono, mas contra o facto de o rendimento de um jogador (a sua qualidade em campo) ser medida pela quantidade de coisas que fez. É contra isso que estou. De resto, é absolutamente falso que não queira ouvir explicações. Isso é mentira tua.

"Tu disseste mal do método dele. Ele explicou-te falhas no teu argumento, chegando até a dar exemplos."

Novamente, mentira.

"Tu em vez de tentar perceber o que ele te disse, insististe sempre no mesmo argumento, só que com sucessivamente mais parágrafos."

Mentira.

"Não interessa-te a validade do argumento dos outros"

Mentira.

"nem sequer tens a preocupação de debater argumentos"

Mentira estúpida.

"procuras falhas de português ou uma frase menos coerente num texto enorme, para apontares que o texto não é perfeito, ergo tu tens razão (viste? latim!)."

Agora foi só estupidez.

Jay disse...

Nuno disse:"Pois, o próprio exemplo invalida a possibilidade de isto ser um contra-argumento. Nunca justificaria qualidade com "estar em todo o lado" ou "cortar muitas bolas". O meu argumento é que todos os que acham que a qualidade depende de factores contáveis (é o caso do Filipe e é o teu) estão enganados. O teu exemplo não serve para contra-argumentar isso."

não aprendes nada com o que te dizem? pára de dizer sempre o mesmo!
como é que podes achar que descobrir que, ao contrário do que te parecera, um jogador contribuiu para o performance da equipa não é uma boa forma para ajudar a perceber o jogo?

"isto é mentira. (...) lances desse tipo."

pois, tu concordaste que ver o número de golos que os centrais do benfica marcaram ajuda a...ver o número de golos que os centrais do benfica marcaram.
lá está, parece que não voltaste a perceber o porquê. o que o filipe fez foi mostrar esse facto para apoiar a sua análise.
ele depois até diz "...o Porto beneficia de uma maior eficácia, particularmente pela inspiração recente de Otamendi. Uma inspiração que, segundo estes dados, terá muito poucas hipóteses de se prolongar no tempo". Ou seja, ao apresentar-se-lhe um resultado que não se enquadra com a nossa percepção, há que tentar perceber o porquê disso, seja uma anomalia ou seja algo que nunca tinhas reparado e acabas por descobrir, tornando-te melhor na tua análise.
Já agora, a pequenez deste teu argumento é...grande: primeiro dizes que esta estatística é boa, mas que as outras, as que ele faz todos os jogos, é má (perdoa-me a simplificação). Mas já reparaste que estes dados que ele apresentou foram obtidos a partir dessas estatísticas que ele faz jogo após jogo? e que, já agora, é baseado no factor "desequilíbrios ofensivos", que é o maior factor (fora golos e assistências) das avaliações do método dele?
e desde quando é que tu teres concordado com ele sobre um aspecto tem relevância nesta conversa?


acerca da sequência de "mentira" e derivados:

Ao estares a dizer "mentira" a tudo sem explicares nada, estás apenas a provar o que eu dis...espera aí!
Ai seu maroto!
Estavas a ser sarcástico, não estavas? E tudo por causa do que eu disse no fim. Que astuto que ele é!
(para os adultos, nuno. deixa o sarcasmo para os adultos)

Jay disse...

AH!
quase me esquecia:

nuno disse: Não é contra isso que me posiciono, mas contra o facto de o rendimento de um jogador (a sua qualidade em campo) ser medida pela quantidade de coisas que fez. É contra isso que estou.

uau! uau!
isto é...nem sei. genuinamente nem sei o que é!
(e não venhas dizer "é pela qualidade e não quantidade". porque isso sim, já sei o que é)

Unknown disse...

ÓH nUNO PAGA É O Q DEVES QUE HÁ TRÊS ANOS QUE O DEVES PÁ!!!!
EM VEZ DE DIZER ASNEIRA!

Nuno disse...

Jay, tenho pouca paciência para estar a dizer a uma criança que um rebuçado faz mal aos dentes. No mundo adulto, as discussões resolvem-se com argumentos. Foi o que tentei fazer. A tua argumentação é dizer as mesmas coisas, dizer que eu mantenho o mesmo argumento quando claramente não o faço, dizer que não, que não, que não... Vou-te responder, pela última vez, às coisas que dizes, para te mostrar que estás errado em cada uma delas.

"não aprendes nada com o que te dizem? pára de dizer sempre o mesmo! como é que podes achar que descobrir que, ao contrário do que te parecera, um jogador contribuiu para o performance da equipa não é uma boa forma para ajudar a perceber o jogo?"

Se disse o mesmo, foi porque não o percebeste. E a prova em como não percebeste está no exemplo que deste. Pelo teu exemplo, achas que é importante saber o número de bolas que o Maldini recuperou para aferir a sua contribuição para a "performance da equipa". É contra isto que estou. Tu, pelo exemplo e pela pergunta que fazes agora, achas evidente que ter o conhecimento de certos números ajuda a perceber o rendimento desse jogador. Eu acho ajuda a perceber a participação, em termos quantitativos, desse jogador no jogo, mas não o rendimento. E por uma única razão, que foi a que te expus: o rendimento não pode ser calculado pela soma de coisas contáveis. Fica demonstrado que o que disse não foi redundante e que, se insisti nisso, foi pela óbvia razão de ainda não teres percebido o que realmente queria dizer com isso. Finalmente, respondendo concretamente à tua pergunta: descobrir que um jogador fez menos cortes do que me parecera só me ajuda a perceber que fez menos cortes do que me parecera. Não me ajuda a perceber nada acerca do seu rendimento. Nada.

"tu concordaste que ver o número de golos que os centrais do benfica marcaram ajuda a...ver o número de golos que os centrais do benfica marcaram."

Tu, definitivamente, não sabes ler. O que disse foi: "Nesse caso, os números são factos. Porque dizem claramente que os centrais do Benfica marcam mais golos que os outros em lances desse tipo." Ou seja, não só ajuda a ver o número de golos que os centrais do Benfica marcaram, mas também a comparar o número de golos que os centrais do Benfica marcaram com o que os centrais de outras equipas marcaram.

"lá está, parece que não voltaste a perceber o porquê. o que o filipe fez foi mostrar esse facto para apoiar a sua análise."

Mas qual análise? Ele usou esses dados para demonstrar que era mais provável que o jogo se definisse nas bolas paradas para o lado do Benfica do que para o lado do Sporting. Não foi feita análise nenhuma.

"Já agora, a pequenez deste teu argumento é...grande: primeiro dizes que esta estatística é boa, mas que as outras, as que ele faz todos os jogos, é má (perdoa-me a simplificação). Mas já reparaste que estes dados que ele apresentou foram obtidos a partir dessas estatísticas que ele faz jogo após jogo?"

Jay, o que este excerto demonstra é que, se há alguém que não percebe o que os outros dizem, és tu. Eu nunca disse que as estatísticas são más. Aliás, até gabo o esforço e a minúcia da coisa. O que critico é o poder explicativo que lhe é dado. Resumindo, não acho que esta estatística é boa e as outras são más. Acho que as estatísticas do Filipe são boas e bem feitas. Todas. O que acho mal feito é o aproveitamento que faz delas. E a razão, uma vez mais, é o tipo de uso que lhes dá. Enquanto as usar para explicar tendências, são ferramentas óptimas. Quando tenta explicar rendimentos, espalha-se ao comprido. Neste caso, não as usou para explicar rendimentos individuais de ninguém. Usou-as para tornar evidente que o Benfica, sobretudo pelos seus centrais, é mais ameaçador nas bolas paradas do que os outros grandes. Para esse tipo de conclusões, as estatísticas dele são muito boas.

Nuno disse...

"e desde quando é que tu teres concordado com ele sobre um aspecto tem relevância nesta conversa?"

Desde que fizeste esta acusação falsa: "insistes em dizer que ele está errado, ignorando sequer qualquer explicação por parte dele". Ou seja, mostrei-te, com um bom exemplo, que a acusação é falsa, que não insisto em que ele esteja errado e que não ignoro qualquer explicação dele. Mostrei-te que não o critico por capricho, mas por uma razão válida.

"Ao estares a dizer "mentira" a tudo sem explicares nada, estás apenas a provar o que eu dis...espera aí!
Ai seu maroto!
Estavas a ser sarcástico, não estavas? E tudo por causa do que eu disse no fim. Que astuto que ele é!
(para os adultos, nuno. deixa o sarcasmo para os adultos)"

Não, Jay, não era sarcasmo. Podia ser, mas não era. Era mesmo mentira, tudo o que disseste. Não te expliquei por que é que era mentira porque isso era auto-evidente. Dizias, de várias formas diferentes, que não me interssa o debate nem a validade dos argumentos. Isso é mentira. Tens este blogue e todas as minhas intervenções em outros blogues a comprová-lo. Não é preciso justificar mais nada.

Abreviando, vens aqui com a única intenção de dizer que eu não faço o que digo que faço, que é discutir baseando-me em argumentos. Mostrei-te que estás enganado e insististe em dizer que não, como uma criança a fazer birra. Dei o benefício da dúvida e voltei a mostrar-te que estás enganado. Ou voltas com ideias e com argumentos, interessado em discutir alguma coisa relevante, ou não voltarei a perder tempo com as tuas meninices. Não tenho tempo para crianças, nem para adultos a comportarem-se como crianças, nem para analfabetos.

Nuno disse...

Monsieur Homais, és tão triste, que até dá pena. Não me digas que o LIDL está a fazer cortes orçamentais e não tens mais nada para fazer...

Jay disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Nuno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jay disse...

que roubalheira!

Unknown disse...

então invejoso, está tudo?