quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Andar de Carroça

O Tottenham, desde que Juande Ramos foi despedido e Redknapp assumiu as rédeas da equipa, tem ganho quase sempre. Para muitos, está melhor. Para mim, não. A principal diferença é que, antes, a equipa tinha um automóvel topo de gama, mas os jogadores não sabiam conduzi-lo. Agora, tem uma carroça que vai, de socalco em socalco, vencendo os obstáculos que lhe aparecem pela frente. Mas isto apenas até ficar atascada numa poça de lama. Os jogadores, acostumados ao que aprenderam, habituados às leis em que foram formados, só sabem jogar de uma maneira. Estão formatados para jogar à inglesa e, qualquer que seja a alteração, reagem mal. Talvez Juande Ramos não tenha sido suficientemente competente para ensinar os seus pupilos a conduzir um automóvel tão bom, mas a verdade é que, assim que lhes facilitaram as coisas, assim que chegou um treinador inglês, igual a todos os outros treinadores ingleses, começaram a ter resultados. E começaram a tê-los porque voltaram a jogar do mesmo modo que jogaram toda a vida, de um modo fácil que, por estarem habituados, lhes permite pôr o seu valor individual em destaque.

Mas, deste modo, o futebol do Tottenham nunca passará disto, nunca será mais do que essas individualidades. No fundo, a saída de Juande Ramos, embora tenha feito com que os resultados começassem a surgir, representa a estagnação evolutiva da equipa. A partir de agora, o Tottenham será só isto. É verdade que tem valores fantásticos, mas como colectivo jamais chegará onde poderia chegar com o treinador espanhol. Em Inglaterra, prefere-se andar de carroça. Quando se pega num automóvel, não se sabe conduzi-lo. A máquina que Juande Ramos poderia criar era claramente superior à que Redknapp algum dia poderá vir a construir, mas os jogadores, acostumados a conceitos simples e a jogar essencialmente com o coração, não souberam fazer parte dela. Provavelmente, estarão até mais felizes agora, que começaram a ganhar. Infelizmente, estar feliz significa, por norma, não ter consciência do quão pequeno se é. Estes jogadores, ainda que sorridentes pelas vitórias recentes, não têm consciência do que perderam. Com Juande Ramos, o potencial a que cada um deles poderia chegar seria, por certo, muito maior do que alguma vez virá a ser. Lá está, é o hábito de andar de carroça, o hábito de ser pequeno.

26 comentários:

Gonçalo disse...

Epah... Já vi qualquer coisa deste tipo...

Anónimo disse...

O Ramos podia era vir para o Porto...

Sinceramente, acho que o Tottenham teve alguns erros de mercado este ano, não sei se foi culpa dele ou não...Um mexicano e um russo na frente é capaz de não ser a utopia da facilidade de comunicação..

De qualquer maneira, também concordo que Redknapp não é melhor que Ramos, mas a verdade é que os resultados têm aparecido, e, infelizmente, o pragmatismo é cada vez mais o preferido em deterimento do espectáculo...


abraço

Carlos Saraiva disse...

Juande Ramos e Redknapp são diferentes. O espanhol gosta de bom futebol, apoiado e de passe curto, o inglês é isso mesmo, inglês, ou seja chuto na frente, sobe Candal, chuta... golo.

http://chutodeletra.blogspot.com/

Carlos Saraiva disse...

Juande Ramos e Redknapp são diferentes. O espanhol gosta de bom futebol, apoiado e de passe curto, o inglês é isso mesmo, inglês, ou seja chuto na frente, sobe Candal, chuta... golo.

http://chutodeletra.blogspot.com/

Anónimo disse...

Já não vês o Candal jogar há algum tempo pá... Essa expressão já nem se usa xD

José Lemos disse...

Juande Ramos era para mim um problema no Tottenham..Chegou ao clube mais do que a tempo de preparar esta época, e o que se tinha visto é que não tinha ideias definidas, fazendo uma rotatividade exagerada e utilizando jogadores fora da sua posição de origem (mesmo quando não tinha lesionados).

Obviamente que Redknapp não é o melhor treinador do mundo, mas é um homem muito respeitado em Inglaterra e concerteza o mais indicado para tirar o Tottenham do fosso em que se encontrava - os resultados falam por si. Agora, certamente que so servirá para consumo interno. Juande Ramos nem pra isso.

Cumprimentos

Pedro disse...

Percebo onde queres chegar com este post e o q pretendes criticar e não posso dizer q discordo totalmente de ti mas, numa coisa a tua argumentação esbarra: a quantidade de estrangeiros q habitam na Premier League. Aceito q os ingleses possam estar formatados para o q dizes, do futebol directo e pouco "pensado" mas os estrangeiros não deviam padecer desse mal e se tivermos em conta q todas as equipas inglesas têm carradas de estrangeiros, alguns deles como figuras de proa dos clubes, algo não bate certo com essa teoria.

Eu acho q mais do q conceitos tácticos o q mudou foi a saída de um treinador mal amado pelos jogadores, e isso qd acontece nem o melhor do mundo com as melhores tácticas tem sucesso. Os jogadores qd querem fazem a "folha" a um treinador...

NunoC disse...

Obviamente Juande Ramos será muito mais minucioso tacticamente que Redknapp.

No entanto, teve mais que tempo, como já aqui referiram, para construir uma equipa à sua imagem, à imagem de Sevilha e falhou. Por esta ou aquela razão, falhou e isso é inegável.

Redknapp é experiente, conhecedor do futebol inglês e o que fez foi simplesmente voltar a dar o gosto da vitória aos jogadores.

Conheço e compreendo a tua visão menos pragmática e mais, como hei-de dizer... evolutiva? colectiva? grandiosa? (algo por aí, escolhe tu a palavra), e até concordo com ela.

Mas tb acho que há situações em que se tem de voltar atrás, "ser pequeno" (entre aspas pq me parece uma expressão exagerada), mas ter resultados práticos. Se estes não aparecem, não é possível construir algo de grandioso, mesmo que teoricamente até o possa ser.

Peyroteo disse...

Concordo plenamente com o post.

João Pedro disse...

O Tottenham ia ter uma equipa a jogar excelente futebol, pró ano no Championship.
Eu compreendo que o futebol deve ser jogado segundo determinados parâmetros, seguindo princípios de jogo e treinado com métodos que Ramos dominará melhor do que Redknapp.
Mas o objectivo do futebol é marcar golos na baliza do adversário e impedir que este faça o mesmo.
E isto o Tottenham de Redknapp tem feito melhor do que o de Ramos.
Se o futebol fosse avaliado apenas pelos atributos tácticos de uma equipa, não precisava de baliza, bastava um júri.

Anónimo disse...

"sobe Candal", porquê?

Nuno disse...

"Mas o objectivo do futebol é marcar golos na baliza do adversário e impedir que este faça o mesmo.
E isto o Tottenham de Redknapp tem feito melhor do que o de Ramos."

Mas eu disse o contrário? O que eu disse foi que os jogadores não conseguiram assimilar uma ideia que, apesar de mais difícil e demorar tempo a atingir resultados, era melhor que outra que assimilaram mais facilmente, mas que não os pode levar onde a outra poderia.

Batalheiro disse...

O Tottenham nunca será uma grande equipa com o Rednapp, será sempre um conjunto de individualidades em que o resultado final não é superior à soma das partes.

Concordo com o despedimento de Juende (foi incompetente) mas discordo da contratação desse paradigma do mau futebol que é o Harry.

NunoC disse...

sim batalheiro estou mais de acordo com essa opinião.

ramos teve tempo, já chegou na época passada, e foi incapaz de transmitir a sua mensagem para os jogadores. quando isso acontece pode ser culpa do emissor, do receptor ou de ambos.

neste caso, como na maior parte das vezes acontece, acho que ambas as partes foram culpadas.

Anónimo disse...

Os teus palpites para boas temporadas(Trofense e Tottenham) não ajudam à credibilização das ideias revolucionárias que aqui deixas passar...

Nuno disse...

Não me lembro de ter dado palpites sobre o Tottenham. Já sobre o Trofense, digo e mantenho que, em termos individuais, têm plantel para fazer boa figura. Mas, sabes, também tenho outros palpites. Por exemplo, antes de começar o Euro, dei o palpite de que era a Espanha que ia ganhar. Esse já não te interessa focar? Quantos diziam o mesmo? O melhor argumento era que a Espanha não tinha hábito de ganhar nada.

Mas podemos ir mais longe. Esta semana foi convocado para a selecção espanhola o avançado Llorente. Para muitos, é um desconhecido. Para mim, não. Lembro-me de ver um mundial de sub-20 (no ano da argentina de Messi), em que, na selecção espanhola, a estrela máxima era Fabregas. Além de Fabregas, só me despertaram a curiosidade outros dois jogadores, sendo que havia outros, na altura, com o estatuto de Fabregas e que não o justificavam, em meu entender. Um desses 3 jogadores de quem gostei nem sequer era titular. Hoje, é só dos extremos mais cobiçados na Europa. Falo de David Silva. O terceiro era precisamente este Llorente. É só um exemplo de "palpites" mais acertados, para não ficares com a impressão de que falho de propósito...

P.S. Um dia, ainda hás-de arranjar uma vida para além do Entre Dez. Eu acredito que sim, Rui...

Anónimo disse...

O Nuno é cada tiro cada melro. É o maior da rua dele.

TAG disse...

Eu até já ia pra perguntar se os anónimos já cá não vinham, mas depois cheguei ao ultimo comentário....

Já agora, eu não percebi pk é q o Ramos siu do Sevilha? despediram-no ou ele quis sair ou teve o convite do Tottenham ?

João Pedro disse...

"Já agora, eu não percebi pk é q o Ramos siu do Sevilha? despediram-no ou ele quis sair ou teve o convite do Tottenham ?"

Acho que os jogadores do Sevilha começavam a deixar de assimilar as ideias que estavam tão bem enraizadas. E aí apareceu o Tottenham. Ou seja, juntou-se a fome com a vontade de comer...

Nuno, a ideia que os jogadores não percebiam era a de que em 8 jogos do campeonato conseguiram 2 pontos e agora em 4 fizeram 10.
Quando os resultados não aparecem, torna-se complicado a equipa estar motivada para desempenhar o plano.

O mesmo acontece no meu Porto.
Quando nem o treinador parece já acreditar não serão os jogadores a fazer resultar a estratégia.

Não defendo Redkanpp, até porque com o pouco que percebo de futebol, pareceu-me que o Portsmouth (ambas as equipas que trouxe a Portugal) eram rudimentares nos aspectos dinâmicos mas têm uma força de vontade inabalável (vidé jogo em Guimarães).

E para mim o crer pode fazer milagres...

Nuno disse...

Anónimo, a ideia é ridicularizar os meus palpites errados. Quem dá palpites, erra uns e acerta outros. Dificilmente me verias aqui a gabar os meus palpites certeiros, como aconteceu neste comentário, sem que ninguém fizesse o contrário. Só um atrasado mental é que se lembraria de pegar nisso para justificar o que quer que seja. Mas houve um que o fez. Logo, é natural que seja ridicularizado.

João Pedro, a ideia do Juande Ramos é de mais difícil compreensão que as ideias dos treinadores ingleses, que assentam em dizer aos jogadores para jogarem com vontade, para se posicionarem em função dos adversários directos e para jogarem o mais simples possível. O Ramos era o oposto disto. Só a ideia de defender à zona, para aqueles jogadores, deve ser algo extraordinariamente difícil de assimilar. Não desculpo o Ramos, uma vez que não se terá mostrado tão competente quanto isso a ensinar os jogadores a jogarem como ele pretendia, mas a verdade é que os resultados começaram a aparecer assim que lhes facilitaram as coisas. Como é óbvio, há muito de psicológico na recuperação do Tottenham. Bastava dizer que o jogo mais complicado com Ramos foi aquele em que pontuaram, precisamente contra o Chelsea. Isto porque, nesse jogo, os níveis psicológicos estariam mais altos que o normal, por se tratar de um adversário de topo. Mas a psicologia não explica tudo. Vi alguns jogos deles e notei isso. Não me pareciam interessados em jogar com a cabeça, mas sim com o coração, à inglesa, como sempre fizeram. E isso deu-lhes Redknapp.

JFC disse...

andava.me a perguntar o porquê do insucesso do Ramos em inglaterra e isso infelizmente nem tu conseguiste explicar...Sobre a aleteração de resultados, tens toda a razão. O tottenham tem um conjunto fantastico de jogadores e para Redknapp basta chegar ao balneario "dar uma forcinha" com o discurso motivador e já está...tem o Bentley a marcar golos do meio-campo! Penso que o recente sucesso das equipas inglesas está umbilicalmente ligado a nomes de treinadores estrangeiros tacticamente bem mais cultos (mourinho, benitez, wenger) e pelo facto de conseguirem adaptar o estilo ingles a uma competitividade europeia.

Bom post cumprimentos

Anónimo disse...

E o pessoal esquece-se que o Fergusson também não é Inglês... Sem ser o Bobby Robson, não me lembro do último bom treinador inglês...

Anónimo disse...

Mas entao já nao e a inteligencia que manda?!!! pelos comentarios que vejo, devia ser a organizacao e inteligencia a ter sucesso e chega um ingles ao clube, e dá resultados!!!

Como se explica?!! É o sinal que nem só de inteligencia e organizacao vive o futebol, vive tambem de emocao que os jogadores possam receber de quem os comanda....não é só ser inteligente.

Nuno disse...

Anónimo, é prática comum, no ser humano, a partir de uma determinada idade, ir à escola. Lá, é possível, entre outras coisas, aprender a ler. Se tivesses aprendido a ler, talvez conseguisses perceber o texto. Entre outras coisas, disse que, se eles tivessem sido inteligentes (sendo a ausência de inteligência culpa deles ou do treinador) e teriam tido melhores resultados do que algum dia terão sem ela. Sem ela, à inglesa, o Tottenham é uma equipa banal, com boas individualidades mas colectivamente fraca, capaz de lutar pela Europa. Com um treinador que lhes desse outras coisas e com o plantel que têm actualmente, poderiam facilmente intrometer-se na luta pelo acesso à Champions. Basicamente, o texto diz que o mais importante é a inteligência e que, apesar dos melhores resultados actuais, este Tottenham está pior servido. Não percebeste isto, mas continuas a achar que tens neurónios. Fixe...

Anónimo disse...

apesar de melhores resultados, esta pior?!!!!ahahahahaa
"mas continuas a achar que tens neurónios" eu acho , tu não tens mas achas que sim...

és mesmo patético homem, ate te contradizes na resposta...

Nuno disse...

Anónimo, achares que isso é uma contradição é a melhor demonstração de que há mesas de cabeceira mais inteligentes que tu.

Continuas longe de perceber o texto...