domingo, 10 de agosto de 2008

Antecâmara

Foi um adversário interessante, este Sampdoria. Apresentou-se num esquema de três centrais - se foi uma opção para se encaixar no esquema do Sporting ou se é o esquema habitual desta equipa é algo que desconheço – com marcações individuais aos dois avançados leoninos, dois homens nos corredores laterais (um em cada faixa, sendo que eram estes os responsáveis por dar largura ao futebol da equipa, ficando o ala contrário à faixa pela qual era conduzido o ataque da sua equipa completamente aberto; com este pormenor era pretendido que a equipa conseguisse sair da zona de pressão do conjunto leonino, ao mesmo tempo que tentavam desequilibrar a equipa lisboeta; porém, o facto de o conjunto orientado por Bento ter conseguido bascular de forma bastante razoável, impediu que os intentos da formação da Sampdoria fossem conseguidos), e um tridente no meio-campo que precedia a dupla de avançados, se bem que apenas um se fixasse entre os centrais leoninos, ficando o outro, no caso Delvecchio, com mais liberdade de movimentos.

O Sporting apresentou-se num 442 losango, numa formação que, talvez à excepção de um ou dois casos – Abel e Djaló? -, deve ser a que se vai apresentar na final da Supertaça, no próximo dia 16, frente ao Porto. Com Moutinho na posição 6, Rochemback como interior direito, Izmailov, no lado esquerdo, um pouco mais “aberto”, e Romagnoli no vértice mais avançado do losango, antecedendo a dupla de avançados, formada por Yannick e Derlei.

O início do jogo mostrou um Sporting com algumas dificuldades em impor-se ao seu adversário. Os italianos, preocupando-se essencialmente em anular o conjunto leonino, conseguiram nos primeiros 10 minutos impedir que o clube de Alvalade explanasse o seu jogo. Porém, este facto não resultou apenas da táctica do conjunto orientado por Walter Mazzarri. Moutinho, nos primeiros minutos, denotou algumas dificuldades no seu posicionamento, principalmente no que toca aos apoios – isto porque apesar de alguns erros no seu posicionamento defensivo, daqui não resultaram granes consequências, visto que os italianos raramente conduziram as suas tentativas de ataque por zonas interiores, “arriscando” servir os avançados a partir das zonas laterais, mal dobravam a linha do meio-campo -, o que acabou por resultar numa constante opção pelo jogo directo, que não beneficiou, em nada, o conjunto leonino.

Sensivelmente a partir do primeiro quarto de hora, o Sporting começou a mandar no jogo, conseguindo por algumas vezes uma boa circulação de bola, o que lhe permitiu crescer no jogo e aproximar-se com algum perigo da baliza defendida por Mirante. Izmailov, antes do golo de Derlei, e Romagnoli no minuto seguinte à combinação entre a dupla de atacante leonina, dispuseram de excelentes oportunidades para “facturar”. Durante este período assistiu-se a algumas movimentações interessantes. No corredor esquerdo, Grimi, quando conduzia o esférico e não o pontapeava à parva, procurava lançar um dos avançados no espaço vazio criado por Izmailov. Este iniciava o lance junto a linha, procurava zonas mais interiores e, desta movimentação, resultava o espaço nas costas da defesa do conjunto italiano, que era explorado através de um passe do lateral argentino para um dos avançados leoninos. Rochemback, em duas ou três combinações com Romagnoli, conseguiu dar um ar de sua graça, não conseguindo contudo disfarçar algumas dificuldades em se coordenar com o colectivo quando a bola não passa por ele. Derlei esteve num plano bastante positivo, com excelentes combinações com os seus colegas e a verdade é que o futebol leonino (e o de Djaló) ganha bastante em ter um avançado com as características dele: um avançado que sabe ter a bola, ler o jogo e encontrar a melhor solução para o conjunto, mesmo que para isso abdique de algum protagonismo.

O final da primeira parte veio, sem que nenhum dos jogadores do sector defensivo alcançasse grande destaque; para isso contribuiu a total inépcia do sector ofensivo dos italianos.
Destaque para algumas cenas lamentáveis, que culminaram numa entrada violentíssima de Campagnaro sobre “Rocha”, com o primeiro a receber ordem de expulsão de Pedro Proença.

Com o intervalo surgiram uma série de alterações no conjunto verde-e-branco. Tiago, Caneira, Veloso, Pereirinha, e Postiga entraram para o lugar de Patrício, Abel, Romagnoli, Rochemback, e Derlei.

Com mais um não foi difícil ao conjunto leonino manter a superioridade sobre o conjunto italiano. Postiga mostrou-se soberbo nas combinações, pecando apenas na finalização de um cruzamento de Grimi, numa excelente jogada produzida pelo colectivo leonino. Pereirinha não deslumbrou; porém, mostrou-se seguro no passe e extremamente correcto na leitura dos lances. Todavia, a noite era de Izmailov e este mostrou-se simplesmente irrepreensível no um para um, conseguindo protagonizar algumas das jogadas mais empolgantes da noite.

Foi já com Tiuí, Ronny e Adrien (alguém percebe porque é que não lhe foi dada a oportunidade de rodar noutro clube, para poder assim crescer e ganhar confiança?) que o Sporting terminou o encontro. Não sem antes Moutinho fazer as pazes com o público leonino, na conversão de uma grande penalidade, e Tiuí conseguir protagonizar um episódio verdadeiramente hilariante: depois de ser derrubado pelo guardião italiano Fiorillo, levantou-se e depois de Postiga desistir de fazer golo, permitindo ao brasileiro a recompensa pelo seu esforço... falhou o que parecia impossível... E a final da taça já foi no passado mês de Maio... Belos juros...

24 comentários:

Anónimo disse...

Não é "esquema" é "sistema".

Anónimo disse...

Não é "burro", é "estúpido".

Anónimo disse...

Não é "Gonçalo", é "Nuno".

Gonçalo disse...

Do site priberam:


"esquema


do Lat. schema < Gr. schêma, figura


s. m.,
representação gráfica de um facto ou de um objecto nas suas linhas gerais;

delineamento da estrutura das partes ou ideias de um texto, de uma obra, de um projecto, etc. ;

resumo;

sinopse;

proposta submetida à deliberação de um concílio;


ant.,
designação genérica de todas as figuras, formas ou ornatos de estilo"

Acho que ficamos todos esclarecidos.

Anónimo disse...

Também é "Gonçalo", não é só "Nuno".

Anónimo disse...

À largos meses que sou visitante assiduo deste blog. Gosto das análises detalhadas que aqui fazem e das argumentações/discussões que geram (quer se concorde ou não). Pena ás vezes descanbarem... E gosto também das análises aos jogadores jovens.

No entanto, se me é permitido, gostaria de colocar uma questão. Sou adepto do Benfica. E pelo que percebi, pelo menos o Nuno também é. No entanto, parece-me que este blog centra muito mais a sua atenção no sporting, que nos outros clubes. Alguma razão especial para isso?

Parabens pelo blog.

Enigma disse...

...já agora, não é "À largos meses..." mas "Há largos meses..."

Enigma disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gonçalo disse...

Porco, como sou Sportinguista, dou mais atençao aos jogos do clube de alvalade. Não é que não gostasse de acompanhar mais as outras equipas, mas cm nao disponho de mt tempo, nem sempre consigo acompanhar os jogos quer do Benfica, que do Porto.

Mas admito que este ano, com a chegada do Aimar, um, das minhas principais referências, vou prestar mais atençao aos jogos do Benfica.

Abraço

Anónimo disse...

2 curtinhas para o nuninho:

Tottenham 5 - Roma 0
Chelsea 5 - Milan 0

Era só isto.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Nelinh6 disse...

Nuno e Gonçalo, por favor comecem a apagar esta merda de comentários. Este espaços deve servir para debater ideais e não para insultos.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Dei com este blog por acaso e após ter lido vários posts, devo dizer que gostei imenso de os ler e desde já dou os parabéns aos autores. Apesar de não concordar com algumas ideias/opiniões relativamente a jogadores/jogos (por ex: discordo com a "Marcação Individual" aos atacantes do SCP pois pelo que pude observar tanto o Djaló como o Derlei foram trocando de posições e os defesas, apesar de estar a marcar muito em cima, não trocavam também para os acompanhar), acho que todos os posts estão muito bem redigidos e procuram explanar o ponto de vista de forma fundamentada. Julgo que representa o objectivo final do que deveria ser um Blog, mesmo que se debruçasse sobre BATATAS: Bem escrito, onde é passível de ser transmitido opiniões/comentários dos autores.
Uma vez mais, parabéns!
Ricardo

Nuno disse...

Obrigado, Ricardo. É bom saber que, de vez em quando, aparecem aqui pessoas como tu, que, não concordando necessariamente com as nossas opiniões, percebem para que serve um blogue e, de uma forma geral, comunicar ideias. Ninguém é igual a ninguém e as ideias são tão pessoais quanto possível. Agora, desde que fundamentadas, são sempre úteis, nem que seja pelo desenrolar do debate. Perceber isso chama-se inteligência.

Quanto às marcações individuais, falou-se nelas por oposição a uma defesa zonal. É verdade que não houve homens escolhidos, que um defesa italiano não se encarregou de um avançado do Sporting e o seguiu para o todo o lado. Mas a marcação foi, ainda assim, individual. Os jogadores da Sampdoria, apesar de terem a sua zona de acção, marcavam em cima sempre que nessa zona caía algum adversário. Isso é uma marcação individual e opõe-se a uma marcação zonal, estritamente preocupada com a bola e com o posicionamento dos colegas. E, no caso da Sampdoria, essa marcação era até ostensiva, havendo um encaixe claro, quando o Sporting tinha a bola, não só de dois dos 3 defesas, como também dos três médios-centro. E, sempre que Derlei e Djaló abriam, os defesas iam com eles e ficava muito espaço aberto na zona recuada da Sampdoria. Veja-se a jogada em que Romagnoli conduz a bola, tendo-se libertado do seu opositor, e que acaba por rematar. Nesse lance, abriu-se muito espaço à sua frente porque os defesas estavam preocupados exclusivamente com a movimentação de Derlei e Djaló.

Um Abraço!

Nelinh6 disse...

Só um pormenor Nuno.
Não é mais utilizada a definição "marcação individual" para quando um jogar tem que seguir o outro para todo o lado e marcação homem-a-homem para o tipo de marcação que acabaste de referir em cima?

Penso que no livro do Amieiro vem assim referido, mas já não tenho a certeza absoluta.

abraço

Peyroteo disse...

O Tiuí foi de facto um pouco displicente naquele lance pois deve ter pensado que o árbitro tinha apitado o escandaloso penalty que implicaria a expulsão do guarda-redes. Mas apesar do erro maior ter sido do árbitro, o Tiuí não pode parar nem hesitar num momento destes.

Nuno disse...

Sim, Nelinh6, tens razão. Mas são apenas conceitos. Na prática, têm o mesmo tipo de deficiências. Utilizei "marcação individual" no sentido em que o Amieiro utiliza "marcação homem-a-homem", sendo a primeira, então, para ele, aquele em que cada jogador tem um adversário atribuído e a segunda aquela em que se marca o adversário que cai perto de si.

Eis o que diz o Amieiro:

"Ao ser, simultaneamente, a grande «referência de posicionamento» e a única «referência-alvo» de «marcação», a referência adversário directo é aquela que baliza a «defesa homem-a-homem».

A «defesa individual» não é mais do que um exacerbar da lógica subjacente à «defesa homem-a-homem», sendo muitas vezes a referência adversário directo substituída pela referência «adversário-atribuído-pelo-treinador».

Ambas as formas de organização defensiva, ainda que diferentes na prática, assentam, fundamentalmente, em acções de «marcação» a jogadores adversários, sendo que o fecho de espaços importantes colectivamente coordenado é simplesmente ignorado. Quer num quer noutro caso, trata-se de uma soma de respostas individuais não coordenadas colectivamente, pois dá-se preferência a referências defensivas individuais.

«Defender homem-a-homem» ou «individualmente» não é, por isso, pensar colectivamente o jogo. Os princípios que lhes estão subjacentes afastam-nos claramente da intenção de «jogar como equipa»."

Fica claro, no entanto, que nenhuma delas privilegia um jogar colectivo.

Um Abraço!

Anónimo disse...

"Fica claro, no entanto, que nenhuma delas privilegia um jogar colectivo"

Tu queres ver que agora a Sampdoria não "privilegia um jogar colectivo" apenas porque os seus centrais pressionaram os atacantes do Sporting?

Nuno,
estou desiludido por citares alguém como se fosse Deus. Não identificas nenhum lapso no discurso desse homem?? Nada que discordes? Isto é novidade para mim...

Nuno disse...

Rui, em primeior lugar não foi os centrais pressionarem os avançados. Foi marcá-los e persegui-los de modo a perderem as referências colectivas e da bola. E não foram só os centrais, como também os médios.

O Amieiro diz isto: "Quer num quer noutro caso, trata-se de uma soma de respostas individuais não coordenadas colectivamente"

Logo, a Sampdoria ou qualquer equipa em que um ou mais elementos do seu conjunto utiliza marcações ao homem não joga como equipa. Entre outras coisas, jogar em equipa implica fazer tudo em equipa. Defender não é, por isso, excepção. E só uma equipa que defenda à zona, isto é, que nunca ponha a referência homem à frente das referências bola e colegas, é que defende de forma colectiva. A Sampdoria, ao ter elementos preocupados com adversários, despreocupou-se necessariamente com os espaços, aquilo que verdadeiramente importa defender. Logo, é precisamente apenas por "pressionarem os atacantes do Sporting" que a Sampdoria não privilegia um jogar colectivo. Ao tentares ironizar isso, demonstras o quão inculto és em relação a isto... Boa, miúdo!

Quanto às citações, se o faço é porque concordo com o conceito de defesa à zona dele. Não o tenho por Deus, nem por avôzinho. No que diz respeito à zona, concordo em quase tudo com ele. É que, sabes, tenho tendência a concordar com pessoas inteligentes e que dizem coisas com sentido e a discordar de pessoas com pouca actividade neuronal... É uma mania parva minha...

Anónimo disse...

Curioso,

Sem querer discutir mais nada,
algo me diz que não viste sequer o jogo...

Confirmas que estás para aqui a fazer comentários sobre a Sampdoria sem ter visto o jogo? Ou és capaz de dizer que viste com muita atenção?

Nuno disse...

Rui, és deprimente...

"Sem querer discutir mais nada"

Mas tu já discutiste alguma coisa? Fazes insinuações patéticas. Isso não é discutir. Isso é armar-se aos cucos...

"algo me diz que não viste sequer o jogo"

Ena, que faro! Se fosses cão pisteiro, a polícia estava bem tramada...

"Confirmas que estás para aqui a fazer comentários sobre a Sampdoria sem ter visto o jogo?"

Não, não confirmo. Vi o jogo. No estádio. Queres o lugar, também?

"Ou és capaz de dizer que viste com muita atenção?"

Sim, vi com muita atenção.

O que eu não percebo é a razão pela qual eu, mesmo que não tivesse visto o jogo, não podia discutir o conceito de defesa à zona.

Miúdo, és deprimente e só te enterras. Se tivesses lido as coisas com atenção, terias percebido, pelos comentários que fiz, que só poderia ter visto o jogo. Mas andavas tão obcecado por encontrar falhas que não reparaste nisso.

E já agora, não queres discutir o conceito de defesa à zona e de como ele implica que seja a única forma de defender em equipa e, consequentemente, jogar em equipa? É que, no teu comentário anterior, pareceu-me que querias discutir isso. Agora sentes-te desarmado e já não queres? Ai, ai, que palerminha...

Anónimo disse...

Quanto a discutir algo com contigo é algo que deixo para a minha reforma, quando tiver tempo para coisas que levam a fins inúteis e não tiver com o que me chatear.

Para já, e enquanto mantiveres a atitude, limito-me a aprender com os teu ensinamentos "inatacáveis" e complementados com os habituais insultos ao intelecto de quem com eles não concorda.


Quanto ao facto de "teres visto o jogo"... é como te digo, não penses que fazes de todos parvos, porque isso nao acontece

Nuno disse...

Pronto, Rui, não vi o jogo... Tu é que sabes, amigo, tu é que sabes...