quinta-feira, 13 de março de 2008

Derby de que futuro...?

No dia oito deste mês, Sporting e Benfica defrontaram-se no escalão de júniores. Um encontro pobre, sem grandes pólos de interesse. Uma primeira parte cinzenta, sendo que os únicos jogadores que foram capazes de emprestar algum colorido à partida foram os números dez das respectivas equipas. Rosa e Rosado destoaram dos restantes pela elegância e inteligência de movimentos. No meio das “desculpas” benfiquistas para tão pesado resultado encontramos o facto de a formação encarnada se apresentar desfalcada. Vi o jogo da primeira volta e nenhum dos jogadores que jogaram para Miguel Rosa começar no banco tem metade da qualidade deste, por isso não aceito as desculpas apresentadas pela generalidade dos adeptos, de que o Benfica rubricou exibição tão fraca devido à ausência de alguns jogadores.

Os comandados de José Lima, com transições simples, procuravam os corredores laterais, descurando as penetrações interiores. Este facto, aliado à incapacidade dos extremos sportinguistas em vencer os duelos individuais, tornou o jogo da equipa verde e branca “amorfo” e previsível. Para piorar a situação, tanto Welinton Matos, como Vinicius Golas, (apesar de o primeiro se ter destacado, pela negativa, em relação ao seu colega) saíram poucas vezes a jogar, optando quase sempre, e de forma errada, pelos lançamentos longos. Neste sector, nota positiva para actuação de Mihai Radut, se bem que não apresente a qualidade de André Nogueira, por exemplo: é correcto a defender e demonstrou critério nas manobras ofensivas.

João Alves apresentou uma equipa em 442 clássico, com a única particularidade a estar relacionada com a maior liberdade de movimentos concedida ao numero onze, Daud Machude. Com um sector defensivo descoordenado, valeu aos laterais a parca inspiração dos seus adversários directos, assim como a Wagner Silva, principalmente este, deu jeito a pouca qualidade das transições ofensivas, pois sempre que foi posto à prova revelou grandes dificuldades na resolução dos (poucos) problemas que surgiram nas imediações da sua área.
Com um futebol mais directo, o Benfica apostou tudo nas movimentações dos dois avançados, sendo que Boti Demel foi o que se destacou mais neste aspecto, enquanto Miguel Rosa, que ia espalhando classe no relvado principal da academia, fazia os possíveis por dar algum sentido àquele futebol desconectado.

O intervalo veio e, com ele, os golos. À passagem do minuto vinte da segunda parte, e já depois do melhor jogador leonino, Diogo Rosado, ter saído, Diogo Amado, num lance feliz, converteu em golo um livre em que pretendia servir um companheiro. Foi a altura de o público rejubilar com “uma fartura de nada” com que o pequeno Rabiu brindou a plateia. Não que esteja a colocar a qualidade do nigeriano em causa, longe disso, até porque a qualidade técnica e o raciocínio rápido estão lá, mas a necessidade de aplaudir a mais nova coqueluche do universo leonino chegou a ser ridícula. No lado benfiquista, Leandro Pimenta destoava pela vocação que demonstrava para o circo: se ele se preocupasse mais em decidir o que é melhor para o colectivo, em vez de executar movimentos “esquisitos” com a bola, assim que encontrava a oposição de um adversário, talvez, talvez ele pudesse dar alguma coisa. Já perto do fim, Bruno Matias, depois de uma jogada de Marco Matias, na qual sofreu um penalty, converteu a grande penalidade, - e que teve como consequência disciplinar a expulsão de dois elementos Benfiquistas - aumentado assim para 2-0 o resultado do jogo. William Owuso, nos descontos, fechou a contagem, fixando em 3-0 o resultado final.

Poderei estar a ser injusto nesta análise ao jogo e respectivas equipas, mas depois de conhecer a equipa de 2005/2006, na qual pontificavam nomes como Diogo Tavares, Pereirinha, Carriço, Celestino, André Nogueira, Patrício, Caiado, etc., a diferença de qualidade existente entre essa equipa e as que pisaram o relvado principal da Academia Sporting/Puma, no sábado passado, condiciona, e de que maneira, a minha perspectiva sobre o futuro de grande parte dos jogadores que neste momento compõe o plantel da equipa de júniores de ambos os clubes da capital.

3 comentários:

Ricky_cord disse...

Mais preocupante ainda é a constante e crescente aposta em miúdos estrangeiros para jogar nos juniores dos grandes, alguns de qualidade duvidosa.

Gonçalo disse...

Sem dúvida ricky. No lado do Sporting temos o caso welinton, que é um jogador que nao acrescenta nada, e no lado do benfica são tantos os exemplos que nem vou perder tempo a enumera-los...

Nuno disse...

É verdade, isso dos estrangeiros, embora haja casos exemplares que mostram que há alguns que têm valor. O Paez é um exemplo claro. Digo isto porque, como é sabido, o futebol português não produz avançados em quantidades significativas. Nesse sentido, apetrechar os escalões jovens com jogadores de outros países para esta posição não me parece uma má política. O próprio Demel, o avançado africano do Benfica, se não fosse o facto de ter 22 anos, não era uma má aposta de todo. Já para outras posições, como seja o meio-campo, não concordo. Acho que o futebol português produz médios de grande valor, assim como extremos, e não há necessidade de encher os escalões jovens de jogadores estrangeiros. O Sporting, por exemplo, tem apenas o Rabiu, que vem muito cotado, e teve o ano passado o Pupo. Os dois têm uma qualidade acima da média e justificam a contratação. Já o Benfica trabalha de outra forma. No Sporting há ainda os dois Golas que, a meu ver, têm pouca qualidade. E o Weliton, claro. Mas o romeno, por exemplo, parece ter boas condições.