sábado, 19 de janeiro de 2008

Onde anda Leandro Lima?

Agora, já ninguém fala nisso, mas ainda há quem se lembre de quanto tempo Quaresma andou a ser esquecido por Co Adriaanse. E, quanto a Diego, ainda haverá quem não sinta falta dele? Este caso não é muito diferente. O puto é talentoso, foi a grande contratação do Porto no defeso, mas, além de ter tido poucas oportunidades, tem sido tratado de forma aviltante. Tem talento, mostrou sempre abnegação e não se coibiu de participar em tarefas defensivas, mas mesmo assim nunca se conseguiu afirmar. "É jovem!" - gritarão algumas vozes. Não concordo com essa justificação. Aliás, estou em desacordo total com quem acha que ele não impôs ainda o seu talento. Impôs, para quem quis ver. Que defeitos revelou então para que não seja aposta? Os mesmos de Mariano González, por exemplo. E quais são? Nenhuns, na minha opinião.

Acho que, sobretudo para o meio-campo, qualquer que fosse o jogador que o Porto fosse buscar, teria o mesmo destino de Leandro Lima. Porquê? Porque Jesualdo não confia nos jogadores. Aqueles três, Lucho, Meireles e Assunção, já estão rotinados na posição e sabem o que têm de fazer. Mas cada um deles tem limitações próprias, como todo o jogador as tem. Quando o Porto precisa de alguém para substitui-los, não há ninguém que garanta as mesmas características. Mas isso é uma consequência natural do facto de todos os jogadores serem diferentes. Há outros jogadores que poderiam dar outras coisas que não aquelas, como é o caso de Leandro Lima. O Porto de Jesualdo só tem uma maneira de jogar e Jesualdo não arrisca que a sua equipa aprenda outra. Porquê? Porque aquela tem sido suficiente. Como tudo na vida, a evolução faz-se por necessidade. O Porto não precisa, pelo menos a nível interno, de modificar a sua forma de jogar, porque se pode dar ao luxo de jogar sempre dessa forma. Mas, no dia em que o precisar, não o saberá fazer. Porquê? Porque Jesualdo nunca permitiu que isso acontecesse.

A não utilização de Leandro Lima é, portanto, sintoma de um problema de fundo da equipa de Jesualdo Ferreira, problema esse que foi posto a nu sempre que um dos habituais titulares do meio-campo ou do ataque não pôde jogar. O problema do Porto não é ter um banco que não consiga oferecer as mesmas soluções que a equipa principal; o problema do Porto é só ter uma forma de jogar, forma essa que só quem joga pode perceber. Sem a rotina do jogo, ninguém saberá jogar como aqueles onze. Como Jesualdo não muda, pois isso implica perder consistência (o que é natural, pois quem não está habituado a jogar não tem as mesmas rotinas que quem joga), não há espaço para ninguém entrar no onze. Se por algum azar Raul Meireles e Lucho se lesionarem com gravidade e o Porto ficar privado deles por alguns meses, não tenho dúvidas de que a equipa não conseguirá encontrar soluções para contrariar essas adversidades e terá dificuldades em manter a larga vantagem que tem no campeonato. Desta minha análise, resulta o seguinte: a organização táctica do Porto deve-se, quase exclusivamente, à utilização sistemática dos mesmos jogadores e não a uma sapiência invulgar do seu treinador. Como já ficou provado, quando confrontado com a impossibilidade de recorrer aos seus elementos habituais, Jesualdo não consegue garantir a mesma organização à equipa. Isto significa que o mérito do excelente campeonato do Porto é muito mais dos jogadores do que do treinador.

Comecei este texto a falar de Leandro Lima e é sobre o jogador brasileiro que me quero deter. Leandro Lima foi ostracizado por Jesualdo Ferreira devido ao medo do treinador portista e é o reflexo dos problemas da equipa. Como ele, há outros que não jogam porque Jesualdo não sabe como encaixá-los no seu esquema rígido nem como ensiná-los a encaixarem-se. Além de tudo isto, foi vítima de uma tremenda falta de pedagogia e de uma atitude mesquinha. Jesualdo nunca deixou jogar Leandro Lima e só o colocou entre os titulares no dia em que Lucho não pôde actuar. Ainda que não tivesse dito nada ao jogador, esta atitude colocava nele uma pressão elevada: sabia que era suplente e que tinha apenas aquela oportunidade para mostrar o seu valor. Como agravante, o Porto não conseguiu atingir os seus objectivos nesse jogo e Jesualdo, desde então, retirou-lhe toda a confiança. Isto não se faz a ninguém, muito menos a um jovem em início de carreira e ainda menos a um jovem com talento mais do que suficiente para vingar na alta roda do futebol europeu. Em primeiro lugar, Leandro Lima não foi culpado de nada. Em segundo, mesmo que o fosse, era por total inépcia do treinador e não por falta de empenho. Jesualdo decidiu limpar as mãos de qualquer responsabilidade, fazendo de Leandro Lima o bode expiatório. Além de mau pedagogo, Jesualdo foi cobarde, hipócrita e interesseiro. Nunca gostei de pessoas que não assumem a responsabilidade pelos seus erros, mas gosto ainda menos de pessoas que o fazem às custas de jogadores talentosos. Já o ano passado Jesualdo tinha demonstrado a sua ingratidão para com aquilo que Hélder Postiga lhe deu nos primeiros meses de campeonato e, à primeira oportunidade, esqueceu-o. Este ano, voltou a repetir a façanha e a dar razão a Nuno Gomes: ou tem memória curta, ou tem mesmo o hábito de cuspir no prato de onde comeu.

Leandro Lima é, assim, o retrato de quase tudo o que vai mal neste Porto:

1) É o reflexo mais visível da má gestão de plantel por parte de Jesualdo e da sua escassa argúcia enquanto treinador de futebol.
2) Embora ninguém melhor que ele pudesse permitir ao Porto jogar de outra forma, é sintoma claro da rigidez do sistema de Jesualdo e da falácia necessária do mesmo, que só pode subsistir à custa dos mesmos onze jogadores.
3) Foi bode expiatório de maus resultados e é a confirmação de que Jesualdo, além de ter pouco de professor, não tem bom carácter.
4) Foi marginalizado, apesar de ser dos jogadores mais talentosos do plantel, o que revela, além de tudo o que foi mencionado acima relativamente à pessoa de Jesualdo, uma profunda estupidez e a incapacidade evidente de aproveitar qualidades num jogador.

À pergunta "Onde anda Leandro Lima?", responderei: "A perder tempo com um treinador inepto e tacanho, que nada tem para lhe ensinar..."

P.S. Este texto está escrito há, pelo menos, duas semanas. Entretanto, parece que Leandro Lima vai mesmo ser cedido, por empréstimo, à Académica de Coimbra. Nem com o campeonato ganho Jesualdo consegue gerir adequadamente os recursos humanos ao seu dispor...

3 comentários:

Anónimo disse...

de facto o jesulado nisso é mesmo muito mau. já na época passada mandou o tarik embora e agora vê-se que é um jogador muito útil. Aliás eu apesar de não ser do porto desde sempre gostei do tarik. será que nunca ninguém se perguntou o que é que o adrianse via naquele jogador? alguma coisa havia de ser. E o adrianse podia ter muitos defeitos mas ganhava o campeonato de olhos fechados enquanto o professor ainda fazia contas na ultima jornada.

o mesmo se passa com o mariano. Como adepto do inter e acompanho sempre todos os jogos disse logo que o mariano era um excelente reforço para o porto. Ele jogava jogo sim jogo não e maioritariamente como suplente. Ainda assim dava para ver a qualidade dele. tcnicamente muito dotado e uma qualidade de passe bem acima da media. simplesmente o jesualdo é muito fraquinho nesse aspecto e não se compreende como é que o mariano no inter, que tem 10x mais opções que o porto, jogava 10x mais do que agora!

cumprimentos

Anónimo disse...

Realmente,

Não sei o k os dirigentes portistas andam a fazer. Adormecidos pelas constantes vitórias, é o k é. Não fosse isso, e de certeza k Jesualdo já teria sido substituido por...TI!!!

Ah carago, és brilhante de raciocínio, implacável nas ideias e um visionário k vê aquilo k um treinador com experiência, como Jesualdo, não consegue...

Andas desperdiçado a escrever por aqui, essa é k é essa. Vou fazer campanha por ti, ai vou vou...

Meu caro, presunção e água benta...

Anónimo disse...

quem é este leandro lima? é jogador de futebol?