segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Clássico...

Antes de mais, quero salientar o excessivo receio demonstrado por Jesualdo Ferreira, que se virou contra ele de duas formas distintas: primeiro, porque o “obrigou” a desvirtuar o seu modelo de jogo; segundo, porque este facto pôs a nu todas as suas fragilidades tácticas.

O F.C. Porto, apresentando-se num esquema que oscilava entre um 442, com uma linha rígida na zona intermediária(exceptuando Lucho), e um 4312, sendo que, em ambas as variações, o posicionamento de Meireles e Assunção, demasiado juntos, assim como o posicionamento de Cech, demasiado preso à linha, deixava o clube do norte muito dependente de acções individuais de Quaresma, Lucho e Lisandro, cabendo aos argentinos um maior destaque na criação de situações ofensivas.

Entrou mais forte o Porto, com dois remates desenquadrados de Lucho. A mobilidade e a qualidade técnica dos dois avançados azuis e brancos ajudavam à supremacia dos visitantes, pois estes dois jogadores baixavam, procurando a bola, e conseguindo com isto uma maior posse e circulação de bola através de um maior número de apoios. Se, por um lado, este facto lhes permitia mais posse de bola, por outro, tornava a equipa demasiado curta, roubando-lhe profundidade, ficando demasiado dependente das entradas sem bola de Lucho para poder dispor de oportunidades de golo.

Equilibrou o Sporting e o golo apareceu, quase em simultâneo, por Vukcevic. Uma arrancada de Pereirinha permitiu que Izmailov fizesse o segundo para a turma de Alvalade. O Porto voltou à carga, assumindo de novo o domínio do jogo. Iniciava os lances preferencialmente pelo lado esquerdo, juntando um aglomerado de jogadores nessa faixa, para depois descongestionar rápido para o lado direito, permitindo assim a subida de Bosingwa por aquele flanco. Do lado verde e branco, a equipa abusava dos passes directos, procurando de forma demasiado rápida os seus jogadores mais avançados, e Romagnoli, sem apoios, viu o seu futebol perder consequência. Pereirinha era o único que parecia perceber que a solução passava por um estilo mais apoiado, enquanto Miguel Veloso, apesar de ganhar maior parte dos duelos individuais, fosse nas transições ofensivas, fosse no plano defensivo, via o seu futebol perder fluidez com preciosidades, da mesma forma que ia acumulando erros através do seu (mau) posicionamento no terreno, sendo, a par de Ronny, o principal responsável pelos desequilíbrios sentidos na defesa leonina.

Veio o intervalo sem que Jesualdo corrigisse a asneira que havia cometido na maneira como abordou o jogo. Fez entrar Farias, retirando o jogador eslovaco, que sem ter culpa alguma – de certo que não foi por auto-recreação que jogou colado à linha – encarnou de forma inequívoca o problema criado pelo seu técnico.

No reatamento do jogo, e já com um 433 bem definido, a equipa de Jesualdo voltou a entrar forte no jogo. Beneficiando dos erros grosseiros de Ronny, principalmente na maneira como (não) fechava o seu espaço, deixando que os jogadores portistas aparecessem demasiadas vezes nas costas dos centrais, voltou a criar situações de perigo junto da área leonina, com os inevitáveis Lucho e Lisandro em destaque. Respondeu o Sporting com um livre perigoso de Ronny, conseguindo de seguida um par de situações perigosas junto do último reduto azul e branco. Izmailov e Veloso iam-se revelando demasiado lentos a definir as suas opções, o que, por várias vezes, emperrou o jogo leonino. E foi através de (mais) um erro de posicionamento do trinco sportinguista que o Porto logrou a melhor oportunidade que obteve em todo o jogo. Valeu a Patrício a noite de pouco acerto na finalização de Lucho. À passagem dos 20 minutos, Jesualdo arrisca e faz entrar Mariano, alargando a sua frente de ataque, assumindo um falso 442, que se desdobrava num 424 na posse do esférico. Este factor veio causar desequilíbrios no meio-campo leonino, muito por culpa da intranquilidade revelada pelo conjunto leonino na hora de gerir a posse de bola, bem como os ritmos do jogo. Até ao fim do jogo, para além de um bola à barra enviada por Farias e uma perdida inacreditável, por parte do Todo-Poderoso Liedson, pouco mais há a acrescentar.

Um jogo com emoção quanto baste, com um Porto que, mercê da maior valia e experiência de alguns jogadores, conseguiu atingir um patamar que lhe permite reclamar injustiça no desfecho do mesmo. Por outro lado, castiga a limitação táctica do seu técnico. No entanto, penso que o Porto merecia mais.

No que toca ao árbitro, falhou principalmente no capítulo disciplinar: as entradas de Liedson e Bruno Alves mereciam mais, qualquer uma delas. No que toca ao golo anulado ao Porto, o fora-de-jogo é inequívoco. Já o do Sporting é muito mais discutível - nem os próprios jogadores do Porto o reclamaram na altura - e , se as regras pedem para deixar jogar em caso de dúvida, não percebo o porquê de tanta celeuma em redor deste lance.

Individualmente, do lado portista destaco Lucho, Lisandro, Quaresma, Farias, e Mariano, sendo que este último justifica uma maior atenção da parte de Jesualdo. Do lado do Sporting, sem dúvida Pereirinha (ultrapassada a parvoíce de que o puto não tinha talento, depois deste jogo decerto que não demorará a surgir uma outra que defenda que ele é bom é a lateral-direito), a par de Vukcevic, dando igual destaque a Polga, e a tranquilidade do jovem Patrício. Pelo lado negativo não há como evitar Liedson e Bruno Alves. O primeiro continua a acrescentar muito pouco no processo ofensivo, o que faz com que ele fique demasiado dependente dos golos para atingir um patamar minimamente aceitável. E não podemos esquecer as entradas despropositadas de que é autor. Em relação ao segundo, basta dizer que é dos piores jogadores que no domingo pisou o relvado. Vale apenas pela força e entrega, o que para um clube da dimensão do Porto é muito pouco. E aquela agressão ao Moutinho...

6 comentários:

Anónimo disse...

Queria dar-lhe os parabéns pelas análises teórico-práticas que tem feito. Apesar de algumas idiossincrasias - a que tem direito, com certeza - é sempre um prazer lê-lo.
Continue!

Pedro disse...

Destacas Quaresma mas pela negativa certo?

É q para quem viu o clássico é o unico destaque q se lhe pode dar...

Gonçalo disse...

Não. O Quaresma apesar de não ter estado ao nivel dele, foi dos que mais volume de jogo teve. E as movimentações dele criaram desiquilibrios, por exemplo as combinações na esquerda, assim como algumas ac~ções individuais( por exemplo, um remate que levou bastante perigo, também por causa da má colocação do Patrício, assim como um par de cruzamentos perigosos.).
Não esteve ao nivel dos argentinos do Porto( lucho e lisandro) mas ainda assim foi um jogador que provocou desiquilibrios, assim como foi bastante importante para a supremacia do porto no jogo.

Pedro disse...

Não concordo. Tirando um passe de "ruptura" (tinha q dizer) logo aos segundo minuto para Lucho o Quaresma pouco mais fez durante o jogo.

Não me lembro de ter ganho um lance ao Pereirinha, usou e abusou dos toques da treta sem qqr objectividade de futebol, um dos grandes problemas de Quaresma diga-se de passagem. Ter volume de jogo e não conseguir fazer nada de positivo com isso não me parece muito bom. Lisandro, por exemplo, na segunda parte procurou muito a bola e quase sempre a levava com perigo à área sportinguista. Quaresma não.

Gonçalo disse...

Eu disse que ele nao teve ao seu nivel, mas ele ainda foi importante. Repito^: não estave ao nivel de Lucho nem Lisandro, mas teve peso na supremacia que o porto teve no jogo. E não foi só esse lance na segunda parte ele tem mais dois cruzamentos perigosos, e um remate que quase dá golo. Não vou falar da influência que ele teve noutro tipo de lances porque já vi que não dás gd importância aos mesmos.

Pedro disse...

Q lances?