quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Injustiça...

Do jogo Sporting-Roma sobra uma sensação de injustiça.
O Sporting tirando o primeiro quarto de hora, em que a Roma com um bloco subido causou problemas à equipa leonina, foi sempre superior à equipa italiana.
Durante esse período, os primeiros quinze minutos, a formação romana circulou melhor a bola, retirando com isso a posse da mesma ao opositor, criando alguns desequilíbrios. Alcançou o golo e ameaçou a área adversaria por mais uma ou duas vezes.E só.
Depois a equipa verde e branca assumiu o controlo do jogo embalando para uma exibição de qualidade. O domínio do Sporting foi avassalador, contundo, esse domínio apesar de se reflectir numa boa exibição não permitiu à formação leonina construir tantas jogadas de golo como seria de supor.

Muitos cairão na tentação de tornar a culpa ao facto de se ter defrontado uma equipa italiana, por tradição muito defensivas, consentindo esse domínio, às custas de um maior povoamento no primeiro terço do terreno. Nada mais errado. A Roma joga à bola, e precisa da posse da mesma para defender bem.
O mérito do Sporting começa neste ponto. Por conseguir se impor e mandar no jogo, perante uma equipa que o gosta de fazer. Graças aos seus principios de jogo, e à forma "autista" como encara cada jogo.

Da formação leonina critica-se o facto de não explorar as alas da melhor forma, muito por culpa do seu losango. O que é errado, senão, experimentem contar o sem número de situações em que concluem os seus ataques através de cruzamentos para a área adversária. E no jogo desta quarta-feira este facto voltou-se a constatar. Portanto, o mito de que só com extremos, é que se consegue flanquear o jogo está posto de lado. E nem será por aqui que reside o problema do Sporting. É no corredor central do seu ataque que o futebol do Sporting encontra a sua maior resistência. A qualidade das penetrações centrais fica seriamente comprometida sem Derlei, o único avançado com qualidade, e características, para permitir aos médios movimentos de ruptura na área adversária.
Mas não é aqui que se esgotam os problemas do Sporting. Tacticamente há uma questão que demora a ser sanada, e que tem causado dissabores à equipa de Paulo Bento. Geralmente comete-se o erro de associar esta questão a um erro táctico. Nada mais errado, é um erro sim, mas de casting.

Ao vértice mais avançado do losango não compete ficar estático, resumindo a sua movimentação à posição inicial. Antes pelo contrário, na posse do esférico Romagnoli tem de procurar as faixas laterais, os espaços entre os centrais e laterais, para assim conseguir os desequilíbrios na equipa adversária. Este factor vai proporcionar uma superioridade nas faixas laterais, mas um descongestionamento na zona central. Neste cenário é aqui que entram os avançados. Com a desmobilização desta zona, alcançada através movimentações do médio argentino, é importante que os homens da frente dêem linhas de passe, e apoios ao jogador que transporta a bola, esteja ele numa zona interior, ou exterior. E por este meio surgem muitos dos problemas da formação de Paulo Bento. Não tendo nenhum avançado capaz de segurar a bola, ou de incorporar de forma satisfatória nas transições ofensivas, - Liedson “apenas” se destaca na conclusão das mesmas graças ao faro pelo golo que demonstra. - a dinâmica de jogo, assim como a criação de situações de golo fica muitas vezes fragilizada. O colectivo vê-se amputado de duas unidades que, pela posição que ocupam no campo, deveriam ser determinantes no desenho das movimentações ofensivas.

No jogo para a Liga dos Campeões este facto é gritante. O Sporting cilindrou a Roma? Sim. Mas criou quantas oportunidades claras de golo? Alguma delas que não resultasse de um remate de fora da área? Ou de um cruzamento? Existiu alguma situação de rotura que permitisse a um jogador aparecer na cara do guarda-redes italiano? Não. Quase que o Vukcevic e Izmailov, repetiam a façanha concretizada contra o Vitória, mas de resto...

Se uma equipa não sofrer golos na sua pequena área, para além da organização defensiva da equipa teremos de reconhecer algum mérito à dupla de centrais. Então se uma equipa que até joga bem, mas não consegue criar situações de golo como as que eu enumerei anteriormente poderá dizer o quê?

Sem comentários: