terça-feira, 25 de outubro de 2016

As Incidências do Jogo e as Análises do Resultado

Um jogo de futebol tem 90 minutos, e a análise desses 90 minutos não pode, de maneira alguma, negligenciar as incidências que modificam a face do jogo. Entre essas incidências, a alteração do marcador (e as implicações emocionais e estratégicas dessa alteração) desempenha um papel muito importante. Uma equipa pode começar bem o jogo e, após sofrer um golo, perder a concentração ou modificar deliberadamente a sua forma de jogar. E, no entanto, não é raro os analistas desprezarem a marcha do resultado, quando instados a pronunciar-se sobre o que aconteceu numa partida de futebol. Para tais analistas, uma goleada denota sempre uma superioridade inequívoca de uma equipa sobre a outra, e qualquer vitória, mesmo que obtida nos minutos finais, num lance de bola parada, depois de 90 minutos de pouca qualidade, tem forçosamente de ser justificada mediante um mérito qualquer. Como a única coisa que lhes interessa é justificar racionalmente o resultado final, e geralmente privilegiam explicações simples, tendem a desvalorizar ocorrências que comprometam essa racionalidade ou que a tornem demasiado complexa. Coisas como um golo contra a corrente do jogo, uma expulsão ou uma sequência de falhanços inacreditáveis à frente da baliza têm impacto no modo como as equipas passam a encarar o jogo, do ponto de vista emocional ou estratégico, a partir do momento em que acontecem, e essa mudança tem de ser comtemplada aquando da análise global ao jogo. Há jogos em que, de facto, o resultado expressa bem o que aconteceu em campo. Mas o futebol é um jogo de detalhes, e muitas vezes são os detalhes que definem o resultado, pelo que também há jogos em que o resultado expressa muito mal o que aconteceu em campo. A maior parte dos analistas não considera esta segunda possibilidade, e entende que um resultado favorável traduz sempre uma superioridade qualquer.

Vem isto a propósito de dois jogos da Liga dos Campeões da semana passada. É quase unânime que o Sporting foi muito inferior ao Borussia de Dortmund, sobretudo na primeira parte, e é quase unânime que essa inferioridade se explica pela incapacidade (individual e colectiva) de pressionar Weigl, o médio-defensivo que dava sistematicamente início à construção dos alemães. Não concordo com nada disto, e estou convencido de que tais análises decorrem justamente da impressão que os golos, e o resultado, causam às pessoas. Quando Aubameyang marcou o primeiro golo do Borussia, num lance em que Rúben Semedo não fica isento de responsabilidades (achou que podia tentar ganhar em velocidade, quando podia facilmente ter encostado assim que o gabonês arrancou), o Sporting mandava por inteiro no jogo: já tinha tido duas oportunidades de golo e, sobretudo, não permitia ao Dortmund senão lançamentos longos, a explorar as alas, que invariavelmente acabavam em bolas perdidas. Se, antes do golo, o jogo era diferente daquilo em que se tornaria depois, é absurdo diagnosticar um mal geral ao modo como o Sporting encarou a primeira parte do desafio. Se Bryan Ruiz tivesse conseguido dominar aquela bola que William lhe endossou e, ficando na cara do guarda-redes, fizesse golo, ou se o árbitro da partida tivesse assinalado a grande penalidade sobre Bas Dost no lance que precede o primeiro golo dos alemães, o jogo seria completamente distinto. Mais ainda, o golo não afectou a equipa de Jesus de imediato. Nos minutos seguintes, o Dortmund continuou com muitas dificuldades em ligar o seu jogo, e a liberdade de que Weigl acabou por gozar começou a fazer-se notar apenas aos poucos, e com a descrença que se foi apoderando da equipa leonina. No final da primeira parte, fica-se com a impressão de que Weigl jogou os primeiros 45 minutos sem oposição, que o Dortmund conseguiu sempre superar as linhas de pressão do Sporting e aproveitar o espaço entre a linha de meio-campo e a linha defensiva adversária, e que os leões foram totalmente subjugados. Nada mais falso. Do meu ponto de vista, aliás, o Dortmund fez uma primeira parte relativamente fraca. O jogo interior dos alemães, por exemplo, praticamente não existiu. À excepção de dois lances em que Weigl conseguiu ligar o jogo por Goetze (ao minuto 13, na sequência de uma acção defeituosa de Elias, que se fixa em demasia na referência do homem e deixa um espaço enorme no meio, e ao minuto 29, em que Goetze aparece a receber entre Elias e Gelson, já perto da linha lateral), a opção dos alemães foi sempre o jogo exterior, e esse raramente constituiu um grande problema. É verdade que  o Dortmund conseguiu chegar muitas vezes ao último terço do terreno, e que o Sporting não travou o principal responsável por isso, Weigl, mas raramente lá chegou com a defesa leonina desequilibrada. Os desequilíbrios alemães ocorreram quase todos na sequência de lances de contra-ataque (como o de Pulisic ou como o de Kagawa) ou em acções individuais (como aquelas protagonizadas por Aubameyang). Em organização ofensiva, quantas vezes o Dortmund conseguiu realmente incomodar o Sporting? Conseguiu fazer a bola chegar ao último terço do terreno, mas quase sempre por fora e quase sempre com as linhas defensivas bem arrumadas.

O Sporting começou muito bem o jogo, em todos os aspectos (qualidade a sair de zonas de pressão, capacidade de circular a bola e penetrar no bloco adversário, competência a pressionar, com a linha defensiva muito subida a encurtar os espaços interiores), e continuou a fazer bem algumas dessas coisas. Mas houve uma coisa que mudou com o golo de Aubameyang. Fosse por receio de perder o controlo da profundidade, fosse por desconcentração, a linha defensiva dos leões não se comportou sempre como deveria, afundando em excesso em determinadas ocasiões. Veja-se, por exemplo, o lance de contra-ataque conduzido por Kagawa aos 39 minutos: Bartra recupera a bola, e toda a linha média do Sporting sai em pressão; a linha defensiva, porém, permanece atrasada, e o japonês pôde receber entre linhas, sem ninguém num raio de 20 metros. Foi esse, a meu ver, o principal defeito do Sporting, na primeira parte. Sempre que, em organização defensiva, a linha de defesa baixava, a linha média não tinha outra hipótese que não fosse baixar também, dada a colocação de Goetze e Kagawa (que se posicionavam sistematicamente junto à linha defensiva leonina), e foi isso que permitiu a Weigl toda aquela liberdade. E isso só aconteceu porque o resultado era desfavorável e, concretamente, porque isso resultara de um lance em que Aubameyang conseguira ganhar as costas à defesa do Sporting. Perante um resultado desfavorável, o passar do tempo faz aumentar a descrença dos jogadores, e com essa descrença aumenta também o receio de falhar e a desconcentração. O Sporting continuou a jogar bem, tanto ofensiva como defensivamente, depois de sofrer o golo (esteve muito bem a sair de zonas de pressão, a trocar a bola em espaços curtos, a explorar o jogo interior, a criar situações de ataque através de combinações colectivas, a criar superioridade numérica na zona da bola, a reduzir os espaços no corredor central, etc.), mas num ou noutro momento os jogadores perderam a concentração (geralmente em aspectos em que é mais fácil perdê-la, como seja em acções de posicionamento sem bola), e isso criou a ilusão de que o Borussia de Dortmund tinha dominado o jogo a seu bel-prazer. O Sporting falhou em certos momentos, é certo, mas não me parece justo justificar o resultado de um jogo (neste caso, o resultado que se verificava ao intervalo) com base num falhanço estratégico quando, na verdade, as falhas foram pontuais e em grande medida motivadas pelas incidências do próprio jogo.

O outro jogo que motivou este texto foi a goleada imposta pelo Barcelona ao Manchester City, em Camp Nou. Depois do jogo, aquilo que se ouviu foi que o Barcelona dominara absolutamente, que a diferença de qualidade entre as duas equipas foi avassaladora e que o City de Guardiola ainda não está minimamente afinado. De novo, não só não concordo com nada disto como estou convencido de que tais análises decorrem unicamente dos números expressivos do resultado final. E, no entanto, os primeiros dois terços do jogo não justificam tal análise. Até à expulsão de Cláudio Bravo, o City não estava a ser inferior, de modo algum, ao Barça. Perdia por 1-0, é certo, mas não estava a ser inferior, em termos gerais, ao seu adversário. Em muitos momentos, aliás, estava até a ser superior. Até ao primeiro golo, aos 16 minutos, estava a condicionar por completo a manobra ofensiva dos catalães, e estava a conseguir produzir ataques bem mais interessantes. E mesmo o lance que permitiu ao Barcelona chegar à vantagem é do mais fortuito que há: Messi não só ganhou um ressalto, no início do lance, como acabou por ficar isolado frente a Bravo apenas porque Fernandinho escorregou. Até à expulsão do guarda-redes do Manchester City, no início da segunda parte, as equipas dividiam o jogo, havendo momentos em que uma conseguia superiorizar-se à outra e havendo oportunidades claras de golo em ambas as balizas, e dificilmente se poderia apostar num vencedor. Depois da expulsão, sim, o Barcelona dominou totalmente a partida. Com menos um jogador, o City teve mais dificuldades em suplantar a primeira linha de pressão dos catalães, e começou a cometer alguns erros. E depois do segundo golo, com a partida praticamente decidida, o desnorte apoderou-se dos ingleses. A bem dizer, o Barcelona até justificou a goleada, pelo que conseguiu fazer nos últimos 30 minutos. Mas é anedótico dissociar o que aconteceu nesse período do jogo do acontecimento que o desencadeou. Nenhuma análise séria pode pegar no que se passou nesses 30 minutos sem ter em conta que o Barcelona jogava com mais um jogador, que estava em vantagem no marcador, que tinha a partida resolvida e que os adversários já não estavam emocionalmente comprometidos com o jogo. O Barcelona só foi melhor do que o Manchester City, e só dominou como os analistas disseram que dominou, depois de acontecerem certas coisas no jogo. Foram as incidências do jogo, e só elas, que permitiram ao Barcelona superiorizar-se de modo evidente, e qualquer análise do resultado que procure justificá-lo sem reconhecer a devida importância a essas incidências é uma análise falhada.

domingo, 23 de outubro de 2016

O Futebol não é para Meninos

A frase que serve de título a este texto é ouvida recorrentemente e serve de argumento, na maioria dos casos, ou a um jogador que acabou de vencer um determinado duelo físico a outro jogador, o qual protesta pela dureza da entrada, ou a qualquer pessoa que queira defender que a rispidez de certos contactos é legal. Quem segue este blogue sabe que considero que o futebol, ao contrário do que muitas vezes se afirma, não é um jogo de contacto. O único contacto físico legal, contemplado nas regras do jogo, é o do ombro com ombro, e por razões que facilmente se compreendem: é um contacto justo, na medida em que é feito com a mesma parte do corpo, e que não põe em risco a integridade do adversário. Significa isto que qualquer outro contacto deva ser punido em falta? Não. Mas qualquer contacto físico que sirva àquele que o promove para obter uma determinada vantagem na disputa da bola, ou qualquer contacto físico que de algum modo ponha em risco a integridade física de um adversário, sim. Os árbitros tendem a assinalar com alguma facilidade um puxão de camisola, ou um empurrão, mas têm mais dificuldades em assinalar outros toques, feitos com as pernas ou com o tronco, que produzem o mesmo efeito. Quando o portador da bola não cai, ou não perde o equilíbrio de modo evidente, interpreta-se o contacto promovido por aquele que lhe quer tirar a bola como natural e até, muitas vezes, saudável. E, no entanto, não é raro que esses contactos façam com que o portador da bola, tendo de reequilibrar-se ou tendo de recuperar a passada, perca uma pequena vantagem que tinha: o controlo preciso da bola, uma determinada linha de passe, etc.. Há equipas que fazem deste género de contacto físico, tolerado por quase todos os árbitros, uma valência decisiva. O melhor exemplo que podia dar é o Atlético de Madrid de Simeone.

A ideia que subjaz à conivência dos árbitros é a da "saudável disputa da bola". Ao contrário de um puxão ou de um empurrão, que são formas ostensivas de impedir um adversário de progredir, um pequeno toque com a anca, um pequeno encosto, um braço à frente do dorso do adversário aquando da tentativa de ganhar a frente ao mesmo adversário, ou um desarme que, apesar da consequência de derrubar o adversário, acerte na bola, são exemplos de contactos que, por norma, são considerados legais. Ainda que me pareça sensato que a legalidade deste género de lances deva ser avaliada caso a caso (o critério, como sugeri, deve ser a desvantagem que causam ao portador da bola), creio que era importante, a bem do espectáculo, que se percebesse que este tipo de contacto não é diferente em espécie de um puxão ou de um empurrão. Ainda que não tão ostensivas, sobretudo porque camufladas por uma alegada intenção de disputar a bola, são igualmente formas de impedir um adversário de usufruir de uma qualquer vantagem ganha de forma legítima. Os árbitros não assinalam este tipo de contactos, ou assinalam-nos escassamente, porque presumem a boa intenção do defensor, que realmente parece querer apenas disputar a bola. Como já disse, este género de conivência tende a proteger equipas cujo único argumento é a agressividade com que apertam o portador da bola, que se destacam por morder sistematicamente os calcanhares aos adversários e que se limitam, portanto, a jogar em função do que não permitem jogar. Mas este género de conivência é ainda prejudicial ao espectáculo de outra maneira: põe em risco a integridade física dos jogadores, e especialmente daqueles que melhor tratam a bola.


Vem isto a propósito da lesão de Andrés Iniesta, ontem à tarde, no jogo que opôs o Valência ao Barcelona. É verdade que Enzo Pérez acertou na bola, e é verdade que a única intenção que parece ter é a de tirar a bola dos pés do seu adversário. Também é verdade que lesões destas podem acontecer quando menos se espera. Não é menos verdade, contudo, que este tipo de entradas podia e devia ser evitado. A interpretação do árbitro, ao não sancionar o lance sequer com falta, é muito clara: tratou-se de um desarme legal. De facto, o pé direito de Enzo acerta na bola, e o objectivo da acção do argentino é cumprido. Mas a que custo? E será que o árbitro interpretaria o lance da mesma foram se a perna esquerda de Enzo, ao invés de ter ficado para trás, tivesse cumprido um movimento deslizante junto ao solo, cumprindo aquilo a que vulgarmente se chama uma "tesoura"? Decerto que não. E é isso que é absurdo. Um árbitro tende a punir, e a admoestar disciplinarmente, certas acções que lhe ensinaram a reconhecer como potencialmente perigosas, como é o caso da "tesoura", que pode prender a perna do adversário e provocar uma torção. Que a perna do portador da bola fique presa entre as duas pernas do adversário está longe de ser, todavia, a única forma de provocar uma torção perigosa. No caso concreto, é o impacto da perna direita de Enzo no joelho direito de Iniesta, no momento em que o pé do espanhol se encontrava fixo no chão e a perna totalmente esticada, que provoca a torção. Nesse sentido, a integridade física de Iniesta é posta em causa pela perna de Enzo que, efectivamente, cumpre o desarme. O que interessa, então, que esse desarme se cumpra? O que interessa que o pé direito de Enzo consiga, de facto, tocar na bola, se a sua coxa provoca, em simultâneo ou posteriormente, um impacto no adversário que, em última análise, pode pôr em risco a sua integridade física? 

Estamos a falar de uma lesão grave, mas não era preciso que a entrada de Enzo Pérez tivesse estas consequências para que se considerasse uma entrada perigosa. Perante tais consequências, não faltarão pessoas a concordar que se tratou, de facto, de uma entrada perigosa (ainda que não faltem também aqueles que, vítimas do preconceito com que as educaram, consideram o desarme totalmente legal e a lesão um acidente). Mas quantos diriam o mesmo antes de conhecerem tais consequências? Mais: quantos diriam, ao ver o lance sem repetições, que se tratava sequer de uma entrada para falta? Tenho a certeza de que muito poucos. Para a maioria das pessoas, a legitimidade de um desarme depende do critério da precedência: se o defensor derrubar o atacante, mas tocar primeiro na bola, não há lugar a falta. Este género de raciocínio é absurdo! O lance da lesão de Iniesta é merecedor de falta, não obstante o árbitro não a ter marcado, mas é também merecedora de cartão vermelho. Ainda que Enzo queira apenas acertar na bola, não se preocupa com a possibilidade de aleijar o adversário directo. É uma entrada mais perigosa do que qualquer "tesoura" ou que qualquer rasteira por trás, e é uma entrada cujas consequências, à partida, são muito piores do que qualquer agressão. No mesmo jogo em que Messi viu um cartão amarelo por manifestar verbalmente o seu desacordo por uma decisão do fiscal de linha, um dos melhores jogadores do mundo, um daqueles que sozinho, leva muita gente a ficar em frente a um televisor durante 90 minutos, ficou com boa parte da época em risco. É revoltante, e devia fazer as pessoas reflectir acerca de muita coisa. A principal, a meu ver, é que, as regras do jogo (e a interpretação convencional que é feita dessas regras) continuam a deixar desprotegidos os melhores jogadores e, continuando a encorajar a agressividade defensiva, continuam a não servir o espectáculo. Enquanto se permitir que os mais habilidosos e os mais inteligentes possam ser desarmados deste modo, colocando a sua integridade física em risco, e enquanto a habilidade e a inteligência que os caracteriza puder ser combatida deste modo, com recurso a acções que, mesmo quando não põem em causa essa integridade física, permitem aos menos habilidosos e aos menos inteligentes nivelar a contenda com os demais, a mediocridade continuará a ser tão conceituada quanto a genialidade. A lesão de Iniesta é lamentável. Mas mais lamentável é ter acontecido num lance que a maior parte das pessoas considera normalíssimo. O que é verdadeiramente revoltante é que que este tipo de lances, em que o defensor procura acertar na bola sem se preocupar em fazê-lo sem acertar também no adversário (tenha isso as consequências que tiver), não seja revoltante para toda a gente, que o futebol, em suma, não seja, de facto, para meninos.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O Futebol e o Bacalhau à Brás: a Falácia dos Princípios de Jogo

Argumento hoje na Soul Magazine que o futebol é muito diferente de bacalhau à Brás. A possibilidade de alguém confundir as duas coisas pode parecer insólita, mas todos aqueles que, influenciados por uma determinada escola de pensamento que ainda hoje continua a ter muitos seguidores, acreditam em princípios de jogo universais, em normas básicas que toda e qualquer equipa procura cumprir, seja qual for o modelo de jogo que as defina, a estratégia de jogo que estiver delineada ou, simplesmente, as circunstâncias de cada jogada, não podem senão acreditar também que jogar futebol é tão simples quanto seguir à letra uma receita.

Podem ler o texto aqui.