segunda-feira, 30 de julho de 2007

A Explicação definitiva...

Muitas vezes eu e alguns colegas meus comentamos a disparidade existente entre as camadas jovens do Sporting e do Benfica. Aqui está uma razão para esse fenómeno : http://www.maisfutebol.iol.pt/noticia.php?id=837741&div_id=1456

O que está em causa não é o rapaz ser novo. Mas sim o facto de ele eleger o Anderson, do F. C. Porto, como o melhor médio-centro da Liga Portuguesa da época transacta.
Não se trata de o brasileiro possuir, ou não, qualidade. Trata-se de um "olheiro" reconhecer este jogador como um médio-centro! Calculo que daqui a uns anos, o Benfica só tenha de alterar as posições das suas promessas para assim descobrir verdadeiras pérolas...

sábado, 28 de julho de 2007

Goleada...

Depois de o meu texto sobre os artigos do Luis Sobral ter causado tanta polémica, pensei que a tempestade fosse amainar. Temo, contudo, que, depois deste texto, voltem a cair sobre mim palavras de repúdio, bem como insultos e acusações palermas. Mas não consigo resistir: é demasiado bom para não escrevê-lo e, confesso, não nutrindo por este senhor nenhum ódio particular, só a polémica que causou me motiva a reatá-la.

Andava eu descansado a ler coisas, quando encontro nova pérola do senhor Luis Sobral. Devo dizer, por esta altura, que quem não tem vergonha uma vez, não tem vergonha sempre. O artigo é este.

Se é verdade que, segundo o título de Luis Sobral, "perder Simão pode doer", parecem-me parvas muitas das coisas que se dizem em seguida. Para não acharem que só digo mal do senhor, vou referir cada argumento do senhor Sobral e concordar com os que tenho que concordar e discordar dos outros.

Ora, diz Sobral que "O Benfica perdeu o jogador preferido pelos treinadores em 2006/07."

Sobral constata um facto, é verdade. Mas faz mais do que isso: assevera a sua concordância com isto, ao utilizar esse argumento para dramatizar a importância da saída de Simão. Ora, Simão pode ter sido o jogador preferido pelos treinadores, mas não teve, nem de perto, o papel decisivo no Benfica que Quaresma teve no Porto. Logo, Sobral está a dar ênfase a uma coisa importante, é certo, mas esquece que seria muito mais relevante se o Porto ficasse sem Quaresma.

Diz em seguida: "Este simples enunciado antecipa a frase seguinte: será praticamente impossível encontrar quem esteja ao mesmo nível."

Concordo. Mas também concordo que um bife não é uma salsicha. Alguém acha que substituir um jogador nuclear é possível? No Real Madrid ou no Chelsea, está bem. Mas para o Benfica substituir um jogador avaliado em 20 milhões de euros, teria de desembolsar quantias idênticas, o que num clube português é uma má política financeira e desportiva. Logo, a saída de Simão deve ser colmatada com um jogador com menos provas dadas. Este jogador até pode substituir o seu precedente com sucesso, mas isso só acontecerá por um golpe de sorte. Izmailov parece poder ser um bom sucessor de Nani, mas a ver vamos.

Continua Sobral: "Teria de ser um jovem génio ou um jogador maduro e de nível internacional."

Claro. Mas um jovem génio implica sempre uma obscuridade quanto ao seu desempenho. Pode substituir com êxito o seu precedente, como pode demorar a adaptar-se.

Acrescenta: "Descobrir génios (como o F.C. Porto, com Anderson) implica uma boa prospecção e alguma sorte."

Espera lá... Génios?? O senhor Sobral tem dicionário em casa? Primeiro, parece-me que o uso da palavra génio é excessivamente generalizado. Qualquer jogador habilidoso já é génio? É um bocado ousado, isto. Génios no futebol houve dois: Maradona e Zidane. Depois há os outros, os prodigiosos, os que estavam mesmo talhados para serem aquilo e não outra coisa. Falo, por exemplo, de Laudrup, de Del Piero, de Figo, de Ronaldinho, de Platini, de Cruyff, de Eusébio, de Pelé, de Redondo, de Bergkamp, de Van Basten, etc. E só depois vêm os putos habilidosos, que ainda têm muito pela frente, mas que, só porque sabem uns truques com a bola, não significa que sejam nem prodigiosos nem geniais. Sei de vários casos de jogadores que, em tenra idade, aparentavam um futuro ao nível dos melhores de sempre, mas que depois desapareceram. Com dezoito anos, nunca vi jogar, por exemplo, ninguém como o Dani... Mas o mais ridículo deste pequeno excerto nem é isto. O que é verdadeiramente absurdo é considerar Anderson um génio. Nunca percebi de onde veio o amor pelo brasileiro. Nem sequer me lembro de uma coisa assim, de um jogador não fazer nada de extraordinário e cair nas boas graças de quase todo o mundo. Não me interpretem mal: acredito que ele tem um potencial enorme. Mas não mostrou praticamente nada para que o mimassem como mimaram. Anderson fez um início de época relativamente bom, mas nem sequer deslumbrou. Simplesmente apareceu do nada, a jogar bom futebol, mas mais nada. E logo se levantaram vozes, dizendo que nascera mais um prodígio. Que estupidez! O futebol do Porto até agradeceu quando ele se lesionou: passou a fluir mais e libertou Quaresma, que viria, pelo segundo ano consecutivo, a carregar a equipa às costas. Agora, se Anderson já criara tanta euforia, a sua lesão não poderia ter acontecido em melhor altura. O puto, sem mostrar nada de especial, repito, deixara um ar da sua graça, abrira o apetite aos adeptos, insinuando que poderia (como também não poderia) fazer uma grande época. E construiu-se um mito, baseando-se na presunção de que ele manteria o mesmo nível ao longo do campeonato inteiro, nível esse que já era sobrevalorizado pelos adeptos. Para além disso, a sua lesão foi motivo para o avolumar da guerra ideológica com o Benfica. Além de se ter criado um mito em torno de Anderson, criou-se também um mártir. E mitos e mártires são sempre adorados. Ou seja, a reputação de Anderson foi muito mais criada pela imaginação das pessoas do que por aquilo que ele fez de bom. E é sempre assim. O ideal do herói grego era o homem que se valorizava na guerra. E, por isso, os heróis raramente sobreviviam à guerra e morriam velhos. Interessava as pessoas recordarem os seus feitos heróicos, não a decrepitude ou a sabedoria. Aquiles foi para a guerra para morrer. Ájax, sentindo que o seu tempo de feitos grandiosos se aproximava do fim, suicidou-se. E as pessoas recordaram-nos pelas últimas coisas que fizeram, ou por aquilo que prometiam fazer. Assim aconteceu com Anderson. Lembro-me de achar que Zidane fora extremamente inteligente ao abandonar a carreira num momento tão bom. Ninguém se vai lembrar dos meses que demorou a adaptar-se ao Real Madrid, nem das coisas menos boas que, eventualmente, faria se continuasse a jogar futebol. Resumindo, Anderson não fez nada para valer o apreço que lhe têm, mas muito menos para ser considerado um génio. Por isso, senhor Sobral, meça as palavras quando quiser fazer afirmações como esta.

Adiante. Continua Sobral: "Contratar jogadores de nível internacional no auge é praticamente impossível para qualquer clube português"

Não é praticamente impossível. Antes pelo contrário, o Benfica poderia bem investir o dinheiro recebido num jogador da valia do Simão e com a idade dele e os mesmos créditos dados. Não era assim tão difícil. Mas seria errado. Ou seja, ser possível é. Só que é estúpido...

E diz ainda: "No entanto, creio que é justo dizer que o Benfica está hoje mais sólido enquanto clube do que no passado (há três ou quatro anos, por exemplo). Por isso necessita menos do que Simão significava fora do campo, naqueles longos períodos em que parecia que a equipa se esgotava no internacional português."

Concordo até ao primeiro ponto final. A partir daí nem sequer percebo o que o senhor Sobral quer dizer. O que é que o Simão significava fora de campo? Tem um rabinho jeitoso? A mulher dele inspira os outros? Ele tem umas piadas giras e põe a malta bem disposta? Não sei mesmo...

Finalmente, Sobral remata: "PS: Juntar à saída de Simão a entrada de muitos jogadores, criar conflitos com jogadores do plantel e empurrar para a rua o homem que fazia a ligação entre a equipa e a direcção é que poderá ser muita coisa ao mesmo tempo."

Pois, a saída do Simão foi a gota de água. Mandar homens para a rua, criar conflitos com jogadores e comprar muita malta até é fixe, desde que o Simão não saia. Agora, saindo o Simão, está tudo estragado. E o resto passa a ter importância. Isto é basicamente o mesmo que pensar o seguinte: podia explodir uma bomba no autocarro da equipa que, desde que o Simão se salvasse, não havia problema. Agora, se o Simão não se salvasse, estava o caldo entornado. Para o Sobral, Simão é tipo um líder de uma milícia. Pode-se prender quase toda a gente que faz parte da milícia, que isso não tem efeito nenhum. Se queremos acabar com a milícia, temos de limpar o sarampo ao líder. E basta isso para que os outros percam todo o relevo. Fenomenal!

Para acabar, quero então dizer que o resultado se avoluma para 0-3 e que, pressupondo que o Sobral não tem um transplante cerebral marcado para os próximos tempos, se avizinha uma goleada...


sexta-feira, 27 de julho de 2007

Adios...

Depois de Ricardo, o Benfica volta a perder um dos grandes obreiros do último campeonato conquistado...

quarta-feira, 25 de julho de 2007

"Loucos"...

" Quero alcançar melhores resultados com um futebol mais alegre"

"Para mim, a beleza no futebol passa sobretudo por ter o controlo do jogo através da posse de bola, dos ritmos de jogo, trocas de passe e os jogadores criativos terem preponderância dentro do colectivo." Mourinho, in A Bola.

Afinal o melhor do Mundo, sem nos conhecer, até concorda connosco... Maluco...

Certezas... (7)

Terrível, só para os defesas que lhe surgem ao caminho; cruel e impassivo, apenas com a bola nos pés. O pequeno Ivan, lembrando o czar russo somente no nome, é, porém, uma ameaça permanente aos objectivos do inimigo. Rapidíssimo e possuidor de uma técnica ímpar, esconde a bola dos adversários com a mesma facilidade e elegância com que um toureiro se movimenta atrás da capa. Os touros investem e Ivan, de bola colada aos pés, desvia-se e progride. É impressionante vê-lo manter a posse da bola junto aos pés e sob o corpo arqueado! O futebol português costuma produzir extremos rápidos, fortíssimos no um para um. Ivan é tudo isso. Mas os extremos que o futebol português costuma produzir são também exuberantes, gostam de fintas desarticuladas, de movimentos desengonçados. Ivan não tem nada disso. Tudo nele é genuíno. Não há os dribles exóticos de Quaresma; não há os bailados de Cristiano Ronaldo; não há as piruetas de Nani. Pequeno, ágil, veloz, com pinta de argentino, furta-se aos oponentes com gestos simples, do modo que a situação melhor exigir. Não parte para cima do adversário pensando em truques: limita-se a encará-lo e, no momento certo, a deixá-lo para trás como melhor conseguir. E tudo isso, com o donaire de um principezinho. Talvez o seu futuro não lhe reserve um trono: o futebol costuma ser injusto para os jogadores da sua estirpe. O último grande atacante de pequenas proporções que o futebol português deixou respirar foi João Pinto. Como ele, a sua carreira inicia-se no Boavista. E como ele, só longe do clube do Bessa se poderá afirmar. Não acredito que um jogador da sua índole seja aproveitado por uma equipa onde se afirma que os principais valores são o dever militante e o respeito pela tradição do clube. E também não acredito que seja aproveitado sendo treinado por Jaime Pacheco. Para já, foi chamado aos trabalhos da equipa sénior. Se é aposta ou não, o tempo o dirá. No Verão, pôde mostrar algum do seu talento no europeu de sub-19. As fracas estratégias colectivas do seleccionador e a pouca inspiração dos seus parceiros de ataque fez com que estivesse pouco em jogo. Ainda assim, do pouco que se viu, deu para confirmar muita coisa: Ivan Santos é craque e tem todo o direito a sê-lo mais ainda...

segunda-feira, 23 de julho de 2007

O novo caça-talentos do Benfica...

A notícia não é de hoje, mas apetece-me falar disto. Estou contente por o Benfica ter entregue o departamento de prospecção a um profissional tão dotado como o Hernâni. E gosto da aplicação dele: além de capitão da selecção nacional de futebol de praia, ainda tem tempo para se dedicar ao Benfica... Era mesmo disto que o Benfica precisava, de alguém fiel ao clube até à morte, que jamais jogaria, por exemplo, no F.C. do Porto, de alguém que faria até chichi no copo do colega só para ele não se tramar. Era mesmo isto... Há quem diga é que ele se chama Mozer, mas eu prefiro Hernâni. A cena do acento circunflexo tem nível e assim não há confusões com compositores geniais...

domingo, 22 de julho de 2007

Grande...

Sei que não é habitual este tipo de Post no nosso blogue... Mas depois da exibição de sábado...
Grande Rui Costa... Com reformados destes...

sábado, 21 de julho de 2007

Seis que mereciam ser Dez... (3)

Geometria. Se pudéssemos resumir numa palavra o seu futebol, seria esta a mais apropiada.
Disse uma vez que tinha tido sorte. A sorte de encontrar um treinador que preferia um jogador que tocasse a bola para o lado, em vez de "rasgar". Eu digo mais, o Futebol teve sorte.
A sua qualidade de passe era assombrosa, que apenas encontrava par na maneira como, elegantemente, obstruia as linhas do adversário.
Importante no desenvolvimento das situações de ataque da sua equipa, fossem elas rápidas ou nem por isso, nunca deixou que o seu dom se tornasse uma maldição, isto é, nunca abusou da capacidade que possuía em colocar a bola à distância.
Com critério definia as bases de cada ataque, permitindo um desenvolvimento do mesmo de forma sustendada e equilibrada, fosse através dos apoios que concedia, ou das movimentações a que "obrigava" os seus colegas...

Cruyff disse que ele jogava em qualquer equipa, e ele jogou numa das que mais apaixonou os adeptos do Futebol...

Não teve do futebol, o fim, nem a homenagem que merecia...
Mas será intemporalmente um dos melhores na sua posição, por isso, e pelos bons momentos proporcionados... Obrigado Pepe Guardiola.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Certezas... (6)

Personalidade! A primeira palavra que surge quando penso neste jogador.
Uma atitude irrepreensível dentro de campo, assumindo-se como um exemplo para os companheiros, faz de jogadores como ele e o Daniel Carriço lideres naturais. Contudo, não é só por este facto que este miúdo deslumbra.
A primeira vez que o vi jogar, como médio mais ofensivo, não me encheu as medidas. Sim senhor, tinha qualidade de passe, tecnicamente evoluído, uma enorme disponibilidade, boas opções, mas faltava-lhe criatividade, - se bem que esta característica, nos dias de hoje, é muitas vezes desprezada. - e algum à vontade no último terço do terreno. Todavia, deu para ver que se ele ocupasse uma posição mais recuada, tinha condições para ser enorme.
Nos jogos em que o voltei a ver, só por uma vez o vi jogar como médio mais defensivo. Nesse jogo confirmou tudo que pensava dele. Estava na presença de um miúdo que tinha tudo para se poder tornar um dos melhores jogadores da sua geração, desde que colocado no seu devido lugar. Mas depois vi os sub-18 a jogar e pensei... "Ele mesmo fora da sua posição será sempre o melhor da sua geração!!"
Ainda assim, espero que se assuma definitivamente como médio mais defensivo, na perspectiva de se descobrir mais um enorme "reforço" para o futebol nacional...
Falo de... Adrien Silva.

Reciclagem...

Afinal não é apenas o Couceiro... Quer dizer este é o pior... Mas este Edgar Borges...

A selecção sub-19 ontem demonstrou isso mesmo. E começou pelas opções, até mesmo pelos que não foram.

Contra a Espanha, execeptuando o sector defensivo, a selecção revelou-se um enorme equívoco.

Aquele sector intermediário, Cruz, Martins e Castro, é no mínimo constrangedor. Três jogadores com características defensivas, - sim, porque eu espero que o Castro seja na realidade médio defensivo, e não médio ofensivo. - acompanhados por um tridente ofensivo, dos quais apenas se salva o pequenito Ivan Santos, não podia colher grandes resultados.

Não conheço bem esta selecção, mas calculo que o Edgar Borges tenha optado pelos melhores para este jogo contra a Espanha. Ou então não. De qualquer forma, não se compreende como é que um jogador como o Ricardo Nogueira não faz parte deste grupo. Não estou a dizer que ele seja um prodígio, mas é de grande utilidade, e é ponta de lança. A sério, não é apenas grande, como o Pedro Ribeiro.

Não sei o que vale o Paim, mas o pouco que vi dele, e o demasiado que vi do Candeias, sei que é bem melhor do que este. Já a "estrela" da selecção, Castro deixou muito a desejar, mas isso talvez seja reflexo da ( péssima) estrutura que o seleccionador montou. Talvez, isto é, se ele realmente for um médio de características defensivas.

O João Martins não tem desculpa. Não admito que um jogador com a qualidade de passe dele, falhe tantos. Movimenta-se bem, procura dar linhas de passe, tem boas ideias, e coloca a bola á distãncia com uma facilidade assombrosa, mas falha passes de 4/5 metros de uma forma deseperante. Já o Cruz... Bem este é apenas Mau!

Na frente para além das patetices do André Monteiro, e do Candeias, o Ivan Santos ainda tentou desequilibrar, verdade que ás vezes exagera, mas em muitas ocasiões não lhe deram outra solução, ou seja, sem apoios é normal que ele procure de forma mais insistente o um para um.

Na defesa, Daniel Carriço num patamar mais elevado, o quarteto exibiu-se a um bom nível.

Não bastassem as opções discutíveis do Sr. Edgar Borges, ele também foi vítima das novas tecnologias. Passo a explicar: a meio da primeira parte ele criticou o João Martins por este ter jogado a bola para o lado, dizendo: " João a bola é para a frente, não para trás e para o lado.".
Resta dizer, que não era uma situação de contra-ataque. Ou seja, para este senhor, jogadores como Guardiola... Esqueçam lá isso...

Mas deste jogo, pobre, pouco mais há a retirar do que a certeza que, para bem das selecções jovens, é urgente uma reciclagem no corpo técnico das mesmas... Quer dizer... Se calhar nem por isso... Perguntem antes ao Zéquinha, e ao Candeias, a ver se eles concordam...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

"louca Quimera"

Não sei se será suficiente para dar início a uma nova era. Talvez não. Mas louve-se a iniciativa.

Serão poucos os que, depois de ter conquistado um campeonato, demitiriam o treinador vitorioso, lembrando que era preciso mais qualquer coisa.

Este gesto toma mais importância vindo de um clube como o Real Madrid. O exemplo deve vir de cima. Não sei, porém, se esta decisão contém um motivo tão altruísta, como a valorização do futebol, ou se não passa de uma desculpa "adornada".
Ainda assim, poderá representar um ponto de viragem no futebol actual e devolvê-lo à sua condição de espectáculo, acima de tudo. Concentremo-nos nesta utopia.

É um caminho perigoso este. Não é o mais fácil, mas é sem duvida o mais correcto, o mais justo, para os jogadores - porque sim, eu acredito que os jogadores podem ter prazer, e ao mesmo tempo acumular profissionalismo - , para os adeptos, em suma, para o futebol.

Um rumo solitário, contendo obstáculos como a hipocrisia, a mesquinhez, a pequenez desses iluminados, que reduzem o futebol a resultados, mas depois queixam-se que os adeptos andam dirvorciados deste belo Espectáculo. Ah! Agora já é espectáculo...
Ao mais pequeno percalço, a "corja" surgirá, criticando os "loucos", regozijando-se com o fracasso de quem teve a coragem e a nobreza, de assumir os risco da mudança. E vai passar por "isto" muito do sucesso, ou não, desta "empresa".

A utopia proposta, a da harmonia entre o espectáculo e os resultados, não será assim tão ridícula. (Como antes defendi, no post " Erros") Mas para os que não concordam comigo, peço apenas alguma atenção para me fazer entender.

Assumamos que é de facto uma utopia a que se propõe o Real Madrid. Que não é suficiente apenas ganhar. Não se trata de renegar a importância dos resultados, mas sim de valorizar a forma como ele nos é apresentado. O futebol será apenas sinónimo de sofrimento? De fanatismo clubístico? Não poderá um adepto do Benfica deliciar-se com um jogo entre o Guimarães e o Belenenses? - Não faço menção aos "rivais", porque isso parece-me que era abusar da sorte!-.
Considerando este propósito, não será difícil perceber a evolução implicada no mesmo. Não basta ser eficaz, tem de haver qualidade.
Estes quadros, estas utopias, revelam a sua utilidade nisto mesmo. Ou seja, funcionam como o motor, a alavanca, que nos permite atingir um nível mais elevado. Até aqui bastava ganhar, desprezando a forma, o caminho que nos levava até esse objectivo. Uma evolução do "ganhar de qualquer forma", passaria sempre por ganhar de uma forma atraente. A borboleta nasce da larva...

Com esta atitude os dirigentes pretendem atingir um patamar que muitos ainda nem sequer consideram. O risco de se encontrarem "sozinhos" nesta selva poderá compremeter de sobremaneira esta "nova" mentalidade. Que não passa apenas pela mentalidade dos dirigentes, técnicos, etc... Os própios adeptos, os fanáticos, poderão não apreciar esta valorização, deixando que a sua paixão pelo clube ignore os benefícios e os êxitos que o seu clube certamente colherá, se lhe derem tempo... Pois, o imediato ainda é um dos grandes inimigos deste desporto...
E até pode não passar de um enorme "bluff", mas neste momento só o agitar de águas neste sentido, já é positivo...

terça-feira, 17 de julho de 2007

Luis Sobral 0-2 Entre Dez

Ai, ai, ai... Andei eu a fazer piadas sobre o António Tadeia e este Luis Sobral armado aos cucos. Encontrei duas pérolas destes senhor, dois artigos de altíssima qualidade sobre... talvez seja sobre futebol, mas preciso de confirmar. Os artigos são este e este.

Começo pelo primeiro. Sobre Manuel Fernandes, diz assim Sobral:

"O internacional português está um jogador diferente. Mais forte fisicamente, acrescentou ao bom jogo defensivo que possuía uma capacidade de remate e uma maturidade espantosas."

Está diferente, isso está, mas porque agora tem tranças. Mais forte fisicamente?? Não. Está igual. Capacidade de remate? Meu amigo: já a tinha! Maturidade? Onde? Perdendo uma em cada duas bolas?? Isso é maturidade? Se há coisa que o futebol inglês não dá é maturidade. Manuel Fernandes voltou mais competitivo, isso sim, mais confiante, mas continua a faltar-lhe aquilo que lhe faltava: parar para pensar. Não me interpretem mal: Manuel Fernandes é um grande jogador e talvez o melhor reforço do Benfica para esta temporada, como o Sobral refere. Mas, na minha opinião, parou de crescer enquanto jogador. É muito útil, mas combina uma combatividade extraordinária com decisões irreflectidas. É demasiado rápido a executar, o que nem sempre é bom, porque não tem capacidade para interpretar quais são as melhores soluções à mesma velocidade. As transições, fá-las sempre rápidas; raramente joga apoiado. Nisso, sem dúvida que há influências do futebol inglês. Enfim, não deixa de ser um grande jogador, mas um grande jogador que provavelmente não será mais do que o que já é...

"Por esta altura, admite-se que Fernando Santos coloque Manuel Fernandes sobre o lado esquerdo do losango, com Katsouranis à direita, Petit nas costas e Simão à frente, antes dos dois avançados."

A sério?? Admite-se? E o Benfica jogar à bola, não? Onde é que ficam o Rui Costa e o Nuno Assis? Com três médios de características defensivas, vai ser sem dúvida um meio-campo de combate, mas um meio-campo com poucas ideias. Tanto Katsouranis como Manuel Fernandes são bons médios de transição e ocupam bem os espaços ofensivos, mas não são jogadores de toque curto, jogadores de fantasia. O meio-campo do Benfica como o senhor Sobral o quer, será um meio-campo musculado, provavelmente bom a nível táctico, quer defensiva, quer ofensivamente, mas muito pouco imaginativo. E Simão a 10, se pode dar profundidade e explosão, retira ainda mais criatividade a esse meio-campo.

"candidatar-se ao estatuto de melhor médio da Liga."

Vamos lá ver uma coisa. Por melhor médio da liga, entende-se o quê? É que o Manuel Fernandes, a nível ofensivo, fica longe de um Moutinho, de um Romagnoli, de um Lucho Gonzaléz, de um Rui Costa, etc... E não consigo aceitar que o melhor médio da Liga seja alguém sem um nível aceitável de criatividade.

Bom, dediquemo-nos agora ao segundo artigo, o mais fenomenal dos dois. Diz Sobral o seguinte:

"Já se sabe que a um avançado pede-se, antes de tudo, que marque golos."

Senhor Sobral: já se sabe?? Quem? Quem é que sabe que a um avançado se pede que marque golos? A um avançado pede-se muita coisa. Só quem não percebe nada de bola é que pede a um avançado que marque golos. Os golos são o corolário de muitas coisas. Se a um avançado se pedisse apenas que se marcassem golos, ou se fosse essa a sua principal função, seria um jogador a menos tirando os dois ou três lances de golo por jogo em que entrariam em acção. A um avançado pede-se movimentações bem feitas, jogar com os colegas, ocupar espaços, etc...

Continua Sobral:

"Mas no futebol de hoje, e sobretudo no de Paulo Bento, a defesa começa lá à frente."

A defesa começa lá à frente no futebol de hoje?? E no de antigamente, não? E sobretudo no do Paulo Bento porquê? Essa, sinceramente, não percebi. Que tem o futebol do Paulo Bento para ser sobretudo nele que a defesa começa lá à frente? Ridículo!

"Nesse aspecto, o Sporting poderá fazer alinhar os dois melhores avançados-defesas da Liga: Liedson e Derlei, trabalhadores incansáveis."

Pára tudo!! Avançados-defesa?? Não sei se o senhor leitor percebeu o que se passou aqui. Se não, eu explico. Luís Sobral acabou de inventar uma nova posição no futebol. Avançado-defesa é aquele jogador que tanto é avançado, como defesa, julgo eu. Será que tinha o Karadas em mente? É que o norueguês, antes de ser ponta-de-lança, foi defesa central. Será isso? Lendo o resto do texto, percebe-se o que o engraçado do Sobral queria dizer. Por avançado-defesa entende um avançado que defende. Magnífico! Eu julgava que qualquer avançado tinha de defender, mas isso sou eu, que tenho a mania. Mas pronto, o senhor Sobral achou por bem chamar a avançado uma coisa nova. A partir de agora, há defesas, médios e avançados-defesas. Admito que um defesa, quando vai ao ataque, passe a chamar-se defesa-avançado. E se estiver a meio do terreno, passe a ser defesa-avançado-médio. Assim sendo, admitindo que qualquer jogador, eventualmente, tem que fazer um pouco de tudo, a única conclusão que podemos tirar é que o Ricardo Carvalho é um defesa-médio-avançado e o Nuno Gomes é um avançado-médio-defesa. Mais uma vez, Sobral foi ridículo!

Mas ainda sobre esta frase, e deixando de lado a expressão infeliz de Sobral, há que atentar no seguinte: para Sobral, Liedson e Derlei farão uma dupla de avançados muito boa porque os dois são "trabalhadores incansáveis". Não sei se eles farão uma boa dupla ou não, mas se o fizerem não é certamente por andarem a correr que nem tontinhos atrás da bola. Não há nada de mais irrelevante num avançado que a disponibilidade para andar a correr feito parvo.

Diz ainda Sobral:

"Derlei chegou à Luz depois de uma paragem prolongada, precisou de fazer a pré-temporada em movimento e também não ajudou o castigo de dois jogos, logo para cartão de visita."

e ainda:

"Numa equipa formada e em igualdade de preparação com os colegas, aposto que Derlei vai ser de grande utilidade ao Sporting."

Sobral justifica o fraco rendimento de Derlei no Benfica graças ao facto de não ter feito a pré-época. Mourinho (o melhor treinador do mundo), não faz pré-época. Ou seja, não trabalha de forma diferente antes da época. Que diria ele, Mourinho (por acaso o treinador com quem Derlei atingiu o rendimento máximo), ao ouvir isto? Acredito que Derlei tenha demorado a ganhar ritmo competitivo por causa de não ter feito a pré-época, mas isso não explica que, ao longo de 6 meses, não tenha mostrado aquilo que o Sobral acha que ele vale. Aposta o Sobral que Derlei será útil ao Sporting. Talvez, mas toda a justificação que o Sobral dá para essa aposta é patética.

Resumindo, Luís Sobral escreveu dois artigos rídiculos, com os quais me atrevi a gozar. 0 para o Sobral, 1 para mim. Além disso, atrevo-me a dizer que o Sobral não percebe nada de bola. 0 para o Sobral, 2 para mim.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Certezas (5)

Ao longe, o penteado e o passo pesado fazem lembrar Miccoli. Ao perto, não engana. Toque fino, elegância, suavidade e perfeição: é craque. Tecnicamente, um prodígio. Perfeito na recepção, é rápido a pensar e a executar. Embora extraordinário a nível técnico, não se envaidece em desfavor dos objectivos da equipa. Segura, entrega, desmarca com a mesma facilidade com que ultrapassaria, se assim fosse proveitoso, meia-dúzia de adversários. Cada movimento seu enfeitiça o apreciador de bom futebol: o seu jogo tem um perfume que nem todos podem ter. Destes brasileiros, poderiam vir às centenas para o nosso campeonato.

"É lento!", dirá quem o vir. Sim, parece. Mas é a aparente lentidão que lhe dá o encanto e que lhe permite a execução fina e o gesto perspicaz. "Se não é lento, pelo menos não é agressivo!", insistem. Não, não é agressivo. Mas desde quando é que a agressividade é critério? Laudrup, Bergkamp, Hagi eram agressivos? Zidane? Rui Costa? Quantos há que nunca precisaram de agressividade? Não tem o volume de jogo de Adrien Silva, de quem se fala excessivamente. Não aparece a dividir todas as bolas como este, nem reúne os aplausos babados do público por estar assim mais em jogo. Ofensivamente, contudo, além de suficientemente talentoso, é um trabalhador. Corre, dá espaços, cria linhas de passe, respeita apoios, entrega simples... Se defensivamente parece carecer de força e agressividade, compensa posicionalmente, sendo tacticamente irrepreensível. Se ofensivamente não se lhe notam rasgos individuais, compensa fazendo fluir de forma única o jogo. Não é ele quem dá nas vistas, mas é ele quem possibilita que os outros dêem nas vistas. Além de tudo, parece ainda ser extremamente humilde: qualidades daquelas seriam sempre uma tentação, mas parece não querer deslumbrar-se com todo o valor que tem.

Quero acreditar que um jogador destes vai ser aproveitado no futuro, mas temo que o não seja. Tem valor para estar ao mais alto nível dentro de poucos anos, mas a imbecilidade dos treinadores de futebol e, sobretudo, dos adeptos, pode fazer periclitar a sua promissora carreira. Jogadores como ele, que não deslumbram quem não percebe de futebol, têm sempre dificuldades em vingar neste mundo iníquo. O melhor que lhe poderia acontecer seria ficar este ano já no Sporting. A pré-época, vai fazê-la. Vejamos depois o que se segue, mas nada melhor que ser treinado por alguém que entende de futebol e que sabe potenciar os jogadores. Por tudo isto, boa sorte para o Yannick Pupo...

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Sub-20

Viver no mesmo planeta que José Couceiro já é mau. Viver no mesmo planeta que os comentadores do jogo de estreia da selecção nacional de sub-20 no mundial da categoria é ridículo. Exijo um planeta para mim! Portugal venceu por 2-0 a Nova Zelândia, equipa que para dar dois toques seguidos na bola tinha de pedir licença. E, satisfeitos, os senhores comentadores, acharam que Portugal tinha jogado bem e, mais absurdo, que alguns elementos têm enorme futuro.

Bruno Gama marcou dois golos e, segundo os comentadores, foi o MVP.

Agora a sério: Bruno Gama é mau. É limitado tecnicamente, mas pensa que é o Maradona. Não tem imaginação; é egoísta; não tem ideias, é egoísta; não tem cérebro; é egoísta. Marcou um golo de livre, chutando a bola na direcção do Guarda-Redes adversário, que teve a bondade de se desviar. Marcou um golo de penalty, mas ia falhando a bola na hora do remate: por sorte, o Guarda-Redes teve a bondade de se voltar a desviar.

Zéquinha, disseram os comentadores, é um portento. Tem sempre os olhos na baliza, remata muito, é mexido.

Agora a sério: Zéquinha é mau. Não, minto. Zéquinha é muito mau. Ter os olhos na baliza é mau, porque não os tem nos colegas. Mexer-se muito só seria bom se se mexesse para os sítios certos, o que não é o caso. Faz tudo em esforço; chega mais tarde aos lances que os centrais neo-zelandeses, que são fraquinhos; não tem uma única boa opção; cruza sem olhar para o avançado que deveria estar na área, mas que não está porque é ele e está a cruzar para si próprio. Depois, foi aplaudido pelo único remate que levou a direcção da baliza. Muito aplaudido. O gesto técnico, uma bicicleta potente, foi bom. A opção, terrível. Rematar de bicicleta a meio do meio-campo é coisa de gente parva. Além disso, tinha Pelé em melhor posição. Melhor ainda seria pousar a bola e entregá-la como faz, por exemplo, um jogador de jeito. Zéquinha ainda tem outra coisa contra si. Está a jogar na posição de Diogo Tavares, que é muito melhor que ele. Não sou religioso, mas pedi a Deus uma lesão grave para este jogador. Como é costume, Deus preferiu ficar do lado do estúpido do Couceiro.

Pelé, segundo os comentadores, é forte fisicamente, é completo, faz tudo bem.

Agora a sério: Pelé é mau. Contra a Nova Zelândia até parecia ser bom tecnicamente. Conheço meia dúzia de velhos que também pareceriam. Pelé, atleticamente, é bom. Com a bola nos pés, não é mau como costumam ser os jogadores da sua envergadura. Mas como a restante equipa, deixou o cérebro em casa. 80% das bolas que entrega, são pontapés para a frente. Pensa que, por ter um remate capaz de partir tijolos, deve rematar muito. Alguém lhe diz que só é golo se a bola for à baliza?

Nuno Coelho, disseram os comentadores, é qualquer coisa que não me lembro.

Agora a sério: Nuno Coelho é mau. Nem vale a pena tentar lembrar-me o que disseram dele.

Mano é péssimo. Mas pior ainda é Vítor Gomes, o tipo que entrou para o seu lugar. 2 perguntas para o senhor Couceiro: 1) por que é que não jogou Pedro Correia? 2) por que é que o André Nogueira não foi convocado?

João Pedro é horrível. Aquilo não é nada. Centrais daqueles já não se fazem.

Antunes é um flop. É muito bom a defender e potente a atacar. Mas raramente entrega uma bola no meio. É tudo na linha, tudo na linha, tudo na linha. Ou então, um pontapé a rasgar para o flanco contrário. E o Pereirinha a correr a dar opções para o boneco.

Salvam-se:

1) Fábio Coentrão. Tem tudo para ser um bom jogador. Tecnicamente acima da média, concilia os seus atributos com alguma inteligência. Boa contratação do Benfica.

2) Rui Patrício. Não é muito ortodoxo nem muito ágil, mas parece saber interpretar bem os lances.

3) Paulo Renato. Central fino. Teve uma falha no fim, mas tentou sempre sair a jogar. Contra esta equipa, um central que não tente sair a jogar uma vez que seja não merece nada. Parece saber bem que o papel de um defesa não é só cortar lances, mas muito mais dar início a um ataque.

4) André Marques. Melhor que Antunes num pormenor muito importante: preocupa-se com quem vem dar opção ao meio e não entrega a bola invariavelmente no extremo.

5) Zezinando. Não mostrou muito, mas do que conheço dele, é melhor que Pelé e que Nuno Coelho.

6) Diogo Tavares. Não jogou, mas não é preciso. Qualquer um é melhor que Zéquinha. Mesmo que assim não fosse, um treinador que o deixe no banco desta selecção não merecia menos que pena de morte.

7) Pereirinha. A estrela. Para os estúpidos dos comentadores, foi quase sempre discreto. Não tomou uma única má opção. A primeira jogada de jeito da selecção nasce de uma acção individual sua, com um remate a sair ao lado. Os comentadores disseram que deveria ter passado a bola. Pautou sempre bem o jogo da equipa e movimentou-se extraordinariamente. Se não esteve mais em jogo, foi porque os laterais não deram bolas no meio e porque Nuno Coelho e Pelé pensam que são eles quem deve fazer o último passe. Esteve ainda melhor ao tentar, mesmo em situações difíceis, contornar adversários e sair a jogar, em vez de optar por chutar sem nexo para a frente.

Resumindo, José Couceiro, os comentadores, Zéquinha, Pelé, Nuno Coelho, João Pedro e Bruno Gama poderiam tentar um suicídio colectivo. Só para ver o que dá...

P.S.: Quem quiser saber como se assassina um jogador, assista a este mundial e veja como Couceiro dá cabo de um dos maiores talentos do ataque português dos últimos anos: Diogo Tavares...

domingo, 1 de julho de 2007

"Patinho Feio"

Não é preciso perceber muito de futebol para reparar na ironia. Falo de Beckham.


Decerto que todos concordarão com a ideia que a sua carreira terá ficado aquém das suas possibilidades. E eu não sou excepção, mas encontro razões diferentes das que tenho lido, e ouvido.


Não ignoro o facto de muitas vezes o inglês se ter "distraído" no seu trajecto futebolístico. Mas penso que esta não é a principal razão. Acho até que o jogador é, neste caso, vítima, e não réu.


Por saber muito bem quais a suas principais qualidades, explorou-as sempre ao máximo. Por isso criou-se o mito de que era um jogador limitado no um para um, que não era muito activo nas transições, que se limitava a tocar a bola, e que apenas desiquilibrava nas bolas paradas.


Porque não era daqueles que corria e depois pensava, dava a sensação que não corria muito, que não era muito disponível fisicamente. Nada mais errado! Inteligente, e elegante, disputava sempre os lances em situação priveligiada, dando, por isso, a ideia que não se esforçava. O tal aforismo que o futebol é sobre esforço físico, relegando para segundo plano o intelecto. Tecnicamente evoluído, soberbo na recepção, e no passe, foi sempre de uma tremenda importância para as equipas que representou. Porém, a verdade é que não houve um treinador que soubesse "espremer" todo o talento deste jogador.

Tivesse sido proporcionado a Beckam a possibilidade de fazer parte de um projecto coerente e organizado, e teria sido enorme. Não deixa de ser irónico que talvez o principal defeito que lhe possam apontar é ter sido, durante toda a sua carreira, um jogador que se ocupava mais das necessidades desportivas da equipa, do que do seu ego futebolístico.

Assim, o facto de muitas vezes optar efectuar um passe curto, respeitando a movimentação, e dinâmica da equipa, evitando efectuar um cruzamento, ou um remate, que, não deixando de ter boas possibilidades de fracassar, iriam resultar, algumas vezes, em momentos fantásticos. Tenho a certeza que esta sua maneira de entender o jogo, trouxe mais benefícios do que prejuízos às equipas que defendeu. Mas se ele tivesse optado pela via menos "altruísta", decerto que a meia dúzia de momentos com que seria recompensado o elevariam, junto da crítica, e do comum adepto, a um nível fantástico. É verdade que para essa meia dúzia de momentos surgir, muitos ataques seriam sacrificados, e no fim, provavelmente, as suas equipas teriam acumulado menos alguns pontos, mas também ninguém estaria a contar, certo? Perguntem ao levezinho...
"Não há deus que se digne, que não sacrifique uns quantos carneiros ao povo que passa fome..."