quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Texto sem pés nem cabeça

Andava pela página da FIFA quando me deparei com uma variante de futebol que desconhecia: Futebol para Amputados. A primeira reacção que tive fui: "Bom, deve ser futebol para quem não tem braços." E isto levantava imediatamente uma questão pertinente: um gajo sem os dois braços poderia ser capitão de equipa? Outra coisa que me passou pela cabeça foi: "Numa modalidade assim, agarrar a camisola de um adversário também dá direito a cartão?" Movido pela curiosidade, decidi averiguar do que se tratava, afinal. Assim, os jogadores de campo devem ter duas mãos, mas apenas uma perna, movendo-se com a ajuda de muletas, enquanto que os guarda-redes devem ter dois pés, mas apenas uma mão. Numa modalidade assim, a primeira coisa que salta à vista é que não pode haver ambidextros. Mas há mais coisas que me intrigam:

1) Como é que são efectuados os lançamentos de linha lateral?

2) Tendo o guarda-redes duas pernas, não lhe seria fácil pegar na bola, fugir a todos os adversários (que se movem de muletas) e marcar golo?

3) Num livre, a barreira não fica sempre com buracos?

Como é que os tipos da FIFA se lembraram disto? Só me ocorre uma maneira. Puseram 22 jogadores normais num campo minado. Na primeira parte, jogaram futebol normal; na segunda, jogaram futebol para amputados. Terá sido assim? Enfim, apesar da simpatia que nutro por amputados, acho que nunca seria fã deste desporto. É que, vendo bem, para mim, futebol em que não dá para fazer cuecas não é futebol...

17 comentários:

Anónimo disse...

Já ganhou o prémio do "Post Mau Gosto 2007".
Gostei sobretudo da total falta de subtileza do "humor", da boçalidade de expressões como "Puseram 22 jogadores normais num campo minado. Na primeira parte, jogaram futebol normal; na segunda, jogaram futebol para amputados" - logo, um gajo amputado não é "normal"... genial, nulinho, genial...

Tenho o tipo de futebol ideal para ti - Futebol "Headless Chicken". É jogado por tipos quase normais (dois braços, duas pernas), mas como tu - sem cabeça...

PS: Para tentar elevar um pouco o nível, deixo-te uma pequena pérola de sabedoria.
No tempo do futebol que tu desconheces, antes da tv a cores (Campeonato do Mundo de Futebol 1930), houve um jogador maneta (amputado do cotovelo para baixo) que foi campeão do mundo. Chamava-se José Andrade. Coitado, além de ser o primeiro (e único) maneta campeão do mundo, ainda foi o primeiro negro campeão do mundo (era o único na selecção do Uruguai).
Só para te demonstrar que não é preciso ter duas mãos para jogar futebol (desde que não se seja Guarda-Redes, obviamente... embora haja algo de cómico na ideia de um GR maneta...). É preciso é ter cabeça. Deve ser por isso que escreves disparates, em vez de jogar à bola...

Nuno disse...

Fixe...

Anónimo disse...

Ainda bem que o Seinfeld não pensa como tu anónimo;)

Anónimo disse...

O Seinfeld pensa, eu penso - et tu, ignoramus?

Nuno disse...

Ó Troll, essa expressão é do Júlio César, de Shakespeare. Júlio César utiliza-a quando está para levar a última facada e percebe que quem a vai dar é Brutus, o seu braço direito. Significa "Também tu?" e não "E tu?", com o sentido de "Poderás tu dizer o mesmo?", como pretendes. Só te enterras.

É o que eu digo: ouves umas coisas, mas depois não sabes aplicar nada, relacionar nada. Já te matavas, não?

Anónimo disse...

Só se fosse de tédio... já encontraste a cabecita, galinhola??

Esse Pelé demora muito? É que já estou cansado de ser o único leitor desta trampa...

Anónimo disse...

Post de péssimo gosto.

Anónimo disse...

o maneta do uruguai chamava-se hector castro,esse andrade era só o pélé da época,reza a lenda que em paris passou por meia equipa adversária a fazer aquilo que o kerlon costuma fazer,bola colada à testa e vai de correr....

Nuno disse...

"Post de péssimo gosto."

Porquê, n6? Tens razões para isso ou é só o teu gosto?

Anónimo disse...

Ena... reza a lenda... é a mesma do gajo que separou as aguas?
nunca percebi esta coisa de "respeitar" pessoal que tem "problemas". Não é por se evitar fazer humor com essas pessoas que se respeitam mais as mesmas. Devemos sim, trata-los cm tratamos todos os outros.

pé em ®iste disse...

"Ainda bem que o Seinfeld não pensa como tu anónimo;)"


Trazer à baila o nome Seinfeld nesta caixa de comentários é, por si só, o melhor momento de humor de todo o blog. Parabéns!

Anónimo disse...

Gosto do blogue mas, sinceramente, e a minha opinião, como nada mais do que isso deve ser respeitada, é que este post nada tem a ver com o resto.

Subscrevo o mau-gosto. Nem parecia um post deste blogue.

Anónimo disse...

Aliás...aqui há uns anos a Sporttv fez uma reportagem com um jogador das camadas jovens do Ponte Frielas que só tinha um braço e que jogava perfeitamente na equipa. Era lateral e fazia os lançamentos laterais... já não me lembro bem como. E também já vi uns resumos de, num jogo africano, um guarda-redes só ter uma perna e conseguir executar perfeitamente o pontapé para a frente...saíndo a bola das mãos (não o pontapé de baliza).

Acho que o desporto está repleto de exemplos de superação e estes, objectivos, que dei são apenas dois. Infelizmente, muita gente sofre acidentes que não devia sofrer e não deve ficar privada de jogar por causa disso.

Anónimo disse...

Rui ninguem disse que se devia privar quem quer que seja. Qt ao mau gosto, isso é sempre relativo. O exemplo que dei, qd mencionei o Seinfeld, é o paradigam disso mesmo. Num episodio de uma serie dele ele "brinca" com a deficiencia de uma figura publica, e é a figura visada que, mais tarde veio a publico defender a "brincadeira". Dfendendo, enter outras coisas, que se as pessoas com deficiencias querm ser tratadas sem qlq tipo de discriminação, tb tem de saber reagir a este tipo de situações. Não se trata de uma falat de respeito, mas sim de trata-los com o mesmo respeito que se tem por qlq outros, sem qlq tipo de descriminação.

Anónimo disse...

Sim, eu percebi isso... e se não me engano aconteceu o mesmo com os Simpsons relativamente ao Stephen Hawking, que entretanto foi utilizado pelo blogue do Gato Fedorento, ainda bem antes dos programas televisivos, para justificar algumas das queixas que receberam, não me lembro já bem relativamente a que situação.

A única diferença, na minha opinião, é que esse post foi uma grande quebra relativamente ao conteúdo do blogue em si.

Nuno disse...

Rui, este texto foi sobre futebol e este blogue é sobre futebol. Como é evidente, foi com um teor diferente. O único objectivo era humorístico, sem qualquer tipo de lição ou ensinamento, sem qualquer análise. A intenção não foi, portanto, a mesma que a dos outros textos: nisso tens razão. Mas não me parece que seja motivo de condenação o facto de se publicarem textos sem qualquer intenção. E um pouco de humor não faz mal a ninguém. É verdade que o teor do texto é diferente, mas também o foram outros, nomeadamente um texto que escrevi como reacção às críticas ao primeiro texto que fiz sobre o Luís Sobral. Não tinha nada a ver com futebol; era apenas uma resposta. Acho que variar um pouco não faz mal nenhum.

Neste caso, o texto era apenas um gracejo sobre uma variante do futebol que desconhecia. Se é de mau-gosto ou não, fica ao critério de quem lê. Como o Gonçalo já frisou, quem acha indelicado fazer piadas sobre deficientes discrimina mais do que quem as faz. A maior hipocrisia, nestes casos, é achar, como o tontinho do anónimo acha, que eles são normais. Não são. Ninguém só com uma perna poderá jogar futebol ao mesmo nível de quem tem as duas. Um amputado não é normal e quem o disser é meramente um hipócrita. Aquilo que estas piadas fazem, ao contrário da solidariedade mesquinha de quem defende que essas pessoas devem ser tratadas com um zelo superior aos demais, é colocá-los ao mesmo nível dos outros, é compreender a "anormalidade" e atribuir-lhe os mesmos direitos que aos outros. Fugir a isto é ser preconceituoso. Fazer piadas sobre a cor da pele, sobre deficiências, sobre doenças é o mesmo que fazer piadas sobre maneiras esquisitas de falar, é o mesmo que gozar com o Paulo Bento por dizer mil vezes "tranquilidade" num minuto, etc. É impossível fazer humor com o que é normal. Só o que é anormal, o que é estranho, o que é diferente, é motivo de riso. E é disso que o humor se alimenta. Não compreender isto é não ter sentido de humor. Compreendê-lo, mas achar que o humor, devendo aproveitar-se do que é diferente, deve porém ter limites, é igualmente não ter sentido de humor. O humor não tem limites. Achar que não se pode brincar com a morte ou com outros assuntos delicados é falta de inteligência. Porquê? Porque o humor não tem outra intenção que o próprio humor. Não tem intenção de difamar, de rebaixar, de humilhar, de marginalizar. E, não tendo essa intenção, tem o direito de se pronunciar sobre tudo. São piadas de mau-gosto? Só na opinião de quem se melindra com isto e de quem acha que os amputados são uns coitadinhos que merecem estar isentos deste tipo de coisas. E isto sim, é mau-gosto. Não há nada que discrimine mais que considerar piadas como estas como sendo de mau-gosto.

Resumindo, aceito que critiques o facto de o texto ter sido "uma grande quebra relativamente ao conteúdo do blogue em si", porque o foi, embora não ache que isso seja razão para não se gostar de algo. Seria o mesmo que criticar um deputado por fazer um gracejo aquando do debate sobre uma qualquer proposta de lei. É pressupor que há assuntos que não se podem misturar com outros. Já foram feitas coisas um pouco diferentes e não acho que este tipo de texto seja de todo desapropriado. Tento utilizar, em grande parte do que faço, uma abordagem humorística e este texto não é, portanto, virgem nesse sentido. Já o facto de achares que, além de ser uma grande quebra, é de mau-gosto, não concordo, e nem sequer acho que as duas coisas estejam ligadas. Por um lado, achas que um texto de teor humorístico não se enquadra nos conteúdos do blogue, o que aceito, embora não concorde. Por outro, achas que o humor, a ser utilizado, não pode ferir susceptibilidades e isso já não aceito. Mas, claro, cada um tem a sua opinião e, por não aceitar a tua, não significa que não a respeite.

P.S. Salvo erro, o Seinfeld gozou exactamente com o Stephen Hawking.

Anónimo disse...

Desculpa Nuno mas descriminas-te os ampotados sim senhor!! Ao dizeres que não se podiam fazer cuecas... Então se eles passarem a bola entre a moleta e a perna porque é que não pode ser uma cueca?? Sinceramente acho injusto essa distinção...

Concordo com o que o Nuno disse em relação ao humor, o humor é feito com algo diferente, não acho que seja falta de respeito ou de consideração fazer piadas com amputados, ou outro genero de deficiencia, isso só mostra que os vemos exactamente com vemos as outras pessoas.