Como bons portugueses que somos, estamos historicamente habituados a ser do contra: seja a lutar contra causas nobres, contra a dinastia filipina ou contra o salazarismo e a opressão do regime, seja por pura teimosia, contra a independência das colónias ou contra tudo o que é inovador e que vem mexer com os nossos "brandos costumes". Este carácter de guerrilha que se apodera da população geral atinge todas as áreas. Somos, neste sentido, demasiado bairristas, demasiado agarrados ao que é nosso. Se por um lado isso é uma demonstração de força, de união, de nacionalismo, de espírito de luta, por outro impede de ver as coisas de forma mais sensata. Destituídos de razão, achamos que somos desvalorizados pelo resto do mundo. Admito que haja nações com mais força que outras, que soframos certas injustiças por não termos o mesmo peso que outros países têm, mas há, da nossa parte, um exagero tremendo em considerar que nos perseguem até à exaustão. No futebol, como em tudo em geral, temos tendência para achar que muitos dos nossos insucessos se explicam pelo pouco poder que o país tem na conjuntura mundial. Não digo que assim não seja, mas há que pensar bem nas coisas e nem tudo tem a mesma explicação. O terceiro lugar de Ronaldo na eleição do melhor jogador do mundo gerou uma onda de contestação que considero despropositada, e, como consequência, uma euforia desmedida sempre que o madeirense comprova o seu enorme valor: a cada golo, a cada finta, a cada exibição de encher o olho, os indignados levantam a voz patriota em alerta: "Vejam! Vejam como é injusto ele não ser o melhor do mundo!" Além de francamente conveniente, acho errado tudo o que dizem.
Em primeiro lugar, há que perceber que quem elege os melhores jogadores de um determinado ano dá mais importância às competições europeias, onde todos estão envolvidos e cujo grau de dificuldade é igual, do que aos desempenhos internos. Não é este o meu argumento, mas vejamos o que se passou. Nas competições europeias, Kaká foi o melhor marcador da Liga dos Campeões, com 10 golos (Ronaldo marcou apenas 3), levou o Milan ao título e, no confronto directo com Ronaldo, foi decisivo, ao contrário do português. Já de Messi não se pode dizer o mesmo, pelo que o facto de o argentino ter ficado à frente do português não se explicará da mesma forma. Em segundo lugar, em competições decisivas, isto é, em finais ou eliminatórias, Ronaldo fracassou sempre. Ganhou o campeonato inglês, mas perdeu a final da taça de Inglaterra, fazendo um jogo discreto, e perdeu as meias-finais da Liga dos Campeões, numa eliminatória em que foi profundamente ineficaz. Se aliarmos isto ao seu desempenho medíocre na Selecção Portuguesa, onde se salvou pelos golos que marcou ao longo do apuramento e nada mais, temos que só vemos o Ronaldo ao mais alto nível no campeonato inglês. Deste modo se explica a preferência dos votantes por Kaká. É verdade que este ano já marcou 5 golos na Liga dos Campeões, ao passo que Kaká só ainda marcou 2. Messi, porém, já marcou 4. Mas as prestações desta época pouco terão contado para as votações, até porque se dá, normalmente, mais importância à fase decisiva das épocas.
Esquecendo os possíveis argumentos de quem votou, tentemos então comparar as épocas dos três eleitos. Dizem os delatores de Kaká que o brasileiro teve uma prestação notável fora de portas, mas que, no campeonato, foi uma sombra de si próprio. Devo esclarecer que o Milan acabou em 4º, depois de ter começado com menos 8 pontos, e que Kaká marcou 8 golos (14% dos golos da equipa) em 31 jogos (0,26 golos por jogo). Esta época, ao contrário do que dizem, Kaká tem sido o menos responsável pelo mau campeonato do Milan e leva 7 golos (33% dos golos da equipa) em 12 jogos (0,58 golos por jogo). Aliás, dizer que um jogador, sendo bom, tem obrigação de conduzir sozinho a sua equipa a uma boa prestação é ridículo. Ronaldo, na época passada, marcou 17 golos (20% dos golos da sua equipa) em 34 jogos (0,50 golos por jogo) e, esta época, leva 12 golos (33% golos da sua equipa) em 15 jogos (0,80 golos por jogo). Messi, na época anterior, marcou 14 golos (18% dos golos da sua equipa) em 26 jogos (0,54 golos por jogo). Esta época leva 8 golos (25% dos golos da sua equipa) em 14 jogos (0,57 golos por jogo). Os números, por si só, dizem-me pouco, mas por estas estatísticas podemos perceber que, na época passada, no campeonato interno, Ronaldo marcou 20% dos golos da sua equipa, ao passo que Messi marcou 18% e Kaká 14%; podemos perceber que, na época passada, Messi marcou 0,54 golos por jogo, ao passo que Ronaldo marcou 0,50 e Kaká apenas 0,26; esta época, Ronaldo marcou 33% dos golos da sua equipa, os mesmos 33% que Kaká, ao passo que Messi marcou 25%; Ronaldo marcou 0,80 golos por jogo, ao passo que Kaká está nos 0,58 e Messi nos 0,57. O que demonstra isto? Apenas e só que, em golos, Ronaldo é ligeiramente (e é preciso sublinhar o "ligeiramente") superior aos seus adversários directos.
Os golos não explicam tudo; aliás, não explicam quase nada. Ao contrário do que faz muito boa gente, é preciso enquadrá-los na equipa em que jogam (daí ter focado a percentagem de golos marcados em função dos golos marcados pela equipa) e o campeonato onde cada um joga. E é aqui que pretendo chegar. Muito do que Ronaldo é deve-se ao facto de jogar em Inglaterra; muitos dos seus êxitos individuais não são indissociáveis do campeonato em que joga. Em Inglaterra, há muito mais espaço do que em Itália, logo é desonesto esperar que Kaká marque tantos golos como Ronaldo. O próprio Milan marca menos golos que o Manchester, em parte porque o campeonato é menos propício a isso. Além disto, num campeonato como o inglês é muito mais fácil um jogador destacar-se individualmente do que em Itália ou em Espanha. Se juntarmos a essa facilidade as características de Ronaldo, percebemos que um jogador como ele está muito potenciado em Inglaterra. A velocidade e a explosão de Ronaldo tornam-se ainda mais fundamentais num tipo de futebol com mais espaço, no qual as transições sejam mais rápidas. Em Inglaterra, um jogador essencialmente individualista (que vive muito das acções individuais) está sempre no seu habitat preferido. Não tenho a menor dúvida de que, em Itália ou em Espanha, Ronaldo marcaria menos golos e seria menos decisivo e que Kaká e Messi, em Inglaterra, jogariam mais e marcariam mais.
Ronaldo teria muitas dificuldades em se adaptar ao futebol italiano, por exemplo. Se bem que seja um jogador parecido com ele, pois vive muito das acções individuais, dos dribles, dos "slalons", dos desequilíbrios com bola, o argentino Messi adaptar-se-ia com mais facilidade ao futebol italiano. Isto porque o seu drible é muito mais curto do que o do português e isso confere-lhe outra facilidade em espaços mais curtos. Por esta razão, não necessita tanto que o ritmo de jogo seja alto como o português. É fácil de perceber que, sempre que encontra equipas fechadas, que jogam compactas, Ronaldo tem muito mais dificuldades em impor o seu futebol. Normalmente, quando tira um jogador da frente em Inglaterra, porque o ritmo é alto e os sectores muito desligados uns dos outros, tem sempre espaço para manobrar. Contra equipas que não as inglesas, quando se desembaraça do primeiro adversário, tem sempre menos espaço e as suas acções não são tão frutuosas. Kaká é, actualmente, o jogador mais rápido no mundo a conduzir a bola. Não tem um drible tão curto quanto Messi, nem a explosão de Ronaldo, mas conduz a bola colada ao pé à mesma velocidade a que corre sem ela, enquanto o português conduz a bola com toques muito mais longos. A velocidade em posse de Kaká é mais eficaz, porque mais curta, que a de Ronaldo, mesmo que não atinja a mesma velocidade do português. Aliando a isso uma inteligência notável e uma velocidade de decisão acima da média, tem as características ideais para o futebol italiano. Ronaldo, além da velocidade e da explosão, tem pouca coisa. Se bem que rapidíssimo a executar, não é tão rápido a pensar. E isso também se explica pelos hábitos do campeonato inglês. Num futebol de ritmo elevado, os espaços são muitos e é possível ter a bola durante mais tempo. Isso faz com que o jogador tenha muito tempo para decidir e que tenha, invariavelmente, muitas opções válidas para escolher. Porque joga em Inglaterra, Ronaldo não desenvolveu um pensamento veloz, ao contrário da execução. A velocidade, em si, pode ser treinada individualmente, pode ser potenciada sem a conjuntura do jogo. Já o pensamento depende do espaço e do tempo que o jogador dispõe a cada instante e esse espaço e esse tempo, em Inglaterra, são muito mais elevados do que nos restantes campeonatos. Porque joga num futebol aberto, Ronaldo não tem a necessidade de decidir tão rapidamente quanto têm Messi e, sobretudo, Kaká.
Resumindo, Ronaldo atinge os números que atinge e joga o que joga porque actua num campeonato propício às suas características. Kaká e Messi, porque têm, em quantidades idênticas, as mesmas características que fazem de Ronaldo o que ele é, a saber, a velocidade e a explosão, seriam igualmente potenciados se jogassem em Inglaterra. Já o contrário não é necessariamente verdade. Tanto Kaká como Messi decidem melhor em espaços curtos do que Ronaldo; tanto o brasileiro como o argentino têm uma condução de bola mais curta; tanto um como outro têm uma técnica mais apurada (para evitar, a priori, as críticas que adivinho, alerto para o seguinte: técnica não é fantasia, não é imaginação, não é criatividade, não é dribles). Por isso, não é possível tomar uma decisão sobre o melhor jogador do mundo independentemente da equipa onde se joga, do esquema táctico e da filosofia de jogo dessa equipa, do campeonato onde jogam, etc. A eleição de Kaká como o melhor do mundo não oferece, quanto a mim, qualquer tipo de contestação. Já o segundo lugar de Messi, à frente de Ronaldo, é, penso, tão válido quanto o contrário. Não me surpreendeu, da mesma forma que não me surpreenderia se Ronaldo ficasse à frente de Messi. Tenho, contudo, a minha opinião sobre os três, opinião essa que julgo ter ficado clara. Kaká e Messi são mais completos que Ronaldo e, como não se pode ignorar a profunda diferença entre os campeonatos onde actuam, os dois primeiros estão mais preparados que o último. Por tudo isto, concordo com o terceiro lugar de Ronaldo, embora lhe reconheça talento mais do que suficiente para que venha, um dia, a ser o melhor do mundo, coisa que, definitivamente, ainda não é...
Em primeiro lugar, há que perceber que quem elege os melhores jogadores de um determinado ano dá mais importância às competições europeias, onde todos estão envolvidos e cujo grau de dificuldade é igual, do que aos desempenhos internos. Não é este o meu argumento, mas vejamos o que se passou. Nas competições europeias, Kaká foi o melhor marcador da Liga dos Campeões, com 10 golos (Ronaldo marcou apenas 3), levou o Milan ao título e, no confronto directo com Ronaldo, foi decisivo, ao contrário do português. Já de Messi não se pode dizer o mesmo, pelo que o facto de o argentino ter ficado à frente do português não se explicará da mesma forma. Em segundo lugar, em competições decisivas, isto é, em finais ou eliminatórias, Ronaldo fracassou sempre. Ganhou o campeonato inglês, mas perdeu a final da taça de Inglaterra, fazendo um jogo discreto, e perdeu as meias-finais da Liga dos Campeões, numa eliminatória em que foi profundamente ineficaz. Se aliarmos isto ao seu desempenho medíocre na Selecção Portuguesa, onde se salvou pelos golos que marcou ao longo do apuramento e nada mais, temos que só vemos o Ronaldo ao mais alto nível no campeonato inglês. Deste modo se explica a preferência dos votantes por Kaká. É verdade que este ano já marcou 5 golos na Liga dos Campeões, ao passo que Kaká só ainda marcou 2. Messi, porém, já marcou 4. Mas as prestações desta época pouco terão contado para as votações, até porque se dá, normalmente, mais importância à fase decisiva das épocas.
Esquecendo os possíveis argumentos de quem votou, tentemos então comparar as épocas dos três eleitos. Dizem os delatores de Kaká que o brasileiro teve uma prestação notável fora de portas, mas que, no campeonato, foi uma sombra de si próprio. Devo esclarecer que o Milan acabou em 4º, depois de ter começado com menos 8 pontos, e que Kaká marcou 8 golos (14% dos golos da equipa) em 31 jogos (0,26 golos por jogo). Esta época, ao contrário do que dizem, Kaká tem sido o menos responsável pelo mau campeonato do Milan e leva 7 golos (33% dos golos da equipa) em 12 jogos (0,58 golos por jogo). Aliás, dizer que um jogador, sendo bom, tem obrigação de conduzir sozinho a sua equipa a uma boa prestação é ridículo. Ronaldo, na época passada, marcou 17 golos (20% dos golos da sua equipa) em 34 jogos (0,50 golos por jogo) e, esta época, leva 12 golos (33% golos da sua equipa) em 15 jogos (0,80 golos por jogo). Messi, na época anterior, marcou 14 golos (18% dos golos da sua equipa) em 26 jogos (0,54 golos por jogo). Esta época leva 8 golos (25% dos golos da sua equipa) em 14 jogos (0,57 golos por jogo). Os números, por si só, dizem-me pouco, mas por estas estatísticas podemos perceber que, na época passada, no campeonato interno, Ronaldo marcou 20% dos golos da sua equipa, ao passo que Messi marcou 18% e Kaká 14%; podemos perceber que, na época passada, Messi marcou 0,54 golos por jogo, ao passo que Ronaldo marcou 0,50 e Kaká apenas 0,26; esta época, Ronaldo marcou 33% dos golos da sua equipa, os mesmos 33% que Kaká, ao passo que Messi marcou 25%; Ronaldo marcou 0,80 golos por jogo, ao passo que Kaká está nos 0,58 e Messi nos 0,57. O que demonstra isto? Apenas e só que, em golos, Ronaldo é ligeiramente (e é preciso sublinhar o "ligeiramente") superior aos seus adversários directos.
Os golos não explicam tudo; aliás, não explicam quase nada. Ao contrário do que faz muito boa gente, é preciso enquadrá-los na equipa em que jogam (daí ter focado a percentagem de golos marcados em função dos golos marcados pela equipa) e o campeonato onde cada um joga. E é aqui que pretendo chegar. Muito do que Ronaldo é deve-se ao facto de jogar em Inglaterra; muitos dos seus êxitos individuais não são indissociáveis do campeonato em que joga. Em Inglaterra, há muito mais espaço do que em Itália, logo é desonesto esperar que Kaká marque tantos golos como Ronaldo. O próprio Milan marca menos golos que o Manchester, em parte porque o campeonato é menos propício a isso. Além disto, num campeonato como o inglês é muito mais fácil um jogador destacar-se individualmente do que em Itália ou em Espanha. Se juntarmos a essa facilidade as características de Ronaldo, percebemos que um jogador como ele está muito potenciado em Inglaterra. A velocidade e a explosão de Ronaldo tornam-se ainda mais fundamentais num tipo de futebol com mais espaço, no qual as transições sejam mais rápidas. Em Inglaterra, um jogador essencialmente individualista (que vive muito das acções individuais) está sempre no seu habitat preferido. Não tenho a menor dúvida de que, em Itália ou em Espanha, Ronaldo marcaria menos golos e seria menos decisivo e que Kaká e Messi, em Inglaterra, jogariam mais e marcariam mais.
Ronaldo teria muitas dificuldades em se adaptar ao futebol italiano, por exemplo. Se bem que seja um jogador parecido com ele, pois vive muito das acções individuais, dos dribles, dos "slalons", dos desequilíbrios com bola, o argentino Messi adaptar-se-ia com mais facilidade ao futebol italiano. Isto porque o seu drible é muito mais curto do que o do português e isso confere-lhe outra facilidade em espaços mais curtos. Por esta razão, não necessita tanto que o ritmo de jogo seja alto como o português. É fácil de perceber que, sempre que encontra equipas fechadas, que jogam compactas, Ronaldo tem muito mais dificuldades em impor o seu futebol. Normalmente, quando tira um jogador da frente em Inglaterra, porque o ritmo é alto e os sectores muito desligados uns dos outros, tem sempre espaço para manobrar. Contra equipas que não as inglesas, quando se desembaraça do primeiro adversário, tem sempre menos espaço e as suas acções não são tão frutuosas. Kaká é, actualmente, o jogador mais rápido no mundo a conduzir a bola. Não tem um drible tão curto quanto Messi, nem a explosão de Ronaldo, mas conduz a bola colada ao pé à mesma velocidade a que corre sem ela, enquanto o português conduz a bola com toques muito mais longos. A velocidade em posse de Kaká é mais eficaz, porque mais curta, que a de Ronaldo, mesmo que não atinja a mesma velocidade do português. Aliando a isso uma inteligência notável e uma velocidade de decisão acima da média, tem as características ideais para o futebol italiano. Ronaldo, além da velocidade e da explosão, tem pouca coisa. Se bem que rapidíssimo a executar, não é tão rápido a pensar. E isso também se explica pelos hábitos do campeonato inglês. Num futebol de ritmo elevado, os espaços são muitos e é possível ter a bola durante mais tempo. Isso faz com que o jogador tenha muito tempo para decidir e que tenha, invariavelmente, muitas opções válidas para escolher. Porque joga em Inglaterra, Ronaldo não desenvolveu um pensamento veloz, ao contrário da execução. A velocidade, em si, pode ser treinada individualmente, pode ser potenciada sem a conjuntura do jogo. Já o pensamento depende do espaço e do tempo que o jogador dispõe a cada instante e esse espaço e esse tempo, em Inglaterra, são muito mais elevados do que nos restantes campeonatos. Porque joga num futebol aberto, Ronaldo não tem a necessidade de decidir tão rapidamente quanto têm Messi e, sobretudo, Kaká.
Resumindo, Ronaldo atinge os números que atinge e joga o que joga porque actua num campeonato propício às suas características. Kaká e Messi, porque têm, em quantidades idênticas, as mesmas características que fazem de Ronaldo o que ele é, a saber, a velocidade e a explosão, seriam igualmente potenciados se jogassem em Inglaterra. Já o contrário não é necessariamente verdade. Tanto Kaká como Messi decidem melhor em espaços curtos do que Ronaldo; tanto o brasileiro como o argentino têm uma condução de bola mais curta; tanto um como outro têm uma técnica mais apurada (para evitar, a priori, as críticas que adivinho, alerto para o seguinte: técnica não é fantasia, não é imaginação, não é criatividade, não é dribles). Por isso, não é possível tomar uma decisão sobre o melhor jogador do mundo independentemente da equipa onde se joga, do esquema táctico e da filosofia de jogo dessa equipa, do campeonato onde jogam, etc. A eleição de Kaká como o melhor do mundo não oferece, quanto a mim, qualquer tipo de contestação. Já o segundo lugar de Messi, à frente de Ronaldo, é, penso, tão válido quanto o contrário. Não me surpreendeu, da mesma forma que não me surpreenderia se Ronaldo ficasse à frente de Messi. Tenho, contudo, a minha opinião sobre os três, opinião essa que julgo ter ficado clara. Kaká e Messi são mais completos que Ronaldo e, como não se pode ignorar a profunda diferença entre os campeonatos onde actuam, os dois primeiros estão mais preparados que o último. Por tudo isto, concordo com o terceiro lugar de Ronaldo, embora lhe reconheça talento mais do que suficiente para que venha, um dia, a ser o melhor do mundo, coisa que, definitivamente, ainda não é...
21 comentários:
A minha previsão é a seguinte: para o ano, Ronaldo vai ganhar tanto a Bola de Ouro como o FIFA World Player. Neste prémio, Kaká nem chegará a ser terceiro. Fica o prognóstico.
Este ano é ano de europeu. Vai ter muito a ver com o desempenho das equipas. Se Portugal for longe, há boas hipóteses disso. Se não, e se o Manchester não ganhar a Champions, duvido...
Como tenho defendido, penso que a nomeação de Kaka se deve, em grande medida, à vitória na Champions, onde de facto teve um papel preponderante. No entanto esse é um critério que questiono no que respeita à votação porque é uma prova cujo vencedor não se obtém pela regularidade mas sim pela forma que apresenta nos 5/6 jogos decisivos (o que é injusto porque um ano tem muito mais do que esse número de jogos). Aliás, o Milan não é nem foi em 2006/07 a melhor equipa da Europa, tal como o Liverpool não foi a segunda melhor. O que se passou é que Milan e Liverpool tiveram a possibilidade de se concentrar completamente na Champions por alturas das meias finais, enquanto que Chelsea e Man Utd disputavam entre si a corrida pelo título Inglês. O resultado foi uma preparação muito mais eficaz dos jogos das meias finais e a eliminação de equipas que, no meu entender, eram superiores, Man Utd e Chelsea.
Ainda sobre o Milan, de referir que não me lembro de um jogador eleito para melhor do mundo em que o seu clube estivesse tão mal classificado e pode-se dizer o que se quiser, mas parece-me que o "melhor do mundo" deveria ser suficiente para evitar tamanho descalabro, sobretudo num conjunto que tem no aspecto ofensivo a sua principal carência.
Sobre as características de Ronaldo, não concordo que seja em nada inferior a Kaká. Pelo contrário, não fica a dever em nada em questões de velocidade e capacidade de desequilíbrio individual, seja em espaços mais ou menos curtos. Ronaldo tem sobre os dois concorrentes a vantagem de ser inegavelmente mais completo no que respeita ao jogo de área, à capacidade para executar com os 2 pés e à capacidade para executar os cada vez mais relevantes lances de bola parada. Concordo apenas que não tem a capacidade de explosão verdadeiramente impar no futebol actual de Leo Messi, mas sobre o argentino, o ano de Ronaldo tem bastantes aspectos em que pode ser considerado superior...
Sobre os campeonatos, há algumas coisas que têm mudado e as características de outros tempos não são hoje tão marcantes. Em 2006/07 o campeonato Inglês foi aquele que teve uma média mais baixa de golos por jogo, entre os 3 em causa. Quanto a dizer que Ronaldo não se adaptaria às restantes ligas parece-me uma especulação simples e sem qualquer base de sustentação sobretudo quando a qualidade do jogador é de tal forma gritante (lembra-me o que se disse do "fenómeno" antes de ele provar o contrário com um ano sensacional no Inter).
Para fim, concordo com o prognóstico aqui avançado e, aliás, extendo-o... Kaka não voltará a estar entre os 3 candidatos e no próximo ano haverá pelo menos 1 sul americano entre os 3 melhores, apesar de não participar no Euro... Para mim, há uma diferença entre a dimensão futebolística de Ronaldo ou Messi e aquela que tem Kaka (isto não quer dizer que não seja um grande jogador, mas numa dimensão diferente).
Abraço
São opiniões, Filipe. Mas pergunto-te então: por que razão Ronaldo não rende na Selecção o que rende no Manchester? Por que não rende na Liga dos Campeões o que rende no campeonato? Não terá a ver com aquilo que digo? Quanto aos campeonatos, é verdade, fui fazer as contas e o campeonato onde se marcou mais golos por jogo foi em Itália, 1.27, depois em Espanha, 1.24, e só depois em Inglaterra, 1.23. Ia jurar que resultados daqueles como o de ontem, o 4-4 do Chelsea com o Aston Villa aconteciam com mais frequência em Inglaterra do que noutros sítios. Mas penso que isso também se explica por outra intuição que tenho: o campeonato inglês é de longe o mais fraco dos 3, aquele em que há uma maior diferença entre as equipas de topo e as equipas do fundo da tabela. Isso até é mais importante, para aquilo que defendo, do que o total de golos marcados. Até podemos fazer exercícios nesse sentido. Se dividirmos a tabela ao meio, em Espanha a primeira metade fez 1.45 golos por jogo, ao passo que a segunda fez um 1.03. Em Itália, a primeira metade fez 1.53, enquanto que a segunda fez 1.02. Em Inglaterra a diferença é a maior de todas e, enquanto a primeira metade fez 1.51, a segunda fez apenas 0.95. Se restringir ainda mais as coisas, as 7 primeiras equipas em Espanha fizeram 1.56 golos por jogo, enquanto que as 7 últimas fizeram 1.03. Em Itália, as primeiras 7 fizeram 1.62 e as 7 últimas 0.98. Em Inglaterra, 1.59 para 0.88. Se formos às 4 equipas de topo, vemos que em Espanha fizeram 1.74 golos por jogo, enquanto que as últimas 4 fizeram 0.99. Em Itália fizeram 1.78 para 0.96, enquanto que em Inglaterra fizeram 1.76 para 0.87. O que demonstra isto? Que o campeonato espanhol é o mais equilibrado (coisa que já tinha defendido sem a muleta destes números) e que o campeonato inglês é o mais desequilibrado e aquele onde os resultados são mais desfasados e a diferença entre equipas é maior. Nesse sentido, o campeonato é mais "facilitado" a quem joga nas equipas grandes. Não digo que o Ronaldo não prestasse em Itália. Só digo que não atingiria os números que atinge ali e não teria a influência que tem. Acho que isso é bastante fácil de ver.
Há uma coisa que é inegável. Em Inglaterra os jogadores precisam pensar muito menos e isso, tendo a ver também com a diferença entre equipas grandes e equipas pequenas, está muito mais relacionada com o estilo de jogo e com o espaço que há para jogar. O Ronaldo não tem essa capacidade tão desenvolvida quanto os seus opositores. E isso, quanto a mim, é o que faz a diferença entre eles em competições mais exigentes. Só para dar um exemplo de um jogador magnífico que em Inglaterra não destoava da maioria: o Kanoute. É um jogador inteligentíssimo, mas, como essa característica, em Inglaterra, não tem a importância que tem noutros campeonatos, ele não destoava dos outros. Num campeonato mais exigente, os outros são mais banais, enquanto ele mantém níveis exibicionais muito elevados.
Acho Kaká melhor q o Ronaldo. O q dizes da forma como ele transporta a bola e à velocidade com q o faz é totalmente correcto. Isso aliado a uma técnica individual genial tornam-no um jogador de eleição e, tal como Ronaldo, tem um sentido de baliza e de finalização excelente.
São dois belíssimos jogadores onde são pormenores que tornam um "melhor" q outro.
Mas, sinceramente, acho q Ronaldo tem ainda mais potencial de crescimento/desenvolvimento q Kaká.
Ronaldo a cada época está melhor, mais completo, mais eficaz. Joga com os dois pés, de cabeça, é rápido, é forte fisicamente, bom em bolas paradas, tecnicista, cada vez mais jogador de equipa.
Acontece q os critérios de atribuição dos prémios são "adulterados". Como o Filipe diz eles dão especial relevância à Champions ou então a um Campeonato da Europa/Mundo...e não faz sentido. Não faz sentido julgares um jogador por aquilo q ele faz no fina da época numa competição de Selecções e ignorares o q ele faz no clube, numa longa e dificil competição como um campeonato nacional. Não faz sentido.
Todos perceberam q na meia final Milão-United o vencedor seria tb o eleito para o trofeu..E não faz sentido.
Se aceito pacificamente q Kaká seja melhor q Ronaldo já não aceito q Messi o seja. Pq não é.
Está a uns bons furos abaixo. Em quase todos os níveis.
Dizer q Ronaldo joga assimpq está Inglaterra até pode fazer sentido, mas não é uma verdade irrefutável. Em Espanha teria o mesmo sucesso aposto. É um campeonato onde tb se joga aberto e rápido. Em Itália não sabemos, é um campeonato diferente, mas há quem diga q qd se é bom é-se bom em qqr lugar. A adaptação é fundamental. Seria "lógico" q Schevechenko com tantos golos marcados em Itália chegasse a Inglaterra e com menos marcação e mais espaço ainda marcasse mais. Não foi isso q aconteceu...lá está a questão da adaptação.
Kaká melhor q Ronaldo? Pode ser.
Messi melhor q Ronaldo? Não.
"Em Espanha teria o mesmo sucesso aposto. É um campeonato onde tb se joga aberto e rápido."
Isto não é verdade. O campeonato espanhol, nesse aspecto, está muito mais perto do italiano do que do inglês, por exemplo. Os jogadores não têm tanto tempo para pensar como em Inglaterra e isso faz muita diferença. Além disso, como ficou provado pela diferença entre equipas grandes e pequenas, o campeonato espanhol é muito mais competitivo: as equipas assemelham-se muito mais e as dificuldades para as equipas grandes são maiores. Não teria o mesmo sucesso, quase de certeza. Não deixaria de ser excelente, mas não teria tantas facilidades.
"há quem diga q qd se é bom é-se bom em qqr lugar."
Sim, mas varia, consoante o que apanhar pela frente. O Pauleta marcou muitos golos a Chipres e Luxemburgos, mas contra equipas a sério não fazia nada.
"Schevechenko com tantos golos marcados em Itália chegasse a Inglaterra e com menos marcação e mais espaço ainda marcasse mais. Não foi isso q aconteceu...lá está a questão da adaptação."
É uma questão de adaptação, mas também de incompatibilidade. Não digo que qualquer jogador seja melhor em Inglaterra. Digo é que jogadores com as características do Ronaldo se potenciam muito mais em Inglaterra. O Shevchenko chegou a Inglaterra na fase descendente da carreira, armado em vedeta e nunca teve a confiança total do Mourinho. Além disso, era um jogador talhado para o futebol italiano, habituado a desmarcações em espaços curtos e a segurar a bola para fazer tabelas com o colega de ataque ou com o homem que entra atrás dele. No Milan, muito do seu aproveitamento era originado em trocas rápidas de bola à entrada da área e não em lançamentos mais longos. Não tinha que lutar com o defesa que o marcava, bastava fazer as coisas rapidamente e fugir-lhe. Em Inglaterra já não é bem assim. Tem a ver com as suas características e não com uma questão de adaptação. O Messi adaptar-se-ia facilmente a Inglaterra. O Kaká já teria mais algumas dificuldades, mas julgo que também o faria. Já o Ronaldo, teria muito mais dificuldades que os restantes a adaptar-se a um campeonato como o italiano exactamente porque não está habituado a ter de decidir rapidamente, a ter poucas soluções de passe. Isto é indesmentível. Podia, ao fim de algum tempo, uma vez que ainda está em fase de crescimento, modificar-se nesse aspecto, mas isso levaria, de certeza, muito tempo.
Admito que dos três, o jogador cujas caracteristicas me oferecem mais confiança é o kAKÁ. No futebol que preconizo se me dessem a oportunidade de ir buscar um dos três, optaria, sem dúvida, pelo brasileiro. No entanto acho que o jogador com mais potencial é Leo Messi. É o mais forte no 1x1, é o mais imprevisivel, no fundo é de todos o maior artista.
Não quero com isto dizer que não ache ronaldo dotado de gd talento. Estye facto é indiscutível, e admito que, pela maneira como ele aborda o jogo, é o jogador que terá mais facilidade em fazer golos, será até o que o procura mais destes três. Não me parece que seja fácil comparar ronaldo com kaká, quer pelas caracteristicas, quer pelas posições que ocupam. No entanto ja não encontramos esse entrave com Messi. E neste duelo, admito que o português ganha vantagem na maneira como finaliza os lances aéreos, mas só. E no resto acho messi mais forte. Por isso admito que no futuro ronaldo possa vir a ser considerado o melhor do mundo.. mas entre ele e o argentino... Acho que messi tem mais probabilidade de o vencer.
Ps- discordo que messi e kaká tivessem o mesmo peso que o ronaldo em inglaterra. Não é que pense que eles tivessem dificuldade em ultrapassar as marcas de ronaldo, assim cm o seu nivel exibicional, mas pq dos três é o mais dado ao "show-off". E se há sociedade que adora isso...
Acho que os 3 são grandes jogadores, ninguém duvida disso.
Nestas eleições não interessa o potencial, mas sim o presente.
Concordo com a escolha de Kaká, afinal foi campeão europeu e mundial de clubes.
Mas para além disso mostrou-se, tal como os outros, numa forma fenomenal.
Se os 3 se apresentaram numa forma fenomenal, é justo que os títulos pesem na escolha.
Eu prefiro claramente Kaká, principalmente porque é o tipo de jogador que gosto.
Muito parecido com Zidane.
Messi e Ronaldo jogam "só" mais rápido que os outros.
O Kaká joga numa dimensão própria do jogo.
E neste momento o kaká, conforme for amadurecendo vai melhorando também.
P.S - O campeonato com maior disparidades entre grandes e pequenos em termos de qualidade e orçamentos é claramente o italiano. O pelotão de equipas que no inicio de cada época tem como objectivo evitar a descida, é enorme.
Não estou de acordo que o Ronaldo tenha fraco rendimento ao nível da Selecção ou na Liga dos Campeões. No que respeita à Selecção é preciso sempre ter cuidado com as análises porque o tempo de adaptação ao modelo de jogo é muito curto e isso pode influenciar o rendimento de certos jogadores. Ainda assim, e apesar do entrosamento poder nem sempre ser o melhor, o rendimento de Ronaldo está longe de ser negativo (Aliás também neste aspecto apresenta melhores números do que Kaka). Sobre a Liga dos Campeões, também não concordo que tenha um rendimento baixo. É o melhor marcador deste ano e no ano passado teve uma prestação fabulosa frente à Roma e bastante boa na primeira mão frente ao Milan. No segundo jogo, foi a principal vitima do que já apontei: a mais bem preparada estratégia do Milan, que tinha mais tempo para o fazer. Foi anulado porque sempre que a bola lhe chegava sofria o 2 contra 1 de Gattuso, e o resto da equipa também não esteve à altura para se soltar da teia que foi montada para esse jogo.
Sobre os campeonatos, quero referir que embora o futebol Inglês tenha claramente uma forte lacuna ao nível táctico (que tem a ver com a história deste futebol), esse problema está hoje em grande parte ultrapassado na Premier League onde a influencia de treinadores e jogadores estrangeiros de grande qualidade ajudou a Liga a tornar-se muito mais evoluida nesse sentido. Por contraponto, a Liga Italiana não pode hoje ser sequer comparada com a Premier League. Ao nível da qualidade de jogadores passa por um período negro com a crise de muitas equipas e de forma nenhuma se pode afirmar que o seu nível médio é igual ou superior ao da Premier League (Aliás nenhuma liga tem 4 equipas da qualidade de Liverpool, Man Utd, Chelsea e Arsenal no futebol actual). Ainda assim concordo que a liga espanhola é ainda aquela que melhor nível apresenta, mas também penso que a evolução da PL deverá ultrapassar também o futebol espanhol a curto prazo.
O futebol Inglês pode não fazer evouir os jogadores em certos aspectos em que os italianos ou os espanhois são bem mais fortes (embora, como disse, as coisas hoje são bem diferentes de há 5 ou 6 anos), mas também potencia certos aspectos muito importantes. Por exemplo, a forma inteligente e eficaz como Ronaldo ataca as zonas de finalizações não encontra qualquer paralelo em Kaka ou Messi...
Mas, como foi aqui dito, são 3 grandes jogadores e é natural que as opiniões se dividam...
Abraço
José Leal diz: "O campeonato com maior disparidades entre grandes e pequenos em termos de qualidade e orçamentos é claramente o italiano. O pelotão de equipas que no inicio de cada época tem como objectivo evitar a descida, é enorme."
Não concordo. Acho que as equipas inglesas têm mais dinheiro, conseguem ir buscar mais estrangeiros e melhorar individualmente o seu futebol, mas tacticamente continuam muito ingénuas e isso tem um peso muito maior. O campeonato onde a disparidade entre grandes e pequenos é maior é o inglês e não o italiano. Os números que referi mostram isso mesmo. Há uma muito maior diferença de golos marcados entre as equipas de topo e as equipas do fundo da tabela em Inglaterra do que em Itália. Isso é relevante. O futebol inglês é, por isso, não só o menos competitivo dos três, como aquele onde há mais espaço para jogar.
Filipe diz: "o rendimento de Ronaldo [na Selecção] está longe de ser negativo"
Acreditas que eu já nem me lembro do último jogo de jeito dele? A única coisa que ele tem feito de bom na Selecção são os golos. Nisso, concordo com o Gonçalo, tem uma vontade de marcar golos, de aparecer em zonas de conclusão, de finalizar os lances, que nenhum dos outros 2 tem. O faro pelo golo e a procura do mesmo, ainda que não sejam uma característica herdada do futebol inglês, mas da sua ambição pessoal, são, de facto, uma mais-valia em relação aos outros. Mas, tirando isto, não tem jogado nada na Selecção. Os últimos jogos, então, foram uma miséria.
"Sobre a Liga dos Campeões, também não concordo que tenha um rendimento baixo. É o melhor marcador deste ano e no ano passado teve uma prestação fabulosa frente à Roma e bastante boa na primeira mão frente ao Milan."
Não tem tido um rendimento baixo? Este ano, é o melhor marcador (a par de Ibrahimovic), mas ainda não passámos a fase de grupos. O Liedson também marcou 4 golos aqui. E não te esqueças que o Ronaldo não marcou nenhum golo à Roma. Marcou 3 ao Dinamo de Kiev (a pior defesa da prova) e 2 ao Sporting. O ano passado marcou apenas 3 golos na competição toda e estreou-se precisamente contra a Roma. Teve uma prestação fabulosa frente à Roma? Ya, como toda a equipa. O Carrick também marcou 2 golos nesse jogo. Na primeira mão frente ao Milan, não acho que ele tenha sido extraordinário: o jogador mais importante nesse jogo foi o Rooney. Já na segunda mão, esteve uma nódoa, muito porque o Milan jogou fechadinho.
"Sobre os campeonatos, quero referir que embora o futebol Inglês tenha claramente uma forte lacuna ao nível táctico (que tem a ver com a história deste futebol), esse problema está hoje em grande parte ultrapassado na Premier League onde a influencia de treinadores e jogadores estrangeiros de grande qualidade ajudou a Liga a tornar-se muito mais evoluida nesse sentido."
Discordo. Esse problema não está ultrapassado. Há muitos mais jogadores estrangeiros, mas tacticamente as equipas continuam a ser "very british". As únicas equipas que não jogam em 442 clássico são o Chelsea e, de quando a quando, o Arsenal. De resto, é tudo como antes. Treinadores estrangeiros. Quem? Só o Grant, o Benitez e o Wenger. E mesmo alguns desses jogam à inglesa.
"Por contraponto, a Liga Italiana não pode hoje ser sequer comparada com a Premier League. Ao nível da qualidade de jogadores passa por um período negro com a crise de muitas equipas e de forma nenhuma se pode afirmar que o seu nível médio é igual ou superior ao da Premier League (Aliás nenhuma liga tem 4 equipas da qualidade de Liverpool, Man Utd, Chelsea e Arsenal no futebol actual)."
Concordo que em Itália haja uma certa crise, sobretudo em termos financeiros. As equipas não têm o poder económico para ir comprar jogadores estrangeiros como acontece em Inglaterra. Mas o que é que entendes por nível médio? Essas 4 grandes equipas, sem dúvida, não têm paralelo, neste momento. Mas isso não é nível médio. Tirando essas 4 equipas, o futebol inglês é muito pobre. Em Itália, se tirares as primeiras 4, Milan, Roma, Inter e Lázio, ainda tens Juventus e Fiorentina pelo menos. E estas duas são mais fortes que qualquer equipa de segunda linha em Inglaterra. O que é certo é que as equipas do fundo da tabela em Itália marcam mais golos que as equipas do fundo da tabela em Inglaterra. Isso demonstra que são mais fortes. Podem não o ser a nível individual, mas são-no colectivamente. O grande problema do futebol inglês, repito, não é nos elementos de cada equipa, mas no desempenho táctico. Por causa disso, um jogador que jogue numa equipa grande terá sempre mais facilidade do que no campeonato italiano, pois apesar de apanhar adversários directos, se calhar, menos bons, vai apanhar estruturas colectivas mais bem montadas. Atenção, não considero que, tacticamente, o futebol italiano seja exemplar. Nem sequer considero que seja muito evoluído, como costumam dizer. Mas em comparação com Inglaterra, é um futebol muito mais adulto.
"Ainda assim concordo que a liga espanhola é ainda aquela que melhor nível apresenta, mas também penso que a evolução da PL deverá ultrapassar também o futebol espanhol a curto prazo."
Não creio. Estão muito atrasados em termos de mentalidade e não vejo nada a mudar. A única coisa que tem melhorado é a nível financeiro. Neste momento, o futebol inglês é o mais rico, mas continua muito ingénuo a nível táctico. E isso faz toda a diferença. A Liga Espanhola está a milhas da Liga Inglesa e assim se deverá manter por muito tempo. Mais depressa do que a mentalidade inglesa tem mudado a mentalidade italiana: o futebol ultra-defensivo está a desaparecer, como referi neste texto:
http://entredez.blogspot.com/
2007/10/primeira-vaga.html
"O futebol Inglês pode não fazer evouir os jogadores em certos aspectos em que os italianos ou os espanhois são bem mais fortes (embora, como disse, as coisas hoje são bem diferentes de há 5 ou 6 anos), mas também potencia certos aspectos muito importantes. Por exemplo, a forma inteligente e eficaz como Ronaldo ataca as zonas de finalizações não encontra qualquer paralelo em Kaka ou Messi..."
Não concordo com isto. É verdade que o Ronaldo ataca muito melhor as zonas de finalização do que os outros dois. Não é verdade, contudo, que isso se deva a uma herança do futebol inglês. Tem muito mais a ver com a sua ambição pessoal. Ele tem muita vontade de marcar golos, daí aparecer em zonas de finalização. Mas, se calhar, se contarmos as tentativas de remate, vemos a mesma coisa. Ele procura mais o golo que os outros, é só isso. Claro que, sendo um futebol com mais espaço, em Inglaterra permite que ele, aparecendo em zonas de finalização, tenha mais hipóteses de concluir as jogadas, mas isso é querer esquecer detalhes. O Kaká, por exemplo, aparece tão bem ou melhor que ele em zonas de finalização. Só que em Itália, normalmente, há mais defesas na área, há mais gente atrás, o que impede que a bola chegue tantas vezes a zonas de finalização. Não te podes esquecer que em Inglaterra há muito mais oportunidades de golo (devido ao espaços criados entre sectores, as equipas têm mais facilidades em fazer chegar as bolas a zonas de finalização).
uitiyt
1. Há, de facto, uma grande diferença entre as principais equipas da premiership e as do fundo da tabela. Mas não se passa o mesmo em Espanha ou em Itália?
2. Não é o campeonato inglês que tem mais equipas na Liga dos Campeões?
3. Nos últimos 3 anos os ingleses tiveram Liverpool (2Xs) e Arsenal na final da LC; espanhóis e italianos apenas uma cada um -Barcelona e Milan (2 Xs)
4. Nã se pode comparar jogadores que mudaram de campeonato para medir competitividade de campeonatos: por ex., Henry é um flop, mas Van Nistelrooy continua a ser o que sempre foi. Torres marca em Inglaterra, mas Reyes foi um caso perdido para o Arsenal. Para cada caso, conta mais as características dos jogadores e circunstâncias das equipas em que jogam do que outra coisa, não se podendo comparar campeonatos deesta forma, nem prever com exactidão onde (País) é que cada jogador pode render mais.
5. Ronaldo é, de longe, o que mais potencial tem. Não sei se será o melhor do mundo, nem me interessa saber, mas é o que poderá ser mais completo: é extremamente hábil, fortíssimo fisicamente, tem características de ponta de lança como nenhum dos outros dois tem (jogo de cabeça, posicionamento na grande área, instinto de golo)e, apesar da premiership ser mais aberta do que em Itália, os defesas são mais duros porque os árbitros deixam jogar, o que prova a sua resistência, coisa que eu duvido muito que, pelo menos Messi, tenha.
Não falo da velocidade com ou sem bola nos pés porque, sinceramente, acho que os três são demasiado parecidos nesse aspecto para estar agora a salientar as diferenças.
6. Ronaldo foi um dos melhores da selecção no Mundial de 2006. Se não conseguiu ou não consegue fazer mais, isso tem mais a ver com as diferenças de competição entre clubes e selecções, bem como a diferença de qualidade entre Portugal e Manchester. Se calhar jogar na retranca com Gomes ou Almeida na frente não é a mesma coisa que jogar ao ataque com Tevez e Rooney...
7. Kaka foi melhor que ronaldo na LC, sobretudo na meia final? Lembro que, apesar de tudo, o Manchester chegou à meia final com o "importante" contributo de Ronaldo e, depois, Kaka teve pela frente a defesa do Manchester enquanto Ronaldo teve a defesa do Milan. Escusado será dizer quem teve a missão menos difícil...
8. E Ronaldo é,actualmente, o melhor marcador da Liga dos Campeões...
9. Sei que o exibicionismo de Ronaldo irrita, e com razão, porque ele nunca será tão bom quanto ele julga que é ou pode ser, mas é suficientemente bom para achar que merecerá, um dia, ser considerado o melhor do mundo.
Concordo contigo, mas ao contrario geralmente fazemos como tu! Nunca damos valor aos nossos!Qual deles é mais completo que o Ronaldo? Sabes o que é ser completo?O Messi é um jogador de meias épocas devido as constantes lesões, não tem jogo aéreo, fisicamente frágil! O Kaka necessita de espaço e só joga em contra ataque e praticamente não defende!O problema do Ronaldo é que Portugal tem pouca influencia nas grandes decisões.
Não acho que o Ronaldo seja jogador para sequer estar nesse top3, acho-o muito fraquinho, é um jogador completo isso é verdade,mas raramente usa com inteligencia as suas vástas capacidades, tem na inteligencia o seu principal problema.
Estou totalmente de acordo contigo bad-religion, qd dizes que ele não sabe utilizar com inteligência todos os atributos que dipõe (fisicos). Todavia, em termos fiscos, é um jogador com uma capacidade impressionante. E não podemos esquecer isso. Por isso acho que merece estar neste lote. O que eu quase que aposto é que o ronaldo qd chegar á casa dos trinta terá muito mais dificuldade do que os outros para se manter ao mesmo nivel.
O messi não é tanto um jogador de meias epocas... mas sim mais novo. Ou seja qd ele tiver a idade do ronaldo, duvido que, não se apresente a ummelhor nivel. E sei que o premio não trata do potencial, mas sim do realizado durante o ano, mas voçês é que colocaram a questão neste ponto. Em termos fisicos ronaldo será o mais completo, mas o futebol, é muito mais do que indices e capacidades fisicas. E neste aspecto ele é dos três o mais pobre, por isso e apenas por este factor, acho que é o jogador com menor potencial futebolístico
" O Kaka necessita de espaço e só joga em contra ataque "
queris dizer o ronaldo não querias?
É inacreditável dizer-se o que se diz de um jogador tão impressionante a todos os níveis como o Ronaldo. Não tenho dúvidas que se ele fosse Argentino, Brasileiro, Italiano ou de qualquer outra nacionalidade não faziam esta análise tão injusta. Se tudo correr normalmente o tempo trará a verdade, mas a análise aqui feita não mudará por ser 2007, 2008 ou 2009. Trata-se de uma ideia pré concebida que tenta ser sustentada por factos que são vistos e analisados para que possam sustentar essa mesma ideia. Não é assim que se fazem as coisas. Primeiro analisa-se sem preconceitos, depois tiram-se conclusões. Sei que me vão "matar" por esta critica, mas vejam-na mais como um conselho. É que este blog perde muito com algumas casmurrisses e debates em torno delas. Está nas vossas mãos (e cabeças) poder ser melhor! (Escusam de me perguntar muitas coisas porque não pretendo entrar em diálogo, apenas deixar este conselho sincero)...
Paulo S
Miguel diz: "Há, de facto, uma grande diferença entre as principais equipas da premiership e as do fundo da tabela. Mas não se passa o mesmo em Espanha ou em Itália?"
A disparidade é menor em Itália e, sobretudo, em Espanha, e os números que apresentei demonstram isso.
"Não é o campeonato inglês que tem mais equipas na Liga dos Campeões?"
Sim, e concordei que, neste momento, nenhum país tem 4 equipas tão poderosas como o Manchester, o Liverpool, o Chelsea e o Arsenal. Isto não significa que sejam melhores no geral. Significa apenas que têm quatro equipas a um grande nível. E esqueces-te que, em condições normais (sem calciocaos) a Itália também lá tinha 4 equipas.
"Nos últimos 3 anos os ingleses tiveram Liverpool (2Xs) e Arsenal na final da LC; espanhóis e italianos apenas uma cada"
Pois, e na UEFA? De que nacionalidade eram as duas equipas que foram à final o ano passado? Quem ganhou as duas últimas edições da UEFA? É o tal nível médio espanhol que é muito superior ao inglês.
"Henry é um flop, mas Van Nistelrooy continua a ser o que sempre foi."
Pois, da mesma maneira que o Kanoute em Inglaterra era banal e em Espanha é genial. Tem a ver com os atributos dos jogadores. O Henry não tem a inteligência do Van Nistelrooy e, como o Ronaldo, adequa-se muito melhor a um campeonato no qual isso é menos necessário.
"apesar da premiership ser mais aberta do que em Itália, os defesas são mais duros porque os árbitros deixam jogar"
E por serem mais duros significa o quê? É como no tempo do Pelé e do Eusébio. Os defesas eram duros, agrediam mesmo. Mas jogavam a quilómetros uns dos outros. Qualquer jogador é melhor se apanhar um opositor duro numa equipa tacticamente permeável do que se apanhar um opositor mais macio numa equipa tacticamente organizada.
"Kaka foi melhor que ronaldo na LC, sobretudo na meia final?"
Foi. Marcou 3 golos nessa eliminatória, um dos quais ultrapassou toda a defesa do Manchester sozinho. Levou autenticamente o Milan às costas.
"E Ronaldo é,actualmente, o melhor marcador da Liga dos Campeões..."
Já disse aqui que não marcou nenhum à Roma e que marcou 2 ao Sporting e 3 ao Dinamo de Kiev, a pior defesa da prova?
Bad-religion diz: "raramente usa com inteligencia as suas vástas capacidades"
Totalmente de acordo. E em Inglaterra é bom porque não precisa de fazê-lo. A diferença que se lhe nota fora de portas tem a ver directamente com esse factor, como escrevi no post.
Anónimo diz: "Não tenho dúvidas que se ele fosse Argentino, Brasileiro, Italiano ou de qualquer outra nacionalidade não faziam esta análise tão injusta."
Mas quem é que disse que é por ele ser português que não o prefiro aos outros? Não há jogadores que eu menos aprecie que os brasileiros, mas adoro o Kaká. Como é que explicas isto, então? Para mim, neste momento, o Ricardo Carvalho é o melhor defesa da Europa. Eu, que sou anti-patriota, como é que posso achar isto? Pá, tudo o que disse aqui di-lo-ia caso o Ronaldo fosse Mexicano, Congolês ou Marciano. Não tem nada a ver com o ser português.
P.S. Toda esta euforia em volta do Ronaldo é um bocado exagerada. Lembro que, muito mais gritante que esta derrota de Ronaldo, foi a derrota de Figo para Zidane em 2000. E aí não se juntaram as vozes em coro a protestar contra a injustiça (aí sim, o Figo fora incontestavelmente melhor e, para a votação, só contou o europeu do Zidane). Depois, Figo viria a ganhar o prémio no ano a seguir, num ano francamente mais fraco que o anterior e no qual, na minha opinião, o melhor jogador fora Del Piero, que nem sequer fez parte do lote dos 3 finalistas. Por que razão a opinião pública não se rebelou contra a injustiça da FIFA nessa altura como se rebela agora?
Das análises mais lúcidas que li acerca deste tema. No entanto Messi nunca ficaría à frente de Ronaldo, seja pelo que fez individualmente, seja pelo que contribui para a equipa, que diga-se de passagem não teve uma época nada agradável. Já Ronaldo, e note-se que não sou nem um pouco adepto dele (é como com o Mourinho, posso reconhecer o talento, mas não me peçam para gostar do homem), foi preponderante no Manchester, contribuindo decisivamente para uma excelente época do clube.
Nota para uma afirmação que fazes de que Ronaldo apaga-se nos jogos com equipas de topo, exactamente por darem pouco espaço. É aí é que se vê a estaleca dos grandes jogadores, nesses jogos não falham. Chegará lá, mas ainda não o é.
Concordo plenamente com o texto escrito. TUDO. So mais uns pontos.
1) Completo implica atributos não só fícos como mentais. Completo não significa melhor significa isso mesmo: comlpleto.
2) Falta lhe claramente aquele toque de génio! O ronaldo nunca poderia ser brasileiro ou argentino! Esses jogadores são possuidores de classe. coisa que o ronaldo não tem.
Classe são toques de génios e fazer o dificil parecer facil simples e banal. coisa que o ronaldo nao faz. olhamos para os seus malabarismos e vemos logo que é uma coisa mto trabalhada ao contrario da finta natural dos sul americanos.
alguem viu o ronaldo a fazer chapeus? nem remates em jeito quanto mais...
O RONALDO É UMA MAQUINA!!! MAS OS MELHORES DO MUNDO SÃO OS PINTORES E OS POETAS!!!
cumprimentos
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