quarta-feira, 25 de julho de 2007

Certezas... (7)

Terrível, só para os defesas que lhe surgem ao caminho; cruel e impassivo, apenas com a bola nos pés. O pequeno Ivan, lembrando o czar russo somente no nome, é, porém, uma ameaça permanente aos objectivos do inimigo. Rapidíssimo e possuidor de uma técnica ímpar, esconde a bola dos adversários com a mesma facilidade e elegância com que um toureiro se movimenta atrás da capa. Os touros investem e Ivan, de bola colada aos pés, desvia-se e progride. É impressionante vê-lo manter a posse da bola junto aos pés e sob o corpo arqueado! O futebol português costuma produzir extremos rápidos, fortíssimos no um para um. Ivan é tudo isso. Mas os extremos que o futebol português costuma produzir são também exuberantes, gostam de fintas desarticuladas, de movimentos desengonçados. Ivan não tem nada disso. Tudo nele é genuíno. Não há os dribles exóticos de Quaresma; não há os bailados de Cristiano Ronaldo; não há as piruetas de Nani. Pequeno, ágil, veloz, com pinta de argentino, furta-se aos oponentes com gestos simples, do modo que a situação melhor exigir. Não parte para cima do adversário pensando em truques: limita-se a encará-lo e, no momento certo, a deixá-lo para trás como melhor conseguir. E tudo isso, com o donaire de um principezinho. Talvez o seu futuro não lhe reserve um trono: o futebol costuma ser injusto para os jogadores da sua estirpe. O último grande atacante de pequenas proporções que o futebol português deixou respirar foi João Pinto. Como ele, a sua carreira inicia-se no Boavista. E como ele, só longe do clube do Bessa se poderá afirmar. Não acredito que um jogador da sua índole seja aproveitado por uma equipa onde se afirma que os principais valores são o dever militante e o respeito pela tradição do clube. E também não acredito que seja aproveitado sendo treinado por Jaime Pacheco. Para já, foi chamado aos trabalhos da equipa sénior. Se é aposta ou não, o tempo o dirá. No Verão, pôde mostrar algum do seu talento no europeu de sub-19. As fracas estratégias colectivas do seleccionador e a pouca inspiração dos seus parceiros de ataque fez com que estivesse pouco em jogo. Ainda assim, do pouco que se viu, deu para confirmar muita coisa: Ivan Santos é craque e tem todo o direito a sê-lo mais ainda...

1 comentário:

k0sta7 disse...

Grande craque.
Auguro-lhe um futuro prodígioso.
Espero que o Gilberto Silva, Bruno Pinheiro e Ivan Santos tragam o meu Boavista de volta aos grandes momentos!
Só é pena o presidente..