Ao longe, o penteado e o passo pesado fazem lembrar Miccoli. Ao perto, não engana. Toque fino, elegância, suavidade e perfeição: é craque. Tecnicamente, um prodígio. Perfeito na recepção, é rápido a pensar e a executar. Embora extraordinário a nível técnico, não se envaidece em desfavor dos objectivos da equipa. Segura, entrega, desmarca com a mesma facilidade com que ultrapassaria, se assim fosse proveitoso, meia-dúzia de adversários. Cada movimento seu enfeitiça o apreciador de bom futebol: o seu jogo tem um perfume que nem todos podem ter. Destes brasileiros, poderiam vir às centenas para o nosso campeonato.
"É lento!", dirá quem o vir. Sim, parece. Mas é a aparente lentidão que lhe dá o encanto e que lhe permite a execução fina e o gesto perspicaz. "Se não é lento, pelo menos não é agressivo!", insistem. Não, não é agressivo. Mas desde quando é que a agressividade é critério? Laudrup, Bergkamp, Hagi eram agressivos? Zidane? Rui Costa? Quantos há que nunca precisaram de agressividade? Não tem o volume de jogo de Adrien Silva, de quem se fala excessivamente. Não aparece a dividir todas as bolas como este, nem reúne os aplausos babados do público por estar assim mais em jogo. Ofensivamente, contudo, além de suficientemente talentoso, é um trabalhador. Corre, dá espaços, cria linhas de passe, respeita apoios, entrega simples... Se defensivamente parece carecer de força e agressividade, compensa posicionalmente, sendo tacticamente irrepreensível. Se ofensivamente não se lhe notam rasgos individuais, compensa fazendo fluir de forma única o jogo. Não é ele quem dá nas vistas, mas é ele quem possibilita que os outros dêem nas vistas. Além de tudo, parece ainda ser extremamente humilde: qualidades daquelas seriam sempre uma tentação, mas parece não querer deslumbrar-se com todo o valor que tem.
Quero acreditar que um jogador destes vai ser aproveitado no futuro, mas temo que o não seja. Tem valor para estar ao mais alto nível dentro de poucos anos, mas a imbecilidade dos treinadores de futebol e, sobretudo, dos adeptos, pode fazer periclitar a sua promissora carreira. Jogadores como ele, que não deslumbram quem não percebe de futebol, têm sempre dificuldades em vingar neste mundo iníquo. O melhor que lhe poderia acontecer seria ficar este ano já no Sporting. A pré-época, vai fazê-la. Vejamos depois o que se segue, mas nada melhor que ser treinado por alguém que entende de futebol e que sabe potenciar os jogadores. Por tudo isto, boa sorte para o Yannick Pupo...
"É lento!", dirá quem o vir. Sim, parece. Mas é a aparente lentidão que lhe dá o encanto e que lhe permite a execução fina e o gesto perspicaz. "Se não é lento, pelo menos não é agressivo!", insistem. Não, não é agressivo. Mas desde quando é que a agressividade é critério? Laudrup, Bergkamp, Hagi eram agressivos? Zidane? Rui Costa? Quantos há que nunca precisaram de agressividade? Não tem o volume de jogo de Adrien Silva, de quem se fala excessivamente. Não aparece a dividir todas as bolas como este, nem reúne os aplausos babados do público por estar assim mais em jogo. Ofensivamente, contudo, além de suficientemente talentoso, é um trabalhador. Corre, dá espaços, cria linhas de passe, respeita apoios, entrega simples... Se defensivamente parece carecer de força e agressividade, compensa posicionalmente, sendo tacticamente irrepreensível. Se ofensivamente não se lhe notam rasgos individuais, compensa fazendo fluir de forma única o jogo. Não é ele quem dá nas vistas, mas é ele quem possibilita que os outros dêem nas vistas. Além de tudo, parece ainda ser extremamente humilde: qualidades daquelas seriam sempre uma tentação, mas parece não querer deslumbrar-se com todo o valor que tem.
Quero acreditar que um jogador destes vai ser aproveitado no futuro, mas temo que o não seja. Tem valor para estar ao mais alto nível dentro de poucos anos, mas a imbecilidade dos treinadores de futebol e, sobretudo, dos adeptos, pode fazer periclitar a sua promissora carreira. Jogadores como ele, que não deslumbram quem não percebe de futebol, têm sempre dificuldades em vingar neste mundo iníquo. O melhor que lhe poderia acontecer seria ficar este ano já no Sporting. A pré-época, vai fazê-la. Vejamos depois o que se segue, mas nada melhor que ser treinado por alguém que entende de futebol e que sabe potenciar os jogadores. Por tudo isto, boa sorte para o Yannick Pupo...
14 comentários:
Concordo inteiramente com a análise desta jovem promessa brasileira. Lembro me de o ter observado uma vez, ainda antes de chegar à Academia, e apesar da qualidade que já possuía, é evidente a evolução, principalmente a nível táctico, que tem vindo a fazer desde essa altura. Espero sinceramnte que convença Paulo Bento, e que permança após a pré-epoca.
Parabéns pelo blog
Abraço
http://perigonaarea.blogspot.com
Oi, achei teu blog pelo google tá bem interessante gostei desse post. Quando der dá uma passada pelo meu blog, é sobre camisetas personalizadas, mostra passo a passo como criar uma camiseta personalizada bem maneira. Se você quiser linkar meu blog no seu eu ficaria agradecido, até mais e sucesso. (If you speak English can see the version in English of the Camiseta Personalizada. If he will be possible add my blog in your blogroll I thankful, bye friend).
Epa, como é que eu entra em contacto com vocês ?
punktaveira[.at.]gmail.com
alem que me mande um mail, obrigado :)
pá, o meu mail é nunoa10@hotmail.com
Podes entrar em contacto através disso...
Já mandei mail... mas não obtive grande resposta... enfim... "siga pa bingo" :)
Abraço
Ahahahahahahahahahahahahahaah
Espera... Ahahahahahahahahahahah
« Ao perto, não engana. Toque fino, elegância, suavidade e perfeição: é craque. Tecnicamente, um prodígio. Perfeito na recepção, é rápido a pensar e a executar. Embora extraordinário a nível técnico, não se envaidece em desfavor dos objectivos da equipa.» Ahahahahahahahahahahahah
Isso é asma?
É! :)
Asma da grossa. E devidamente diagnosticada: sucede-me sempre que me deparo com referências a Laudrup, Bergkamp, Hagi, Zidane ou Rui Costa para sustentar os méritos e as virtudes de Yannick Pupo.
Já agora, googlei o nome do homem – veio à baila em conversa com amigos, a propósito das notícias sobre o ‘Patinho’ – e parece que, desde que saiu do Sporting, o dito Pupo andou pelo Marília (?!), Corinthians Alagoano, Grêmio Barueri, Monte Azul, Taboão da Serra e Serrano BA, antes de chegar ao clube atual, um tal de Grêmio Osasco. Sete clubes em quatro anos. E todos eles verdadeiros “timaços”.
Pergunto-te: passado cinco anos, manténs a tese de que o homem é “tecnicamente um prodígio” e que é “a imbecilidade dos treinadores de futebol e, sobretudo, dos adeptos”, que está a “fazer periclitar a sua promissora carreira”? Ou antes admites que – e perdoa-me a imagem deselegante – incorreste num erro da ejaculação argumentativa precoce?
Às vezes acontece. Não vem daí mal ao mundo.
Agora, se me permites, vou ali buscar a bomba da asma e voltar ao trabalho.
Adriano Nobre, as referências a esses jogadores serviam o propósito de mostrar que a falta de agressividade não é necessariamente um mau atributo. Se tens problemas de leitura, não posso fazer nada.
"Pergunto-te: passado cinco anos, manténs a tese de que o homem é “tecnicamente um prodígio” e que é “a imbecilidade dos treinadores de futebol e, sobretudo, dos adeptos”, que está a “fazer periclitar a sua promissora carreira”?"
Mantenho. Aliás, fiz a ressalva no texto: achava que tinha qualidades, mas tinha dúvidas de que seria aproveitado. Precisamente por causa do estilo "molengão". Mantenho a opinião que tinha nessa altura. Não o voltei a ver jogar, desde que voltou para o Brasil. Mas, aliás, se na Europa já poucos o aproveitariam como devia, no Brasil desconfio que ainda menos hipóteses tenha. Tem tudo a ver com as características dele.
Posso fazer eu uma pergunta? Já alguma o viste jogar? É que justificar uma aposta falhada com o declínio da carreira é muito fácil. Basta estar à frente de um computador a conferir dados. Aqui gosta-se de dar opiniões sustentadas, e pouco importam os "dados" e as "estatísticas".
Sim, claro, tens razão. Perdoa-me a impertinência. Sou uma besta.
No fundo é como dizes: "Aqui gosta-se de dar opiniões sustentadas". Enganei-me na porta. Vou antes opinar para onde me digam: "Aqui há caracóis e ninguém escreve como se o Pupo fosse o novo Fernando Redondo". É capaz de ser mais o meu ambiente.
E continuas sem dizer se chegaste a vê-lo jogar ou não...
Vi. E foi deslumbrante. Mágico. Arrepiante. Não há palavras que descrevam o potencial que transpirou daquele pedaço de jogador na dupla vintena de minutos que tive o privilégio de observar. Aliás, minto, há palavras, sim: as tuas, nesta prosa que aqui deixaste. Viva tu e o teu lirismo sustentado. Viva Pupo e o seu futebol de filigrana. Há dias em que lamento não viver ao lado do estádio do Grêmio Osasco para poder continuar a apreciá-lo. Nos treinos. Onde ele deve ser verdadeiramente bom.
Há uma coisa que ainda não percebi. Vieste cá dizer que isto era "lirismo" porque o gajo não deu em jogador, ou porque o viste jogar e não gostaste? Já agora, em que jogo foi, e contra quem?
O único adversario que recordo sem ter de fazer trabalho de pesquisa (aceitarás que seria uma demanda patética para o debate em questão, porque isto é giro e tal, mas um gajo tem mais que fazer) foi o Huelva, salvo erro numa apresentação aos sócios de 2006, 2007, algures por aí. Terá jogado meio jogo. Nessa mesma pré-época jogou outros tantos minutos num outro jogo qualquer que vi na TV, com amigos, e que por isso recordo os comentários feitos ao artista em questão. Satisfeito? Ou precisas de testemunhas dos visionamentos? Quanto ao resto (e assumindo já que ficarás com a bicicleta por falta de comparência minha no resto da conversa), o meu único ponto em tudo isto - e daí os asmáticos "ahahahah" iniciais - é achar piada à forma como se consegue, neste blogue, defender o indefensável, muitas vezes sem mais argumentação do que o mero "achismo", travestido de conhecimento profundo do jogo e de todas as suas cambiantes. E, claro, também aprecio a soberba com que colas o rótulo de ígnaro a todo o leitor que ouse desafiar o quadro mental em que se cria todo esse teu mundo que não tem adesão à realidade. No fundo, e lendo de forma diagonal o teu blogue, aquilo que eu gostava era de ver-te um dia a orientar uma equipa repleta de Pupos, Pereirinhas e Postigas, de ver-te a fazeres maravilhas com eles, ganhares e deslumbrares com um novo tiki-taka do Nuno e provares que de facto é o mundo que está errado e não tu. E nesse dia vinhas aqui e escrevias: "'tás a ver, Adriano?, és uma besta do caralho!" Tu ficarias feliz por provares o teu ponto. E eu ficaria feliz por ter tido o privilégio de ler-te antes dos sucesso e de ter debatido isto contigo. Mas como isso nunca acontecerá, escuso de perder mais tempo com esta patetice. Fica bem.
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