terça-feira, 9 de março de 2010

Nuno Assis e Master Kodro

Depois de duas semanas, nos jogos frente a União de Leiria e Nacional da Madeira, em que não só foi decisivo como rubricou excelentes exibições, Nuno Assis é novamente tema deste espaço. A qualidade, mais do que suficiente para que Quique Flores tivesse ficado com ele no Benfica a época passada e para que Carlos Queiroz já se tivesse lembrado dele para a selecção, é inegável. Trata-se de um dos melhores jogadores da Liga a actuar fora dos três grandes e será, juntamente com Hugo Viana, o jogador mais injustiçado quando o seleccionador nacional divulgar a convocatória para o mundial. Há, apesar disso, uma determinada fatia da populaça para quem Nuno Assis é um jogador banal e para quem as suas qualidades são pouco interessantes. A essa fatia de gente escandalosamente impudica decidi chamar Master Kodro. A referência não é, por isso, directa ao conhecido palrador, embora se baseie nele e nas suas ideias tacanhas acerca de Nuno Assis, mas uma sinédoque que, partindo da opinião de uma pessoa, a expande a um universo alargado de carneiros que comungam da opinião e não deviam falar de futebol. O texto é por isso sobre Nuno Assis e sobre pessoas que não percebem, em particular, o valor de Nuno Assis e, em geral, de futebol.

De Nuno Assis tem dito Master Kodro atrocidades como, por exemplo, que é um jogador de contra-ataque. O seu problema com o passado de Nuno Assis é relevante, mas não creio que seja essa a principal causa de tais ideias. A sua opinião radica, isso sim, num erro apreciativo que está enraízado na forma como olha para uma partida de futebol. Como acha que Nuno Assis deve ser responsável por pautar o jogo ofensivo da sua equipa, acha que ele deve fazer passes de ruptura, deve furar por entre a defesa, deve provocar desequilíbrios, etc. Está na base deste erro assumir que os jogadores têm funções. Assim, quando uma equipa cria oportunidades de golo, mas não marca, os culpados são os avançados; quando a equipa não consegue cruzar para os avançados, o problema são os extremos; quando a equipa não consegue penetrar na defensiva adversária, o problema são os médios de ataque. Isto é tão redutor quanto imbecil. E Nuno Assis é precisamente o tipo de jogador que sabe que um médio de ataque não serve para as coisas que Master Kodro pensa que serve.

A teoria assenta ainda na verificação de que é em contra-ataque que Nuno Assis dá mais nas vistas. O que tenho a dizer a isto é que é em contra-ataque que qualquer jogador dá mais nas vistas. Isso não é exclusivo de Nuno Assis. Em contra-ataque, há sempre mais espaços, as jogadas são mais objectivas, a quantidade de soluções a considerar é menor. E bons executantes, como Nuno Assis e tantos outros, têm tendência a fazer-se notar e a serem decisivos neste tipo de lances. É natural, pois, que em contra-ataque Nuno Assis dê nas vistas. Mas em contra-ataque Nuno Assis não é muito diferente de Tiago Targino, por exemplo. E é quase herético tentar assemelhar dois jogadores tão distintos. Aquilo em que Nuno Assis é francamente diferente dessa outra rapaziada que só é boa em contra-ataque é que é um jogador notável do ponto de vista intelectual, que descobre soluções muito rapidamente, que sabe a utilidade de jogar curto. Um jogador de toque curto, que procura prioritariamente uma tabela, extraordinariamente criativo a encontrar soluções inusitadas nunca pode ser um jogador de contra-ataque. É alguém que tem uma facilidade rara para jogar em espaços curtos e entre linhas adversárias. Nuno Assis é, por isso, o oposto daquilo que Master Kodro pensa que é.

A opinião de Master Kodro cai ainda no exagero de dizer que se comprova a si mesma pelo facto de ele só fazer grandes jogos contra as grandes equipas, em desafios em que o Vitória passa a maior parte do tempo em contra-ataque. Além de isto ser mentira, como facilmente se verifica pelos dois últimos jogos, por exemplo, denuncia um problema perceptivo grave e que é comum à grande maioria dos adeptos de futebol. É que, para estas pessoas, fazer um grande jogo é estar associado aos momentos decisivos do mesmo. Ora, sempre que Nuno Assis não protagoniza jogadas de relevo, a opinião de Master Kodro é de que fez um mau jogo. Isto é francamente estúpido. Em muitos jogos, sobretudo em jogos em que os adversários se encolhem lá atrás e reduzem os espaços, é natural que jogadores mais imaginativos, mais criativos e inteligentes procurem soluções mais simples, soluções que permitam à equipa manter a posse de bola e gerir pacientemente o seu ataque. O que Master Kodro pretende é que Nuno Assis se arme em super-herói e invente jogadas de génio. Não é assim que funciona. É precisamente por Nuno Assis ser extraordinariamente inteligente que não cai nessa tentação, que não procura desequilíbrios individuais, que não arrisca passes de ruptura condenados à priori ao fracasso. O seu jogo é o que tem de ser quando há pouco espaço: procura soluções curtas, joga atrás, ao lado, fazendo girar a bola até que o colectivo (e não o indivíduo) consiga desequilibrar o adversário. Nuno Assis põe o colectivo à frente do individual e, como tal, nesse tipo de jogos, dá menos nas vistas. Para pessoas que não sabem olhar para um jogo de futebol, isto significa que não faz um bom jogo. Ora, pelo contrário, é precisamente por isso que ele faz um bom jogo.

A carneirada a que chamo Master Kodro é, por isso, um conjunto alargado de pessoas que não sabe ver futebol, que olha para o jogo como uma soma de bonecos. Há dias, num transporte público, estava sentado ao lado de dois velhos que comentavam o jogo da selecção realizado no dia anterior. Falavam, como qualquer adepto de futebol, pretensiosamente, julgando infalíveis as suas opiniões. Aquela que registei com maior interesse foi a de que Paulo Ferreira jamais poderia ir ao mundial, pois não era nem nunca fora um bom jogador. Admitindo que, sendo velhos, fossem pessoas com um grau de senilidade relevante, não deixa de ser engraçado que sustentassem opiniões que muita gente sustenta. Esquecendo agora a falta de memória das pessoas em causa e a qualidade óbvia que Paulo Ferreira teve há uns anos, é importante tentar perceber por que é que se ousa dizer (e não há pouca gente a pensar assim) que Paulo Ferreira não tem qualidade. Para mim, é óbvio. A opinião de Master Kodro, ou seja, a opinião do comum adepto de futebol, tem tendência a privilegiar jogadores espalhafatosos, jogadores que manifestam atributos visíveis. Paulo Ferreira não é rápido, não é agressivo, logo não presta. Preferem-se Bosingwa, Miguel e João Pereira porque dão mais nas vistas. Paulo Ferreira é melhor jogador que qualquer um destes e só admitiria que fosse suplente de Bosingwa pois aquilo que este pode oferecer, em termos de velocidade, é mesmo extraordinário. Mas Paulo Ferreira é mais inteligente, defende melhor, é posicionalmente muito mais forte e tem na lucidez e na experiência pontos a favor. Não querendo insistir na análise do jogador do Chelsea, serve esta história para ilustrar o modo de pensar de Master Kodro. Master Kodro gosta de jogadores que dêem nas vistas. E gosta desse tipo de jogadores porque o seu cérebro não tem capacidade para processar mais do que é visível. Como não se é capaz de conceptualizar o jogo a um nível mais profundo, tudo o que não sejam correrias loucas, agressividades de gorilas e macacadas com bola não é relevante. A capacidade intelectual de um jogador de futebol é, para Master Kodro, um mito e pouco lhe interessa percebê-la. É por isso que vê em Nuno Assis tanta banalidade. O que, porém, é irónico nisto tudo é que é precisamente ao ver banalidade num jogador que é tudo menos banal que denuncia a própria banalidade do seu olhar. Aquele que, tendo à frente dos olhos um objecto invulgar, é incapaz de perceber onde reside o carácter invulgar da coisa, não tem especial apetência para ver coisas. Master Kodro é aquele que não surpreende no mundo mais do que aquilo que é facilmente perceptível a quem tem olhos, e o seu Nuno Assis, isto é, o objecto que o comum observador julga que vê, é por isso muito mais Master Kodro que Nuno Assis, é muito mais o próprio reflexo da mediocridade de Master Kodro do que o verdadeiro Nuno Assis. É do emaranhado deste novelo de porcaria em que se constitui o conjunto de gente pequena que fala de futebol que este espaço procura escapar, alertando para aquilo que este tipo de gente, Master Kodro, não é capaz de ver. O trabalho é hercúleo e, possivelmente, ineficaz. Mas vale a pena, nem que seja pela consciência de estar certo.

28 comentários:

Dejan Savićević disse...

Mais um excelente texto, mas que vai trazer mais azedume á caixa de comentários.

Let's the atrocities begin!!!

Sara disse...

"mas uma sinédoque que, partindo da opinião de uma pessoa, a expande a um universo alargado de carneiros que comungam da opinião e não deviam falar de futebol."

Nada descreve tão bem este blog como esta frase!

Pedro disse...

Se discordamos totalmente sobre Liedson concordamos totalmente sobre Nuno Assis.

Já sobre Paulo Ferreira...é um cepo de primeira. Sentido posicional até pode ter mas isso tb diziam q o Paulo Almeida tinha. Defende bem? É frequente vê-lo a ser comido pelos adversários. Fraquinho. É mesmo muito fraquinho. Perfeitamente natural que o Queiroz o convoque.

J-B52 disse...

Master Kodro hahaha mto bom Nuno, mto bom !

Mister D disse...

Nuno:

Cuidado que os Vitós vêm aí em força....

Batalheiro disse...

Nuno,

A qualidade dos teus textos não varia muito em termos de conteúdo. Abordas sempre os assuntos de forma interessante e com alguma profundidade.

No entanto, alguns textos são mais interessantes em termos de escrita, refiro-me ao estilo ou forma, do que outros.

Uma ideia é sempre materializada de alguma maneira, é assim na arte como na ciência. E a sua materialização também influí na compreensão e até fruição que outras pessoas, os leitores (no sentido semiótico do termo), terão dela.

Não leias neste comentário uma critica ao teu estilo. Longe disso! Pelo contrário, venho aqui incentivar-te a desenvolver a tua escrita, pois demonstras nalguns textos bastante expressividade e capacidade de síntese (fundamental).

Já pensaste desenvolver alguns dos temas chave que aqui apresentas e mais tarde editá-los em livro?

ps: Não incluí o Gonçalo neste comentário pois não conheço tão bem nem o seu pensamento, nem a sua escrita.

pps: Tratei-te na segunda pessoa do singular, espero que não te importes, pois o tratamento mais cordial, por você por exemplo, fica com um tom bastante estranho na internet.

Balakov10 disse...

O Nuno Assis é um excelente jogador, mas, sinceramente, acho que exageras nos elogios... Ainda assim, merece ir ao mundial, pois é infinitivamente melhor que o Raul Meireles...

http://aoutravisao.wordpress.com/

Nuno disse...

Batalheiro diz: "Já pensaste desenvolver alguns dos temas chave que aqui apresentas e mais tarde editá-los em livro?"

Batalheiro, por acaso é algo em que já pensámos. Aliás, tenho pensado nisso nos últimos tempos. A ideia seria precisamente recuperar alguns textos do blogue e coligi-los num livro. O problema é que, para efeitos de livro, os textos teriam de ser sobretudo genéricos e teóricos. Essa é uma das faces deste blogue, mas a grande maioria dos textos que escrevemos são sobre assuntos actuais ou referem particulares. Daí achar que ainda não temos textos suficientes (do tipo de textos que referi) para poder coligir um livro. É algo que assumimos como possível no futuro. Nos últimos tempos, tenho pensado que, lá para 2011 podemos começar a pensar a sério nisso. Nessa altura, é possível que o número de textos absolutamente teóricos, que não dependam de exemplos práticos ou que não se refiram a assuntos concretos, seja já suficiente para que se possa fazer uma antologia interessante.

Quanto ao tratamento na segunda pessoa do singular, estás obviamente à vontade.

Salgado disse...

Não digo que não possas ter alguma razão, mas não terão maior responsabilidade os treinadores que "não vêm" todos esses atributos?

Não serão eles os Master Kodro iniciais?

Miguel Nunes disse...

N era Meho Kodro? LOL

Sadeek disse...

Bom bom é ver estas picardias entre blogues. Dá sempre algum espectáculo (embora tenha o seu quê de ridiculo) as picardias entre gente que julga serem as suas ideias as únicas correctas (foi aqui que se falou de heliocentrismo e geocentrismo?)

Também tem a sua graça achar um erro assumir-se que os jogadores têm funções. Achar que isto leva a que, e passo a citar deus, "Assim, quando uma equipa cria oportunidades de golo, mas não marca, os culpados são os avançados; quando a equipa não consegue cruzar para os avançados, o problema são os extremos; quando a equipa não consegue penetrar na defensiva adversária, o problema são os médios de ataque" é uma coisa tão imbecil como redutora! No news, portanto.

O Nuno Assis não é tão bom como tu o pintas nem tão mau como o pinta o Kodro. Embora ache que se aproxima mais do que pensas dele do que pensa o Kodro. É de facto muito inteligente (embora nem sempre a acção lhe acompanhe o pensamento)e será, seguramente, bem melhor que ,por exemplo, o recentemente endeusado Carlos Martins.

Dita a minha opinião....muda lá o título do post para "A guerra dos egos"... ;)

Abraço

Nuno disse...

Sadeek diz: "Também tem a sua graça achar um erro assumir-se que os jogadores têm funções. Achar que isto leva a que, e passo a citar deus, "Assim, quando uma equipa cria oportunidades de golo, mas não marca, os culpados são os avançados; quando a equipa não consegue cruzar para os avançados, o problema são os extremos; quando a equipa não consegue penetrar na defensiva adversária, o problema são os médios de ataque" é uma coisa tão imbecil como redutora!"

Sadeek, os jogadores, numa equipa a sério, não deviam ter funções. Maior parte dos treinadores entende que sim, assim como maior parte dos adeptos. Mas estão errados. E qualquer pessoa que entenda isso não pode, por ser paradoxal, entender o jogo de modo colectivo. Entendê-lo-á sempre como uma soma de funções. E, no limite, entender que os jogadores têm funções é entender que têm responsabilidades distintas, que quem tem a função de X deve ser responsável pela obtenção de X. Assim, se X for marcar golos, quem não cumprir X é o único responsável por não se marcarem golos. Como é que isto é imbecil? É o argumento que conduz a isto. Gostava de saber como é que achar que os jogadores têm funções não conduz a este corolário.

Sadeek disse...

Nuno...e reafirmo que os jogadores têm funções. Se não tivessem não seria uma equipa que entraria em campo mas sim um aglomerado de jogadores. Se não tivessem funções seria o caos e cada um faria o que quisesse em campo.

Como acho que tu és um gajo com alguma inteligência custa-me a perceber como podes ver as funções de cada um como uma coisa estanque. Ou que consideres que os que não concordam contigo tenham essa ideia redutora de que quando se sofre golos a culpa é dos defesas ou quando não se marca dos avançados.

O facto de terem funções naõ significa que não façam outras coisas em campo. Que um defesa não participe na construção de jogo ou não faça golos, que um avançado não segure a bola para que cheguem apoios em vez de apenas a meter para dentro da baliza, que os médios não defendam. Isto só para dar os exemplos mais dispares porque os médios, em príncipio, participam em todas as fases do jogo. A "culpa", quando não se fazem golos ou os sofrem, é de toda a equipa. E se todos os jogadores cumprirem as suas funções e o fizerem em prol do colectivo a equipa será sempre muito mais forte. E nunca por nunca serão atribuídas culpas "individuais" por um resultado menos bom...

Abraço

Nuno disse...

"reafirmo que os jogadores têm funções. Se não tivessem não seria uma equipa que entraria em campo mas sim um aglomerado de jogadores. Se não tivessem funções seria o caos e cada um faria o que quisesse em campo."

Sadeek, e eu é que precipito conclusões? Não têm funções, tarefas. Têm posições. O que cada jogador tem de fazer, em cada momento do jogo, é o melhor naquele instante. Como é óbvio, têm posições. Pelas posições em campo, é natural que, para um avançado, o melhor a fazer, em vários instantes, é marcar golo. Mas isso apenas porque actua numa posição que, à partida, fará com que tenha mais vezes essa função circunstancial. As únicas funções dos jogadores são circunstanciais. É na situação concreta que se definem. Daí que não tenham funções específicas. Um defesa central tem precisamente as mesmas funções que um avançado. Não existe caos porque o avançado actua numa posição diferente do defesa. Simples.

"O facto de terem funções naõ significa que não façam outras coisas em campo. Que um defesa não participe na construção de jogo ou não faça golos, que um avançado não segure a bola para que cheguem apoios em vez de apenas a meter para dentro da baliza, que os médios não defendam."

Sadeek, de acordo com o teu argumento, se um jogador tem funções, não pode fazer as funções de outros nunca. É aqui que reside o contrassenso. Defender que um jogador tem funções específicas significa afirmar que tem funções diferentes dos colegas. Se, em diferentes momentos do jogo, faz outra coisa que não esteja abrangida pelas suas funções, não está a cumprir a sua função. Como é que o jogador sabe quando é que deve cumprir ou não cumprir a sua função? É intuitivo? É que é a única resposta possível. O contrassenso é óbvio. E leva, ao contrário do que pretendes, ao corolário final: se cada jogador tem funções diferentes, cada jogador é responsável pelos diferentes desígnios de uma equipa. Se falha um certo desígnio, o único responsável é quem tem a função de cumprir esse desígnio. É por isso que afirmar que os jogadores têm funções nunca pode ser compatível com a ideia de pensar o jogo colectivamente. Aqueles que afirmam as duas coisas estão em paradoxo. Aliás, quando dizes que a culpa, quando não se fazem golos ou se sofrem, é de todos, não dizes por que é que isso é assim. Ou seja, para ti é assim pela mesma razão que os treinadores o dizem, porque fica bem e faz parecer que a equipa ganha e perde em conjunto. Mas isso não é pensar o jogo colectivamente.

Pedro disse...

Nuno, seguindo o teu raciocínio, de que não existem funções mas sim posições, defendes um mesmo jogador pode fazer qqr uma dessas posições ou reconheces a necessidade de cada posição precisar de determinada característica física/técnica/táctica?

Nuno disse...

Nenhuma posição requer determinada característica física ou técnica. As posições do jogadores devem ser determinadas pelos seus atributos intelectuais e pela especificidade desses atributos. É evidente que esses atributos não nascem com o jogador e são resultado de anos a fazer determinada posição, de apetências intelectuais adquiridas, etc. O treino, sobretudo o treino aturado, definirá e cultivará os atributos necessários para cada posição. Assim, um avançado dificilmente poderá jogar a defesa porque não está preparado para o fazer, não adquiriu os atributos necessários para tal posição. Embora possa ser morfologicamente idêntico, é intelectualmente muito distinto. As suas apetências intelectuais serão certamente muito diferentes. Num médio-ofensivo, por exemplo, a criatividade é um atributo importante, pois o jogador estará em muitas ocasiões em que terá de pensar rápido e de equacionar várias possibilidades. Já não o é num defesa, pois o defesa é um jogador que tem poucas vezes a exigência de equacionar muitas possibilidades em simultâneo. Isto só para dar um exemplo da distinção entre duas posições.

Pedro disse...

Exacto Nuno, penso o mesmo. E segundo essa lógica então faz todo o sentido, para resumir a questão, exigir a um avançado golos pois é quem pela sua posição está em melhor posição para os marcar. E ao se exigir golos analisa-se a capacidade de finalização do jogador que ocupa essa posição.

MM disse...

"Sadeek, os jogadores, numa equipa a sério, não deviam ter funções. Maior parte dos treinadores entende que sim, assim como maior parte dos adeptos. Mas estão errados."

Nuno, mude o nome do blogue de "Entre 10" para "Entre 10 ou qualquer uma das outras 11".
E depois de fazê-lo convide o Rui Patrício a ir bater livres. Ou Liedson a ir para a baliza. Ou Izmailov a fazer as vezes do Tonel.

E andam a pagar fortunas a Mourinhos e Cappelos ...

Sobre o Assis é muito simples, e é como alguém aí diz: não é tão mau que seja um jogador vulgar mas não é tão bom quanto em tese deveria ter de ser para ser mais qualquer coisa do que um jogador acima da média mas, pouco.

Um jogador vendido como um médio ofensivo muito bom não precisa de tanto tempo para pensar com a bola nos pés. E o Nuno Assis não precisa de muito tempo ... precisa de todo o tempo do Mundo, o que ainda é pior.

Li um post anterior sobre o Liedson e a conversa já (não) enjoa. Não sei aliás o que (não) enjoa mais ... se a conversa, se a jactância e arrogância do post.
Ao fim de tantas palavras repetidas por tantos ... o que fica é um redondo 0, de todas essas palavrinhas ditas e escritas sobre o Liedson.

Aos sportinguistas que acham graça e acolhem essas opiniões sobre o Liedson, o indicado seria mandá-los ir levar no conclave da sua própria idiotice mas ... como no fundo nada disso interessa muito, limito-me a deixar um abraço leonino a todos.

Cumprimentos.

Nuno disse...

Pedro diz: "E segundo essa lógica então faz todo o sentido, para resumir a questão, exigir a um avançado golos pois é quem pela sua posição está em melhor posição para os marcar. E ao se exigir golos analisa-se a capacidade de finalização do jogador que ocupa essa posição."

Pedro, pelo contrário, por ocupar aquela posição, exige-se tudo o que se passa naquela posição. Exige-se que saiba jogar como pivot ofensivo, pois vai passar maior parte do tempo a jogar de costas, que saiba jogar sem bola, que se saiba movimentar, em termos relativos, naquela posição, de acordo com o que se passa à sua volta, que saiba proteger a bola, etc. Tudo isso tem muito mais importância do que o "fazer golos" pelo simples facto de ser algo que ocorre muito mais vezes numa partida. É por isso que o jogador não tem funções específicas.

MHumberto, tantas palavras e nem uma ideia? Gostaria de comentar, mas o problema da maledicência é que não usa argumentos contra os quais argumentar. Assim fica difícil. Tente para a próxima...

Pedro disse...

Nuno, se o Liedson é um gajo com sorte tu, definitivamente, estás numa maré de azar...

Vai ser mais uma semana daquelas..
:)

Nuno disse...

Pedro, queres ver que não teve sorte, outra vez? Pá, já chateia. É como insistir que 2+2 não são 4...

Pedro disse...

Por acaso acho q não teve sorte alguma. Teve sim todo o mérito, este não foi um lance de sorte foi um lance de pressão, de ir para cima do defesa e obrigar ao erro.

Mas a questão não é essa, nem sequer quero discutir. Foi só mesmo para me meter ctg.
:)

Nuno disse...

Pedro, vê o lance outra vez. O Liedson fica a 5 metros do defesa. Ele não está minimamente pressionado. Porra. Vê a merda do lance como deve ser. Não há nada de decisivo na acção do Liedson que provoque o erro. Há, isso sim, um disparate do Liedson. Quantos avançados não pressionam tão agressivamente como o Liedson e não têm este tipo de brindes jornada após jornada? O Falcão é tão pressionante como o Liedson. Quantos brindes destes já teve. Trata-se de sorte. Neste lance, então, nem há o que discutir. É sorte, pura e simplesmente. A oportunidade é 100% dada pelo defesa. Depois, sim, a execução é boa. Mas a oportunidade não foi ele que a conseguiu. Não tem o mínimo de mérito...

Pedro disse...

O Falcao não pressiona como o Liedson, nem sequer pode ser comparado. Aceito a tua discussão sobre se o Liedson pressiona bem ou mal, se faz bem em pressionar tanto e tão alto, etc. Mas não há muitos avançados q façam uma pressão como o Liedson faz e com isso força o erro do adversário.

Sadeek disse...

Ok Nuno, fica lá com a taça! Nunca na vida irás dar o braço a torcer e assim sendo isto são tudo discussões estéreis.

Existem posições e que têm a elas associadas funções diferentes, quanto mais não seja porque ocupam locais diferentes no campo. Se disto a ideia que retiras é que como tem uma função não pode fazer a função doutro jogador és limitado. O futebol não são matraquilhos. Existem ocupações de espaços, existem compensações, existem todos esses termos que tu tão bem conheces.

Eu digo-te porque é que usei aquele chavão do "quando se sofre sofrem todos...". Porque houve uma série de falhas colectivas. Alguém falhou inicialmente e houve depois quem não compensasse. Isto também faz parte das funções de cada jogador...

Curioso criticares tanto o David Luiz ou o Liedson, por geralmente não estarem onde deviam estar (a cumprir a suas funções, digo eu...) e não falares dos outros que deviam fazer as posições deles e nao o fizerem....

Nuno disse...

Pedro diz: "Mas não há muitos avançados q façam uma pressão como o Liedson faz e com isso força o erro do adversário."

Pedro, há vários, tens o Falcão no Porto, que é tal e qual, e tens o Lisandro, que era chato como o Liedson, mas bem mais forte. Isto só em Portugal. E só nos últimos tempos. E nenhum deles tem ou tinha os brindes que o Liedson tem. Nem há comparação...

Sadeek diz: "Existem posições e que têm a elas associadas funções diferentes, quanto mais não seja porque ocupam locais diferentes no campo."

Sadeek, continuas sem entender. As posições não têm funções associadas. Toda a posição tem todas as funções da equipa. Um avançado tem, muitas vezes de fazer a cobertura a um extremo, caso isso seja o recomendável na situação em concreto. E, à partida, fazer coberturas é tudo menos uma função de um avançado. O jogo é dinâmico e os jogadores devem todos ter as mesmas funções. Acontece apenas que, por jogarem em posições diferentes, vão desempenhar mais vezes uma função e menos outras, mas apenas porque as circunstâncias a isso obrigam.

"Alguém falhou inicialmente e houve depois quem não compensasse. Isto também faz parte das funções de cada jogador..."

Pelo teu argumento, não pode fazer. Porque se isto faz parte das funções, então todos têm essa função. Se todos têm essa função de compensar, todos terão a função de compensar outro jogador que não possa cumprir a sua função específica. Por exemplo, se o médio compensar o avançado e aparecer em zona de finalização, passa a ter a função de finalizar, que seria função do avançado e não dele. Se tudo funciona por compensação, todos os jogadores acabam por ter as mesmas funções, dependendo das circunstâncias. Assim, não há funções específicas. Todos têm as mesmas funções e activam uma ou outra dependendo da circunstância em que estão.

Sadeek disse...

Pronto...o que eu já percebi é que isto é conversa de malucos!! A ideia é mais ou menos a mesma...o modo de a expressar é que é totalmente diferente.

Obviamente todos têm as mesmas funções. Falando, obviamente, de um modo genérico. Todos defendem...todos atacam. Não vês é avançados a marcarem avançados, por exemplo. Obviamente também que, em virtude da posição que cada um ocupa, vão executar determinadas tarefas mais ou menos vezes.

Continuo é a achar que o modo como eu expresso a ideia é o mais correcto.... ;)
Mas isto foi o que eu sempre disse

João Castro disse...

Boas,

Só para dizer que admiro bastante o Nuno Assis. Já há muito tempo que digo que o meu Sporting o podia ir buscar...Não é um super-jogador, mas tem tudo o que é preciso num médio ofensivo de equipa grande: boas ideias, dinâmica e capacidade técnica acima da média.

Saudações desportivas