No derby londrino do passado fim-de-semana, o Arsenal ambicionava aproximar-se do rival Chelsea. Para isso, precisava de vencer o desafio. Quem não viu o encontro, certamente pensará que o resultado final de 3-0 a favor dos "blues" expressa a supremacia do conjunto orientado por Carlo Ancelotti. Tal não foi o caso. O Arsenal, esta época, está a jogar muitíssimo bem e os deslizes que teve, até agora, podem ser explicados pelo azar, no caso do desafio contra o Manchester United, e pelos erros individuais de Clichy, frente ao Manchester City. Desta vez, o jogador a comprometer foi o lateral direito, Bacary Sagna, um jogador muito apreciado pelas suas capacidades ofensivas, mas que continua a denotar problemas defensivos gravíssimos. Em suma, o Arsenal dominava claramente a partida com o Chelsea, dispondo de várias oportunidades para marcar e sendo capaz de constantemente entrar nas linhas defensivas adversárias. O Chelsea raramente teve bola e as suas iniciativas ofensivas, até ao primeiro lance em destaque, eram pouco mais que nulas. No entanto, e apesar do domínio claro do Arsenal, o Chelsea viria a adiantar-se no marcador, graças a um erro individual, e adiantar-se-ia mais ainda logo depois, num auto-golo do infeliz Vermaelen. A história do jogo não é a de uma equipa superior a outra e que venceu expressivamente, mas a de uma equipa bastante superior, que atacou muito e bem, e a de outra que, nas primeiras duas vezes que consegue chegar à frente, faz dois golos. Os pragmáticos dirão que o Chelsea se mostrou mais determinado e que foi letal. Os sensatos dirão que tiveram sorte, sobretudo graças ao contributo de Sagna. Vamos aos dois lances que importa observar.
No primeiro lance, Sagna (que aparece ao fundo da imagem) está demasiado aberto em relação aos restantes colegas do sector defensivo. Assim, um passe que até era direccionado para Drogba, acaba por passar por entre Sagna e o central, caindo em Anelka, que passara nas costas do lateral francês sem que este conseguisse reagir condignamente. Bastava, para anular toda esta jogada, que Sagna tivesse defendido por dentro, ocupando um espaço mais central e deixando a linha para o compatriota Anelka. Sagna, talvez demasiado preocupado com a marcação ao homem, talvez desconcentrado, estava por isso mal posicionado e quando reagiu já era tarde. A jogada termina com o falhanço de Anelka, mas Sagna, como se não bastasse o erro inicial, ainda cometeu penalty, puxando o avançado do Chelsea e impedindo-o de concretizar nas melhores condições. Esta falta, para felicidade do Arsenal, passou em claro. Foi o primeiro lance de perigo do Chelsea na partida e estava dado o mote para o que se seguiria.
O segundo lance é o do primeiro golo do Chelsea, lance que determinou toda a partida. Com o Chelsea manietado atrás, raramente capaz de actuar em organização ofensiva e a sofrer para manter o nulo frente a um Arsenal muito competente na dinâmica ofensiva, só um lance pontual como uma bola parada ou um erro grosseiro poderia suscitar um golo para a equipa de Ancelotti. Foi precisamente o que aconteceu, uma vez mais com o contributo de Bacary Sagna. A linha defensiva do Arsenal está uns bons cinco metros atrás, mas ainda assim Sagna avança para ocupar um espaço onde a acção era perfeitamente inútil. Em vez de se manter na linha dos colegas, recuado e inviabilizando um passe entre si e Arshavin, que recuara para ajudar a defender, Sagna dá dois passos à frente, permitindo que a bola entre precisamente nessa zona. O passe provém de John Terry e, até por aí, se pode perceber que não foi extraordinariamente bem executado. Aquilo que permitiu, contudo, que se tornasse num passe providencial para o desfecho da jogada foi o mau movimento do lateral francês. Ao colocar-se onde se colocou, permitiu que Ashley Cole recebesse a bola numa zona privilegiada. Depois, o lateral inglês trabalhou bem e cruzou para Drogba, que apareceu muito bem na zona de finalização. Mas o mais difícil estava feito logo desde início. Sem grande elaboração, o Chelsea conseguiu introduzir a bola em zona de cruzamento e com a defensiva dos da casa a recuar, ou seja, com as condições ideais para uma boa finalização. Sagna, ao colocar-se horrivelmente, contribuiu de forma decisiva para aniquilar a boa pressão que o resto da equipa estava a fazer, constrangendo o Chelsea a procurar as linhas, onde supostamente seria menos perigoso.
Vistos os lances, gostaria de concluir reforçando uma ideia que costumo defender. Raramente aponto erros de carácter técnico a jogadores e não chamaria a atenção para estes lances se tal fosse o caso. Mas erros de concentração ou erros intelectuais são coisa para me irritar. O futebol espectacular do Arsenal, esta época, tem sido esmagador e só erros deste tipo têm contribuído para os poucos maus resultados da equipa. A jogar como estava a jogar, vergando o líder do campeonato, perder por causa de burrices destas devia ser coisa para deixar os nervos em franja a Wenger. O problema aqui é que me parece que o treinador francês, embora muito competente em vários aspectos do jogo e na capacidade de análise de atletas, tem um defeito crónico do qual continua sem se conseguir livrar e que tem a ver directamente com a fase defensiva da sua equipa. Embora este ano tenha abdicado do seu 442 clássico, fonte de problemas defensivos que impediam o Arsenal de ser uma equipa tão competitiva quanto o seu desempenho ofensivo merecia, Wenger continua a parecer-me um treinador pouco competente na fase defensiva do jogo. E aqui entra tanto a avaliação das características dos jogadores, preferencialmente jogadores rápidos e tecnicamente evoluídos, mas muitas vezes sem cérebro para conseguirem ler adequadamente os lances, como é o caso de Sagna, como a própria postura defensiva da equipa, muitas vezes negligente em termos tácticos. O Arsenal de Wenger, defensivamente, é uma equipa que não ocupa bem os espaços, que raramente mantém a linha de quatro defesas bem formada e com os jogadores bem próximos entre si. Não havendo uma preocupação vincada em relação a isso, é natural que depois os jogadores se sintam tentados a atacar zonas que não devem e a ocupar espaços consoante os adversários e a posição da bola. Sagna deixa muito a desejar na leitura dos lances e no posicionamento defensivo, mas Wenger, apesar de todas as competências que lhe reconhecemos, não pode ficar ilibado de responsabilidades quando os comportamentos defensivos dos seus jogadores se manifestam tão anárquicos.
No primeiro lance, Sagna (que aparece ao fundo da imagem) está demasiado aberto em relação aos restantes colegas do sector defensivo. Assim, um passe que até era direccionado para Drogba, acaba por passar por entre Sagna e o central, caindo em Anelka, que passara nas costas do lateral francês sem que este conseguisse reagir condignamente. Bastava, para anular toda esta jogada, que Sagna tivesse defendido por dentro, ocupando um espaço mais central e deixando a linha para o compatriota Anelka. Sagna, talvez demasiado preocupado com a marcação ao homem, talvez desconcentrado, estava por isso mal posicionado e quando reagiu já era tarde. A jogada termina com o falhanço de Anelka, mas Sagna, como se não bastasse o erro inicial, ainda cometeu penalty, puxando o avançado do Chelsea e impedindo-o de concretizar nas melhores condições. Esta falta, para felicidade do Arsenal, passou em claro. Foi o primeiro lance de perigo do Chelsea na partida e estava dado o mote para o que se seguiria.
O segundo lance é o do primeiro golo do Chelsea, lance que determinou toda a partida. Com o Chelsea manietado atrás, raramente capaz de actuar em organização ofensiva e a sofrer para manter o nulo frente a um Arsenal muito competente na dinâmica ofensiva, só um lance pontual como uma bola parada ou um erro grosseiro poderia suscitar um golo para a equipa de Ancelotti. Foi precisamente o que aconteceu, uma vez mais com o contributo de Bacary Sagna. A linha defensiva do Arsenal está uns bons cinco metros atrás, mas ainda assim Sagna avança para ocupar um espaço onde a acção era perfeitamente inútil. Em vez de se manter na linha dos colegas, recuado e inviabilizando um passe entre si e Arshavin, que recuara para ajudar a defender, Sagna dá dois passos à frente, permitindo que a bola entre precisamente nessa zona. O passe provém de John Terry e, até por aí, se pode perceber que não foi extraordinariamente bem executado. Aquilo que permitiu, contudo, que se tornasse num passe providencial para o desfecho da jogada foi o mau movimento do lateral francês. Ao colocar-se onde se colocou, permitiu que Ashley Cole recebesse a bola numa zona privilegiada. Depois, o lateral inglês trabalhou bem e cruzou para Drogba, que apareceu muito bem na zona de finalização. Mas o mais difícil estava feito logo desde início. Sem grande elaboração, o Chelsea conseguiu introduzir a bola em zona de cruzamento e com a defensiva dos da casa a recuar, ou seja, com as condições ideais para uma boa finalização. Sagna, ao colocar-se horrivelmente, contribuiu de forma decisiva para aniquilar a boa pressão que o resto da equipa estava a fazer, constrangendo o Chelsea a procurar as linhas, onde supostamente seria menos perigoso.
Vistos os lances, gostaria de concluir reforçando uma ideia que costumo defender. Raramente aponto erros de carácter técnico a jogadores e não chamaria a atenção para estes lances se tal fosse o caso. Mas erros de concentração ou erros intelectuais são coisa para me irritar. O futebol espectacular do Arsenal, esta época, tem sido esmagador e só erros deste tipo têm contribuído para os poucos maus resultados da equipa. A jogar como estava a jogar, vergando o líder do campeonato, perder por causa de burrices destas devia ser coisa para deixar os nervos em franja a Wenger. O problema aqui é que me parece que o treinador francês, embora muito competente em vários aspectos do jogo e na capacidade de análise de atletas, tem um defeito crónico do qual continua sem se conseguir livrar e que tem a ver directamente com a fase defensiva da sua equipa. Embora este ano tenha abdicado do seu 442 clássico, fonte de problemas defensivos que impediam o Arsenal de ser uma equipa tão competitiva quanto o seu desempenho ofensivo merecia, Wenger continua a parecer-me um treinador pouco competente na fase defensiva do jogo. E aqui entra tanto a avaliação das características dos jogadores, preferencialmente jogadores rápidos e tecnicamente evoluídos, mas muitas vezes sem cérebro para conseguirem ler adequadamente os lances, como é o caso de Sagna, como a própria postura defensiva da equipa, muitas vezes negligente em termos tácticos. O Arsenal de Wenger, defensivamente, é uma equipa que não ocupa bem os espaços, que raramente mantém a linha de quatro defesas bem formada e com os jogadores bem próximos entre si. Não havendo uma preocupação vincada em relação a isso, é natural que depois os jogadores se sintam tentados a atacar zonas que não devem e a ocupar espaços consoante os adversários e a posição da bola. Sagna deixa muito a desejar na leitura dos lances e no posicionamento defensivo, mas Wenger, apesar de todas as competências que lhe reconhecemos, não pode ficar ilibado de responsabilidades quando os comportamentos defensivos dos seus jogadores se manifestam tão anárquicos.
2 comentários:
Donos do blog, como sei que uma das vossas fortíssimas virtudes é a paciência, façam aí um estudo de um jogo do Sporting em que a quantidade de linhas de passe que dá o Matías são desperdiçadas e a quantidade de vezes que o Liédson define mal um lance.
Ah, e se não for muito incómodo, expliquem que foi pela mesma razão que o Angulo, sem ser o rapaz mais virtuoso que pisou o relvado de Alvalade, foi de lá corrido.
Quem está habituado a jogar futebol e vem, de repente, ter a esta obsessão por cruzamentos para um homem de 1.70 sozinho na área e da falta de ar enquanto uma bola não é despejada sem nenhum sentido na área do nosso adversário, deve fazer alguma confusão.
Digo eu.
Marco, costumamos fazer estudos individuais, decorrentes das acções sobretudo com bola dos jogadores. Ainda não vi muitos jogos do Sporting do Carvalhal, mas acredito que Matías Fernandez continue pouco solicitado. Com Paulo Bento, isso era gritante. Referimos isso na altura. Quanto ao estudo sobre o Liedson, está feito e basta procurar nos vários textos com o seu nome. Também concordo que o Angulo não vingou em Alvalade precisamente por causa do estilo da equipa, que não privilegiava, de maneira nenhuma, alguém que se preocupava em jogar curto, apoiado, e de forma inteligente. Ainda assim, Carvalhal tem conseguido melhorar em alguns aspectos coisas básicas que o Sporting de Paulo Bento tinha perdido.
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