Na estreia daquela que era unanimemente considerada como uma das principais favoritas à vitória final na competição, a primeira surpresa. Os suíços, recorrendo a uma estratégia que, para gáudio dos pragmáticos, parece ser moda neste mundial, conseguiram levar de vencida os campeões europeus. Significa isto que está encontrada a fórmula mágica para vencer os espanhóis e todos aqueles que se impõem pela posse de bola? Há quem ache que sim. O Miguel, um dos nossos leitores, disse o seguinte há uns dias:
"A atitude para ganhar a Espanha é simples: organização na defesa e não deixar-se embalar pelo joguinho deles. E ver muitas vezes o Barcelona-Inter..."
Será que o Miguel tinha razão e que os suíços, ao fazer precisamente isto, encontraram um modo infalível de vencê-los? Só um tolo poderia achar que sim. Ou alguém que não tenha visto o jogo. A Espanha dominou do princípio ao fim, criou 8 ou 9 ocasiões de golo e sofreu um muito esquisito, não num contra-ataque, como parece que querem crer, mas no seguimento de um pontapé de baliza e após vários ressaltos muito felizes. O que se pode dizer é que a razão para a Espanha não ter vencido os suíços, mais do que ter sido a estratégia dos helvéticos e a fórmula mágica do Miguel, foi o simples acaso. Só por manifesta infelicidade é que os espanhóis não ganharam o jogo inaugural e o resto é conversa. A fórmula mágica é apenas mágica para quem acredita em magia. A Espanha fez o seu jogo e encontrou uma boa resistência do outro lado. Dominou, circulou a bola e penetrou várias vezes na defensiva adversária. Se não marcou, foi porque não conseguiu concluir as muitas jogadas que criou. Mais nada. Bastava que qualquer um desses lances tivesse dado golo e os suíços tinham imediatamente de mudar de estratégia. Já a selecção helvética jogou para o empate e acabou por ganhar. É por isso que o futebol é tão fascinante, porque permite a equipas mais fracas encontrarem estratégias que podem conduzir a bons resultados, ainda que para isso dependam muito da sorte. Ao contrário, porém, de muita gente, sobretudo dos comentadores televisivos que, após o primeiro jogo, já fazem da Suíça vencedora do grupo e concedem ao Chile ou à Espanha o segundo lugar, acho que os suíços estão muito longe de terem carimbado o apuramento. Em primeiro lugar, porque terão bastantes dificuldades para vencer as Honduras, até porque os hondurenhos deverão jogar de um modo parecido com aquele em que os suíços jogaram e a Suíça tem carências ofensivas muito relevantes, e depois porque o Chile é, a par da Espanha e da Alemanha, a equipa mais interessante a nível ofensivo, não fosse treinado por Marcelo Bielsa.
É precisamente aqui que quero chegar, ao Chile. Embora os cépticos do futebol ofensivo se centrem no resultado da Espanha para justificar o seu cepticismo, houve no mesmo grupo um jogo que serviu de contraprova dessa justificação. As Honduras jogaram como a Suíça e o Chile venceu. Os chilenos, como os espanhóis, são ofensivamente muito bons. Diria, até, que são a melhor equipa da prova, em termos colectivos, neste particular. São das poucas equipas deste campeonato que opta por um só médio-defensivo e das poucas que tem movimentos verdadeiramente colectivos na base da sua estratégia ofensiva. A facilidade com que a equipa conseguiu fazer passes verticais, introduzindo a bola entre as linhas hondurenhas, tem a ver com a capacidade colectiva da equipa e com a criação constante de linhas de passe nesse sentido. Ao contrário de selecções mais cotadas, como a França ou o Brasil, só para citar dois exemplos de equipas que não conseguiram superar um bloco defensivo baixo e solidário e que revelaram uma tremenda inépcia no momento ofensivo, os chilenos souberam sempre como penetrar no bloco hondurenho. É evidente que existe qualidade individual nisto tudo, com Matías Fernandez à cabeça, bem secundado por Valdivia, Isla e Carmona, sobretudo, mas há essencialmente mão de Marcelo Bielsa na forma como o colectivo se comporta. Não admira, portanto, a extraordinária fase de qualificação dos chilenos. É de Bielsa a responsabilidade por os laterais procurarem o meio como solução de passe; é de Bielsa a responsabilidade pela formação constante de apoios próximos ao portador da bola; é de Bielsa a responsabilidade pela movimentação educada sem bola dos médios, que permite à equipa contornar as zonas de pressão dos adversários; é de Bielsa a responsabilidade pela forma como a equipa cria zonas de pressão alta eficazes. Isto é uma lição. Uma lição aos cépticos e uma lição a treinadores como Dunga, Domenech, Queiroz e Capello. Uma lição que consistiu em demonstrar que não é só o momento defensivo que pode ser fruto de trabalho de um treinador. Deu também uma lição a Carlos Carvalhal, no que toca a demonstrar que só os tolos não aproveitam os mais talentosos.
O Chile pode não ir longe, até porque além de estar incluído no grupo mais difícil da prova, está no grupo que se cruza com o segundo grupo mais difícil da prova, mas este mérito já ninguém lhe tira. Marcelo Bielsa - lembremo-nos - é o mesmo que defende que, ao contrário do que se passa no momento defensivo, o momento ofensivo tem infinitas possibilidades:
"Jamás los técnicos obsesivos se preocuparon por jugar ofensivamente. Yo soy un obsesivo del ataque. Yo miro videos para atacar, no para defender. ¿Saben cuál es mi trabajo defensivo? "Corremos todos." El trabajo de recuperación tiene 5 o 6 pautas y chau, se llega al límite. El fútbol ofensivo es infinito, interminable. Por eso es más fácil defender que crear. Correr es una decisión de la voluntad, crear necesita del indispensable requisito del talento."
Não é por acaso, portanto, que o Chile joga como joga. O seu futebol é fruto do trabalho de um treinador que percebe que o momento ofensivo não pode ficar a cargo da inspiração dos jogadores mais talentosos, mas que deve ser, tal como o momento defensivo, resultado de um trabalho metódico do treinador. O Chile denota uma inteligência táctica, em termos ofensivos, extraordinariamente invulgar. E o que é irónico é que, numa competição em que as principais equipas europeias parecem incrivelmente ineptas do ponto de vista ofensivo, seja uma equipa sul-americana a ensinar como é que se faz. Mais irónico, só se pensarmos que, tirando a Espanha, a única equipa europeia que parece ter ideias é a selecção germânica. Num mundial em que, finalmente, parece haver mais equipas interessadas em defender do que equipas que joguem ao ataque, é de salutar que ainda existam selecções com outra filosofia. A bem do futebol, o Chile, a Espanha e a Alemanha são por isso as equipas em quem mais se deveriam centrar as atenções, sob pena de haver nova regressão na modalidade. Vamos ver que sorte lhes reserva este mundial.
P.S. Um dos comentadores do encontro do Brasil referiu, muito indignado, que um qualquer responsável norte-coreano teria sugerido que Portugal jogava como a Alemanha, e desmentiu-o categoricamente, como se isso fosse um ultraje para os portugueses. A verdade é que, como já tive oportunidade de referir, Portugal tem vindo a tornar-se, aos poucos, numa selecção germânica, uma selecção que dá preferência ao músculo e ao rigor táctico, uma selecção cautelosa, fria, mas na qual não abundam ideias. O mais irónico é que, pelo menos neste mundial, os próprios germânicos são menos germânicos que os portugueses. Por isso, se há algo a condenar na afirmação do norte-coreano, não é o facto de ser ultrajante comparar Portugal à Alemanha, mas o ultraje de comparar a Alemanha a Portugal.
"A atitude para ganhar a Espanha é simples: organização na defesa e não deixar-se embalar pelo joguinho deles. E ver muitas vezes o Barcelona-Inter..."
Será que o Miguel tinha razão e que os suíços, ao fazer precisamente isto, encontraram um modo infalível de vencê-los? Só um tolo poderia achar que sim. Ou alguém que não tenha visto o jogo. A Espanha dominou do princípio ao fim, criou 8 ou 9 ocasiões de golo e sofreu um muito esquisito, não num contra-ataque, como parece que querem crer, mas no seguimento de um pontapé de baliza e após vários ressaltos muito felizes. O que se pode dizer é que a razão para a Espanha não ter vencido os suíços, mais do que ter sido a estratégia dos helvéticos e a fórmula mágica do Miguel, foi o simples acaso. Só por manifesta infelicidade é que os espanhóis não ganharam o jogo inaugural e o resto é conversa. A fórmula mágica é apenas mágica para quem acredita em magia. A Espanha fez o seu jogo e encontrou uma boa resistência do outro lado. Dominou, circulou a bola e penetrou várias vezes na defensiva adversária. Se não marcou, foi porque não conseguiu concluir as muitas jogadas que criou. Mais nada. Bastava que qualquer um desses lances tivesse dado golo e os suíços tinham imediatamente de mudar de estratégia. Já a selecção helvética jogou para o empate e acabou por ganhar. É por isso que o futebol é tão fascinante, porque permite a equipas mais fracas encontrarem estratégias que podem conduzir a bons resultados, ainda que para isso dependam muito da sorte. Ao contrário, porém, de muita gente, sobretudo dos comentadores televisivos que, após o primeiro jogo, já fazem da Suíça vencedora do grupo e concedem ao Chile ou à Espanha o segundo lugar, acho que os suíços estão muito longe de terem carimbado o apuramento. Em primeiro lugar, porque terão bastantes dificuldades para vencer as Honduras, até porque os hondurenhos deverão jogar de um modo parecido com aquele em que os suíços jogaram e a Suíça tem carências ofensivas muito relevantes, e depois porque o Chile é, a par da Espanha e da Alemanha, a equipa mais interessante a nível ofensivo, não fosse treinado por Marcelo Bielsa.
É precisamente aqui que quero chegar, ao Chile. Embora os cépticos do futebol ofensivo se centrem no resultado da Espanha para justificar o seu cepticismo, houve no mesmo grupo um jogo que serviu de contraprova dessa justificação. As Honduras jogaram como a Suíça e o Chile venceu. Os chilenos, como os espanhóis, são ofensivamente muito bons. Diria, até, que são a melhor equipa da prova, em termos colectivos, neste particular. São das poucas equipas deste campeonato que opta por um só médio-defensivo e das poucas que tem movimentos verdadeiramente colectivos na base da sua estratégia ofensiva. A facilidade com que a equipa conseguiu fazer passes verticais, introduzindo a bola entre as linhas hondurenhas, tem a ver com a capacidade colectiva da equipa e com a criação constante de linhas de passe nesse sentido. Ao contrário de selecções mais cotadas, como a França ou o Brasil, só para citar dois exemplos de equipas que não conseguiram superar um bloco defensivo baixo e solidário e que revelaram uma tremenda inépcia no momento ofensivo, os chilenos souberam sempre como penetrar no bloco hondurenho. É evidente que existe qualidade individual nisto tudo, com Matías Fernandez à cabeça, bem secundado por Valdivia, Isla e Carmona, sobretudo, mas há essencialmente mão de Marcelo Bielsa na forma como o colectivo se comporta. Não admira, portanto, a extraordinária fase de qualificação dos chilenos. É de Bielsa a responsabilidade por os laterais procurarem o meio como solução de passe; é de Bielsa a responsabilidade pela formação constante de apoios próximos ao portador da bola; é de Bielsa a responsabilidade pela movimentação educada sem bola dos médios, que permite à equipa contornar as zonas de pressão dos adversários; é de Bielsa a responsabilidade pela forma como a equipa cria zonas de pressão alta eficazes. Isto é uma lição. Uma lição aos cépticos e uma lição a treinadores como Dunga, Domenech, Queiroz e Capello. Uma lição que consistiu em demonstrar que não é só o momento defensivo que pode ser fruto de trabalho de um treinador. Deu também uma lição a Carlos Carvalhal, no que toca a demonstrar que só os tolos não aproveitam os mais talentosos.
O Chile pode não ir longe, até porque além de estar incluído no grupo mais difícil da prova, está no grupo que se cruza com o segundo grupo mais difícil da prova, mas este mérito já ninguém lhe tira. Marcelo Bielsa - lembremo-nos - é o mesmo que defende que, ao contrário do que se passa no momento defensivo, o momento ofensivo tem infinitas possibilidades:
"Jamás los técnicos obsesivos se preocuparon por jugar ofensivamente. Yo soy un obsesivo del ataque. Yo miro videos para atacar, no para defender. ¿Saben cuál es mi trabajo defensivo? "Corremos todos." El trabajo de recuperación tiene 5 o 6 pautas y chau, se llega al límite. El fútbol ofensivo es infinito, interminable. Por eso es más fácil defender que crear. Correr es una decisión de la voluntad, crear necesita del indispensable requisito del talento."
Não é por acaso, portanto, que o Chile joga como joga. O seu futebol é fruto do trabalho de um treinador que percebe que o momento ofensivo não pode ficar a cargo da inspiração dos jogadores mais talentosos, mas que deve ser, tal como o momento defensivo, resultado de um trabalho metódico do treinador. O Chile denota uma inteligência táctica, em termos ofensivos, extraordinariamente invulgar. E o que é irónico é que, numa competição em que as principais equipas europeias parecem incrivelmente ineptas do ponto de vista ofensivo, seja uma equipa sul-americana a ensinar como é que se faz. Mais irónico, só se pensarmos que, tirando a Espanha, a única equipa europeia que parece ter ideias é a selecção germânica. Num mundial em que, finalmente, parece haver mais equipas interessadas em defender do que equipas que joguem ao ataque, é de salutar que ainda existam selecções com outra filosofia. A bem do futebol, o Chile, a Espanha e a Alemanha são por isso as equipas em quem mais se deveriam centrar as atenções, sob pena de haver nova regressão na modalidade. Vamos ver que sorte lhes reserva este mundial.
P.S. Um dos comentadores do encontro do Brasil referiu, muito indignado, que um qualquer responsável norte-coreano teria sugerido que Portugal jogava como a Alemanha, e desmentiu-o categoricamente, como se isso fosse um ultraje para os portugueses. A verdade é que, como já tive oportunidade de referir, Portugal tem vindo a tornar-se, aos poucos, numa selecção germânica, uma selecção que dá preferência ao músculo e ao rigor táctico, uma selecção cautelosa, fria, mas na qual não abundam ideias. O mais irónico é que, pelo menos neste mundial, os próprios germânicos são menos germânicos que os portugueses. Por isso, se há algo a condenar na afirmação do norte-coreano, não é o facto de ser ultrajante comparar Portugal à Alemanha, mas o ultraje de comparar a Alemanha a Portugal.
26 comentários:
Tenho muita pena de estar a perder os melhores jogos deste mundial.
Só ainda consegui ver com atenção a Alemanha e pouco mais.
Espero que o Matias seja mais aproveitado este ano.
Grande Nuno,
Por falta de tempo não consegui escrever um texto que este selecção chilena merecia...apenas hoje o fiz e foi apenas um pequeno comentário.
Concordo em absoluto com o que expressas sobre o Chile. Fatal ali apenas uma alternativa a Humberto Suazo. O Espanha-Chile promete. Vamos ver isso ?
Abraço
Paulo, isso era fixe. Até porque o jogo deverá ser decisivo para os dois. Mas não posso dar é já a certeza. Não sei se não vou estar a trabalhar nesse dia.
Abraço!
Muito obrigado pelo destaque a uma das minhas frases, ainda que não tenha sido pela positiva. Mas enganas-te em várias coisas: não sou céptico, da mesma forma que não sou crente. As equipas ganhadoras são aquelas que têm os jogadores e treinadores certos e que acreditam no sistema em que jogam. Por isso é que, de 2009 para 2010, viste duas equipas diametralmente opostas a ganhar tudo. É evidente que também prefiro o barça ao inter, a Espanha e esta Alemanha a qualquer outra(s) equipa(s) deste mundial (até mais ver). Simplesmente, futebol não é uma questão de "crenças" ou credos para mim, já que uma equipa com princípios defensivos pode dar as mesmas garantias de sucesso que uma equipa ofensiva SE tiver os jogadores certos, da mesma forma que não adianta jogar ofensivamente se não se tiver os jogadores certos para isso. Por alguma razão ninguém consegue atacar como o barça e ninguém consegue defender como o Inter. Mas se tiver de escolher, prefiro o barça, não o Inter. Por uma questão de prazer, não por crendice como outros.
Nuno,
como é que a Suiça ganhava à Espanha sem ser da maneira que o Miguel referiu?
Epá continuas na senda de insultar quem te contraria em vez de contra-argumentar.
PS: tomara Portugal jogar 1/2 do que Alemanha o faz, apesar da "inocência" futebolistica da Austrália.
sinceramente que o espanha chile seja so decisivo pa espanha, que o chile humilhe a suiça no dia 21
So uma nota: comparar o Espanha-Suica ao Barca-Inter e um exagero de todo o tamanho.
Primeiro, porque a Suica raramente optou por queimar tempo e quase sempre que teve a bola procurou sair em contra-ataque.
Segundo, porque os Suicos podiam ter ganho nao por 1 mas por 2-0 se aquela bola no poste tem entrado.
Terceiro, porque o Ottmar Hitzfeld e muito menos arrogante que o Mourinho (apesar de partilharem o mesmo recorde).
Só quem não viu - ou quem não soube ver - o jogo pode dizer que a Suiça ganhou com sorte, a mesma sorte e acaso com que o Inter passou a eliminatória em Barcelona. Ressaltos e "acaso".
Ressaltos, acaso e comédia ...
2 jogos diferentes claro, a Suiça criou sempre sustos à Espanha e atacou. Defendeu bem, contra uma equipa superior e reduziu bastante as probabilidades de perder o jogo. Ou melhor, criou para si hipóteses de tirar qualquer coisa do jogo, e acabou por tirar mais do que esperava ... ganhou-o.
Confundir isto com sorte e acaso é tão pobre quanto achar que só há 1 forma de ganhar jogos.
Mas há por acaso 2 elementos comuns entre o Espanha-Suiça e os Inter-Barcelona:
Ganhou a equipa melhor orientada, porque o Hitzfeld é muito mais treinador que o Del Bosque e o Mourinho foi - naquele momento, naquela eliminatória - melhor treinador que o Guardiola.
E ganhou a equipa mais concentrada, mais focada.
A Espanha podia - e devia - dar muito mais do que aquilo que deu.
Logo: não foi competente, e foi penalizada. Acontece, quando do outro lado estão equipas bem preparadas, ainda que mais fracas ...
Talvez um dia o treinador de bancada descubra isto.
Ps: Diego Benaglia, quando há coisa de 5 ou 6 anos se falou da ida dele - na altura internacional sub-21 - para o Sporting, foi muita pena ninguém no Sporting ter pegado nessa dica ... está ali um guarda-redes do melhor que há.
Metralha, do mesmo modo que o México ganhou à França, jogando à bola.
Petinga, os suíços podiam tanto ter ganho por 2-0 quanto os espanhóis por 8-0.
MHumberto, é tão simples quanto isto: a Espanha teve ocasiões de sobra para marcar e ganhar o jogo. Não as marcou. Logo, a Suíça teve sorte, marcando em 50% dos lances. Se achas que uma equipa que cria 8 ou 9 oportunidades claras de golo não merece ganhar a uma que, além de nunca ter tomado a iniciativa, só criou 2, estamos conversados. Não falo mais com malucos.
P.S. Só por acaso, os treinadores de bancada do Entre Dez, sem que ninguém o referisse, tiveram a ousadia de destacar Diego Benaglio como melhor guarda-redes da Liga 2007/2008. Está neste texto:
http://entredez.blogspot.com/2008/05/os-melhores.html
É certamente coincidência, pois um gajo que acha que há uma maneira melhor de jogador futebol jamais teria a capacidade para perceber, com esta antecedência, o valor de um jogador.
Eventualmente vocês viram um jogo diferente do meu. Eu vi a equipa da suíça a fazer um pressing baixo, sempre recuada no terreno é certo, mas pressionando em bloco baixo. Vi a Espanha a fazer uma circulação de bola com alguma dificuldade, e jogando muito em largura e pouco em profundidade. A Espanha tentou algumas vezes o jogo exterior com remates de longe e passes nas costas da defesa, muito por falta de soluções.
Dizer que a Suíça ganhou por sorte parece-me exagerado. Se colectivamente a Espanha parece forte, alguns elementos da defesa, parecem-me desconcentrados e de qualidade por vezes duvidosa. O golo da suíça é uma série de erros defensivos individuais.
Esta é a prova de que a Espanha não é invencível e após o golo pareceu-me até mentalmente afectada, o que estranho tendo em conta a experiência dos seus atletas.
Ainda assim,não coloco em risco a passagem da Espanha.
Nuno (também serve para o Paulo Santos),
Nesta semana, na sua página 'Planeta do Mundial', no jornal "A Bola", o Luís Freitas Lobo chamou a atenção para o pensamento futebolístico de Marcelo Bielsa, referindo um livro onde está expresso muitas das suas ideias.
Na altura, não guardei o jornal e perdi a referência do título, pelo que enviei um email através do seu site. A resposta chegou e penso que pode interessar:
"Lo Suficientemente Loco"
Vindo de um site da Libraria Santa Fé da Argentina. Vale a pena!
Abraço.
sei que não devia, mas o bielsa não deve fica chateado quando aparecer por aqui
http://www.megaupload.com/?d=2HNLXHCU
R. Galeiras,
de onde veio esse livro há maneira de arranjar mais ou esse é filho unico?
Nuno,
E onde e que a Espanha teve 8 situacoes claras de golo? Se contares 2 ou 3 ja vais com sorte...
Nao sera por acaso tambem que Ottmar Hitzfeld e o "outro" treinador que venceu 2 Ligas dos Campeoes ao servico de clubes diferentes?
Nuno,
Compreendo perfeitamente a tua argumentação, aliás não será novidade para ninguém que acompanhe este blogue.
No entanto deixo-te uma pergunta:
Como é que deveria ter jogado a Suiça? De certeza que não defendes que deviam ter jogado olhos nos olhos a tentar manter a posse de bola e com a defesa no meio campo. A Suiça não tem jogadores para fazer o jogo que a Espanha faz. Sendo assim, com que armas deveriam ter atacado o jogo?
É uma pergunta que pode ser entendida de uma forma mais abrangente em relação filosofia de jogo que defendes. Ou seja, perante um plantel mais parco em talento, e tendo em conta que o futebol é um jogo (para ganhar)com que armas deviam jogar as equipas mais pequenas, com menos jogadores talentosos, perante oposições muito mais fortes?
A Suíça deveria ter jogado como jogou o Arsenal em Barcelona. Certamente que 4-0 era pouco. A liberdade de expressão também serve para isto: para certos tipos passarem a vida a dizer besteiras sem serem fuzilados.
Catenaccio e Ricardo, muito obrigado pela referência da biografia do Bielsa.
Ana Luísa diz: "Vi a Espanha a fazer uma circulação de bola com alguma dificuldade, e jogando muito em largura e pouco em profundidade. A Espanha tentou algumas vezes o jogo exterior com remates de longe e passes nas costas da defesa, muito por falta de soluções."
Ana Luísa, dificuldades como? A Espanha conseguiu uma posse de bola activa, que não se limitou apenas a circulá-la afastando-a das zonas de pressão, uma posse de bola que conseguia invariavelmente penetrar nas linhas suíças. Remates de longe? Como assim? Rematou várias vezes, mas sempre à entrada da área. Uma posse de bola ineficaz foi a da Holanda, esta tarde, durante toda a primeira parte. Teve cerca de 70% de posse de bola mas nunca foi capaz de fazer nada com ela. Não só não criou qualquer oportunidade de golo, como nem sequer se conseguiu aproximar da área japonesa. Isso sim, é ter dificuldades. Os espanhóis não as tiveram.
"Dizer que a Suíça ganhou por sorte parece-me exagerado."
Ana Luísa, como é óbvio, não foi só sorte. Nunca é. Mas na medida em que os espanhóis tiveram muito mais oportunidades de golo e o golo é obtido de um modo claramente feliz, é difícil não falar em sorte. Repara: se não existisse arbitrariedade, se todos os avançados tivessem sorte nos momentos de decisão, a Espanha ganharia por 8-2. Acha que basta.
"Se colectivamente a Espanha parece forte, alguns elementos da defesa, parecem-me desconcentrados e de qualidade por vezes duvidosa."
Tirando o Capdevilla, que está bem abaixo dos outros, o resto dos jogadores da linha defensiva é de qualidade inequívoca.
Petinga diz: "E onde e que a Espanha teve 8 situacoes claras de golo? Se contares 2 ou 3 ja vais com sorte..."
Petinga, repara: Na primeira parte tens o remate ao lado do Sergio Ramos, depois de conseguir entrar na área com a bola controlada, a do Piqué, que se isola e chuta, mas Benaglio defende, e tens o lance em que o Iniesta tira um defesa da frente e vai isolado para a baliza, sendo impedido em falta, o que dá um cartão amarelo embora o justo fosse o vermelho. Na segunda parte tens o remate do Iniesta a rasar o poste, o remate do Torres por cima, depois de ter perdido posição de remate e de ter rodopiado, o remate à barra do Xabi Alonso, o remate do Navas já dentro da área para defesa do Benaglio, o remate do Navas a rasar o poste, o lance em que o Benaglio sai aos pés do Villa e consegue interceptar o lance e evitar o remate do espanhol e ainda um lance ligeiramente descaído para a esquerda em que o Torres remate, salvo erro, por cima. São 10 oportunidades, umas mais claras que outras, obviamente, mas todas elas, parece-me, bastante relevantes. A mim parece-me o suficiente para justificar que eles tivessem vencido o jogo. Se a ti te parece que não, não posso fazer nada.
Em relação ao Hitzfeld, não foi também ele que perdeu uma final que esteve a ganhar desde praticamente o início até ao minuto 90 e que, nesse jogo, optou por defender a magra vantagem durante praticamente todo o jogo, perdendo assim justamente por ter adoptado uma estratégia em que a sua equipa abdicava de atacar?
Batalheiro, como a Académica do Villas Boas este ano. Perdeu 4-0 com o Benfica, é certo, mas fez a vida negra ao mesmo Benfica no outro jogo e ao Porto nos dois. E venceu o Sporting, por exemplo. E não tinha jogadores para jogar olhos nos olhos. Mas jogou. E valeu a pena. A Suíça até tem bons jogadores. É pena que joguem assim. Porque apesar de conseguirem fazer a vida negra aos "grandes" vão ter dificuldades em se impor frente aos outros. Veremos como corre com as Honduras.
Monsieur Homais, o Arsenal, em Barcelona, foi esmagado porque tinha de sê-lo. Só um atrasado mental, numa equipa formatada para jogar ao ataque como o Arsenal, pegaria na equipa e a poria a jogar como o Inter. Não seriam 4. Seriam 10.
O que se está aqui a acusar também não é apenas a equipa A jogar de determinado modo contra a equipa B. É o facto de adoptar esse estilo, quer seja nesse jogo, quer não seja. O problema da Suíça não é ter feito este jogo contra a Espanha assim. É só conseguir ser forte assim. E é o problema de todas as equipas que optam por este tipo de coisas. Só conseguem ser fortes assim, quando poderiam ser fortes de outras maneiras mais úteis, ainda que isso, neste jogo em particular, as expusesse mais. O problema não é a equipa ter optado por uma estratégia; o problema está nas consequências que a adopção dessa estratégia acarreta.
Nuno
Pá apenas entrando à parte do mundial que não me interessa muito discutir.
Não acompanhei o campeonato de juniores mas fui hoje a alvalade ver o último jogo com o porto. Não sei se acompanhaste o campeonato ou se viste o jogo com o porto mas sabes quem é o 7 do porto? Um baixinho que joga pelo campo todo.
Conheces? que achas dele?
cumprimentos
Pedro, acompanhei mais ou menos o campeonato, mas não só não vi o jogo de hoje, como também não vi nenhum do Porto. Mas o Gonçalo viu vários e ele poderá certamente responder-te melhor que eu.
Cumprimentos
Ok. A pergunta abrangia obviamente os dois. Aguardo a opinião dele então...
cumprimentos
Caetano, certo? Ya, realmente pareceu-m dos melhores do Porto, n o conhecia mas dp do jogo de hj vou tomar atenção ao puto. Mas por outro lado, hj ate o zezinho parecia jogador:) e o que achas do Afonso taira? Eu acho-o, de longe, o melhor médio do Sporting,alias, melhor só o Nuno reis. Abraço
Pá tal como disse este ano não segui o campeonato de juniores. E como cheguei atrasado uma beca ao jogo não dei pra ouvir os nomes dos gajos.
Mas sim é esse mesmo o caetano. A mim pareceu-me de longe o melhor, especialmente na segunda parte fez um jogo muito interessante.
O zezinho era o 10? Aqule que fez mais dribles do que passes? pá tem potencial mas se não aprender a jogar vai ser só mais um...
O taira não deu pra ver bem. Ele entrou já tarde e nessa altura já sou tava com interesse em seguir o caetano porque o resto do jogo tava mesmo horrível. O nuno reis jogou em que posição?
O balde é mesmo do futebol ou veio do basquet pra fazer número?
cumprimentos
os melhores das equipas eram sem duvida: amorim, caetano e sergio oliveira que não estava;
do lado do sporting o nuno reis, o cédric e afonso depois de entrar.
Pedro, eu duvido que o Zezinho dê em algo, principalmente porque não acredito que a exibição dele tenha sido consciente. Vou tentar explicar melhor. Ele ontem esteve brutal na maneira como segurou a bola. Deste pormenor, sobrou o tempo necessário para a equipa leonina alcançar o posicionamento necessário para poder sair do momento defensivo com alguma segurança. Mais, foi dos poucos jogadores que, nas alturas de maior aperto portistas, e olha que a equipa do Porto foi francamente superior à do Sporting( como aliás aconteceu no Dragão), permitiu que a equipa de Telmo Costa respirasse um pouco. O problema é que ele, Zezinho, faz isso sistematicamente, em função do que ele pensa que é o futebol, e não do que a equipa em dado momento necessita. Por isso é que ele nunca vai ser um jogador com o potencial do Nuno Reis, do Renato Santos(ontem apagadíssimo), Cedric, ou do Afonso Taira. Quanto ao Baldé, ontem foi desastroso, mas já vi algumas coisas interessantes dele. No entanto, se tivesse de apostar, diria que ele não vai resultar em nada.
Qt ao Porto, apesar de ter alcançado uma má classificação, pareceu-me a melhor equipa(não tive oportunidade de ver nenhum jogo do Guimarães), bastante superior no padrão de jogo, quer ao Sporting, quer ao Benfica.
Um abraço
Sim, concordo contigo, embora não considere que segurar a bola à conta de dribles sucessivos em zonas defensivas seja um risco razoável. E claro que também não me parece que vá dar em grande coisa a menos que seja muito bem ensinado como referi. Quando me referi a pontencial, referia-me apenas ao técnico nada mais.
E sim, pelo menos ontem, que foi o único que vi, o porto foi bastante superior.
Cumprimentos
Enviar um comentário