A jornada tinha, por jogo grande, a recepção do Porto ao Braga. Maior parte dos iluminados não conseguiu perceber que o resultado esteve muito longe de expressar uma supremacia do Porto e que o Porto foi, essencialmente, uma equipa eficaz a aproveitar os espaços em transição. À margem disto, voltou a ser um Porto pouco imaginativo, pouco capaz em organização ofensiva, excessivamente vertical, com os dois médios, Rúben Micael e Raúl Meireles muito precipitados, a tornar o jogo sistematicamente numa vertigem de velocidade. Resultou, é certo, mas porque o Braga não esteve bem onde era importante estar contra este Porto. Duvido seriamente, porém, que isto não seja o primeiro capítulo do afundamento deste Porto. Desde que Belluschi saiu da equipa, o Porto voltou a ser uma formação demasiado preocupada com a velocidade e, contra adversários fechados lá atrás, que optem por blocos baixos, voltará a sentir dificuldades.
Não é, contudo, sobre este jogo que pretendo falar. A análise ao mesmo está no nosso artigo desta semana no Academia de Talentos. Pretendo antes recuperar o lance do primeiro golo do Benfica frente à União de Leiria, num jogo disputado há já algumas semanas, mas correspondente a esta jornada. O lance é genial e merece, por isso, a inclusão nesta rubrica. A tabela entre Saviola e Aimar parece simples, mas não é. Quantos jogadores, na mesma situação, fariam o mesmo? Com um simples toque, Saviola e Aimar ultrapassaram 4 defesas e o cruzamento para Cardozo tornou-se possível. É isto que uma simples tabela permite. Nenhum lance individual, nenhum talento requintado, nenhuma invenção sobre-humana seria capaz de tornar uma jogada aparentemente inofensiva num lance iminente de golo. Saviola e Aimar, em pezinhos de lã, com um movimento aparentemente simples, conseguiram-no. Eis o que, no futebol actual, faz dos processos ofensivos algo mais do que a soma da inspiração de cada jogador.
Não é, contudo, sobre este jogo que pretendo falar. A análise ao mesmo está no nosso artigo desta semana no Academia de Talentos. Pretendo antes recuperar o lance do primeiro golo do Benfica frente à União de Leiria, num jogo disputado há já algumas semanas, mas correspondente a esta jornada. O lance é genial e merece, por isso, a inclusão nesta rubrica. A tabela entre Saviola e Aimar parece simples, mas não é. Quantos jogadores, na mesma situação, fariam o mesmo? Com um simples toque, Saviola e Aimar ultrapassaram 4 defesas e o cruzamento para Cardozo tornou-se possível. É isto que uma simples tabela permite. Nenhum lance individual, nenhum talento requintado, nenhuma invenção sobre-humana seria capaz de tornar uma jogada aparentemente inofensiva num lance iminente de golo. Saviola e Aimar, em pezinhos de lã, com um movimento aparentemente simples, conseguiram-no. Eis o que, no futebol actual, faz dos processos ofensivos algo mais do que a soma da inspiração de cada jogador.
Há quem ache que, no que diz respeito a processos ofensivos, os treinadores têm responsabilidade essencialmente na transição defesa-ataque e nas primeiras fases de construção. Segundo esta teoria, no último terço do terreno, com o adversário organizado defensivamente, prevalece sobretudo o talento individual, a inspiração, a qualidade de cada jogador da equipa. E, segundo ainda esta teoria, a definição dos processos ofensivos no último terço do terreno não é treinável. Se não bastasse, para contradizer esta teoria, o modelo de Guardiola, eis que dois pequenos argentinos, com um passo de tango, a destroem por completo. Entre vários adversários, Saviola procurou Aimar não porque o seu talento o impeliu nessa direcção, mas porque percebeu que, combinando com o colega, se desembaraçaria muito mais facilmente da situação em que estava. Que isto aconteça mais frequentemente entre estes dois jogadores é explicado pelo facto de ambos terem mais consciência daquilo que isso lhes permite. Mas o movimento é colectivo e pode ser replicado por outros jogadores. Assenta essencialmente na ideia de que, fazendo a bola circular rapidamente entre dois ou três companheiros, o adversário tem menos possibilidades de inviabilizar o lance, e ainda em coisas como movimentos de aproximação, em apoios constantes, em passe e devolução, etc. O que Saviola e Aimar fizeram foi genial e é a prova de que, em organização ofensiva, mesmo com pouco espaço para jogar, o futebol deve ser essencialmente colectivo e que há mais probabilidades de êxito sempre que se procura resolver as coisas colectivamente, isto é, fazendo participar mais do que um elemento da equipa, do que recorrendo às individualidades. O envolvimento colectivo oferece possibilidades ofensivas que a soma das individualidades jamais oferecerá. Esta é a lição de Saviola e Aimar.
8 comentários:
epa, n ha palavras para descrever a qualidade dos 2 argentinos. São de longe os 2 melhores jogadores da Liga.
Nuno, caramba, sim os 5-1 nao correspondem a uma supremacia total do Porto sobre o Braga. Mas os rapazes jogaram bem.
Alias houve momentos de grande futebol.
Nuno, caramba, sim os 5-1 nao correspondem a uma supremacia total do Porto sobre o Braga. Mas os rapazes jogaram bem.
Alias houve momentos de grande futebol.
Sobre a jogada : fantastica.
Apetecia-me dar uma bicada mas não o vou fazer. Um pouco de descanso ao Entre10 tb é justo.
:)
Excelente jogada e análise perfeita. Nada a acrescentar.
Nuno,
Dá-me lá a tua opinião, estou aqui numa acesa discussão com o meu patrão e antes que ele me despeça:
O Matias ontem quis fazer aquele toque de calcanhar e ir buscar á frente ou calhou mal??
Eu acho que ele ia dar ao Pedro Mendes que estava na entrada da área, mas calhou bem...
Foi sem querer, Ricardo. Ele queria dar no Pedro Mendes. Se fosse intencional, porém, teria sido soberbo...
A transmissão da sic é tão boa que nem mostraram a repetição desse lance...
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