quarta-feira, 25 de março de 2009

Podias ser mais atrasado, Professor? Não, não podias...

Pereirinha e Rui Pedro, na sequência do penalty não convertido contra a selecção de Cabo Verde, foram suspensos pelo Professor Carlos Queiroz.

Este capricho do principal responsável técnico das selecções nacionais, aliado às declarações de Rui Caçador, poderá ter repercussões a todos os níveis nefastas. E isto não se aplica só aos dois jogadores que foram castigados.

A opção por crucificar dois jogadores que "ousaram" fazer algo de diferente não se esgota no castigo "concedido". Quando se condena um acto destes, desta natureza, está a circunscrever-se a irreverência, a originalidade, a coragem de num dado momento surpreender, mas, acima de tudo, está a condenar-se os que pretendem algo mais. O mais fácil naquela situação seria apontar a grande penalidade de forma vulgar. E isto só não aconteceu porque um jogador, num dado momento, sentiu que poderia fazer mais, porque ousou tentar algo de diferente. E tentar algo de diferente nada tem a ver com desrespeito, ou leviandade.

Mas não deixa de ser engraçado atentar nas declarações de Rui Caçador: "se eles tivessem feito aquilo num jogo com uma selecção mais forte, com o resultado 0-0 e num jogo a doer, aí, talvez até aceitasse a classe e a coragem dos jogadores. Assim, não". Peço desculpa, mas quem é que faltou ao respeito a quem? Quem é que está a tratar os cabo-verdianos como uns coitadinhos? O jogador que achou que devia "caprichar"? Ou o treinador que acha que contra estes "pobres coitados" qualquer um pode fazer algo do género?

E que dizer do seleccionador principal? É para isto que pretende participar mais nas selecções jovens? Para poder mostrar serviço, já que na selecção principal é a miséria que se vê? Cuidado com os "banhos de humildade" professor, não vá ter um tipo alto e loiro a escovar-lhe as costas no próximo sábado.

Depois há uma questão que não podemos ignorar: cada jogador é um caso! Não conheço muito bem o Rui Pedro, mas se há coisa que se não pode apontar ao Pereirinha é tiques de vedeta. Aliás, quem o conhece bem até admite que uma das razões de ele ainda não se ter imposto de forma categórica é a maneira demasiado "correcta" e "certinha" com que tem pautado as suas exibições, não se vislumbrando a coragem e a irreverência que sempre demonstrou, quer nas camadas jovens, quer na liga de Honra, ao serviço do Olivais e Moscavide (na altura ainda com idade de júnior). Não me parece, portanto, que esta opção em retrair a irreverência deste jogador se possa revelar positiva no futuro do mesmo, temendo até que possa suceder exactamente o oposto no desenvolvimento de Bruno Pereirinha.

5 comentários:

Nuno disse...

O mais absurdo de tudo é que este é o mesmo Queiroz que diz, em cada entrevista que dá, que o seu maior contributo para o futebol português se ficou a dever ao facto de ajudar a despertar a mentalidade do jogador português. Segundo Queirós, antes dele, Portugal tinha bons jogadores, mas com uma mentalidade pequena, que chegava aos grandes palcos e se sentia pequenino ao pé das grandes estrelas mundiais. Portanto, esta decisão de castrar a irreverência numa selecção já de si pouco irreverente não faz sentido nenhum. A fama de pedagogo de Queiroz é uma autêntica farsa. Mas a verdade é que a pequenez de espírito do homem se coaduna em tudo com a pequenez do país. Estão bem um para o outro.

Acerca deste tipo de lances, gostaria só de dizer uma coisa. Maior parte das pessoas acha que um penalty marcado assim ou marcado à Panenka são actos de habilidade, gestos despreocupados. Antes de virem aqui os malucos do costume a insultar argumentando que só estamos a defender o Pereirinha porque é o Pereirinha, gostaria de lembrar que, na pré-época, defendi, de igual forma, o Fucile, quando este bateu um penalty à Panenka e Jesualdo Ferreira (outro pedagogo sapientíssimo) o ameaçou e o deixou de fora do jogo seguinte, com os resultados que se sabe. Acho que um penalty batido assim ou batido à Panenka é uma forma tão válida de converter o lance como batê-lo de forma vulgar. Ou seja, isto é um recurso à disposição dos jogadores. Como é óbvio, é algo que só resulta se usado com pouca frequência. Mas não deixa de ser um recurso, como o são os lances de bola parada trabalhados. A época passada, em Huelva e em Roma, viu-se um canto diferente de tudo o que se tinha visto até aqui. Um jogador pisa a bola, finge trocar com outro, que vai lentamente para junto da bandeirola, e de lá arranca com a bola controlada, pois esta já estava em jogo. Com isto, surpreende a defesa. Parece um número de circo, mas é uma forma de iludir o adversário. E um jogo de futebol vive disso. Um lance destes é igual. Não é nem falta de respeito, nem relaxamento, nem vedetismo, nem arrogância. É um recurso. E ao contrário do que se pensa, não é usado apenas quando se está a ganhar por muitos. O jogador que bate assim não bate assim porque se está borrifando para o desfecho do lance. Bate assim porque pretende surpreender. E pode acontecer que o faça numa altura em que o resultado é incerto e a pressão é muita. Na final do Mundial de 2006, Zidane bateu-o assim. Era também por isso que era um génio. Portanto, condenar um jogador por fazer uma coisa destas é absurdo. Para se condenar isto, teria de se condenar um jogador que fizesse uma cueca a um adversário, um jogador que fingisse uma grande penalidade, um jogador que driblasse o adversário apenas por recriação. E levando ao extremo, teria de se condenar um jogador por ser mais rápido que o adversário, ou por ser mais alto, porque é evidente que temos de nos compadecer por aqueles que não são como nós. Que cambada de gente tacanha!

apenasfutebol disse...

O Queiroz é a maior catástrofe que aconteceu ao futebol português, neste momento. E isto ainda nem sequer começou...o pior é que o fulano tem um contrato de 4 anos!!! E para correr com ele, a indemnização deve ser uma brutalidade...enfim, em bom português: Estamos lixados...


Abraço

Pedro Morgado disse...

Completamente de acordo Gonçalo.

JFC disse...

nada a acrescentar...é patético. Acho que este castigo vem só com a intenção de mostrar um trabalho de fundo das camadas jovens da selecção...Enfim!

TAG disse...

Já ha algum tempo que nem tenho perdido tempo a ver jogos do futebol português... no outro dia quando vi, eram 11 da noite e portuguesa ja tinha jogador contra a suécia, felizmente não perdida nada... a vontade de ver futebol português tem sido cada vez menos...