O jogo em questão foi o Atlético de Madrid - F.C. Porto; em análise, o avançado brasileiro Hulk. Esta análise não vem no imediato seguimento do jogo, o que acaba por ser interessante, visto que houve muitas opiniões favoráveis à exibição de Hulk, nomeadamente em Espanha.
1 mins: Cruzamento. (Arrancada pela direita; passa por dois adversários e cruza para Christian Rodriguez, que remata à meia-volta contra o guarda-redes adversário.)
8 mins: Boa opção. (Ganha o lance e dá em Raúl Meireles.)
8 mins: Remate. (Recebe de Raúl Meireles, vai à linha, tem tempo para assistir Lisandro, mas pára e opta por rematar por cima.)
10 minutos: Má opção. (Ganha o lance e finta; perde e ganha lançamento.)
12 minutos: Boa opção. (Recebe um passe vertical de Fernando e dá de frente em Lucho.)
14 minutos: Perda de bola. (Toque de calcanhar inconsequente e respectiva perda de bola.)
15 minutos: Faz falta. (Comete falta na frente.)
19 minutos: Cabeceamento. (Ganha lance de cabeça.)
20 minutos: Mau passe. (Ganha a bola no meio, roda para a esquerda e executa um passe que é interceptado; apesar disso, a bola sobe e acaba por chegar a Rodriguez.)
21 minutos: Boa opção. (Dá de frente em Raúl Meireles.)
21 minutos: Boa opção. (Dá de frente em Rodriguez.)
23 minutos: Mau tempo de salto. (Faz-se ao lance, mas calcula mal o tempo de salto e a bola passa-lhe por cima.)
27 minutos: Perda de bola. (Passa em velocidade por Paulo Assunção, mas insiste na jogada individual, tentando furar entre dois adversários e fica sem a bola.)
28 minutos: Golo falhado. (Boa desmarcação; fica isolado, mas tenta picar a bola e falha.)
30 minutos: Perda de bola. (Recebe de costas e perde a bola.)
33 minutos: Faz falta. (Comete falta no ataque.)
34 minutos: Má opção. (Recebe a bola, demora a soltá-la e acaba por entregá-la mal.)
35 minutos: Boa opção. (Ganha uma bola no meio-campo em falta, levando os jogadores do Atlético a parar; como o árbitro não apita, solicita Lisandro, que é desarmado.)
38 minutos: Faz falta. (Recebe a bola com a ajuda do braço.)
40 minutos: Faz falta. (Empurra, alegadamente, o defensor junto à linha de fundo.)
42 minutos: Remate. (Com espaço na esquerda, dribla Seitaridis e remata cruzado ao lado.)
42 minutos: Perda de bola. (Tenta fintar no meio de muita gente e perde a bola.)
45 minutos: Perda de bola. (Recebe e tenta rodar e ir em velocidade, mas é desarmado.)
47 minutos: Boa opção. (Recebe na esquerda e dá em Lisandro, que passa junto à linha.)
50 minutos: Sofre falta. (Tenta fintar no meio-campo e acaba por sofrer falta.)
51 minutos: Má opção. (Tenta fintar e ganha lançamento.)
53 minutos: Cruzamento. (Recebe a bola na direita e cruza, sem consequências.)
53 minutos: Faz falta. (Comete falta no ataque.)
58 minutos: Faz falta. (Recebe a bola, mas faz falta ao tentar protegê-la.)
58 minutos: Perda de bola. (Recebe a bola, vira-se, tenta o drible e perde.)
59 minutos: Sofre falta. (Recebe, segura e sofre falta.)
60 minutos: Cruzamento. (Recebe a bola, roda e cruza contra um defesa.)
63 minutos: Faz falta. (Comete falta sobre Paulo Assunção.)
64 minutos: Remate. (Responde a um cruzamento de Lucho, mas acerta com o ombro na bola.)
68 minutos: Má opção. (Recebe a bola, roda e perde; a bola sobra, porém, para Sapunaru.)
68 minutos: Má opção. (Recebe, roda e perde; ganha o lançamento.)
70 minutos: Perda de bola. (Recebe, tira um adversário do caminho e faz um passe em esforço, que é interceptado.)
71 minutos: Boa opção. (Recebe a bola, roda para a esquerda e dá na linha em Christian Rodriguez; na sequência da jogada, Lisandro faz golo.)
73 minutos: Má opção. (Recebe no meio-campo, vira-se e dá vertical em Lisandro, não respeitando o movimento do colega; a bola acaba no entanto por passar e Lucho vai apanhá-la.)
74 minutos: Boa opção. (Recebe a bola vinda de um ressalto, demora demasiado tempo a fazer malabarismos, mas acaba por decidir bem e dar recuado em Raúl Meireles que cruza.)
80 minutos: Perda de bola. (Recebe e tenta virar o flanco sem necessidade. O passe acaba por sair mal e é interceptado.)
80 minutos: Boa opção. (Dá a bola de frente.)
81 minutos: Perda de bola. (Recebe na linha, tenta vir para o meio e perde; ganha o primeiro ressalto, insiste no drible e volta a perder; ganha ainda mais dois ressaltos, mas acaba por perder a bola.)
87 minutos: Má opção. (Ganha o lance em falta, tenta o drible no meio de três adversários; é desarmado, mas ganha um canto.)
87 minutos: Má opção. (Bate o canto curto e recebe novamente a bola, entregando-a a Lisandro, que vem numa diagonal, no meio de dois adversários, num local onde não iria tirar qualquer proveito.)
90 minutos: Cabeceamento. (Ganha de cabeça para Lucho, desmarca-se para receber a bola à frente, mas não aguenta o ombro a ombro com o defesa espanhol.)
Coloquei em negrito aquilo que de positivo Hulk fez ao longo da partida. Vamos às conclusões:
1) 46 acções durante todo o jogo; 17 acções positivas; 37% de acções positivas.
2) Em 35 lances com a bola nos pés e com condições para fazer algo (exclui-se, portanto, os lances de bola parada ou as disputas de bola, ou os lances em que procura recuperar a bola, ou os lances em que não tem a bola totalmente dominada), teve 13 boas opções contra 22 más opções; 37% de boas opções.
3) Destas 22 más opções resultaram 14 perdas de bola para a sua equipa.
4) Fez 7 faltas (sendo que apenas numa se pode dizer que é duvidosa) e sofreu 2.
5) Fez 3 cruzamentos, sendo que apenas 1 deles levou perigo.
5) Fez 4 remates, sendo que apenas dois deles constituíram verdadeiro perigo.
6) Apostou em 16 acções individuais, sendo que foi mal sucedido por 12 vezes. Das 4 vezes em que conseguiu tirar alguma coisa desses lances, em 2 deles sofreu faltas, ambos estando muito recuado no terreno, e em apenas 2 lances a sua capacidade individual teve consequências positivas. As suas acções individuais tiveram, portanto, um aproveitamento de 12,5% e todas elas ocorreram junto às faixas.
7) Recebeu 15 bolas estando de costas e entregou apenas 4 de frente; em 73% das vezes, optou pelo mais difícil. Optando pelo mais difícil, perdeu 3 bolas na recepção, perdeu 7 ao tentar virar-se para o adversário, e apenas ganhou 1 apostando em rodar sobre si; teve 12,5% de sucesso em lances em que se tentou virar para o adversário.
Comentários: Já aqui o disse e reafirmo-o: Hulk tem capacidades individuais fantásticas. Mas tê-las, por si só, não é nada. Há que saber aproveitá-las e que saber pô-las ao serviço do colectivo. E Hulk não faz nenhuma das duas coisas. A sua capacidade de decisão, como se comprova, é bastante baixa. Deste modo, a sua colaboração, em termos colectivos, deixa muito a desejar e Hulk é, não raras vezes, prejudicial ao processo ofensivo da sua equipa. Aproximadamente, duas em cada três bolas que lhe chegam não têm o melhor destino. É muito. Deste modo, e reconhecendo que as capacidades individuais de Hulk podem ajudar o colectivo, há que tentar explorá-las o melhor possível e de forma a que essas capacidades prejudiquem o menos possível o colectivo. Como se comprova também pelo estudo, a sua capacidade de desequilibrar é especialmente útil nas faixas, com espaço, e quando não tem de rodar sobre si próprio para progredir. As duas vezes em que o seu poder de arranque conseguiu criar estragos na defesa contrária foi junto às linhas (se exceptuarmos o lance do golo falhado, em que há uma clara desatenção da defesa adversária e em que Hulk é lançado em profundidade). Deste modo, vemos que não só as suas qualidades são potenciadas junto às linhas como é nesse local que a sua fraca capacidade de decisão poderá prejudicar menos a equipa. Se há coisa que este estudo veio demonstrar é que Hulk deve participar o menos possível na manobra ofensiva da equipa, procurando isolar-se do colectivo o mais possível de modo a ter, quando receber a bola, espaço e margem de erro para tentar desequilíbrios individuais. Era isto que, por exemplo, fazia Quaresma, em tudo idêntico ao brasileiro (ainda que menos mau a decidir), quando ficava aparentemente perdido encostado a um flanco. Às vezes, podia passar ao lado do jogo, mas não só não era um elemento nocivo no ataque da equipa como também constituía uma opção constante para as transições ofensivas da mesma. Ora, um jogador deste tipo não pode jogar enfiado entre os centrais; um jogador que em 73% das bolas que recebe de costas não a dá de frente não pode jogar como ponta-de-lança, sob pena de a equipa não poder contar com o apoio vertical que um jogador na sua posição normalmente oferece. Outra coisa que o estudo vem comprovar é que Hulk não está, como se vinha dizendo, melhor em termos de compreensão de jogo. A insistência em virar-se para a baliza adversária, sempre que recebe a bola de costas, sabendo que a probabilidade de ter um adversário à ilharga é grande, chega a ser de principiante; a quantidade de bolas que perde é assustadora; a quantidade de faltas desnecessárias um abuso. Hulk não melhorou em nada desde que chegou ao nosso campeonato a não ser em confiança. Está hoje um jogador mais confiante e com muito mais liberdade para errar. Mas a sua capacidade de decisão permanece imutável. E permanecerá sempre, ao contrário do que se pensa. Isto porque uma coisa é melhorar a nível táctico, em termos de compreensão de jogo, de experiência, de confiança, outra coisa muito diferente é melhorar em termos intelectuais. E essa mudança é tão lenta quanto uma mudança ao nível técnico, por exemplo. E a razão é simples. São coisas que se aprendem vagarosamente, com o decorrer dos anos. Hulk é isto e será só isto. Agora, é possível retirar algum proveito disto, reconhecendo-se as limitações que isto tem. Hulk está longe de ser o melhor jogador do campeonato, como parecem querer fazer dele, à força, porque embora, de facto, seja fortíssimo quando arranca com a bola, não só não executa estas iniciativas com conta, peso e medida, como, na grande maioria das vezes as mesmas acabam por significar perdas de bola ou ataques inconsequentes. Correndo o risco de tecer uma afirmação aparentemente paradoxal, para que Hulk seja o mais útil possível ao colectivo tem de colaborar o menos possível com ele, ocupando uma posição expectante na grande maioria do tempo. Nessa altura, poder-se-á tirar todo o proveito dele e, aí sim, falar dele como um jogador ao nível de Lucho ou Lisandro.
1 mins: Cruzamento. (Arrancada pela direita; passa por dois adversários e cruza para Christian Rodriguez, que remata à meia-volta contra o guarda-redes adversário.)
8 mins: Boa opção. (Ganha o lance e dá em Raúl Meireles.)
8 mins: Remate. (Recebe de Raúl Meireles, vai à linha, tem tempo para assistir Lisandro, mas pára e opta por rematar por cima.)
10 minutos: Má opção. (Ganha o lance e finta; perde e ganha lançamento.)
12 minutos: Boa opção. (Recebe um passe vertical de Fernando e dá de frente em Lucho.)
14 minutos: Perda de bola. (Toque de calcanhar inconsequente e respectiva perda de bola.)
15 minutos: Faz falta. (Comete falta na frente.)
19 minutos: Cabeceamento. (Ganha lance de cabeça.)
20 minutos: Mau passe. (Ganha a bola no meio, roda para a esquerda e executa um passe que é interceptado; apesar disso, a bola sobe e acaba por chegar a Rodriguez.)
21 minutos: Boa opção. (Dá de frente em Raúl Meireles.)
21 minutos: Boa opção. (Dá de frente em Rodriguez.)
23 minutos: Mau tempo de salto. (Faz-se ao lance, mas calcula mal o tempo de salto e a bola passa-lhe por cima.)
27 minutos: Perda de bola. (Passa em velocidade por Paulo Assunção, mas insiste na jogada individual, tentando furar entre dois adversários e fica sem a bola.)
28 minutos: Golo falhado. (Boa desmarcação; fica isolado, mas tenta picar a bola e falha.)
30 minutos: Perda de bola. (Recebe de costas e perde a bola.)
33 minutos: Faz falta. (Comete falta no ataque.)
34 minutos: Má opção. (Recebe a bola, demora a soltá-la e acaba por entregá-la mal.)
35 minutos: Boa opção. (Ganha uma bola no meio-campo em falta, levando os jogadores do Atlético a parar; como o árbitro não apita, solicita Lisandro, que é desarmado.)
38 minutos: Faz falta. (Recebe a bola com a ajuda do braço.)
40 minutos: Faz falta. (Empurra, alegadamente, o defensor junto à linha de fundo.)
42 minutos: Remate. (Com espaço na esquerda, dribla Seitaridis e remata cruzado ao lado.)
42 minutos: Perda de bola. (Tenta fintar no meio de muita gente e perde a bola.)
45 minutos: Perda de bola. (Recebe e tenta rodar e ir em velocidade, mas é desarmado.)
47 minutos: Boa opção. (Recebe na esquerda e dá em Lisandro, que passa junto à linha.)
50 minutos: Sofre falta. (Tenta fintar no meio-campo e acaba por sofrer falta.)
51 minutos: Má opção. (Tenta fintar e ganha lançamento.)
53 minutos: Cruzamento. (Recebe a bola na direita e cruza, sem consequências.)
53 minutos: Faz falta. (Comete falta no ataque.)
58 minutos: Faz falta. (Recebe a bola, mas faz falta ao tentar protegê-la.)
58 minutos: Perda de bola. (Recebe a bola, vira-se, tenta o drible e perde.)
59 minutos: Sofre falta. (Recebe, segura e sofre falta.)
60 minutos: Cruzamento. (Recebe a bola, roda e cruza contra um defesa.)
63 minutos: Faz falta. (Comete falta sobre Paulo Assunção.)
64 minutos: Remate. (Responde a um cruzamento de Lucho, mas acerta com o ombro na bola.)
68 minutos: Má opção. (Recebe a bola, roda e perde; a bola sobra, porém, para Sapunaru.)
68 minutos: Má opção. (Recebe, roda e perde; ganha o lançamento.)
70 minutos: Perda de bola. (Recebe, tira um adversário do caminho e faz um passe em esforço, que é interceptado.)
71 minutos: Boa opção. (Recebe a bola, roda para a esquerda e dá na linha em Christian Rodriguez; na sequência da jogada, Lisandro faz golo.)
73 minutos: Má opção. (Recebe no meio-campo, vira-se e dá vertical em Lisandro, não respeitando o movimento do colega; a bola acaba no entanto por passar e Lucho vai apanhá-la.)
74 minutos: Boa opção. (Recebe a bola vinda de um ressalto, demora demasiado tempo a fazer malabarismos, mas acaba por decidir bem e dar recuado em Raúl Meireles que cruza.)
80 minutos: Perda de bola. (Recebe e tenta virar o flanco sem necessidade. O passe acaba por sair mal e é interceptado.)
80 minutos: Boa opção. (Dá a bola de frente.)
81 minutos: Perda de bola. (Recebe na linha, tenta vir para o meio e perde; ganha o primeiro ressalto, insiste no drible e volta a perder; ganha ainda mais dois ressaltos, mas acaba por perder a bola.)
87 minutos: Má opção. (Ganha o lance em falta, tenta o drible no meio de três adversários; é desarmado, mas ganha um canto.)
87 minutos: Má opção. (Bate o canto curto e recebe novamente a bola, entregando-a a Lisandro, que vem numa diagonal, no meio de dois adversários, num local onde não iria tirar qualquer proveito.)
90 minutos: Cabeceamento. (Ganha de cabeça para Lucho, desmarca-se para receber a bola à frente, mas não aguenta o ombro a ombro com o defesa espanhol.)
Coloquei em negrito aquilo que de positivo Hulk fez ao longo da partida. Vamos às conclusões:
1) 46 acções durante todo o jogo; 17 acções positivas; 37% de acções positivas.
2) Em 35 lances com a bola nos pés e com condições para fazer algo (exclui-se, portanto, os lances de bola parada ou as disputas de bola, ou os lances em que procura recuperar a bola, ou os lances em que não tem a bola totalmente dominada), teve 13 boas opções contra 22 más opções; 37% de boas opções.
3) Destas 22 más opções resultaram 14 perdas de bola para a sua equipa.
4) Fez 7 faltas (sendo que apenas numa se pode dizer que é duvidosa) e sofreu 2.
5) Fez 3 cruzamentos, sendo que apenas 1 deles levou perigo.
5) Fez 4 remates, sendo que apenas dois deles constituíram verdadeiro perigo.
6) Apostou em 16 acções individuais, sendo que foi mal sucedido por 12 vezes. Das 4 vezes em que conseguiu tirar alguma coisa desses lances, em 2 deles sofreu faltas, ambos estando muito recuado no terreno, e em apenas 2 lances a sua capacidade individual teve consequências positivas. As suas acções individuais tiveram, portanto, um aproveitamento de 12,5% e todas elas ocorreram junto às faixas.
7) Recebeu 15 bolas estando de costas e entregou apenas 4 de frente; em 73% das vezes, optou pelo mais difícil. Optando pelo mais difícil, perdeu 3 bolas na recepção, perdeu 7 ao tentar virar-se para o adversário, e apenas ganhou 1 apostando em rodar sobre si; teve 12,5% de sucesso em lances em que se tentou virar para o adversário.
Comentários: Já aqui o disse e reafirmo-o: Hulk tem capacidades individuais fantásticas. Mas tê-las, por si só, não é nada. Há que saber aproveitá-las e que saber pô-las ao serviço do colectivo. E Hulk não faz nenhuma das duas coisas. A sua capacidade de decisão, como se comprova, é bastante baixa. Deste modo, a sua colaboração, em termos colectivos, deixa muito a desejar e Hulk é, não raras vezes, prejudicial ao processo ofensivo da sua equipa. Aproximadamente, duas em cada três bolas que lhe chegam não têm o melhor destino. É muito. Deste modo, e reconhecendo que as capacidades individuais de Hulk podem ajudar o colectivo, há que tentar explorá-las o melhor possível e de forma a que essas capacidades prejudiquem o menos possível o colectivo. Como se comprova também pelo estudo, a sua capacidade de desequilibrar é especialmente útil nas faixas, com espaço, e quando não tem de rodar sobre si próprio para progredir. As duas vezes em que o seu poder de arranque conseguiu criar estragos na defesa contrária foi junto às linhas (se exceptuarmos o lance do golo falhado, em que há uma clara desatenção da defesa adversária e em que Hulk é lançado em profundidade). Deste modo, vemos que não só as suas qualidades são potenciadas junto às linhas como é nesse local que a sua fraca capacidade de decisão poderá prejudicar menos a equipa. Se há coisa que este estudo veio demonstrar é que Hulk deve participar o menos possível na manobra ofensiva da equipa, procurando isolar-se do colectivo o mais possível de modo a ter, quando receber a bola, espaço e margem de erro para tentar desequilíbrios individuais. Era isto que, por exemplo, fazia Quaresma, em tudo idêntico ao brasileiro (ainda que menos mau a decidir), quando ficava aparentemente perdido encostado a um flanco. Às vezes, podia passar ao lado do jogo, mas não só não era um elemento nocivo no ataque da equipa como também constituía uma opção constante para as transições ofensivas da mesma. Ora, um jogador deste tipo não pode jogar enfiado entre os centrais; um jogador que em 73% das bolas que recebe de costas não a dá de frente não pode jogar como ponta-de-lança, sob pena de a equipa não poder contar com o apoio vertical que um jogador na sua posição normalmente oferece. Outra coisa que o estudo vem comprovar é que Hulk não está, como se vinha dizendo, melhor em termos de compreensão de jogo. A insistência em virar-se para a baliza adversária, sempre que recebe a bola de costas, sabendo que a probabilidade de ter um adversário à ilharga é grande, chega a ser de principiante; a quantidade de bolas que perde é assustadora; a quantidade de faltas desnecessárias um abuso. Hulk não melhorou em nada desde que chegou ao nosso campeonato a não ser em confiança. Está hoje um jogador mais confiante e com muito mais liberdade para errar. Mas a sua capacidade de decisão permanece imutável. E permanecerá sempre, ao contrário do que se pensa. Isto porque uma coisa é melhorar a nível táctico, em termos de compreensão de jogo, de experiência, de confiança, outra coisa muito diferente é melhorar em termos intelectuais. E essa mudança é tão lenta quanto uma mudança ao nível técnico, por exemplo. E a razão é simples. São coisas que se aprendem vagarosamente, com o decorrer dos anos. Hulk é isto e será só isto. Agora, é possível retirar algum proveito disto, reconhecendo-se as limitações que isto tem. Hulk está longe de ser o melhor jogador do campeonato, como parecem querer fazer dele, à força, porque embora, de facto, seja fortíssimo quando arranca com a bola, não só não executa estas iniciativas com conta, peso e medida, como, na grande maioria das vezes as mesmas acabam por significar perdas de bola ou ataques inconsequentes. Correndo o risco de tecer uma afirmação aparentemente paradoxal, para que Hulk seja o mais útil possível ao colectivo tem de colaborar o menos possível com ele, ocupando uma posição expectante na grande maioria do tempo. Nessa altura, poder-se-á tirar todo o proveito dele e, aí sim, falar dele como um jogador ao nível de Lucho ou Lisandro.
17 comentários:
Neste momento o HUlk goza de um estado de graça na opinião pública que roça o surrealismo. Já perdi a conta ao tempo que perdi a tentar explicar que o Hulk nunca será melhor do que é neste momento. O seu futebol é essencialmente fisico, e o fisico não dura para sempre.
Fiz uma previsão, entre amigos, que daqui a 2 épocas o Hulk estava no Brasil outra vez. A não ser que vá para Inglaterra. Onde a maneira de defender é parva o suficiente para permitir que o Hulk marque bastantes golos.
Este estudo tem imenso valor mas o mesmo assenta naquilo q tu consideras "boa opção". Outra pessoa pode achar q algo q tu consideras como má opção seja uma boa opção e fazer um estudo igual com resultados diferentes. É sempre uma análise subjectiva.
Se a mesma apenas referisse passes certos, passes errados, perdas de bola, remates...era mais factual e menos subjectiva. Assim levanta sempre discussões.
Não tenho opnião formada do Hulk mas como é habitual em qqr jogador daquele clube é elevado a deus pela imprensa avençada.
Claro que o Hulk é elevado a Deus pela imprensa avençada. O Di Maria bem que o pode confirmar.
Ui, foste tocar na prima donna da generalidade de quem fala ( a nível profissional) de futebol. Totalmente de acordo com a tua perspectiva (muito bem fundamentada). Hulk é isto, dificilmente passará disto. E "isto" até nem é assim tão mau. Com um treinador a sério é bem capaz de ser mais produtivo.
Mas prepara-te para a cambada que aí vem dizer que o Hulk é o melhor jogador do campeonato português desde Eusébio e Peyroteo...
Abraço
Pedro diz: "Este estudo tem imenso valor mas o mesmo assenta naquilo q tu consideras "boa opção". Outra pessoa pode achar q algo q tu consideras como má opção seja uma boa opção e fazer um estudo igual com resultados diferentes. É sempre uma análise subjectiva."
Não concordo. Por várias razões. Primeiro, porque o meu critério para avaliar boas ou más opções é suficientemente largo para permitir divergências de opinião. Para te dar um exemplo, considerei acções positivas lances em que o Hulk sofreu falta depois de driblar um adversário, quando na verdade poderia ter evitado a falta se tivesse optado por outra coisa que não o drible. Portanto, ainda que seja possível haver pessoas a discordar daquilo que eu considero boas opções, em 90% dos casos é consensual. Daí que este estudo não ande longe daquilo que aconteceu. Em segundo lugar, não concordo que tenha nada de subjectivo pois assenta precisamente naquilo que deve ser levado em conta para analisar a prestação de um jogador, ou seja, as boas ou más opções.
"Se a mesma apenas referisse passes certos, passes errados, perdas de bola, remates...era mais factual e menos subjectiva."
Pois, mas contabilizar passes certos e errados é só uma forma de constatar factos. E os factos nem sempre correspondem às intenções. Como já o defendi aqui, o facto de o passe ter chegado ao destinatário não significa que seja um bom passe. É preciso ter em conta se esse passe seria útil para a equipa. E para se averiguar isso é preciso ter em conta o que a equipa ganha com esse passe. Daí que a razão passes acertados/passes falhados seja falaciosa para se perceber a qualidade de passe de um jogador. O que eu faço é tentar perceber se cada acção do jogador em causa foi boa ou não, mediante aquilo que possibilitou à sua equipa. E isso sim é ver o que um jogador fez de bom ou de mau.
O futebol não é a NBA e as estatísticas básicas (golos, assistências, dribles, passes acertados, recuperações de bola, etc.) não têm grande interesse se não se tentar perceber o que esteve por detrás de cada uma delas. E o que este estudo faz é isso. Ao medir a prestação de um jogador pelas boas opções dele estou mais perto de perceber se a sua prestação foi boa ou não. Isso é óbvio. Mesmo que levante mais discussões. De qualquer forma, o primeiro dos resultados mede acções positivas, isto é, acções que tiveram um desfecho positivo, indepentemente da tomada de decisão ter sido a melhor ou não. Nesse sentido, fica abrangida a parte factual que dizes estar ausente. E como se pode comprovar, as percentagens de acções positivas não andam muito longe das percentagens de boas opções.
Paulo, se o Hulk jogasse no tempo do Eusébio ou do Peyroteo, talvez pudesse ser um jogador de grande nível. Como no futebol actual, pela evolução que houve em termos intelectuais, as características físicas e técnicas já não são tão determinantes, o Hulk é um jogador mediano. Qualquer "cambada" que aí vier dizer coisas parecidas parou no tempo há uns 30 anos, mais ou menos.
Abraço!
Nuno e Gonçalo,
O q dizer de mais uma "tareia" q os clubes ingleses deram ao resto da europa?
Pedro, os quatro clubes de topo ingleses são muito poderosos. Só o Arsenal não é tanto e acabou por ter sorte contra uma equipa do seu gabarito. Das restantes, não é possível comparar o plantel da Juventus ao do Chelsea, nem o do Inter ao do Manchester. O Liverpool é uma equipa mecanizada, com o mesmo treinador há muitos anos e o Real é um clube irregular. Estas 4 equipas não podem, contudo, ilustrar o futebol inglês ou a força do futebol inglês. Repara que na UEFA só já há o Manchester City. E isso é que é ilustrativo. Ano após ano, apesar de os 4 grandes estarem mais forte, os clubes médios e pequenos ingleses são mesmo clubes médios e pequenos. Eu não digo que as melhores equipas não estejam em Inglaterra. Estão. Embora este ano esteja convencido de que ninguém pára o Barcelona. Mas o nível médio e baixo da Liga Inglesa é mais baixo que o nível médio e baixo em Itália ou em Espanha. É verdade que Espanha já não tem equipas na UEFA e que a Itália também só já tem a Udinese. Não nos podemos esquecer que o futebol italiano está em reconstrução, depois do que passou há 3 anos. Os frutos virão brevemente.
O q mais me impressionou foi a brutal diferença de pujança física entre as equipas, principalmente entre Liverpool e United com Real e Inter respectivamente. Foi brutal. Espanhois e italianos nunca conseguiram fazer frente ao poderio inglês. E se concordo q o Real tem uma equipa mais fraca q o Liverpool o mesmo já não digo em relação Inter/United. A incapacidade do Inter em fazer rolar a bola, em encontrar espaços, foi brutal.
Se o Liverpool conseguir repetir mais primeiras partes daquelas na Champions não há Barça q o pare.
:)
"Se o Liverpool conseguir repetir mais primeiras partes daquelas na Champions não há Barça q o pare.
:)"
Pedro, esta nem o mosntruoso volume de trabalho de impede de comentar!!:D Teria que ser um dia muito bom do Liverpool, e um dia muito mau do Barcelona...
Um Abraço.
Olha q não...
:)
o Liverpool é de longe, a equipa que melhor defende na europa. Aquelas duas linhas de 4, sp proximas e na diagonal em relação à bola, e a mecanização q os jogadores ja têm entre eles, no restabelecimento de equilibrios, é brutal.
Se alguém pode parar o Barcelona, sao eles, ou o United.
Ainda assim, tb acho q o Barcelona seja o principal candidato.
o Liverpool é de longe, a equipa que melhor defende na europa. Aquelas duas linhas de 4, sp proximas e na diagonal em relação à bola, e a mecanização q os jogadores ja têm entre eles, no restabelecimento de equilibrios, é brutal.
Se alguém pode parar o Barcelona, sao eles, ou o United.
Ainda assim, tb acho q o Barcelona seja o principal candidato.
ouvi dizer (se puderem confirmem-me) q perguntaram ao Ferguson se o Real teria hipoteses de eliminar o Liverpool (depois de realizado o jogo da 1a mao)
e o Ferguson respondeu q essa eliminatoria ja estava decidida. Qd o Liverpool esta em vantagem, ja n ha nada q se possa fazer.
Eu ouvi isso durante o resumo do jogo, na RTP. Provavelmente foi verdade.
"Pedro, esta nem o mosntruoso volume de trabalho de impede de comentar!!:D Teria que ser um dia muito bom do Liverpool, e um dia muito mau do Barcelona..."
um dia muito bom do liverpool assim como aquele dia brilhante do Espanyol?
Sinceramente, apesar de ser grande adepto do futebol do barça, acho que não vão ganhar nada. É só um feeling.
O Manchester está muito, muito forte. E parece-me uma equipa muito mais sólida que o Barça no seu processo defensivo. O United cresceu muito nesse aspecto, nos últimos tempos.
O Liverpool de benitez, é o Liverpool de Benitez. Desde que os vi a dar a volta à desvantagem de 0-3 contra o Milan naquela final, que o Liverpool é para mim, sempre favorito a ganhar tudo em que esteja envolvido.
Sinceramente, Liverpool e United são os grandes favoritos, ainda que torça (apesar da antipatia pela instituição)pelo Barcelona.
Abraço
Sem querer contestar as 'boas ideias' de futebol implementadas pelo 'catedrático' Guardiola, a verdade é que o 4x3x3 é 'macio' no meio-campo para fazer frente a um Liverpool, Man Utd...
Por outro lado, a história ensinou-nos que o as equipas mais 'românticas', nem sempre são aquelas que levam os troféus para casa. Por outras palavras, para vencer uma 'champions' é preciso mais do que agradar ao espectador e dar 'cabazadas' de cinco. Lembro-me tão bem daquele 'dream team' do Cruyff que foi 'cilindrado pelo AC Milan, por 4-0.
No meu 'feeling', o Barcelona ainda passa mais uma eliminatória, mas fica pelas meias-finais.
Sobre o tema do artigo, concordo na generalidade. O Hulk tem qualidades individuais fora do vulgar, mas está claramente sobrevalorizado por uma imprensa bajuladora que abusa dos adjectivos e superlativos.
Abraço.
ve as minhas boas opções em http://futebol.kazulo.com
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