Admito que não seja um mal exclusivo do futebol nacional, mas como é a única realidade que conheço é sobre esta que vai recair a minha crítica. E o meu pretexto para tal baseia-se na recente "chicotada" que se deu no carismático clube de Alcântara, o Atlético. A vítima foi Jorge Paixão. Para muitos será um nome desconhecido, até porque para a história não terá ainda contribuído com nada de extraordinário. Mas quem conhece a fundo o futebol portguês já o conhece pelo trabalho desenvolvido em várias equipas com excelentes desempenhos na 3 Nacional, e 2b. Todavia, na semana passada depois de ser vaiado pelos adeptos do clube que representava - apenas alcançou dois pontos em três jornadas - optou por rescindir, justificando que as mentalidades dos adeptos não se coadunam com a sua filosofia de jogo.
E este acontecimento é o meu ponto de partida para explicar o crescente divórcio entre o futebol e adeptos.
Mais do que vítima do mau futebol que se pratica, o adepto, grande parte deles, é, a par dos dirigentes, o réu. No final do jogo apenas interessa a vitória, mesmo que nem percebam muito bem como esse objectivo foi atingido. Por isso, se o futebol é cada vez menos atractivo, e estimulante, isso é uma consequência da estupidez, e impaciência, dos adeptos. A sua perspicácia não lhes permite vislumbrar as consequências das suas exigências. Fossem mais exigentes com o trabalho desenvolvido, ou seja, a essência, e os resultados, na pior das hipóteses a médio prazo, surgiriam sob uma forma muito mais aprazível. Não se trata de subtrair importância aos resultados, é exactamente o oposto. Por estes assumirem um papel tão importante neste desporto devemos optar sempre pela forma mais segura e sustentada de os conseguir, isto é, jogando bem.
Jogar bem é muito mais difícil do que jogar mal. O trabalho levado a cabo para atingir esse fim é sem dúvida mais complexo. Portanto, sendo o objectivo mais ambicioso e ousado, por vezes a curto prazo os resultados não serão tão felizes como numa equipa que tendo objectivos mais "pobres" facilmente se consegue apresentar na sua plenitude. Contudo, essas mesma equipas acabam por encontrar na estagnação, inerente ao seu modelo, a sua maior derrota. Ou seja, quando os resultados, e a sorte, não acompanham as equipas que assentam o seu futebol neste modelo é o fim da linha. Sem qualquer possibilidade de evoluir, encontram um fim triste. O paradigma disto é nossa conhecida Grécia. Enquanto tiveram ( muita) sorte do lado dela conseguiram um título de campeão europeu, mas passados dois anos, e com um grupo extremamente acessível, não se conseguiram qualificar para o Mundial.
O mesmo se pode encontrar todos os anos na nossa liga. Equipas que depois de um ano em que conseguem bons resultados, no ano seguinte, e sem uma explicação aparente, tem participações desoladoras. E assim vai continuar a acontecer, enquanto não se perceber que para desenvolver um trabalho de qualidade e que garanta estabilidade, e os respectivos resultados, é necessário sapiência e uma nova filosofia dos que estão relacionados com este desporto.
Treinadores como Carvalhal, Jesus, Cajuda, e pelo que tem demonstrado Lazaroni, ( já nem vou falar do Paulo Bento porque parece demasiado óbvia a qualidade do mesmo) podem acrescentar qualidade ao nosso futebol, desde que lhes sejam proporcionadas as condições para tal efeito. Se bem que na pior das hipóteses poderemos sempre recorrer ao Carlos Cardoso...
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Quem semeia ventos...
Escrito por Gonçalo às 22:18:00
Etiquetas: Raciocínios Tácticos, Treinadores
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7 comentários:
Então e o treinador da Naval que foi despedido? como é possivel? foi das equipas que melhor jogou na luz, o pressing, o toque de bola, epa, mas tiveram azar, apanharam o benfica numa noite concretizadora. Não foi a Naval que foi má, o Benfica é que foi bom...
enfim...
tens razao bad, e eu mesmo comentei isso mesmo com o nuno..
Não compreendi..
Pa o quim e rui, neste momento, sozinhos ganham jogos...
É assim o futebol. O Benfica tem imensas dificuldades em ganhar à Naval nos dois anos anteriores e neste, contra uma equipa bem mais bem construída, ganha folgadamente... É por isso que os resultados não servem rigorosamente para nada, quando se trata de interpretar a qualidade de uma equipa ou do seu treinador...
O Jorge Paixão fez grandes épocas nos dois últimos anos. Estava muito bem no Casa Pia...apresentou a demissão e foi para o Real (o treinador do Real foi para o Casa Pia)- O Casa Pia acabou por descer e o Real, subido nesse ano não desceu. O ano passado conseguiu levar o Real a uma inédita luta pela Liga Vitalis.
Contudo, desde que chegou ao Atlético em Alcântara (e não Alcântra como escreveste por gaffe) foi perdendo "pontos". Começou por fazer aquilo que detesto...levou cinco jogadores da antiga equipa, o que só ajuda a quebrar a união se não for muito bem tratado. Depois...desde cedo que começou com recados para fora a queixar-se da direcção.
Ele precipitou a saída...se premeditado ou não, não sei. Quero ver qual será o próximo trabalho dele.
pampa primeiro obrigado pelo reparo;), já tratei do assunto. Qt ao caso do Paixão, a ideia foi passar do particular para o geral,isto é, aproveitei este caso para expor uma das gds, razões, para mim claro!, do nosso futebol não evoluir qualitativamente. A pouca paciencia demosntrada para se desenvolver um trab de qualidade, se nao colhe os futos de imediato. Alás esse é um gd problema do futebol, tudo é demasiado efémero.
Eu não sei o q se passou no Atlético, mas conheceu bem a maneira como ele trabalha, e sei qos métodos apesar de não serem os melhores do mundo, são muito melhores do que muitos q circulam na nossa liga maior. Qt ao facto de ele trazer jogadores com ele issop é normal que os treinadores optem por "transportarem" consigo jogadores que lhe dêem garantias que interpretam na essência o seu futebol. de qql forma teho a certeza q foi curto para se poder ver os resultados do seu trab, . Todavai., eu utilizei o exemplo dele nao pelos seu resulatdos enteriores, mas sim porque sei q ele desenvolve um trab com qualidade, independentemente dos resultados. Qt aos recadps para a direcção ele sempre foi do tipo de treinador de não se abaixar perante estes, dando sempre a cara pelos jogadores, mas mais uma vez, admito que não conheci todos os contornos desta situação...
Parecia que estavam a adivinhar... agora foi o Mourinho...
sr. pampa
Jorge Paixão mais uma vez demonstrou de novo o seu grande talento e valor...
um milagre diga-se, salvou mais uma equipa da descida, o Pontassolense que com salários em atraso garantiu a manutenção este ultimo domingo prosseguindo agora para a 2ª fase, onde se irá apurar o campeão e quem irá lutar para subir à liga de honra, possivelmente o Oliveirense visto a sua vantagem pontual.
Jorge Paixão ja merecia a sua opurtunidade na liga, como se viu até agora por onde passou brilhou sempre, é de certo um dos melhores treinadores nacionais de momento. até mais!!
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