sábado, 11 de agosto de 2007

Mais Luis Sobral

Eu não queria. Juro! Mas há coisas que não dá para ignorar. Diz Sobral, neste artigo, sobre o hipotético risco que Simão corre ao ingressar num clube que, à partida, não tem as aspirações internas do Benfica:

"No fundo, Simão não encontrará em Madrid uma situação muito diferente da que descobriu na Luz quando chegou, depois de dois anos em Barcelona. Agora no auge da carreira, o Atlético precisará do bom jogo do internacional português, claro, mas também da capacidade de liderar pelo exemplo que Simão impôs na Luz."

No Benfica, Simão encontrou uma equipa que luta sempre pelo campeonato. No Atlético, Simão encontra uma equipa que luta sempre pelo campeonato... em sonhos. De facto, a situação de Simão no Atlético é completamente igual à que encontrou no Benfica.

Noutro artigo, diz Sobral:

"...a equipa demonstrou uma produção atacante débil e o meio-campo com Petit, Manuel Fernandes e Katsouranis tem músculo que se farta, mas pouco andamento e escassa imaginação."

Hmmm... Fiquei intrigado com isto. Até porque, há dias, Sobral defendia precisamente o contrário. Neste artigo, dizia:

"Por esta altura, admite-se que Fernando Santos coloque Manuel Fernandes sobre o lado esquerdo do losango, com Katsouranis à direita, Petit nas costas e Simão à frente, antes dos dois avançados."

Na altura, ao comentar a patetice de se admitir um meio-campo assim (o que levantou alguma polémica), eu escrevi isto, entre outras coisas:

"O meio-campo do Benfica como o senhor Sobral o quer, será um meio-campo musculado, provavelmente bom a nível táctico, quer defensiva, quer ofensivamente, mas muito pouco imaginativo."

Não sei se é de mim, mas parecem-me suspeitas três coisas. 1) Sobral diz agora que "o meio-campo com Petit, Manuel Fernandes e Katsouranis tem músculo que se farta". Eu disse que esse meio-campo seria "musculado" 2) Sobral diz agora que o mesmo meio-campo tem "escassa imaginação". Eu disse que esse meio-campo seria "pouco imaginativo". 3) Mudar de opinião de um dia para o outro parece-me sempre suspeito.

Gosto muito de pessoas que chegam a conclusões depois do resto do mundo. É fácil descobrir a agulha se o palheiro estiver vazio. Além disso, o uso concreto de duas palavras leva-me a pensar que, tal como Eça de Queirós terá tido em mente Rodolphe Boulanger quando escreveu o Primo Basílio, também o senhor Sobral parece ter sido influenciado por uma qualquer luz divina. Agradecia, contudo, que, não sendo essa a sua opinião inicial, a retratação do senhor Sobral viesse acrescida de uma nota de rodapé na qual se referisse a fonte que o esclarecera. Talvez esteja a ser muito exigente, mas já vi malta a ser acusada de plágio por menos. Tudo bem, é preciso alguma desvergonha para se escrever um texto com ideias completamente contrárias a outras ideias de outro texto, sem se desculpar pelo erro inicial. Mas roubar é feio. Então, quando se tratam de ideias com as quais não se concordam, chega a ser deprimente...

Resumindo, nunca pensei que este blogue pudesse ter o condão de iluminar alguém, mas talvez esteja enganado. Para finalizar, tenho alguns desejos a pedir ao senhor Sobral. Em primeiro lugar, não vá de férias, pois dar-me-ia jeito escrever ainda uns quantos textos no blogue este Verão. Em segundo, não pense em reformar-se tão cedo, que eu gostaria de continuar com isto por mais uns tempos. Pode ser? Por fim, se realizar os meus primeiros dois desejos e cumprir com a sua parte, prometo continuar a esclarecer os seus pontos de vista, o que, pelos vistos, é o suficiente para que continue a exercer a sua profissão, o que para mim também não é mau, uma vez que, dessa forma, continuarei a ter matéria para ir dando uns bombons aos leitores deste blogue.

2 comentários:

Unknown disse...

Nuno, não é? Se a minha escassa inteligência me permitiu perceber alguma coisa do que escreveu, sugere num daqueles parágrafos que terei escrito alguma coisa que se assemelha com uma ideia sua. É mentira e pensar o contrário é, além de uma canalhice que o define, presunção ridícula. Nem sabia que existia. Mas se fosse verdade não deixaria de provar que até a plagiar eu seria mau: escolhia seguir as coisas sem valor. Já arranjava uma vida, não?

Luís Sobral

Nuno disse...

"Nem sabia que existia."

Pois. Será? No primeiro texto que escrevi sobre o Luis Sobral, alguém assinou por si. Ou há um desejo oculto em cada português de ser o Luis Sobral, ou foi mesmo o Luis Sobral quem comentou.

"sugere num daqueles parágrafos que terei escrito alguma coisa que se assemelha com uma ideia sua."

Sugiro. Consciente ou inconscientemente, a ideia é a mesma que a minha. Mas não é isso que ataco. Ideias parecidas todos podemos ter. Não significa que tenha sido por causa de mim que escreveu o que escreveu. O que é de salientar é que a sua ideia é completamente incompatível com ideias anteriores. Primeiro defende uma coisa e depois defende a coisa oposta - eis o que critiquei. E isto não é mentira. Talvez seja canalhice, mas mentira não é.

"se fosse verdade não deixaria de provar que até a plagiar eu seria mau: escolhia seguir as coisas sem valor."

Esta não percebi. Defendeu algo parecido com o que eu defendi, mas agora diz que o que eu digo não tem valor. Ou seja, por outras palavras, aquilo que você escreveu, uma vez que é igual ao que eu escrevi, também não tem valor? É isso? É um bocado auto-depreciativo, não acha?

"Já arranjava uma vida, não?"

Tenho pensado nisso, nos últimos tempos. O problema é que, nos dias que correm, arranjar uma vida não é fácil. E eu ando sem dinheiro para arranjar coisas caras como a vida. Além disso, ninguém fia a um mentiroso e um canalha como eu. Por isso, olhe, cá vou andando sem vida. Talvez um dia ainda arranje uma, quem sabe...