A expressão que dá título a este texto foi proferida por um adepto careca, ao lado de quem tive o prazer de assistir, no estádio, ao Sporting vs Beira-Mar. Referia-se o douto careca a Liedson, num lance a meio da segunda-parte, altura em que o "Levezinho" ganhou uma bola depois de um erro de um defesa. O mesmo careca teve outras expressões curiosas, como afirmar que Romagnoli (num jogo excepcional do argentino) deveria estar, isso sim, nos júniores. Disse ainda, num lance em que Abel se opõe a um cruzamento, que o lateral-direito não deveria ter cedido canto. Então, senhor careca, deixava o adversário cruzar? Quanto a Farnerud, a quem o carequinha chamou sempre, de forma carinhosa, "Sueco", disse repetidas vezes que deveria ter saído ao intervalo, apesar de o rapaz não ter falhado um passe, de ter pautado os ritmos da equipa com mestria, de ter dado um equilíbrio extraordinário ao meio-campo e de ter fornecido com perfeição os apoios. Já a acabar, afirmou, a plenos pulmões, que Liedson não estava "offside". Pois não, não estava. Estava numa posição legal e, se não fosse o estúpido do "referee", o Sporting teria ganho por "tree null" e evitado os "dangerous" contra-ataques dos aveirenses, que até eram bons nos "corners" e em "free kicks". É caso para dizer: Então, "Mister Bald", não sabes "portuguese" ou parou-te o "brain"? Houve ou não houve boas observações do senhor careca? Houve, sim senhor...
Mas o que me importa mesmo é o fascínio incondicional por Liedson. De facto, na jogada em questão, o brasileiro acaba, depois de ter recuperado a bola na sequência de uma falha do adversário (coisa transcendente, para o careca), por ter uma boa decisão, colocando a bola na esquerda, onde apareceu Romagnoli. Em primeiro lugar, há que dizer que decisões destas, vindas de Liedson, são mais raras que golfinhos no Tejo. Vejamos o que fez no resto do jogo. A verdade é que, sempre que participou no processo ofensivo da equipa, Liedson estragou o bom futebol da equipa. Ora não dando a bola com prontidão, ora não a dando de todo, ora escolhendo a opção pior, ora cometendo faltas escusadas, Liedson destruiu sempre as intenções ofensivas da equipa. Lembro-me de vários lances. Um em que conduziu a bola demoradamente, não a dando sempre que se abriu uma linha de passe, dirigindo-se a um colega até ficar sem soluções. Outro em que ganhou espaço na linha, tentou fintar, não conseguiu, ganhou o ressalto e, em vez de dar num colega, tentou fintar de novo e não conseguiu. Outro ainda em que, completamente sozinho, com três adversários à perna, sem ângulo e com Alecsandro em boa posição, executou um remate disparatado (este lance então até teve palmas). E mesmo quando um laivo de inteligência lhe bramia no cérebro, a execução deixava a desejar. Num dois para um com Yannick Djaló, decidiu bem ao entregar a bola ao colega, mas fê-lo em condições precárias. Deu a bola não rasteira, mas a saltitar, o que subtraiu tempo ao colega. Além disso, esticou o passe, retirando-lhe ângulo para finalizar. Resultado: quando Djaló pôde preparar o remate já tinha o guarda-redes com a mancha feita. Na primeira parte, Liedson terá falhado 90% dos passes e nem por uma vez o careca o assobiou. A primeira vez que Romagnoli falhou um passe, isto depois de ter isolado Abel no primeiro golo, de ter repetido aberturas fantásticas por mais cinco ou seis vezes, de ter enchido o campo com a sua movimentação extraordinária, o careca apupou-o. Assim como metade do estádio. Com Farnerud, o mesmo. Nem Pereirinha, o mais jovem leão e um de futuro muitíssimo promissor, escapou às toneladas de estultícia do careca e dos adeptos. Isto é falta de respeito. Mas é mais do que isso. É também estupidez. Qualquer jogador pode suportar um assobio, mas é de certeza desencorajador fazer quase tudo bem e ser assobiado, enquanto outros fazem quase tudo mal e são aplaudidos.
Digam o que disserem, o golo que marcou não compensa as terríves opções que tomou. Mais de metade dos ataques não foram travados pelos defesas adversários, mas por Liedson. O golo foi consequência daquilo em que Liedson, de facto, tem valor, a desmarcação e o aparecimento em zonas privilegiadas para finalizar. Talvez se devesse limitar a isto. Mas enquanto o careca continuar a aplaudi-lo, assim como todos os outros, Liedson continuará a ser o estorvo que é. Num jogo em que não marque, é uma nulidade. Quando as coisas correram mal ao Sporting, um dos poucos que teve total confiança de Paulo Bento foi Liedson, embora nunca o tenha merecido. Enquanto Ricardo, Polga e Moutinho justificavam a aposta continuada, Liedson não. Da mesma forma, apesar de já toda a gente ter reparado que ele não sabe marcar penaltys, continua a ser o marcador de serviço e continua a desapontar. Acredito que o Sporting pudesse liderar o campeonato, não fosse a persistência num jogador que tem a oferecer apenas a conclusão de lances. Mas é assim o futebol. Como a vida. Hitler também conseguiu mobilizar uma nação. Há quem diga que embirro com o Liedson. Chamem-lhe embirração. De facto, tenho alguma tendência para embirrar com gente burra. Lamento, mas não o consigo evitar. É um defeito que vai comigo para a cova. Por isso, ao contrário dos carecas, para os quais, "se não fosse o Liedson a fazer alguma coisa", o Sporting não andava para a frente, prefiro ler nas entrelinhas e achar que "se não fosse o Liedson a não fazer nada", o Sporting estava bem melhor.
Mas o que me importa mesmo é o fascínio incondicional por Liedson. De facto, na jogada em questão, o brasileiro acaba, depois de ter recuperado a bola na sequência de uma falha do adversário (coisa transcendente, para o careca), por ter uma boa decisão, colocando a bola na esquerda, onde apareceu Romagnoli. Em primeiro lugar, há que dizer que decisões destas, vindas de Liedson, são mais raras que golfinhos no Tejo. Vejamos o que fez no resto do jogo. A verdade é que, sempre que participou no processo ofensivo da equipa, Liedson estragou o bom futebol da equipa. Ora não dando a bola com prontidão, ora não a dando de todo, ora escolhendo a opção pior, ora cometendo faltas escusadas, Liedson destruiu sempre as intenções ofensivas da equipa. Lembro-me de vários lances. Um em que conduziu a bola demoradamente, não a dando sempre que se abriu uma linha de passe, dirigindo-se a um colega até ficar sem soluções. Outro em que ganhou espaço na linha, tentou fintar, não conseguiu, ganhou o ressalto e, em vez de dar num colega, tentou fintar de novo e não conseguiu. Outro ainda em que, completamente sozinho, com três adversários à perna, sem ângulo e com Alecsandro em boa posição, executou um remate disparatado (este lance então até teve palmas). E mesmo quando um laivo de inteligência lhe bramia no cérebro, a execução deixava a desejar. Num dois para um com Yannick Djaló, decidiu bem ao entregar a bola ao colega, mas fê-lo em condições precárias. Deu a bola não rasteira, mas a saltitar, o que subtraiu tempo ao colega. Além disso, esticou o passe, retirando-lhe ângulo para finalizar. Resultado: quando Djaló pôde preparar o remate já tinha o guarda-redes com a mancha feita. Na primeira parte, Liedson terá falhado 90% dos passes e nem por uma vez o careca o assobiou. A primeira vez que Romagnoli falhou um passe, isto depois de ter isolado Abel no primeiro golo, de ter repetido aberturas fantásticas por mais cinco ou seis vezes, de ter enchido o campo com a sua movimentação extraordinária, o careca apupou-o. Assim como metade do estádio. Com Farnerud, o mesmo. Nem Pereirinha, o mais jovem leão e um de futuro muitíssimo promissor, escapou às toneladas de estultícia do careca e dos adeptos. Isto é falta de respeito. Mas é mais do que isso. É também estupidez. Qualquer jogador pode suportar um assobio, mas é de certeza desencorajador fazer quase tudo bem e ser assobiado, enquanto outros fazem quase tudo mal e são aplaudidos.
Digam o que disserem, o golo que marcou não compensa as terríves opções que tomou. Mais de metade dos ataques não foram travados pelos defesas adversários, mas por Liedson. O golo foi consequência daquilo em que Liedson, de facto, tem valor, a desmarcação e o aparecimento em zonas privilegiadas para finalizar. Talvez se devesse limitar a isto. Mas enquanto o careca continuar a aplaudi-lo, assim como todos os outros, Liedson continuará a ser o estorvo que é. Num jogo em que não marque, é uma nulidade. Quando as coisas correram mal ao Sporting, um dos poucos que teve total confiança de Paulo Bento foi Liedson, embora nunca o tenha merecido. Enquanto Ricardo, Polga e Moutinho justificavam a aposta continuada, Liedson não. Da mesma forma, apesar de já toda a gente ter reparado que ele não sabe marcar penaltys, continua a ser o marcador de serviço e continua a desapontar. Acredito que o Sporting pudesse liderar o campeonato, não fosse a persistência num jogador que tem a oferecer apenas a conclusão de lances. Mas é assim o futebol. Como a vida. Hitler também conseguiu mobilizar uma nação. Há quem diga que embirro com o Liedson. Chamem-lhe embirração. De facto, tenho alguma tendência para embirrar com gente burra. Lamento, mas não o consigo evitar. É um defeito que vai comigo para a cova. Por isso, ao contrário dos carecas, para os quais, "se não fosse o Liedson a fazer alguma coisa", o Sporting não andava para a frente, prefiro ler nas entrelinhas e achar que "se não fosse o Liedson a não fazer nada", o Sporting estava bem melhor.
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