quarta-feira, 18 de julho de 2018

O Mundial na Era da Estratégia

Depois de muito tempo de ausência, eis a mais recente crónica do "Passe e Devolução". É sobre a 'era da estratégia' e sobre o Mundial de 2018.

"Diz-se por aí que, depois das evoluções tácticas da última década, que se caracterizaram acima de tudo pelo advento da ideia de modelo de jogo (os jogadores passaram a comportar-se constantemente em função de uma ideia de jogo concreta, modelada em treino), entrámos agora na 'era da estratégia'. A expressão visa assinalar uma mudança de paradigma: uma vez que, ao mais alto nível, já todas as equipas funcionam de acordo com um modelo trabalhado com rigor e já não há equipas desorganizadas, nas quais os jogadores se comportem como bem lhes apetece, a diferença far-se-á muitas vezes pela estratégia particular de cada jogo, sendo por isso mais competente a equipa que melhor trabalhar para contrariar o próximo adversário e, por isso, a equipa que melhor souber adaptar-se às circunstâncias específicas de cada jogo. Ter uma ideia de jogo muito bem definida, e ter os jogadores preparados para jogar de uma determinada maneira, sejam quais forem as circunstâncias, terá assim passado para segundo plano. Não deixando de ser importante, já não é aquilo que faz a diferença nesta nova era. De acordo com a doutrina da 'era da estratégia', aquilo que faz a diferença é a forma como a equipa se prepara para explorar as fraquezas específicas de cada adversário e a forma como tenta anular os pontos fortes desse adversário (...)"

O artigo completo encontra-se aqui.


4 comentários:

JC disse...

Não poderia o Brasil ter sido essa equipa com mais iniciativa de jogo e menos dependente da estratégia adversária?
Lembro-me de teres dito que neste mundial, em comparação com o do Brasil e o da África do Sul, assistiríamos a melhores partidas, umas vez que as condições atmosféricas seriam mais favoráveis à prática deste desporto. Embora os jogadores fisicamente estivessem melhor, o futebol praticado não foi melhor que nos mundiais anteriores. Estará o declínio ou o abandono da ideia de jogo do Barcelona também relacionado com isto?

Nuno disse...

Em termos de clima, creio que este Mundial apresentava melhores condições que os anteriores. Mas infelizmente a maior parte dos treinadores aderiu à moda da "estratégia". Acham que os jogos se ganham sobretudo estudando o adversário e modificando o comportamento próprio em função de cada adversário. E isso trouxe mais passividade, mais blocos recuados, mais equipas a atacar apenas pela certa, etc. Se juntarmos a isso a eliminação precoce da Alemanha e da Espanha (por culpa própria), que foram as selecções que nos últimos anos mais procuraram seguir um modelo de jogo próprio, pior ficamos.

Quanto ao Brasil, não sei como. O Tite é só isso: um treinador conservador, que acha que é bom defender com muitos e deixar o ataque entregue à inspiração dos homens da frente.

Alexandre disse...

Nunu,se você puder falar um pouco mais do méxico e Japão, iria ficar muito contente, pois não vi essas equipes jogarem com uma qualidade na construção tão diferente das outras, acho que no ultimo terço de campo os mexicanos ficavam com pocas linhas de passes e dependendo exclusivamente de suas qualidades individuais, pois o coletivo não apresentava ferramentas para um possível desequilibrio em seus adversários e em relação ao modo de como eles defendem atrapalharam no quesito construção de jogo? E o que achou do City na ultima temporada e o que acredita que eles vão evoluir nessa? Uma outra questão, em sua opinião, pq Guardiola insiste tanto no Fernandinho? Já poderia ter contratado um médio centro com qualidade na construção como um Jorginho, Bruno Soriano, Dani do valência...

Nuno disse...

Unknown, tanto o México como o Japão propuseram-se a assumir o jogo em posse. O México não o conseguiu fazer na segunda parte contra a Alemanha, e em alguns momentos com o Brasil, mas a ideia sempre foi essa. Seja como for, ambas procuraram o jogo interior, e tentaram jogar com critério.

O City foi simplesmente arrasador na época passada. Ao fim de um ano, os jogadores já acreditam na proposta de Guardiola, e foram sempre dominadores. A evolução agora passa por cimentar esse modo de jogar. Acho que este ano o futebol dos citizens será levado a um extremo de perfeição. O ano passado, apesar de tudo, ainda se notavam alguns problemas, e ficou sempre a sensação de que a equipa não sabia reagir emocionalmente à adversidade. Foi o caso da eliminatória com o Liverpool.

Quanto a Fernandinho, não sei explicar. Acho que havia muitas soluções melhores, e o Guardiola tencionou reforçar-se nessa zona. Mas só quis o Jorginho. Não tendo conseguido o Jorginho, achou que não havia mais ninguém que fizesse a diferença e que justificasse o investimento. Na minha opinião, havia outras soluções, como Weigl, por exemplo. Mas o Guardiola só queria o Jorginho. O que até se entende. Jorginho e Busquets são um caso à parte, naquela posição.