Comecemos por uma ideia defendida habitualmente por muita gente e que está absolutamente errada. Para muitos, o Barcelona de Guardiola é uma equipa que abre muitíssimo, em momento ofensivo, fazendo campo grande e circulando a bola a toda a largura do terreno. Dizem certos entendidos que é esta faculdade que possibilita ao Barcelona o seu jogo rendilhado e que é no jogo exterior da equipa que está a sua principal virtude. Luís Freitas Lobo, a semana passada, a propósito do massacre a que o Braga foi sujeito em Londres, sugeriu que as pessoas estão equivocadas quando dizem que o Arsenal joga de maneira idêntica ao Barcelona. O seu argumento era o de que, ao contrário do Barcelona, que abre o seu jogo, o Arsenal privilegia a zona central para atacar.
Também considero que há diferenças entre o modo de jogar das duas equipas, mas esta não é certamente uma delas. É que, se há coisa em que as duas se aproximam, é no privilégio quase contra-intuitivo dos espaços centrais para atacar. O Barcelona não faz campo grande como julgam. Se há coisa que distingue o 433 dos catalães é a não fixação dos extremos nas linhas. Quem quer que jogue como extremo, tem por missão jogar por dentro, aproximar-se do portador da bola. A profundidade, em organização ofensiva, é sempre dada pelo lateral. Os extremos só ocupam a linha em momentos de transição ou como ponto de origem, de onde saem para vir receber um passe curto numa zona central. O futebol do Barcelona, assim como o do Arsenal, é preferencialmente jogado pelo meio; Luís Freitas Lobo está completamente enganado quando pensa que não.
O lance que se segue fortalece esta ideia. Mas podia ainda alegar, por exemplo, a opção clara de Guardiola pelo 442 losango nos dois últimos jogos, frente ao Gijón e frente ao Bilbao, com Busquets a trinco, Keita e Xavi como interiores, e Iniesta como médio ofensivo, a cair preferencialmente em zonas centrais, ficando o ataque entregue a Villa e Pedro/Bojan. Neste esquema, então, foi ainda mais visível a ocupação dos espaços centrais e o privilégio dado ao jogo pelo meio. Fazer campo grande não é algo que esteja nos princípios do Barça, simplesmente porque tal é contraditório à filosofia de jogo da equipa, que requer uma rede de apoios muito mais próxima e compacta. Para que o Barcelona possa jogar como joga, tem de ter, mesmo com bola, os jogadores muito juntos uns aos outros. A largura e a profundidade é, por isso, tarefa de quem vem de trás, nunca dos extremos.
Também considero que há diferenças entre o modo de jogar das duas equipas, mas esta não é certamente uma delas. É que, se há coisa em que as duas se aproximam, é no privilégio quase contra-intuitivo dos espaços centrais para atacar. O Barcelona não faz campo grande como julgam. Se há coisa que distingue o 433 dos catalães é a não fixação dos extremos nas linhas. Quem quer que jogue como extremo, tem por missão jogar por dentro, aproximar-se do portador da bola. A profundidade, em organização ofensiva, é sempre dada pelo lateral. Os extremos só ocupam a linha em momentos de transição ou como ponto de origem, de onde saem para vir receber um passe curto numa zona central. O futebol do Barcelona, assim como o do Arsenal, é preferencialmente jogado pelo meio; Luís Freitas Lobo está completamente enganado quando pensa que não.
O lance que se segue fortalece esta ideia. Mas podia ainda alegar, por exemplo, a opção clara de Guardiola pelo 442 losango nos dois últimos jogos, frente ao Gijón e frente ao Bilbao, com Busquets a trinco, Keita e Xavi como interiores, e Iniesta como médio ofensivo, a cair preferencialmente em zonas centrais, ficando o ataque entregue a Villa e Pedro/Bojan. Neste esquema, então, foi ainda mais visível a ocupação dos espaços centrais e o privilégio dado ao jogo pelo meio. Fazer campo grande não é algo que esteja nos princípios do Barça, simplesmente porque tal é contraditório à filosofia de jogo da equipa, que requer uma rede de apoios muito mais próxima e compacta. Para que o Barcelona possa jogar como joga, tem de ter, mesmo com bola, os jogadores muito juntos uns aos outros. A largura e a profundidade é, por isso, tarefa de quem vem de trás, nunca dos extremos.
O golo começa a ser construído com a vinda da bola da linha para o meio e é a partir do meio que tudo se desenha. Neste momento, estão 9 jogadores do Panathinaikos atrás da linha da bola. Um passe vertical de Messi trata de deixar batidos os dois médios entre os quais a bola passa. Entre linhas, Xavi devolve de primeira a Messi, que entretanto se desmarcara para a frente. Ao receber a bola de Xavi, Messi torna-se no alvo das atenções dos defesas gregos. O defesa que estava em cima de Pedro sai da marcação para travar Messi, que passa a poder jogar com Pedro. Fá-lo e recebe de imediato a devolução, já no interior da área. Depois, é dominar a bola e rematar. O mais difícil estava feito.
Com duas tabelas perfeitas, as duas iniciadas por um passe vertical que queima linhas, o Barça ultrapassou uma defesa que, inicialmente, estava composta por nove jogadores. É assim que se entra numa defesa compacta, que opta por colocar quase todos os seus jogadores atrás da linha da bola. Esta jogada exemplifica várias coisas. Reforça, em primeiro lugar, a ideia que referi há algumas semanas acerca de fazer da bola um engodo. Desmente, igualmente, a teoria de que o Barcelona não ataca pelo meio. E demonstra, por fim, a utilidade que há num simples passe vertical. Nos dias que correm, o jogador que tenha por preocupação este tipo de passes é sempre um jogador com uma capacidade acima da média. Era esta qualidade que, por exemplo, Pontus Farnerud possuía e que poucos valorizavam. É esta qualidade, também, que faz de Hélder Postiga um avançado muito mais valioso do que se quer crer. Mas como se prefere a garra, a capacidade de luta e a obsessão pelo golo, jogadores como estes dificilmente agradam às massas. É pena que não haja mais Guardiolas para educá-las.
Com duas tabelas perfeitas, as duas iniciadas por um passe vertical que queima linhas, o Barça ultrapassou uma defesa que, inicialmente, estava composta por nove jogadores. É assim que se entra numa defesa compacta, que opta por colocar quase todos os seus jogadores atrás da linha da bola. Esta jogada exemplifica várias coisas. Reforça, em primeiro lugar, a ideia que referi há algumas semanas acerca de fazer da bola um engodo. Desmente, igualmente, a teoria de que o Barcelona não ataca pelo meio. E demonstra, por fim, a utilidade que há num simples passe vertical. Nos dias que correm, o jogador que tenha por preocupação este tipo de passes é sempre um jogador com uma capacidade acima da média. Era esta qualidade que, por exemplo, Pontus Farnerud possuía e que poucos valorizavam. É esta qualidade, também, que faz de Hélder Postiga um avançado muito mais valioso do que se quer crer. Mas como se prefere a garra, a capacidade de luta e a obsessão pelo golo, jogadores como estes dificilmente agradam às massas. É pena que não haja mais Guardiolas para educá-las.
5 comentários:
Nuno, um bocado off the record, gostava de saber a tua opinião sobre um blog que segues ou seguias, o "Falemos de Futebol". Além dessa opinião, queria saber se sabias porque é que desde junho ou julho de 2009 que não é actualizado.
Pareceu-me interessante e gostava de ter uma segunda opinião antes de começar a ler aquilo de cima abaixo, como fiz com este.
força aí,
Humm... vejo aí um desejo de ver o Farnerud algum dia a fazer passes verticais para o Messi? Que por sua vez agradecerá horizontalmente no balneário?
Boa tarde, sou membro do blog Negócios do Futebol e gostaria de saber se estaria interessado em colaborar connosco na redacção de alguns artigos de opinião.
Contacte-nos para o negociosdofutebo@gmail.com
Cumprimentos,
Em primeiro lugar, queria pedir desculpa pela demora em responder.
Pat, o Falemos de Futebol era um blog dirigido pelo Nuno Amieiro, autor de um dos melhores livros sobre futebol no nosso mercado e decerto uma pessoa com ideias originais e interessantes acerca do jogo. Não faço ideia por que razão deixou de actualizar o blogue. Imagino que por falta de tempo. Vale bem a pena ser lido de uma ponta à outra.
Caro Pedro Silvares, agradecemos o convite, mas é-nos absolutamente impossível, neste momento, tal colaboração.
Cumprimentos,
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