Há quem diga que o espaço é mais importante que a posse de bola, pois, sem espaço não há posse que valha. O argumento é parvo e consiste em ignorar a outra hipótese. Se sem espaço não há posse que valha, o que fazer com todo o espaço do mundo mas sem posse? Não creio que, sem bola, seja possível fazer mais do que ocupar melhor possível o espaço. Mas há quem afiance, de pés juntos e mão ao peito, que José Mourinho deu este ano uma lição àqueles que acham que a posse de bola é o mais importante num jogo de futebol. E isto com o pressuposto de que deu esta lição pondo em evidência que é o espaço e não a bola que mais interessa a uma equipa.
Em primeiro lugar, José Mourinho não deu lição nenhuma. Mais não fez que ganhar uma Liga dos Campeões como tantos outros já ganharam, de um modo que de genuíno não tem nada e que nem sequer tem muito a ver com aquilo que foram os seus primeiros anos de treinador. A verdade é que, de certo modo, Mourinho ganhou vendendo a alma, ganhou como, por exemplo, Benitez tinha ganho, abdicando da iniciativa de jogo, defendendo o melhor que podia, atacando pela certa e esperando pela graça divina, pela inspiração dos seus avançados e pelos erros dos adversários. Não tenho nada contra ganhar deste modo nem estou a defender que não se pode ganhar deste modo. Está mais do que provado de que é possível ganhar de todas as maneiras, sobretudo provas como esta, cujo modelo potencia o equilíbrio entre equipas mais fracas e equipas mais fortes e facilita o trabalho de equipas que dependem do comportamento dos adversários para fazer valer os seus pontos fortes. Mas não tenho também dúvidas de que, optando por isto, se depende muito mais de factores que não se podem controlar, como a arbitragem, a sorte, a atitude do adversário, a inspiração de dois ou três avançados, os momentos de finalização, etc.. Mourinho ganhou, é certo, mas raramente foi superior, ao longo das quatro eliminatórias da prova, já para não falar das dificuldades que teve para se apurar para a segunda fase. Dependeu sempre da inépcia dos adversários e da felicidade, fazendo do seu modelo de jogo não um modelo único e próprio, mas um contra-modelo, delineado sempre em função do comportamento do opositor. É possível alegar que tal forma de encarar o jogo é perfeitamente legítima e, mais do que isso, possibilita vitórias. Como já referi, acredito que se pode ganhar de várias maneiras, sobretudo provas que não dependem da regularidade exibicional. Aquilo em que não acredito é que todas as maneiras de jogar possibilitem as mesmas probabilidades de ganhar.
Como o que me interessa aqui é discutir o par de opostos em que se constituem a posse de bola e o espaço, não me deterei muito mais naquilo que foi a campanha europeia do Inter, que alguns garantem ter sido exemplar. Como é sabido, defendo que a melhor maneira de ganhar, aquela que maiores probabilidades confere a uma equipa de ser bem sucedida, é aquela que faz da posse da bola a sua filosofia primeira. Do meu ponto de vista, nenhuma equipa que queira ser grande, que queira disputar e vencer tudo, pode negligenciar a posse de bola. Se há casos de vencedores de Ligas dos Campeões ou de Campeonatos Europeus ou Mundiais que o fizeram, como o Inter de Mourinho, o Liverpool de Benitez, ou a Grécia de Rehhagel, é apenas porque esse tipo de competição, sendo decidida em eliminatórias, não confere importância à regularidade, à capacidade de uma equipa jogar constantemente bem, privilegiando, em vez disso, o detalhe e até a arbitrariedade da fortuna. É muito mais difícil encontrar vencedores de campeonatos nacionais cujo modelo de jogo de base se construa com os pressupostos destas equipas, isto é, com um bloco baixo, muitos homens atrás da linha da bola, ofensivas constantemente em inferioridade numérica, privilégio dos momentos de transição, etc.. A razão pela qual as competições nacionais raramente são ganhas por equipas que actuem preferencialmente desse modo é simples. Num campeonato em que se exige regularidade, estas equipas, embora possam ser muito fiáveis defensivamente, carecem de uma capacidade ofensiva evidente e perdem necessariamente pontos contra equipas que não se expõem tanto, que não atacam tanto. Colocar a equipa a jogar deste modo, isto é, dispensando a posse e concentrando-se no espaço, é especialmente útil contra equipas que gostem de atacar e de ter a bola, e ainda em competições a eliminar, em que um empate num dos jogos não é um mau resultado, em que os penálties acabam por equilibrar as diferenças entre os dois conjuntos, e em que os detalhes costumam ser mais decisivos. Perder um desafio numa competição nacional é, por isso, muito menos relevante e os detalhes, nessa competição, não fazem tanta diferença.
Ora, perante isto, é possível dizer que o Inter de Mourinho se adaptou à especificidade desta competição, jogando num modelo que, para esta prova, fazia todo o sentido, jogando porém de outro modo no campeonato italiano. Isto não é verdade. Se há coisa que Mourinho vinha a fazer, já há algum tempo, era a preparar a sua equipa para ser aquilo que foi nesta competição. Há quem possa pensar que surtiu efeito. Não penso assim. De facto, Mourinho venceu tudo, conseguiu algo que ninguém conseguia há muito tempo no Inter e mostrou que é um vencedor como há poucos. Mas a que custo? O modo de jogar do Inter, no campeonato, não foi especialmente diferente. Apanhando-se a ganhar, por exemplo, era comum ver a equipa abdicar da bola, recuar e defender com um bloco baixíssimo, entregando toda a iniciativa ao adversário. Se isto resultou umas vezes, não resultou noutras. E a verdade é que a revalidação do título, num campeonato pautado pela irregularidade de todos os conjuntos e paupérrimo em termos de oposição à hegemonia dos milaneses, chegou a estar tremida, sendo que a Roma, que começou o campeonato muito mal, chegou a estar a catorze pontos do Inter, andou completamente arredada da discussão do título durante três quartos da prova e, mesmo assim, por pouco não era campeã. O futebol à italiana do Inter de Mourinho serviu para ganhar tudo, mas apenas porque em Itália não há, em termos de concorrência, qualquer espécie de oposição. O Inter não fez um campeonato brilhante, não praticou um futebol interessante e sagrou-se campeão mais por demérito dos adversários do que por mérito próprio. É aqui que quero chegar.
Mourinho preparou a sua equipa especificamente para triunfar nas eliminatórias da Liga dos Campeões, passando a estratégia nestes jogos por entregar a iniciativa ao adversário. Resultou, como podia não ter resultado. Com a estratégia adoptada, entregou o destino da sua equipa à sorte, que lhe acabou por ser favorável. De facto, ganhou aquilo a que se propôs. Mas os custos, creio, foram bastante pesados. A equipa tornou-se absolutamente medíocre com bola, sem qualquer imaginação, incapaz de inventar coisas novas. Passou a poder jogar apenas de acordo com os ímpetos dos adversários, passou a ser uma equipa de reacção. Como todas as equipas que só são eficazes em reacção, tornou-se dependente de diversos factores e isso, por pouco, não lhe custava o título italiano. Custar-lhe-á muito mais, de certeza, no futuro. O seu Inter parou de evoluir, passou a ser uma equipa que só se sente bem com espaço e que, quando não o tem, não sabe o que fazer. Eis o problema de se preferir o espaço à posse de bola. Sendo competente apenas nos momentos em que pode utilizar o espaço, é uma equipa competente num número reduzidíssimo de ocasiões, durante um jogo. Isto faz com que a equipa tenha de ser obrigatoriamente muito eficaz, faz com que tenha de aproveitar ao máximo os poucos momentos em que puder activar as suas transições e aproveitar o espaço. Se não o for, fica sempre mais próxima de falhar. A diferença, está bem de ver, é que uma equipa que prefira a posse de bola pode inventar as suas próprias ocasiões, pode sempre aumentar as condições de êxito e depende sempre menos da eficácia que tiver na finalização das jogadas. É por isso que a opção pela posse de bola é sempre uma estratégia mais eficaz que a preferência pelo espaço.
Não significa isto que não haja momentos específicos, num jogo, em que seja útil baixar o bloco e, abdicando da posse de bola, procurar sobretudo aproveitar os espaços concedidos por quem ataca. Poderá ser útil, por exemplo, nos minutos finais do primeiro tempo, para que a equipa não se desorganize nem se desgaste desnecessariamente; ou poderá ser útil imediatamente a seguir a um golo, para impedir a reacção imediata do adversário. Isto é, porém, muito diferente de adoptar esta estratégia durante 90 minutos. Optar por este tipo de jogo a tempo inteiro significa abdicar da iniciativa, significa deixar a faca e o queijo do lado do adversário. Pode traduzir-se numa estratégia eficaz essencialmente quando se marca primeiro e o adversário tem obrigatoriamente de atacar. Mas que tipo de competência, em termos colectivos, tem uma equipa deste tipo para virar resultados? Não tem. Ou essa competência é directamente proporcional à competência individual dos seus atacantes, sobre quem recai a responsabilidade de fazer o que a equipa, em conjunto, não consegue fazer. Saber aproveitar o espaço é uma arma muito importante em futebol. Mas uma equipa cuja única arma seja essa é sempre uma equipa mediana que, sem atletas capazes de decidir partidas sozinhos, pouco ou nada é capaz de conquistar. Se nos recordarmos, esta estratégia resultou na segunda mão frente ao Chelsea porque o Inter teve a sorte de partir em vantagem; resultou na segunda mão frente ao Barcelona porque o Inter conseguiu, sem saber bem como, partir com uma vantagem de dois golos para esse jogo; resultou frente ao Bayern porque defensivamente a equipa de Van Gaal esteve incrivelmente mal; e resultou sobretudo porque havia Milito, Eto'o e Sneijder. Isto é, a estratégia de que tanto se fala e que tantas lições deu, segundo alguns doutores, é uma estratégia que não depende de si própria, mas dos seus executantes, dos erros e da inépcia dos adversários e da sorte. E com bons executantes, com os erros dos adversários e com a sorte qualquer incompetente pode contar. Esperava-se que a distinção entre um dos melhores treinadores do mundo e um simples agricultor se traduzisse de um modo mais categórico. É evidente que Mourinho não é só isto e que, dentro deste tipo de estratégia, é extremamente competente, como poucos. Mas isso não chega. E não chega essencialmente porque é muito mais fácil pôr uma equipa a jogar deste modo, fazendo-a depender destas coisas, como já várias pessoas o tinham feito com sucesso, do que arranjar um modelo com menos vícios, que dependa menos de factores externos.
Eu, que sou exigente e que conheço o trabalho de Mourinho e aquilo de que é capaz, acho que esta vitória não é tão fantástica quanto apregoam. E isto sobretudo porque acho que, sendo dos poucos treinadores do mundo que teria condições para revolucionar o jogo, Mourinho optou pelo caminho mais fácil. Venceu, sim. Mas venceu como Alex Ferguson já venceu, como Rafa Benitez já venceu, como Carlo Ancelotti já venceu. Venceu como outros tantos já venceram. Não venceu categoricamente, como o Barcelona o ano passado, por exemplo; não venceu impondo coisas novas, impondo a sua competência sobre a dos outros. Venceu, como tantos já venceram, e apenas porque há que haver sempre um vencedor, todos os anos. E, como tantos outros que venceram assim, tão depressa vencem e são agraciados pela opinião pública como perdem e caem rapidamente no esquecimento. É por isso que negligenciar a posse de bola e preferir o espaço é uma estratégia condenada logo de partida. Pode conduzir a vitórias, efectivamente, mas nunca trará regularidade; depende de demasiadas circunstâncias para que se possa impor por si própria. É também por isso que defendo que a posse de bola, em futebol, é tudo: é o princípio vital de qualquer equipa que queira não só ganhar tudo, mas ser grande e sempre grande. Quando não se tem espaço, a posse de bola inventa-o. Quando não se tem a posse de bola, não há espaço que a invente e resta-nos tão-somente o próprio espaço. É este o corolário final da minha análise à vitória de Mourinho, uma vitória que muitos aplaudem boquiabertos, mas que não merece, em boa verdade, toda a histeria que a tem envolvido. O próprio Mourinho já fez coisas bem mais impressionantes e merecedoras de registo; o que fez este ano com o Inter não tem nada de extraordinário e roça até a simples banalidade.
Em primeiro lugar, José Mourinho não deu lição nenhuma. Mais não fez que ganhar uma Liga dos Campeões como tantos outros já ganharam, de um modo que de genuíno não tem nada e que nem sequer tem muito a ver com aquilo que foram os seus primeiros anos de treinador. A verdade é que, de certo modo, Mourinho ganhou vendendo a alma, ganhou como, por exemplo, Benitez tinha ganho, abdicando da iniciativa de jogo, defendendo o melhor que podia, atacando pela certa e esperando pela graça divina, pela inspiração dos seus avançados e pelos erros dos adversários. Não tenho nada contra ganhar deste modo nem estou a defender que não se pode ganhar deste modo. Está mais do que provado de que é possível ganhar de todas as maneiras, sobretudo provas como esta, cujo modelo potencia o equilíbrio entre equipas mais fracas e equipas mais fortes e facilita o trabalho de equipas que dependem do comportamento dos adversários para fazer valer os seus pontos fortes. Mas não tenho também dúvidas de que, optando por isto, se depende muito mais de factores que não se podem controlar, como a arbitragem, a sorte, a atitude do adversário, a inspiração de dois ou três avançados, os momentos de finalização, etc.. Mourinho ganhou, é certo, mas raramente foi superior, ao longo das quatro eliminatórias da prova, já para não falar das dificuldades que teve para se apurar para a segunda fase. Dependeu sempre da inépcia dos adversários e da felicidade, fazendo do seu modelo de jogo não um modelo único e próprio, mas um contra-modelo, delineado sempre em função do comportamento do opositor. É possível alegar que tal forma de encarar o jogo é perfeitamente legítima e, mais do que isso, possibilita vitórias. Como já referi, acredito que se pode ganhar de várias maneiras, sobretudo provas que não dependem da regularidade exibicional. Aquilo em que não acredito é que todas as maneiras de jogar possibilitem as mesmas probabilidades de ganhar.
Como o que me interessa aqui é discutir o par de opostos em que se constituem a posse de bola e o espaço, não me deterei muito mais naquilo que foi a campanha europeia do Inter, que alguns garantem ter sido exemplar. Como é sabido, defendo que a melhor maneira de ganhar, aquela que maiores probabilidades confere a uma equipa de ser bem sucedida, é aquela que faz da posse da bola a sua filosofia primeira. Do meu ponto de vista, nenhuma equipa que queira ser grande, que queira disputar e vencer tudo, pode negligenciar a posse de bola. Se há casos de vencedores de Ligas dos Campeões ou de Campeonatos Europeus ou Mundiais que o fizeram, como o Inter de Mourinho, o Liverpool de Benitez, ou a Grécia de Rehhagel, é apenas porque esse tipo de competição, sendo decidida em eliminatórias, não confere importância à regularidade, à capacidade de uma equipa jogar constantemente bem, privilegiando, em vez disso, o detalhe e até a arbitrariedade da fortuna. É muito mais difícil encontrar vencedores de campeonatos nacionais cujo modelo de jogo de base se construa com os pressupostos destas equipas, isto é, com um bloco baixo, muitos homens atrás da linha da bola, ofensivas constantemente em inferioridade numérica, privilégio dos momentos de transição, etc.. A razão pela qual as competições nacionais raramente são ganhas por equipas que actuem preferencialmente desse modo é simples. Num campeonato em que se exige regularidade, estas equipas, embora possam ser muito fiáveis defensivamente, carecem de uma capacidade ofensiva evidente e perdem necessariamente pontos contra equipas que não se expõem tanto, que não atacam tanto. Colocar a equipa a jogar deste modo, isto é, dispensando a posse e concentrando-se no espaço, é especialmente útil contra equipas que gostem de atacar e de ter a bola, e ainda em competições a eliminar, em que um empate num dos jogos não é um mau resultado, em que os penálties acabam por equilibrar as diferenças entre os dois conjuntos, e em que os detalhes costumam ser mais decisivos. Perder um desafio numa competição nacional é, por isso, muito menos relevante e os detalhes, nessa competição, não fazem tanta diferença.
Ora, perante isto, é possível dizer que o Inter de Mourinho se adaptou à especificidade desta competição, jogando num modelo que, para esta prova, fazia todo o sentido, jogando porém de outro modo no campeonato italiano. Isto não é verdade. Se há coisa que Mourinho vinha a fazer, já há algum tempo, era a preparar a sua equipa para ser aquilo que foi nesta competição. Há quem possa pensar que surtiu efeito. Não penso assim. De facto, Mourinho venceu tudo, conseguiu algo que ninguém conseguia há muito tempo no Inter e mostrou que é um vencedor como há poucos. Mas a que custo? O modo de jogar do Inter, no campeonato, não foi especialmente diferente. Apanhando-se a ganhar, por exemplo, era comum ver a equipa abdicar da bola, recuar e defender com um bloco baixíssimo, entregando toda a iniciativa ao adversário. Se isto resultou umas vezes, não resultou noutras. E a verdade é que a revalidação do título, num campeonato pautado pela irregularidade de todos os conjuntos e paupérrimo em termos de oposição à hegemonia dos milaneses, chegou a estar tremida, sendo que a Roma, que começou o campeonato muito mal, chegou a estar a catorze pontos do Inter, andou completamente arredada da discussão do título durante três quartos da prova e, mesmo assim, por pouco não era campeã. O futebol à italiana do Inter de Mourinho serviu para ganhar tudo, mas apenas porque em Itália não há, em termos de concorrência, qualquer espécie de oposição. O Inter não fez um campeonato brilhante, não praticou um futebol interessante e sagrou-se campeão mais por demérito dos adversários do que por mérito próprio. É aqui que quero chegar.
Mourinho preparou a sua equipa especificamente para triunfar nas eliminatórias da Liga dos Campeões, passando a estratégia nestes jogos por entregar a iniciativa ao adversário. Resultou, como podia não ter resultado. Com a estratégia adoptada, entregou o destino da sua equipa à sorte, que lhe acabou por ser favorável. De facto, ganhou aquilo a que se propôs. Mas os custos, creio, foram bastante pesados. A equipa tornou-se absolutamente medíocre com bola, sem qualquer imaginação, incapaz de inventar coisas novas. Passou a poder jogar apenas de acordo com os ímpetos dos adversários, passou a ser uma equipa de reacção. Como todas as equipas que só são eficazes em reacção, tornou-se dependente de diversos factores e isso, por pouco, não lhe custava o título italiano. Custar-lhe-á muito mais, de certeza, no futuro. O seu Inter parou de evoluir, passou a ser uma equipa que só se sente bem com espaço e que, quando não o tem, não sabe o que fazer. Eis o problema de se preferir o espaço à posse de bola. Sendo competente apenas nos momentos em que pode utilizar o espaço, é uma equipa competente num número reduzidíssimo de ocasiões, durante um jogo. Isto faz com que a equipa tenha de ser obrigatoriamente muito eficaz, faz com que tenha de aproveitar ao máximo os poucos momentos em que puder activar as suas transições e aproveitar o espaço. Se não o for, fica sempre mais próxima de falhar. A diferença, está bem de ver, é que uma equipa que prefira a posse de bola pode inventar as suas próprias ocasiões, pode sempre aumentar as condições de êxito e depende sempre menos da eficácia que tiver na finalização das jogadas. É por isso que a opção pela posse de bola é sempre uma estratégia mais eficaz que a preferência pelo espaço.
Não significa isto que não haja momentos específicos, num jogo, em que seja útil baixar o bloco e, abdicando da posse de bola, procurar sobretudo aproveitar os espaços concedidos por quem ataca. Poderá ser útil, por exemplo, nos minutos finais do primeiro tempo, para que a equipa não se desorganize nem se desgaste desnecessariamente; ou poderá ser útil imediatamente a seguir a um golo, para impedir a reacção imediata do adversário. Isto é, porém, muito diferente de adoptar esta estratégia durante 90 minutos. Optar por este tipo de jogo a tempo inteiro significa abdicar da iniciativa, significa deixar a faca e o queijo do lado do adversário. Pode traduzir-se numa estratégia eficaz essencialmente quando se marca primeiro e o adversário tem obrigatoriamente de atacar. Mas que tipo de competência, em termos colectivos, tem uma equipa deste tipo para virar resultados? Não tem. Ou essa competência é directamente proporcional à competência individual dos seus atacantes, sobre quem recai a responsabilidade de fazer o que a equipa, em conjunto, não consegue fazer. Saber aproveitar o espaço é uma arma muito importante em futebol. Mas uma equipa cuja única arma seja essa é sempre uma equipa mediana que, sem atletas capazes de decidir partidas sozinhos, pouco ou nada é capaz de conquistar. Se nos recordarmos, esta estratégia resultou na segunda mão frente ao Chelsea porque o Inter teve a sorte de partir em vantagem; resultou na segunda mão frente ao Barcelona porque o Inter conseguiu, sem saber bem como, partir com uma vantagem de dois golos para esse jogo; resultou frente ao Bayern porque defensivamente a equipa de Van Gaal esteve incrivelmente mal; e resultou sobretudo porque havia Milito, Eto'o e Sneijder. Isto é, a estratégia de que tanto se fala e que tantas lições deu, segundo alguns doutores, é uma estratégia que não depende de si própria, mas dos seus executantes, dos erros e da inépcia dos adversários e da sorte. E com bons executantes, com os erros dos adversários e com a sorte qualquer incompetente pode contar. Esperava-se que a distinção entre um dos melhores treinadores do mundo e um simples agricultor se traduzisse de um modo mais categórico. É evidente que Mourinho não é só isto e que, dentro deste tipo de estratégia, é extremamente competente, como poucos. Mas isso não chega. E não chega essencialmente porque é muito mais fácil pôr uma equipa a jogar deste modo, fazendo-a depender destas coisas, como já várias pessoas o tinham feito com sucesso, do que arranjar um modelo com menos vícios, que dependa menos de factores externos.
Eu, que sou exigente e que conheço o trabalho de Mourinho e aquilo de que é capaz, acho que esta vitória não é tão fantástica quanto apregoam. E isto sobretudo porque acho que, sendo dos poucos treinadores do mundo que teria condições para revolucionar o jogo, Mourinho optou pelo caminho mais fácil. Venceu, sim. Mas venceu como Alex Ferguson já venceu, como Rafa Benitez já venceu, como Carlo Ancelotti já venceu. Venceu como outros tantos já venceram. Não venceu categoricamente, como o Barcelona o ano passado, por exemplo; não venceu impondo coisas novas, impondo a sua competência sobre a dos outros. Venceu, como tantos já venceram, e apenas porque há que haver sempre um vencedor, todos os anos. E, como tantos outros que venceram assim, tão depressa vencem e são agraciados pela opinião pública como perdem e caem rapidamente no esquecimento. É por isso que negligenciar a posse de bola e preferir o espaço é uma estratégia condenada logo de partida. Pode conduzir a vitórias, efectivamente, mas nunca trará regularidade; depende de demasiadas circunstâncias para que se possa impor por si própria. É também por isso que defendo que a posse de bola, em futebol, é tudo: é o princípio vital de qualquer equipa que queira não só ganhar tudo, mas ser grande e sempre grande. Quando não se tem espaço, a posse de bola inventa-o. Quando não se tem a posse de bola, não há espaço que a invente e resta-nos tão-somente o próprio espaço. É este o corolário final da minha análise à vitória de Mourinho, uma vitória que muitos aplaudem boquiabertos, mas que não merece, em boa verdade, toda a histeria que a tem envolvido. O próprio Mourinho já fez coisas bem mais impressionantes e merecedoras de registo; o que fez este ano com o Inter não tem nada de extraordinário e roça até a simples banalidade.
54 comentários:
andaste a ler o freitas lobo, nao??
mais um excelente post, mas apenas para os apixonados pelo jogo e pelo estilo...
Resta saber o que vai fazer Mourinho no Real Madrid. Eu penso que vai regressar às suas origens (preferência pela posse de bola), até porque se não o fizer, basta estar 1 ponto atrás do Barça para ser trucidado pela imprensa e adeptos.
No Real Madrid pedem-lhe resultados e bom futebol, no Inter apenas pediam-lhe resultados
Excelente post!
Totalmente de acordo.
Acho até que o grande mérito de mourinho, mais do que o modelo de jogo (que sem dúvida não é bonito) escolhido, foi na "gestão de humores", pois colocar o Eto'o a fechar o lado direito e obrigá-lo a passar praticamente ao lado da final da champions, e aparentemente sem azias, não deve ser fácil.
Muito lirismo, mas pouco realismo.
Reduzir a conquista de todas as competicoes em que o Inter esteve envolvido em 2009/2010 a um feito "que roca a simples banalidade" é de uma arrogancia sem paralelo. E o argumento da sorte é muito fácil de utilizar - quase arriscaria dizer que o Nuno já tinha dois posts preparados: um em que cascava no Mourinho forte e feio acusando-o de tudo e mais alguma coisa em caso de derrota na final, e outro em que atribuiria tudo à "sorte". A mesma que faz do Liedson o melhor marcador estrangeiro na história do Sporting das competicoes europeias e outros feitos semelhantes.
Quanto a extrapolacoes para o Real Madrid: no Real Madrid exigem-lhe resultados. Ponto final. Até o podem despedir se ele ganhar La Liga sem jogar bom futebol, mas o título de campeao esse ninguém lho tira. Sempre queria ver o lirismo dos autores do EntreDez se estivessem à frente de equipas com os recursos do Real Madrid e nao vencessem NADA durante uma temporada, por muito que tivessem privilegiado "os princípios correctos de jogo". Eu acho que a virtude do Mourinho é saber adaptar-se às circunstancias: Assim como Rehaggel deslumbrou os críticos com futebol espectáculo no Werder Bremen seguido de futebol de contencao na Grécia, também Mourinho saberá adaptar-se às circunstancias de um campeonato em que 70% das equipas só pensam num empate quando defrontam o Barcelona ou Real Madrid.
Mourinho ganhou no Porto, ganhou no Chelsea e ganhou no Inter. A grande qualidade de Mourinho é saber adaptar-se e fazer o q há a fazer para ganhar. E ganhar é o q interessa. Vai lá perguntar aos adeptos do Inter se estão muito preocupados com a posse de bola e afins. Ganharam que era o que queriam há 45 anos...
Venceu em três clubes de três campeonatos diferentes. Não chega?
No dia em que Guardiola sair do Barça veremos se consegue triunfar como Mourinho...
Mourinho vai para o Real e vai vencer. Simples!
Acho que estás, injustamente, a criticar Mourinho pela forma como ganhou. Todos nós preferimos vitórias com exibições de gala e de classe, mas isso nem sempre é possível. Mas dizer que Mourinho apostou tudo na sorte, na inspiração dos seus jogadores e nos erros alheios... parece redutor. Tão redutor como por exemplo dizer que o Barça ganhou a Champions o ano passado graças a Ovrebo, o árbitro do jogo com o Chelsea em Stamford Bridge! E tu dizes que ganhou de forma clara, portanto...
Acho sinceramente, que Mourinho não tinha equipa para mais. E com os jogadores que têm, fez o que podia. Faço uma vénia a Guardiola e ao Barça, mas alguém acredita mesmo que se Guardiola sair da Catalunha, vai conseguir de novo colocar uma equipa a jogar assim? Digo isto não por lhe querer retirar méritos, mas porque aquela é a "casa" ideal para os seus ideais, a cultura do clube, tudo. Os clubes que contratam Mourinho contratam-no porque é um vencedor, seja de que maneira for. E esse é o seu mérito, para além de todos os outros, técnicos, tácticos, motivacionais, etc...
Abraço, Máximo
não sei onde raio toda a gente foi buscar a ideia que o inter tem uma equipa fraca. tem um conjunto de jogadores tão fracos que foi as individualidades e não o rasgo tactico do seu treinador que valeu a vitória nesta final! o primeiro golo foi ao estilo ingles em 3 toques diego milito estava frente a frente a Hans Jorg Butt o segundo é uma borrada do van Buyten que deveria espancando por todos adeptos bávaros.
acho que este é o texto do entredez que mais estou de acordo. foi uma verdadeira desilusão o Mourinho, é certo que ganhou, ganhou bem e não há nada a apontar. Não há também que fazer todos os rasgados elogios que todos agora lhe adoram fazer e não há tambem que esquecer as duras criticas que Mourinho sempre foi tecendo a este tipo de jogo...
Para eliminar o Barça o Inter fez exactamente o mesmo o liverpool fez em 2005 e 2007...
Concordo totalmente com o post. O pessoal que fala da lição do Mourinho nunca viu nenhum jogo da Liga Italiana este época, repito, nenhum.
Lembro que foi precisamente por marcar e de seguida baixar o bloco defensivo, abdicando totalmente da posse de bola que o Inter perdeu por 3-1 com o Catania, em Março, creio eu, mesmo mês em que perdeu com a Roma do Ranieri... Qualidade de jogo atroz, só ganhando ao aproveitar os erros dos adversários: aconteceu com Sampdoria, Napoli, etc.
A questão é saber se a opção por este estilo de jogo foi algo de meramente circunstancial, ou se algo que já faz parte da identidade futebolística do Mourinho. Quanto à primeira hipótese, fiquei sempre com dúvidas sobre o porquê das compras do Quaresma e do Mancini (Nuno tens alguma ideia?) e se ele realmente tenha pretendido inicialmente fazer um futebol de ataque. Nestes dois anos, fiquei com a sensação que ele simplesmente percebeu que era mais simples e dava menos trabalho ganhar desta forma: algo (a capacidade de abdicar tão fortemente do controlo do jogo, da posse) que para a identidade calcistica do Inter é aceitável, mas que eu duvido que ele pudesse fizer na Juve ou no Milan.
Quanto à segunda hipótese, é ver-se no Real Madrid, mas sinceramente estou à espera de um Madrid ainda mais musculado e rápido, a marcar menos golos mas mais cínico.
Nuno
É evidente que a qualidade do inter não é nada de extraordinário. Mas não creio que o objectivo inicial de Mourinho quando chegou a Milão fosse este. Aos poucos foi adaptando as suas ideias e chegou à conclusão que esta seria a forma em que a equipa teria mais capacidade de vencer a champions.
No fundo, e apesar da qualidade indiscutível do plantel, a especificidade de muitos dos seus jogadores não permite que a equipe jogue num bloco alto e dominante sem sofrer fortes desiquilibrios. Desde jogadores que sofrem a jogar alto a outros que valorizam demasiado as referências individuais entre outras coisas. Tudo isto são como sabes fortes impeditivos a que se jogue alto com qualidade. Mourinho tentou fazê-lo e fracassou. Adoptou outra estratégia foi aperfeiçoando esse modelo e no final saiu vencedor.
cumprimentos
Boas.
O artigo tem alguma ponta de razão.Eu só tenho a apontar a mourinho a falta de coragem, muito respeito, medo ou respeitinho(o que lhe quiserem chamar) o facto de na segunda mão contra o barcelona não ter jogado como jogou na primeira mão.Ele disse que começou a defender quando o motta foi expulso mas isso para quem viu o jogo é mentira porque o inter apenas defendeu e se tivesse sofrido 2ºgolo já não conseguia alterar o rumo do jogo com as opções que tomou.
A eliminatória contra o chelsea penso que não à nada a apontar.Em relação à final penso que se o bayern tivesse o ribery a jogar seria muito mas muito complicado terem ganho.Lidar com robben(que quando está em forma é fantástico) já não foi fácil juntar o ribery à mistura ficaria muito complicado.
Deixo só aqui uma pergunta ao Nuno que não sei se já foi abordada neste blog.Guardiola colocou o barcelona a jogar o melhor futebol do planeta .
Acreditas que Guardiola noutra estrutura que não o Barcelona e com outros jogadores consiga mostrar o mesmo futebol fantástico que tem mostrado??
Cumprimentos Samuel
boas,
amanhã faço um comentários mais extenso ao que penso sobre este artigo. para já deixo só a nota: o inter foi a melhor defesa este ano do campeonato italiano...mas foi também o melhor ataque.
saudações,
bernardo
Bernardo a nota para já chega:
"O Inter foi a melhor defesa este ano do campeonato italiano ... mas foi também o melhor ataque."
O Nuno está a confundir competências com estilos. Tem absoluta e completa razão quando diz que o Mourinho já fez coisas muito melhores, mais impressionantes, já venceu de forma muito mais categórica.
A mais categórica de todas?
2002/03, o 1º ano do Porto.
De forma igualmente categórica, o 2º ano do Chelsea, em que simplesmente arrasa com a concorrência interna e oferece demolidoras demonstrações de força nos campos dos rivais directos, como em Manchester por exemplo, naquele jogo em que o Tiago faz um golo soberbo.
Agora, é muito difícil manter-se o mesmo nível de ano para ano, porque as coisas são assim mesmo. A motivação é outra, o próprio Mourinho será outro, e dificilmente ele terá hoje a mesma fome que tinha em 2003 ou que tinha quando chegou ao Chelsea.
O que este post diz - e mal - é que o Mourinho não teve competência. Ora, as competências não se perdem. O Mourinho não sabe menos hoje do que sabia há 4 anos, porque isso não se apaga com uma borracha. As mudanças no jogo do Mourinho são conscientes.
O jogo é outro.
O estilo é outro.
Mas a competência é a mesma.
E os resultados estão aí para prová-lo. Misturar Mourinho com arbitragens, sorte e fazer todo um desenho em que ele é um burrinho qualquer só à espera do lapso do adversário é uma análise completamente inútil e básica que não merece grande crédito.
Desde quando é que o Liverpool do Benitez foi Campeão Europeu e ganhou a Premier League e a Taça de Inglaterra e teve o dom de fazer tudo isso ao mesmo tempo?
Cabe na cabeça de alguém misturar as 2?
E depois a relação feita é simplesmente falsa e só revela desconhecimento.
Então o Otto Rehhagel, o Benitez e o Mourinho o post mete-os todos no mesmo saco como preparadores de equipas que jogam na expectativa e só conseguem ganhar no contexto particular de provas a eliminar ... então a Liga Italian caiu do céu? O melhor ataque da Liga Italina foi um somatório de 34 jogos em que os adversários ofereceram aqueles golos todos a um expectante Inter, é isso?
O Otto Rehhagel vence a II Divisão Alemã com o Kaiserslautern e no ano seguinte é Campeão germânico com o mesmo Kaiserslautern e isto acontece por acaso, ou fruto da sorte que bafeja uma equipa que depende de sorte, arbitragens e com poucas soluções?
Há posts aqui que sinceramente.
Mas o pior é que é tudo dito numa linguagem aparentemente conhecedora que passa por verdade, quando não é mais do que um conjunto de coisas apanhadas aqui e acolá que misturadas não têm grande ponta por onde se lhe peguem, especialmente quando pretendem concluir coisas do tipo que o post conclui.
Houvesse menos complexo Tadeia e consumissem-se os jogos de futebol pelo que eles são: um jogo em que os intérpretes (jogadores e treinadores) sabem muito mais do que todos os Tadeias do mundo e dir-se-iam menos disparates ...
Porque é que é o melhor do mundo:
http://hipocrisiasindigenas.blogspot.com/2010/05/porque-e-que-sou-o-melhor-do-mundo.html
Saudações Leoninas
Máximo diz: "Faço uma vénia a Guardiola e ao Barça, mas alguém acredita mesmo que se Guardiola sair da Catalunha, vai conseguir de novo colocar uma equipa a jogar assim?"
Máximo, discordo da ideia de que são os jogadores que fazem com que o futebol do Barça seja o que é. É evidente que sem jogadores ideais, aquilo não funcionava tão bem. Aliás, a ausência do Iniesta este ano explica muita coisa. No entanto, há uma ideia colectiva que suplanta a presença do jogador A ou B. E essa ideia colectiva é a força deste Barça e é o que distingue o Guardiola de outros treinadores do Barcelona. Recomendo que se vejam vídeos do Barcelona B treinado pelo Guardiola. A filosofia era a mesma. É evidente que não ganharia a Liga dos Campeões com aquela equipa, mas para o nível em que estava, era muito bom. Não tenho dúvidas de que, noutro lado, trataria de jogar do mesmo modo, com a mesma filosofia. Apesar de treinar o Barcelona, aquilo é muito mais Guardiola do que Barcelona. Poderá eventualmente ter mais dificuldades para se impor categoricamente como se impôs no Barcelona, porque a sua filosofia é mais facilmente aceite ali e encontra eco com mais facilidade naquele conjunto de jogadores, mas é tudo uma questão de tempo e uma questão de se saber o que quer. E há várias equipas no mundo em que, com algumas contratações certeiras, o Guardiola conseguiria dotar a equipa de individualidades que servissem os seus propósitos. Não podemos esquecer que foi ele que trouxe Hleb, Keita, Dani Alves, Piqué e Busquets para a equipa, que adaptou Henry à filosofia da equipa, etc. É verdade que apanhou um núcleo de jogadores que lhe serviam os propósitos, mas teve de adquirir outros e modificar hábitos a muitos. Reduzir o seu impacto aos jogadores que apanhou e ao clube em que caiu é muito fácil e nada condizente com a realidade. O Guardiola vale muito mais que isso.
Guilherme diz: "A questão é saber se a opção por este estilo de jogo foi algo de meramente circunstancial, ou se algo que já faz parte da identidade futebolística do Mourinho."
Guilherme, creio que o Mourinho, desde que foi eliminado pelo Liverpool no seu primeiro ano de Chelsea, nas meias-finais da Champions, que ficou de certa maneira obcecado com a revalidação da Champions. Acho que isso, aos poucos, começou a consumi-lo e a fazer com que abdicasse, gradualmente, de algumas convicções. Ainda assim, no ano imediatamente a seguir, Mourinho manteve a sua filosofia. Em Inglaterra o Chelsea esmagou, mas foi eliminado pelo Barça nos oitavos de final. Aos poucos, esta incapacidade para vingar numa prova a eliminar deverá ter tomado conta de Mourinho e ele entendeu que as suas equipas precisavam de ser mais cínicas. Por isso é que não concordo que o Mourinho se tem adaptado às diferentes realidades que encontra. Ele não se adaptou às diferentes realidades; foi, isso sim, modificando gradualmente as suas convicções. Tanto é que o terceiro ano de Chelsea foi muito diferente dos primeiros dois. Mourinho entendeu que precisava que a sua equipa fosse mais italiana, mais pragmática. E isto porque estava sobretudo interessado em voltar a ganhar a Champions. Acho até que as facilidades que tinha em ganhar o campeonato em Inglaterra fez com que aquilo já não fosse um desafio a sério. Assim, concentrou-se sobretudo na Champions e modificou a equipa para essa prova. O resultado desse ano ilustra aquilo que eu defendo que são os pontos negativos das mudanças de filosofia de Mourinho: perdeu o campeonato porque não conseguiu ser a equipa esmagadora que tinha sido antes, e acabou por não ganhar a Champions, caindo novamente aos pés de uma equipa cínica, o Liverpool. Aliás, as eliminatórias da Champions ilustram bem o que estou a dizer. O Chelsea teve bastantes dificuldades para ultrapassar Porto e Valência e conseguiu-o essencialmente pelo rigor táctico. Depois, frente ao Liverpool, uma equipa que, tacticamente, era tão forte quanto a de Mourinho, caiu tudo na lotaria dos penáltis porque simplesmente o Chelsea nunca se conseguiu impor como nos anos anteriores se impunha. E perdeu. Do mesmo modo que este ano a lotaria lhe sorriu, nesse ano foi para casa mais cedo. É o problema do seu pragmatismo. Fica demasiado dependente da sorte.
Ao chegar ao Inter, aquilo que lhe pediam era sobretudo a Champions. Eu, como muitos outros, tivemos a ilusão de que poderíamos ver Mourinho a revolucionar o Calcio, de que voltaríamos a ver o Mourinho das convicções do Porto e do Chelsea. A Mourinho, creio, interessava sobretudo vencer a Champions e estava convencido de que tinha de jogar à italiana para que isso acontecesse. Ao contrário do que eu imaginava, nunca terá passado pela cabeça do Mourinho montar a equipa para jogar deliberadamente ao ataque. As aquisições de Quaresma e Mancini explicam-se também por isto. Eram jogadores rápidos e habilidosos, bons sobretudo para momentos de transição, momentos que o Mourinho iria privilegiar. O seu Inter no primeiro ano foi uma decepção. Foi forte q.b. em Itália, mas fraco na Europa. Quando caiu aos pés do Manchester, Mourinho explicou exactamente isto. A sua estratégia tinha sido de contenção, procurando aproveitar os erros dos adversários. Foi, por isso mesmo, sempre inferior ao Manchester e foi bem eliminado. Como, no entanto, era o seu primeiro ano em Milão, interessava-lhe ganhar o campeonato e o seu Inter ainda apresentou, em muitos jogos, uma ideia de jogo interessante. Quando, no defeso, perdeu Ibrahimovic e adquiriu Lúcio, Milito, Eto'o e Sneijder, todos pensaram que Mourinho voltaria a jogar ao ataque, até porque as ideias conservadoras dos últimos anos só o tinham penalizado. Cheguei a pensar que Mourinho tinha essa ideia na cabeça. Mas creio que estava enganado. Ou então Mourinho mudou rapidamente de planos. O que é certo é que a estratégia defensiva com que abordou as eliminatórias da Champions teve o seu primeiro ensaio na fase de grupos frente ao Barcelona. Nessa altura, correu mal. Apesar de empatar em casa a 0-0, perdeu em Camp Nou por 2-0 e o apuramento esteve tremido. Ao longo da época, a estratégia foi-se refinando, o que deu azo a duas consequências. Se a equipa se tornou mais forte e sólida defensivamente, conseguindo colocar mais problemas aos ataques adversários, e mais mortífera ofensivamente, tornou-se igualmente menos competente com bola, menos criativa, menos capaz de suplantar as dificuldades impostas pelo tipo de equipas que não atacam tanto. Isto configurou-se num Inter muito eficaz em provas a eliminar e contra adversários que assumiam a iniciativa de jogo, mas num Inter gradualmente mais pobre enquanto equipa grande, perdendo 13 pontos na segunda volta para a Roma, por exemplo. No final, ganhou tudo, é certo. O futuro, porém, é que não me parece tão risonho como dizem. A menos que esta vitória na Champions tenha acabado com a obsessão de Mourinho de voltar a vencê-la, não estou a vê-lo a regressar às suas ideias de antigamente. No Inter, acabou por ter sorte no modo como construiu, na primeira metade da época, uma vantagem tão grande em termos internos. Caso não o tivesse conseguido, o seu cinismo ter-lhe-ia garantido a vitória na Champions, mas às custas do campeonato. Em Espanha, uma coisa será certa. Em termos internos, não terá as facilidades que teve em Itália e a menos que volte a dar importância às coisas que dava antes, terá algumas dificuldades.
Pedro Silva diz: "No fundo, e apesar da qualidade indiscutível do plantel, a especificidade de muitos dos seus jogadores não permite que a equipe jogue num bloco alto e dominante sem sofrer fortes desiquilibrios. Desde jogadores que sofrem a jogar alto a outros que valorizam demasiado as referências individuais entre outras coisas. Tudo isto são como sabes fortes impeditivos a que se jogue alto com qualidade. Mourinho tentou fazê-lo e fracassou. Adoptou outra estratégia foi aperfeiçoando esse modelo e no final saiu vencedor."
Pedro, acho que tens alguma razão. Mas já não estou certo se algum dia o Mourinho tenha pensado em voltar a jogar alto. Concordo contigo que a equipa que tem não lhe permite jogar tão alto quanto possível, mas também acho que ele forçou isso. O Córdoba em vez do Lúcio permitia-lhe jogar alto, por exemplo. Ao mesmo tempo, poderia ter adquirido mais jogadores para jogar de outra forma. Dinheiro não lhe faltou, certamente, depois da venda de Ibrahimovic. Parece-me que o plano dele foi sempre este e só estaria hesitante em usar um bloco baixo tão pronunciado. De qualquer modo, cada vez mais acho que a obsessão dele com a Champions e com a convicção de que só com o cinismo italiano a poderia voltar a ganhar foram as principais causas para pôr a equipa a jogar assim. Poderia facilmente, com os jogadores que tinha e com mais 2 ou 3 contratações, jogar de outro modo.
Samuel diz: "Acreditas que Guardiola noutra estrutura que não o Barcelona e com outros jogadores consiga mostrar o mesmo futebol fantástico que tem mostrado??"
Samuel, respondi a esta pergunta no comentário ao Máximo. Basicamente, acho que sim.
Bernardo diz: "o inter foi a melhor defesa este ano do campeonato italiano...mas foi também o melhor ataque."
Bernardo, o Inter não teve propriamente uma oposição forte em Itália. Essa foi a razão principal para ganhar o campeonato. Ou seja, ganhou-o por defeito e não por ter sido o melhor categoricamente. Não sei o que pretendes demonstrar com esses dados, mas eles não desvirtuam nada do que estou a dizer.
MHumberto, quando souberes ler, avisa. Ninguém falou do Rehhagel na Alemanha. Estou a falar do Rehhagel da Grécia, o mesmo que foi campeão europeu e a seguir não se apurou para o Mundial da Alemanha. E estou a utilizar a sua Grécia para mostrar que uma equipa que ganha com esses predicados pode muito bem a seguir perder, pois depende de muitas coisas. O mesmo se passa com o Liverpool do Benitez, que só pode ser uma equipa competente em provas a eliminar e mesmo nessas tão depressa as ganha como fica na fase de grupos. A comparação entre estas equipas (e não treinadores) e o Inter de Mourinho é por isso legítima. Enquanto não perceberes isso e achares engraçado chamares-me inepto e sugerires que digo coisas da boa para fora, não vale a pena continuarmos a falar. Não era agora que os garrafões de cinco litros iam começar a saber interpretar ideias de pessoas inteligentes.
o que um talento mundial pensa dos dois técnicos em discussão:
"E com Mourinho, como é?
Pergunte-lhe a ele [ri].
Pergunto-lhe a si. O que acha dele?
Esperava jogar mais, mas olhe... Tem personalidade e conhecimentos. Em geral, o que não suporto num treinador é que abra a boca e diga que joga ao ataque e, quando o pressionam um bocado, mude de ideias e ponha o autocarro. Nisso, Guardiola não me defraudará. É corajoso.
Surpreendeu-o que Guardiola tenha aceite o cargo?
Sempre soube que ele seria treinador porque ele sempre foi doente. É corajoso: experimenta e, se resulta, muito bem; se não, vai para casa. Alegra-me muito que ele esteja a ir bem. Tem as suas ideias muito claras e morrerá com elas, independentemente de o fazer bem ou mal.
Em que é que reconhece o toque dele ao ver jogar o Barça?
Na valentia da equipa, que assume riscos. Bom, é esse o estilo do Barça: ter a bola, jogar no meio campo do adversário, o terceiro homem, jogar de cor, extremos abertos... É a minha filosofia do futebol porque cresci assim e gosto muito. Tem risco, claro, mas o futebol é isso: assumir o risco. Se não arriscas, não ganhas. O futebol é dos corajosos. Perguntas a dez pessoas que jogo preferem e elas vão escolher o do Barça. Ficaria muito contente se lhe corresse tudo bem e se ganhasse títulos." figo, ainda como jogador do Inter, treinado por Mourinho.
Nuno
Eu acho que ele tinha intenção de jogar alto na primeira época. Na segunda acho que ele já sabia bem o que queria...
cumprimentos
Nuno eu não preciso de saber interpretar nada, tu felizmente falas uma linguagem bastante clara. Mérito teu esse.
Gostava que entendesses que para afirmares gostos ou preferências por estilos - Guardiola/Barça - não precisas de ir por todo um caminho - Mourinho/Inter - que só te faz cair no ridículo. Apenas isso.
E este ridículo não precisa de ser interpretado, está em coisas deste tipo:
"Mourinho ganhou, é certo, mas raramente foi superior ..."
"Dependeu sempre da inépcia dos adversários e da felicidade ..."
"O Inter não fez um campeonato brilhante e (...) sagrou-se campeão mais por demérito dos adversários do que por mérito próprio."
"A equipa (Inter) tornou-se absolutamente medíocre com bola."
"E com bons executantes, com os erros dos adversários e com a sorte qualquer incompetente pode contar."
"Esperava-se que a distinção entre um dos melhores treinadores do mundo e um simples agricultor se traduzisse de um modo mais categórico."
"Não venceu categoricamente, como o Barcelona o ano passado, por exemplo."
Neste parágrafo fizeste as contas com a 2ª mão da eliminatória com os londrinos? Ou mete-se de parte porque desmente o que o post pretende afirmar? Teve alguma coisa de categórica a passagem à final o ano passado dos catalães? Ou ficou a mercê de um Chelsea que os encostou às cordas durante 90´ e que falhou 5 ou 6 ocasiões claras de golo? Ou de 2 ou 3 penalties perdoados ao Barça e ao momento de inspiração do Iniesta a 5´ do fim?
Momento de inspiração repara, coisa diferente de sorte.
"Pode conduzir a vitórias, efectivamente, mas nunca trará regularidade; depende de demasiadas circunstâncias para que se possa impor por si própria. É também por isso que defendo que a posse de bola, em futebol, é tudo ..."
Praticamente todos os campeões europeus dos últimos 15 anos ou quase desmentem esta noção. Nem é preciso ir ao Futebol de Selecções para se perceber isto, mas se fossemos às Selecções então ...
"O que fez este ano com o Inter não tem nada de extraordinário e roça até a simples banalidade."
Simples banalidade ...
Citando-te pergunto-te eu, discutir o quê? Gostas do Guardiola e do Barça do Guardiola, e acho isso óptimo, excelente. Qualquer adepto que goste do jogo deve sempre preferir ver 2 equipas a tentar jogar futebol do que simplesmente ver 2 equipas a tentar ganhar jogos, só.
Mas como é que tu afirmas a admiração que sentes pelo Guardiola? Pegando no exemplo dos incompetentes e agricultores Mourinho, e Rehhagel.
Se não conseguires entender onde quero chegar (acho que entendes) fica de facto complicado haver discussão, porque certamente não estás à espera que quem aqui venha ler-te fique indiferente às "sortes", "incompetências" e "banalidades" de Treinadores que por onde passaram ganharam tudo, como foi o caso de 2 dos 3 que elencaste. E que 2 foste logo escolher: Mourinho e Rehhagel.
É de salutar que contemples estilos. E é de salutar que de entre 2 (competentes) estilos diferentes escolhas o do Guardiola. Eu acompanho-te nessa escolha sem qualquer reserva ou dificuldade. Se te ficasses por esta análise - vangloriando o que entendes melhor e mais completo - terias aqui imensas pessoas a dar-te os parabéns pelos pontos de vista que vais expondo. Escolhendo tu afirmar incompetências (quando não estás habilitado para fazê-lo) e rotulando Treinadores de agricultores cais no ridículo e corres o risco que tudo o que vais escrevendo seja posto dentro desse saco, o que é pena.
Quando conseguires entender isto não tenho dúvidas que conseguiremos comunicar melhor, é algo que faço com o maior prazer do mundo, comunicar com sportinguistas.
Cumprimentos.
De referir ainda que o Inter esteve empatado a 1 com o Chelsea em casa e chegou a estar a perder com o Barcelona mas a "equipa que só sabe jogar com espaço" ainda teve a felicidade de virar os jogos...
Eu não acho que Mourinho não goste de futebol bonito ou goste de estacionar autocarros. O que eu acho é que ele é um treinador que privilegia as opções tácticas que garantam o risco mínimo... Aquele futebol foi, dentro do que a equipa pode produzir, o que garante menos riscos.
FJR eu acho uma coisa muito simples:
O Mourinho nunca se convenceu que podia ganhar a LC porque ele não é parvo nenhum e sabia muito bem que este ano (tal como o ano passado) havia um grupo de candidatos mais forte que o Inter: Barcelona, Real, Chelsea e o próprio Manchester que na fase da eliminação com o Bayern vinha a somar vitórias atrás de vitórias e o Rooney vinha fazendo mossa em praticamente tudo o que era adversário. Agora a partir do momento em que o Mourinho elimina o Chelsea aí sim, ele viu a oportunidade e preparou a eliminatória com o Barcelona para ganhá-la. Não que já não o tivesse feito com o Chelsea porque nenhum Treinador prepara um jogo para perdê-lo mas em termos de convicção o Inter que faz os 2 jogos com o Barcelona é totalmente diferente do anterior, especialmente no jogo do Giuseppe Meazza em que ganhou - e bem - por 3-1. Teve menos a bola - acontecerá 99 em 100 vezes que uma das equipas no campo seja o Barça - mas foi mais equipa, mais autoritário, e esteve melhor que o Guardiola nas opções para o jogo.
Em Camp Nou fez o que lhe competia e justificou a passagem à final.
Pode meio mundo ter ficado descontente com a eliminação do Barcelona - meio mundo no qual me incluo - mas isto nunca poderá servir para dizer que o Inter foi mais fraco, incompetente e que não mereceu a passagem. O problema está aqui mesmo: a necessidade de afirmar o gosto e competência de uns apontando para isso a (falsa) incompetência de outros. Isto não faz nenhum sentido e deixa perceber que o post não é sério no que pretende afirmar.
Qualquer outra equipa reduzida a 10 na Catalunha a defender com 9 homens atrás da linha da bola mais o guarda-redes teria saído de lá com 4 ou 5 encaixados, e quem não perceber que gostos aparte, preferências por estilos aparte, o Mourinho faz no jogo de Barcelona uma demonstração de tudo o que faz dele o melhor Treinador do mundo está a ver o problema de forma tapada. E faz essa demonstração? Com uma performance defensiva irrepreensível, que toda a gente viu. Eu posso não gostar de futebol defensivo mas não posso tratar este futebol como mais incapaz do que o outro, porque são 2 formas de jogar que se aceitam e das quais é sempre possível aferir sobre a competência de quem as projecta, quase sempre por via dos resultados. Não resultados num jogo mas resultados ao longo de meses, anos, épocas inteiras. E isto serve para as formas de jogar:
em Espanha o futebol de ataque de uns sagrou-se bi-campeão e podia muito bem ter-se sagrado campeão europeu mas em Itália o Mourinho a jogar como jogou foi também (só ele, não o Inter) bi-campeão e sagrou-se campeão europeu.
E por isso é muito mais sério dizer:
Gosto.
Não gosto. Só.
É simples, não custa nada e escusa-se de estar a cair no ridículo de qualificar e opinar sobre o trabalho do Mourinho ou de qualquer outro Treiandor como se os treinadores de bancada algum dia pudessem ou estivessem habilitados a fazê-lo. E o equívoco está aqui: é 1 jogo, só pode ganhar 1.
Ambos são e foram competentes mas ganhou o Inter, conseguiu ser um bocadinho melhor, da mesma forma que muito bem ter ganho o Barça, mesmo contra um Inter 100% concentrado e "sem" falhas. Não é preciso inventar muito.
E mesmo neste confronto de Barcelona os Tadeias se quisessem encontrariam motivos para dizer que o Mourinho voltou a estar melhor que o Guardiola, como já havia estado na 1ª mão. Fica reduzido a 10, não mexe na equipa (quantos Treinadores teriam naquele momento tirado um dos 4 da frente para mandar entrar outro médio que fosse fazer o lugar do Motta? Todos, se calhar), dispõe a equipa atrás da linha da bola de forma diferente claro porque tem -1 (mas com os mesmos jogadores) em campo e fá-lo de uma forma superior. E esta superioridade (na competência) do Mourinho e do Inter nesse jogo fica demonstrada pela incapacidade do Barcelona e do Guardiola de levar perigo à area do Inter, com mais 1 jogador durante 1 hora de jogo. O Guardiola que em Milão já tinha tirado o Ibrahimovic do jogo quando estava a correr atrás do prejuízo volta a fazer isso no jogo de Camp Nou e eu se quisesse ter treinador de bancada também poderia dizer que este facto por si só indica que na guerra de Treinadores o Mourinho foi melhor. O Ibrahimovic é um jogador sempre útil, valioso, porque é muito bom e para além de ser bom é inteligente mas o facto é que o Guardiola tirou-o do campo estando ele completamente atado entre o Lúcio e o Samuel, e faz isto para quê? Para dali a minutos mandar avançar para lá o Pique. Pronto, se quisesse ser Tadeia diria que o Guardiola foi incompetente e agricultor, porque ao fim ao cabo jogou os últimos 15 ou 20 minutos com um Pique a fazer de Ibrahimovic quando o sueco será certamente muito mais perigoso e competente naquela zona do campo. Mas não é preciso entrar por aí, o Guardiola sentiu-se atado, mudou, fez entrar um jogador mais pequeno, móvel, rápido, que desse outras soluções e o jogo continuando a não produzir perigo fê-lo voltar a mudar, fazendo avançar um central para a área adversária.
Ponto. Isto nós vimos, não é preciso andar aqui à caça de incompetências. Esse tipo de arrogância opinativa só soa a patetice, nada mais.
boas,
a ver se nos entendemos com isto então. quando eu disse que o inter foi o melhor ataque era só para deixar aqui a nota e tão só isso. concordo com o nuno quando diz que a concorrência em itália foi fraca. é verdade. mas eu não disse que o inter ganhou bem ou mal ou com mérito próprio ou demérito dos adversários. disse apenas que foi a equipa que mais golos marcou, que convenhamos não seria possível se fosse uma equipa que com 1-0 se limitasse a defender, porque aí na melhor das hipóteses tinha 30 golos numa época, contando que não marcaria em todas as jornadas. mas isto não é o importante na questão, é apenas uma ressalva. vamos encarar os factos, mourinho quando chegou a itália tentou implementar as suas ideias e jogar um futebol atacante, determinado segundo os seus principios de posse e pressão alta. mas mourinho é muito mais um treinador vencedor e extremamente competente e conhecedor, do que um filósofo. reparemos neste excerto de uma entrevista que ele dá no dia a seguir a ser campeão no primeiro ano em itália, falando acerca de ter uma equipa maioritariamente veterana e quando perguntado sobre se esses jogadores já não teriam mesma vontade de ganhar. mas atentemos também no que vem a seguir:
mourinho - "Eu não vou por aí, porque humanamente é tão bom que eles
querem continuar. Agora o espaço de evolução do jogo da
equipa é que não. Eu cheguei a Novembro, e eu disse que
“se eu continuar a ir à procura do espaço de evolução da
equipa, eu não ganho o campeonato”.
pergunta - Tens que abdicar de certas coisas...
mourinho - Exactamente. Eu tenho que abdicar de alguma coisa.
Eu cheguei a um momento em que disse “o espaço de
evolução acabou e eu tenho que me agarrar à defensiva da
equipa, a 3 ou 4 princípios de jogo que eram fundamentais”.
Por exemplo, ainda ontem li qualquer coisa na Gazzetta
dello Sport, o jornal do Milan, em que faziam uma análise
ao trabalho dos campeões e uma análise ao meu trabalho,
dizendo que eu não trouxe nada de especial. Não perceberam
que o que eu trouxe de especial foi a maneira como o
grupo foi gerido. Acho um grande erro de um treinador não
ser capaz de abdicar de certos objectivos. Há treinadores
que dizem “ este é o meu modo de jogar preferido, este é
o meu sistema táctico preferido, e vou com este sistema e
com esta filosofia até à morte.” Eu acho que é completamente
errado. Eu acho que é legítimo dizer “esta é a minha
filosofia de jogo preferida, este é o meu modelo de jogo
preferido, este é o meu sistema táctico”. Isso é legítimo
dizer. Agora dizer “eu vou com isto até à morte”…aí é que tu
morres mesmo!"
portanto, acho que este excerto explica quase tudo quanto às convicções de mourinho. no entanto, como disse o nuno e bem, alterando um ou dois jogadores poderia ter uma equipa que permitisse jogar mais alto. é verdade. mas outra verdade é que em posse quase toda a equipa do inter é francamente má. são os próprios jogadores que não estão formatados para esse tipo de jogo. apenas sneijder tem qualidade de sobra. o resto do meio campo do inter é um meio campo francamente limitado tecnicamente. cambiasso, stankovic, motta, etc. garantem ocupação dos espaços correcta, garantem agressividade, intensidade de jogo, mas nunca garantiram qualidade em posse. nunca na sua carreira e muito menos nesta idade, principalmente para os mais velhos. simplesmente não têm a qualidade técnica que permitisse ao inter jogar em posse com qualidade e rapidez suficiente para criar desequilibrios com bola.
bom, para já fico-me por aqui.
a conversa continua ;)
saudações desportivas,
bernardo
Daqui a 20 anos, vamos contar quantas Champions tem José Mourinho; vamos também ver o que ganhará Guardiola quando sair do Barcelona. E não é preciso dizer absolutamente mais nada. Nada como factos para desmontar teorias estúpidas. Mourinho converter-se-á no melhor treinador da história do futebol.
MHumberto diz: "Gostava que entendesses que para afirmares gostos ou preferências por estilos - Guardiola/Barça - não precisas de ir por todo um caminho - Mourinho/Inter - que só te faz cair no ridículo."
MHumberto, por outro lado, eu gostava que entendesses que não estou a afirmar gostos ou preferências. Se quisesse dizer que gosto mais de um estilo do que doutro, dizia-o e não precisava de argumentar nada. Da mesma maneira que posso dizer que prefiro cerejas a laranjas. O que estou a fazer é algo bem diferente. Estou a dizer que há estilos melhores que outros, sistemas tácticos melhores que outros, filosofias melhores que outras. E isto porque futebol não é fruta. Trata-se de um jogo e, como todo o jogo, uma coisa com regras. Tudo o que possui regras possui maneiras melhores de ser jogado. O que estou a dizer é que a maneira que o Mourinho usou para vencer tem vantagens e desvantagens. E, como conclusão, essa maneira, que privilegiava o espaço, é, no seu todo, mais desvantajosa que uma maneira que privilegiasse a posse. Foi isso que procurei argumentar. Se queres contra-argumentar, se queres sugerir que a maneira que privilegia o espaço é tão boa quanto a outra, fá-lo rejeitando os argumentos e sugerindo argumentos novos. Não te limites a dizer que não posso dizer que uma coisa é melhor que outra por ser ridículo fazê-lo. Isso é estúpido e não é argumentativo.
"Neste parágrafo fizeste as contas com a 2ª mão da eliminatória com os londrinos? Ou mete-se de parte porque desmente o que o post pretende afirmar? Teve alguma coisa de categórica a passagem à final o ano passado dos catalães? Ou ficou a mercê de um Chelsea que os encostou às cordas durante 90´ e que falhou 5 ou 6 ocasiões claras de golo? Ou de 2 ou 3 penalties perdoados ao Barça e ao momento de inspiração do Iniesta a 5´ do fim?"
MHumberto, já percebi que alinhas na imbecilidade da opinião pública maioritária. Vou referir isto novamente, porque a mentira é feia e é bom ouvir certas verdades de vez em quando. O Barcelona não fez um bom jogo na segunda mão contra o Chelsea. Isto não significa que o Chelsea merecesse passar. Significa que o Barcelona não foi tão bom nesse jogo como é habitual. Agora, em primeiro lugar, é falso que o Chelsea tenha criado 5 ou 6 oportunidades. O Barcelona criou 3 ou 4. O Chelsea não criou nenhuma. Criou algumas na primeira mão. Na segunda não. Não sei também o que queres dizer com o Chelsea ter encostado o Barcelona às cordas durante 90 minutos. O jogo decorreu todo junto às imediações da área do Chelsea, mesmo quando o Barcelona ficou reduzido a 10. Em relação aos 2 ou 3 penálties perdoados, é uma opinião tão estúpida que só merece ser discutida porque quase toda a gente ficou a acreditar que se tratou da verdade. Reconheço que há 1 penalty que poderia ter sido marcado, um outro que ninguém no seu perfeito juízo consegue dizer se é dentro se é fora com toda a certeza, e um terceiro lance que é o remate à queima-roupa do Ballack. Mas e a expulsão do Abidal, por que é que as pessoas não falam disso? E do jogo da primeira mão? Nesse jogo, há um penalty que fica por marcar sobre o Henry, um segundo amarelo que fica por mostrar ao Ballack, quando o Iniesta ia entrar na área e o amarelo ao Puyol, que o impede de jogar a segunda mão, obrigando que Yaya Touré jogasse a central. Por que é que não se fala desse jogo? No mínimo, o Barcelona partia para a segunda mão em vantagem, o que obrigaria o Chelsea a jogar de outro modo. Mas as pessoas gostam é de escândalo e acham que o Barcelona foi ajudado quando não foi. Resumindo, foi a eliminatória menos categórica do Barcelona, mas ainda assim uma passagem justíssima. Tirando, porém, essa eliminatória, cilindrou Lyon e Bayern e andou 90 minutos a gozar com os então campeões europeus em título, o Manchester. Isso sim, é categórico.
"Praticamente todos os campeões europeus dos últimos 15 anos ou quase desmentem esta noção. Nem é preciso ir ao Futebol de Selecções para se perceber isto, mas se fossemos às Selecções então ..."
Em primeiro lugar, sugeri que uma competição que se define por eliminatórias, ao contrário de um campeonato nacional, pode bem ser ganha por equipas que não sejam tão fortes em posse. Ainda assim, é um tremendo disparate sugerir que quase todas as equipas vencedoras da Liga dos Campeões, nos últimos anos, sejam essencialmente defensivas. Aliás, há tanta gente com esta ideia que eu só posso crer que se trata de um daqueles disparates (como a ideia de que o Barcelona foi ajudado contra o Chelsea) do qual as pessoas ouviram falar e ficaram a acreditar. Vamos desmenti-lo. Os últimos 15 vencedores da Champions foram: Juventus, Dortmund, Real Madrid, Manchester United, Real Madrid, Bayern de Munique, Real Madrid, Milan, Porto, Liverpool, Barcelona, Milan, Manchester United, Barcelona, Inter. Destes, apenas Juventus, Milan (x2), Liverpool e Inter foram equipas que ganharam sem procurar ter claramente a iniciativa de jogo. 5 em 15! 33%! Para ti, estas 5 equipas são praticamente todas as que venceram. Estás equivocado, como se comprova. Mas vamos também ao futebol de selecções, porque nesse campo há também quem ache o mesmo que tu. Exemplos de equipas que venceram recorrendo a um futebol defensivo, que concede a iniciativa ao adversário e explora essencialmente o contra-ataque, há tão poucos a este nível que é quase ofensiva a sugestão de que são os principais vencedores. Só desde 70 para cá, que é para não irmos muito longe, temos, como campeões do mundo, Brasil, Alemanha, Argentina, Itália, Argentina, Alemanha, Brasil, França, Brasil, Itália. Destes, só a Itália de 82 e, em parte, a de 2006, foram equipas essencialmente defensivas. A França de 2008 também primava pelo rigor defensivo, embora depois fosse uma equipa inteligente com bola, que não explorava apenas o contra-ataque. Tirando estes, o resto eram equipas deliberadamente ofensivas. Ou seja, desde 70, apenas 20% dos vencedores eram equipas como as que tu achas que ganham mais vezes. Em campeonatos da Europa, desde 88, va lá, temos a Holanda, a Dinamarca, a Alemanha, a França, a Grécia e a Espanha. Destes 6, só a Grécia venceu jogando deliberadamente à defesa. O resto foram equipas de ataque, quase todas reconhecidamente as que melhor futebol praticavam na altura. Não percebo como é que possível sugerir que o futebol defensivo ganha mais. É uma mentira tão óbvia que só pessoas a quem não lhes apetece recordar o passado e que aceitam tudo o que lhes dizem podem perpetuá-la.
"Gostas do Guardiola e do Barça do Guardiola, e acho isso óptimo, excelente. Qualquer adepto que goste do jogo deve sempre preferir ver 2 equipas a tentar jogar futebol do que simplesmente ver 2 equipas a tentar ganhar jogos, só."
MHumberto, eu não gosto do Guardiola porque joga ao ataque e não à defesa. Isso é estúpido. Isso era como preferir, num jogo de damas, jogar com as pretas porque gosto mais da cor. Eu gosto do Guardiola porque entendo que aquela é a melhor maneira de jogar o jogo. Simples.
"Mas como é que tu afirmas a admiração que sentes pelo Guardiola? Pegando no exemplo dos incompetentes e agricultores Mourinho, e Rehhagel."
Rapaz, tu sabes mesmo ler? Quem é que chamou incompetente ao Mourinho e ao Rehhagel? O Mourinho revolucionou o futebol quando apareceu. Se entretanto não tivesse aparecido o Guardiola, o Mourinho continuava a ser a minha principal referência. Mas, apesar de o achar extraordinário, acho que algumas das suas convicções recentes não são as melhores. E o seu trabalho no Inter, do meu ponto de vista, foi o mais fraco desde que começou a sua carreira. Já expliquei porquê. Daqui até achar que ele é incompetente vai uma distância sobre-humana e só alguém com muita imaginação é que poderia acreditar que eu penso isso. Quanto ao Rehhagel, vou repetir novamente: estou a falar do Rehhagel da Grécia. Não se trata de incompetência, mas sim da opção por um modelo que só pôde vingar pela inépcia dos opositores que encontrou, nomeadamente a França e Portugal, e pela sorte (a República Checa enviou 3 bolas ao poste na meia-final). Não preciso relembrar que a Grécia se apurou com muita dificuldade na fase de grupos. Depois de ter vencido Portugal no primeiro jogo, empatou quase que por milagre com a Espanha, já nos minutos finais da partida, e no último jogo, quando dependia só de si e precisava de, pelo menos empatar, perdeu com a Rússia. Apurou-se porque Portugal venceu a Espanha por 1-0 e a Espanha não tinha tantos golos marcados. Sempre que precisava de tomar a iniciativa de jogo, a Grécia de Rehhagel era ridícula. Isso viu-se contra a Rússia, que até já estava eliminada, e viu-se depois na qualificação para o mundial da Alemanha, tendo o campeão europeu ficado na fase de qualificação.
"Se não conseguires entender onde quero chegar (acho que entendes) fica de facto complicado haver discussão, porque certamente não estás à espera que quem aqui venha ler-te fique indiferente às "sortes", "incompetências" e "banalidades" de Treinadores que por onde passaram ganharam tudo, como foi o caso de 2 dos 3 que elencaste. E que 2 foste logo escolher: Mourinho e Rehhagel."
MHumberto, isto já chateia. Vou repetir: o Mourinho teve muito mérito em ganhar no Porto e no Chelsea. Não o teve tanto agora no Inter. Ponto final, parágrafo. Está compreendido?
"Escolhendo tu afirmar incompetências (quando não estás habilitado para fazê-lo) e rotulando Treinadores de agricultores cais no ridículo e corres o risco que tudo o que vais escrevendo seja posto dentro desse saco, o que é pena."
Pá, que estupidez! Mas quem é que está habilitado a falar de competências em futebol? Há diplomas que habilitam pessoas? Ou, como noutra área qualquer, não serão os argumentos que validam essa competência? Pá, e quem é que rotulou alguém de agricultor?? A tua incapacidade para perceber português é incrível!
"Quando conseguires entender isto não tenho dúvidas que conseguiremos comunicar melhor, é algo que faço com o maior prazer do mundo, comunicar com sportinguistas."
Como todo o imbecil que aqui vem com o único intuito de atacar, cais na asneira de achar que sou sportinguista. Nunca percebi muito bem esta tendência. É algo que, de facto, me ultrapassa.
"Não que já não o tivesse feito com o Chelsea porque nenhum Treinador prepara um jogo para perdê-lo mas em termos de convicção o Inter que faz os 2 jogos com o Barcelona é totalmente diferente do anterior, especialmente no jogo do Giuseppe Meazza em que ganhou - e bem - por 3-1. Teve menos a bola - acontecerá 99 em 100 vezes que uma das equipas no campo seja o Barça - mas foi mais equipa, mais autoritário, e esteve melhor que o Guardiola nas opções para o jogo."
Mas esteve melhor porquê? Em termos de oportunidades, o Barcelona teve tantas como o Inter. Esteve melhor como, então? Em posse de bola, o Barcelona também teve mais. A única coisa em que o Inter esteve melhor, nesse jogo, foi em ser mais beneficiado que o árbitro. O segundo golo, então, e que vira a eliminatória, é crucial. Sem ele, toda a eliminatória teria sido diferente. O Inter precisou de ganhar 3-1 para poder jogar como jogou no segundo jogo, mas alguém no seu perfeito juízo acha que o resultado justo foi o que se confirmou? Trata-se de futebol. Ficou 3-1 como poderia ter ficado 1-3. Na minha opinião, tendo em conta as oportunidades de golo, o justo teria sido um 2-2, ou um 3-3. Alguém teria ficado escandalizado com esse resultado? Claro que não.
"Fica reduzido a 10, não mexe na equipa (quantos Treinadores teriam naquele momento tirado um dos 4 da frente para mandar entrar outro médio que fosse fazer o lugar do Motta? Todos, se calhar), dispõe a equipa atrás da linha da bola de forma diferente claro porque tem -1 (mas com os mesmos jogadores) em campo e fá-lo de uma forma superior. E esta superioridade (na competência) do Mourinho e do Inter nesse jogo fica demonstrada pela incapacidade do Barcelona e do Guardiola de levar perigo à area do Inter, com mais 1 jogador durante 1 hora de jogo."
Pá, ele não meteu alguém no lugar do Thiago Motta porque já tinha começado com o Chivu à esquerda. A única coisa que fez foi juntar mais as linhas, deixando o Milito só na frente. Quanto ao Barcelona não ter levado perigo, é mais uma mentira que os tolos gostam de proferir. O Barcelona criou 7 ocasiões de golo, 4 delas claríssimas. Se não consegues ver isto e preferes ver um jogo defensivo exemplar, sem falhas, do Inter, força. Mas vai falar de fantasias com outro maluquinho...
"O Guardiola que em Milão já tinha tirado o Ibrahimovic do jogo quando estava a correr atrás do prejuízo volta a fazer isso no jogo de Camp Nou e eu se quisesse ter treinador de bancada também poderia dizer que este facto por si só indica que na guerra de Treinadores o Mourinho foi melhor."
MHumberto, estás a esquecer-te que o Guardiola não utilizou o Iniesta. É mais uma prova da sua incompetência. Lá por estar lesionado não quer dizer nada. Se ele é bom treinador, devia ter posto o Iniesta. Isto para dizer que o Ibrahimovic não treinava há mais de um mês, que andou a recuperar para essa eliminatória, e que não aguentaria certamente 90 minutos. Daí tê-lo tirado. Usares essa opção técnica para diminuíres o trabalho do Guardiola não é só ilegítimo, é estúpido. E não percebo, então, por que é que não utilizas também o argumento de que não utilizou o Iniesta. E já agora o Dani Alves, que tinha a condicionante de estar castigado, mas que qualquer treinador competente deveria certamente saber contornar. Que artolas!
"Para dali a minutos mandar avançar para lá o Pique."
MHumberto, ler faz bem à saúde e, além disso, previne o disparate, doença que, sem grandes dificuldades, te diagnostico. Se tivesses lido as declarações do Piqué, saberias que foi ele, por sua auto-iniciativa, quem decidiu subir no terreno.
Bernardo diz: "outra verdade é que em posse quase toda a equipa do inter é francamente má. são os próprios jogadores que não estão formatados para esse tipo de jogo. apenas sneijder tem qualidade de sobra. o resto do meio campo do inter é um meio campo francamente limitado tecnicamente. cambiasso, stankovic, motta, etc. garantem ocupação dos espaços correcta, garantem agressividade, intensidade de jogo, mas nunca garantiram qualidade em posse. nunca na sua carreira e muito menos nesta idade, principalmente para os mais velhos. simplesmente não têm a qualidade técnica que permitisse ao inter jogar em posse com qualidade e rapidez suficiente para criar desequilibrios com bola."
Bernardo, isto não é verdade. Para se ter qualidade em posse, não basta apenas a técnica. É preciso também velocidade de pensamento, inteligência. O meio-campo do Inter tinha alguns jogadores que lhe permitiriam jogar em posse. Além do Sneijer, o Stankovic tem qualidade suficiente, o Cambiasso é bom com bola, o Zanetti é muito inteligente a decidir. E depois era também uma questão de treino, de rotina, de habituação, de mentalidade. Repara que o Barça joga muitas vezes com o Keita, que é banalíssimo em termos técnicos e até de tomada de decisão. Em espaços mais fechados, não é um jogador que dê muita qualidade à posse do Barça. Mas inserido no grupo e formatado para jogar dessa maneira, confunde-se em muitos momentos do jogo com os melhores jogadores do meio-campo catalão. Não acho que o Inter tivesse dificuldades para jogar em posse. A única coisa que concedo ao Mourinho é que a equipa, sobretudo pela idade e por algumas deficiências e vícios de alguns jogadores, tivesse alguma dificuldade para jogar alto. Esse sim, talvez fosse pretexto relevante para a adopção de ideias tão diferentes.
Bruno Pinto, tens noção de que te costumas dar mal com as apostas que fazes, não tens? Para já, a média do Guardiola é bem superior à do Mourinho: em 2 épocas, 7 títulos, 3,5 títulos por época.
Podes tentar desmentir as vezes que quiseres mas a verdade é só uma: O Barça foi escandalosamente beneficiado em Londres com, pelo menos, dois penaltys limpinhos por assinalar a favor do Chelsea.
O Chelsea não teve nenhuma oportunidades?!?!?? Só o Drogba falhou dois golos feitos...
Francamente Nuno, tu de vez em qd perdes completamente a noção do q escreves.
"Bruno Pinto, tens noção de que te costumas dar mal com as apostas que fazes, não tens? Para já, a média do Guardiola é bem superior à do Mourinho: em 2 épocas, 7 títulos, 3,5 títulos por época."
Lá está...isto é uma argumentação tão patética q só demonstra a tua clara falta de argumentos... O Mourinho passou por três clubes e venceu sempre. Qd o Guardiola fizer o mesmo podes então falar, até lá se queres ser tido como inteligente tens q evitar estas respostas sem qqr nexo...
Pedro, o Barcelona foi beneficiado. Não o foi escandalosamente. Nem o foi mais do que tinha sido prejudicado na primeira mão. É este o ponto.
Quais golos falhados pelo Drogba?? Na segunda mão? De certeza? A única oportunidade de que me lembro é um lance em que o Drogba se consegue isolar, mas depois é desarmado antes de rematar, sendo o lance de um dos penaltys que normalmente reclamam. O Drogba tem uma isolado, sim, mas na primeira mão.
Por fim, Pedro, ninguém está a comparar o que um fez com o outro. Estou só a referir que o Guardiola, se continuar a este ritmo, acaba com mais títulos que o Mourinho. Então e se o Guardiola nunca sair do Barcelona? Não conta?
Para a comparação que se estava a fazer não conta pq há quem diga q o Guardiola só no Bárça é que conseguia fazer o q fez. Precisa de ser testado noutro clube para se ver se é uma questão de treinador ou de clube.
Mourinho já ultrapassou esse patamar, é uma questão, clara, de treinador.
não sejas assim....mourinho não se limitou a defender e esperar pela santa sorte...se reparares em todos os lances que tinham de ataque criavam perigo. é por sorte? ou trabalho? a grande virtude de um treinador não é o perfeccionismo da posse de bola, mas sim o adaptar-se ao contexto. Gostava de te ver treinar o portimonense na superliga e com uma posse de bola brutal e a ganhar jogos... gostava mesmo... ias-te sentir frustrado.. havia jogos em que era possível, noutros não...
Adaptar-se é muito mais que impor ideias. e não me digas que o inter de mourinho não tem sentido colectivo e só o barça tem porque joga em posse..... não é o único indicador... ah, e se o estilo "sortudo" de mourinho só desse resultado em competições a eliminar não tinha ganho o campeonato italiano...ou secalhar foi sorte também.....ter estado 11 pontos à frente... e ter acabado realmente campeão...
não sejas fundamentalista...não vendas a alma a 1 e só 1 coisa. adapta-te e vê valor em quem o faz....e bem!
ah, e não é por não serem da tua opinião que as pessoas passam a ser parvas, palhaças, burras e tudo mais...
abraço
No Chelsea-Barcelona o Chelsea teve vários lances bem perigosos na área do Barça, mas o Barça esteve melhor, simplesmente porque foi a única equipa que quis jogar o jogo.
Quanto aos lances duvidosos contra o Barça, na minha opinião:
no primeiro lance há um choque entre o Dani Alves e o Malouda, choque puro e simples, o Malouda de certeza não estava à espera que o Alves saísse da frente;
dps o Drogba quando vê a bola perdida e após o contacto do adversário atira-se para a relva; no segundo o Yaya Toure corta a bola e leva o Drogba à frente, a bola é tocada e apesar do espalhafato, não é penalti;
o lance sobre o Anelka é claramente penalti, para além dos naturais contactos, há um empurrão claríssimo;
o do Pique tenho muitas dúvidas se a mão é intencional ou não, por motivos de equilíbrio, nunca vi nenhum jogador correr e estacar com os braços em baixo: ele realmente abre a mão quando a bola vem mas é uma coisa instintiva e as regras falam claramente de intenção em cortar a bola (e é bom lembrar os critérios dos árbitros no Barça-Inter e no Inter-Bayern): creio que depende acima de tudo do árbitro e creio que pela cara do Pique após o lance ele estava à espera que o penalti fosse marcado: era um lance que podia dar para os dois lados;
o Abidal é claramente mal expulso, o Anelka atrapalha-se nos pés do Abidal e cai;
já agora, se o Olegário tivesse arbitrado este jogo, o Ballack também teria sido expulso por protestos.
Mas isto é só a minha opinião...
No fundo, o Chelsea-Barça acaba por justificar o argumento subjacente a este post: para te precaveres de eventuais erros de arbitragem e de elementos aleatórios e incontroláveis, tens que contar apenas com aquilo que consegues realmente controlar: a bola, fundamento do Jogo.
Guilherme falou-se no jogo de Londres, não no da 1ª mão.
Viste o jogo? Ou dizes que o Barça foi a única equipa que quis jogar só para concordar com o que o post pretende afirmar?
Nuno, caro amigo, vou ser claro:
Tu não alinhas pela "maioria da opinião", não és "imbecil" nem "estúpido", apresentas um perfeito domínio do Português e não és "burro".
Tu és tonto.
Não conseguir ver os méritos da exibição do Mourinho e do Inter em Barcelona - que foi seguramente uma das mais perfeitas demonstrações defensivas do futebol nos últimos - faz de ti um tonto. Está claro?
E recorreres a conselhos onde sugeres que vá aprender a ler para além de completa e total perda de tempo nada mais faz do que reforçar essa tua tontice e incapacidade. Cinge-te ao que conheces e guarda os conselhos para quem precise deles, já que não os usas para ti mesmo .... como devias.
O dia em que eu precisar de ajuda para ler ou escrever será o dia em que tu estarás habilitado para aferir sobre a menor competência do Mourinho, isto é: nunca.
Sobre o que disseste:
Campeões europeus dos últimos 15 anos. Troca o 15 por 10 e a tua percentagem sobe imediatamente para a meia centena ou quase. Tivesses feito isso e escusavas de andar a perder tempo com calculadoras. O argumento principal sugeria que os últimos - que não 2 ou 3 - campeões europeus desmentem a noção que apresentaste, desmentido esse que não carece de exaustiva fundamentação. Ao contrário de ti - espécimen integralmente imbuído do "fenómeno Tadeia" - eu perco mais tempo a ver futebol do que a ler ou a escutar aspirantes e projectos falhados de Treinador e, fazendo-o, apercebo-me de algo muito simples: exceptuando os 2 últimos Barças, o Shakhtar de 2008 ou o quase-Arsenal de 2006, a esmagadora maioria das competições europeias de Clubes e a esmagadora maioria das competições europeias e mundiais de Selecções são ganhas por equipas que privilegiam o rigor e a postura táctica a um futebol mais ofensivo que ofereça mais liberdade aos jogadores.
Se quiseres ... e para evitar que comeces já a fazer continhas de cabeça esquece os nºs "15" e "10", esquece os termos "competições", "Clubes" e "Selecções" e troca tudo por uma noção mais descomplicada:
Exceptuando 3 ou 4 equipas o que se hoje em dia se vê é um futebol que de ofensivo e atraente pouco ou nada tem, na esmagadora maioria do tempo.
E esta afirmação pode ser suportada por aquilo que 90% dos adeptos de futebol não retira – hoje - do espectáculo que consome. Na maioria do tempo apenas vazio, desgosto pelo que é consumido e sensação notória que é preciso introduzir alterações no formato do jogo - regras ou outras - que façam do futebol uma coisa mais atractiva que consiga alimentar esses mesmos adeptos.
Esmagadora maioria dos adeptos claro. Falo só destes. Não estou a contemplar os aspirantes-a-Tadeia / Treinadores de bancada ou de sofá / Magos da blogoesfera de análise futebolística / Arquimedes e Galileus do 3-4-3 losango ou do 4-4-2 paralelepípedo ou dos ferrinhos triangulares que abundam por aqui, acoli e acolá, claro.
Da mesma forma que não estou a contemplar o universo de gentes para quem o futebol se resume a 4 ou 5 sprints do Ronaldo ou a 5 ou 6 trugues giros do Ronaldinho.
Falo da esmagadora maioria dos outros, os que ainda são uma maioria, quero acreditar ...
Sobre o seres sportinguista ou não estou-me - como calcularás - nas tintas para isso. Se te presumi sportinguista foi lapso: talvez por o teu colega sê-lo ou talvez por eu apenas frequentar blogues conotados com o Sporting, talvez por isso. Se não o és, óptimo. Da mesma forma que óptimo seria se o fosses. É-me totalmente indiferente a questão.
Sobre o mais: não, não me esqueci que o Iniesta não jogou o jogo de Camp Nou. Disparate é presumires que alguém entenderia a sua não utilização como algo que atentasse contra a competência do Guardiola, dado o espanhol estar indisponível. Não sei deste modo porque é que introduziste a questão, mais ninguém - excepto tu - falou nela. Mas se quiseres ... podemos explorar a menor competência do Guardiola na eliminatória em comparação com a do Mourinho e podemos fazê-lo introduzindo mais elementos para além da questão Ibrahimovic. Este exercício será contudo bacoco porque tal como te disse ele está reservado ao universo Tadeia: não a discussão sobre futebol - onde todo e qualquer um pode e deve opinar - mas sim a caça de competências ou incompetências, sejam elas de Mourinhos ou Guardiolas.
Indo por esta área e fazendo-te a vontade repito-te de forma clara também: na guerra de Treinadores o Mourinho esteve melhor. E sim ... a utilização do Ibrahimovic foi um erro, erro esse que de resto foi corrigido em Milão. Erro esse repetido - e novamente sujeito a correcção - em Camp Nou.
Vestindo o fato do aspirante-a-Tadeia e usando-me de termos teus: o Guardiola foi burro em voltar a utilizar o sueco, especialmente depois de ter verificado no Giuseppe Meazza que o mesmo havia sido completamente inútil. Este erro ... podia e devia ter sido evitado.
Está claro?
Despindo o fato de aspirante-a-Tadeia: a eliminatória mostrou-nos que quer em Milão quer em Barcelona a equipa catalã foi muito mais perigosa nos últimos 30´de jogo. E a eliminatória mostrou-nos também que aos 62´do primeiro jogo e aos 63´ do segundo o Guardiola decidiu tirar o sueco do campo. Sendo o Guardiola um excelente Treinador teve de certeza razões para apostar no sueco, caso contrário ... não o faria. O seu conhecimento da equipa do Barça é infinitamente superior a qualquer outro.
Novamente Nuno, está claro?
Vestindo de novo o fato de aspirante-a-Tadeia: da mesma forma que teve decerto motivos para alinhar com o Milito na esquerda, apesar da completa nulidade que o argentino revelou naquilo que devia ter feito e não fez, desequilibrar o ultra-compacto Inter que com Zanetti, Chivu e Eto´o secou por completo - à direita sobretudo mas também ao meio - Daniel Alves e Messi. Está claro?
Sobre o Pique, é-me indiferente que tenha sido por iniciativa do próprio ou por iniciativa do Guardiola a decisão de mandar avançá-lo para a área do Inter, por 2 motivos:
1 - Tal apontamento não pretendeu diminuir o Guardiola, e por isso te disse "se quisesse ter Tadeia" etc etc etc. A ideia fundamental era exactamente esta: chamar a atenção para a arrogante pretensão de existir quem se ache apto para qualificar o trabalho dele, do Mourinho ou de qualquer outro. Tal pretensão nos moldes em que aqui é feita: é idiota.
2 - Tivesse sido por iniciativa do próprio ou não a verdade é que depois da entrada do Krkic e do Jeffren e continuando o Barcelona a não conseguir ser capaz de criar ocasiões de golo em nº suficiente para assustar o Inter, este mesmo Barcelona acaba o jogo com o Pique a fazer de Ibrahimovic e, este facto pode atestar sobre o equívoco que foi a estratégia e o conjunto de decisões do Guardiola para todo o jogo e/ou para a eliminatória.
Pode, para os aspirantes-a-Tadeia claro. E só para estes.
Ainda sobre as questões do jogo de Barcelona e ao contrário do que dizes, o Milito não foi o homem mais avançado do Inter e o Mourinho fez muito mais do que "juntar linhas", expressão brilhante que usas para resumir o que o Mourinho neste jogo fez: o Chivu jogou na esquerda até à expulsão do Motta e a partir do momento da expulsão - e jogando com 10 - o Mourinho preferiu em vez de ir ao banco reposicionar o romeno ao lado do Cambiasso, deslocar o Eto´o para a esquerda, o Milito para a direita e deixar como homem mais avançado o Sneijder. Até ao momento da expulsão: o camaronês jogou à direita, Milito - e não Sneijder - era o homem mais avançado, e este último jogava nas costas do argentino, com Chivu à esquerda a travar as investidas do Daniel Alves.
Foi isto que o Mourinho decidiu e foi isto que o jogo mostrou. Em 90´ raramente foi visto o Inter desequilibrado ou nervoso e viu-se isso sim um Barcelona e um Guardiola completamente incapazes de fazer mossa sendo que tiveram 1 hora e 1 jogador a mais em campo para tentá-lo e/ou consegui-lo.
Está claro?
Sobre o Pique, é-me indiferente que tenha sido por iniciativa do próprio ou por iniciativa do Guardiola a decisão de mandar avançá-lo para a área do Inter, por 2 motivos:
1 - Tal apontamento não pretendeu diminuir o Guardiola, e por isso te disse "se quisesse ter Tadeia" etc etc etc. A ideia fundamental era exactamente esta: chamar a atenção para a arrogante pretensão de existir quem se ache apto para qualificar o trabalho dele, do Mourinho ou de qualquer outro. Tal pretensão nos moldes em que aqui é feita: é idiota.
2 - Tivesse sido por iniciativa do próprio ou não a verdade é que depois da entrada do Krkic e do Jeffren e continuando o Barcelona a não conseguir ser capaz de criar ocasiões de golo em nº suficiente para assustar o Inter, este mesmo Barcelona acaba o jogo com o Pique a fazer de Ibrahimovic e, este facto pode atestar sobre o equívoco que foi a estratégia e o conjunto de decisões do Guardiola para todo o jogo e/ou para a eliminatória.
Espero que esteja claro, e quanto ao mais espero também que a “simples banalidade” que foi a tripla-conquista do Mourinho este ano se repita muitas mais vezes. A acontecer continuarás a ter oportunidade de chamar outros de burro e estúpidos acentuando dessa forma a imagem de tontice que passas, ao mesmo tempo que continuarás – ainda de forma tonta – a adjectivar de “banal” a conquista de uma Liga dos Campeões ao leme de uma equipa que não era nem de perto nem de longe a principal favorita a vencê-la. Sabes como é que se desafiam as probabilidades Nuno? Com competência e superior conhecimento de causa: tudo aquilo que o Mourinho tem para dar e vender. Se isto para ti não for evidente, lamento. Da mesma forma que lamento (sem me lamenar, estou-me nas tintas para isso) que os aspirantes-a-Tadeia tivesse usado o Mourinho para ir desenrolando o treinadorismo-de-sofá enquanto este foi o treinador da moda, e agora decidam usá-lo para com o selo da banalidade colado ao português exultarem o novo treinador da moda, Guardiola.
Perdessem mais tempo a ver futebol e a retirar disso prazer e dariam o tempo por melhor emprego, digo eu.
MHumberto diz: "a esmagadora maioria das competições europeias de Clubes e a esmagadora maioria das competições europeias e mundiais de Selecções são ganhas por equipas que privilegiam o rigor e a postura táctica a um futebol mais ofensivo que ofereça mais liberdade aos jogadores."
MHumberto, dizes muita porcaria e não me apetece voltar a comentar tudo. Fico-me por isto, que ilustra a impossibilidade de continuarmos a discutir. Para ti, de um lado está o rigor e a postura táctica, e do lado oposto está o futebol ofensivo e que concede liberdade aos jogadores. É aqui que está a base de todos os problemas conceptuais que tens em relação ao jogo. Esta oposição é falaciosa. O Barcelona de Guardiola é das equipas mais rigorosas tacticamente do mundo e é ao mesmo tempo das mais ofensivas. Uma coisa não anula a outra. Aliás, o Guardiola é fanático pelos pormenores, um pouco ao nível do Mourinho. É este o teu principal problema, o de achares que uma coisa está no pólo oposto da outra. Enquanto não perceberes isso, lamento, mas não há o que discutir. E acho muito bem que te limites a apreciar o que vês, caladinho e sem opiniões.
Esta merda toda para mais uma vez dizeres que és fanático pelo Barcelona...
Ganhar a três colossos com sorte é algo que só pode ser atribuído a alguém que não escreve mal, mas que quer a todo o custo ser diferente!
Cala o bico papagaio, e troca essa intervenção por: não tenho nada para dizer. É mais isto ...
E não te preocupes com "problemas conceptuais que tenho com o jogo". Tenho-os, mas tu não os conheces.
E sobre oposições falaciosas não digas disparates também. A minha visão do jogo raramente ou nunca se preocupa em separar ou fazer opor lados. Essa é a missão de treinadores-do-sofá como tu, missão essa que devias trocar pelo conselho que me dás: simplesmente ver, e retirar daí prazer.
Ps: vai lá aos teus apontamentos e troca o Sneijder pelo Milito papagaio, e depois "junta-lhes as linhas" e compra um par de óculos.
@MHumberto
Vi o jogo e o meu post refere-se à segunda mão do Chelsea-Barcelona, jogado
em Londres.
O Barça esteve em cima do Chelsea praticamente o jogo todo e o Chelsea só com bolas longas
é que conseguiu chegar à grande-área do Barça.
Eu não venho para aqui
perder tempo para concordar ou deixar de concordar desmioladamente com o que se escreve. Aquele jogo
foi uma "derrota pirrica" (eu sei que o conceito é de "vitória pirrica"): o Barça não esteve
bem no jogo, o Chelsea não aproveitou, e foi prejudicado - de forma nem tão pouco
escandalosa como foi noticiado nos media - pela arbitragem, no final lixou-se por aquilo que não podia controlar. Qual é a dúvida?
Quanto à questão Mourinho: na minha opinião, uma equipa vale pelo futebol que pratica, não pelo que ganha: e o Inter é claramente uma equipa com muitas dificuldades em crescer qualitativamente: é aquilo que se denomina de um "one time wonder": a sua filosofia de jogo não lhe permite ganhar consistentemente, ao contrário de um estilo de jogo apoiado na posse de bola.
A ver vamos o que será do Inter esta época...
Já agora, não conto com os títulos do Inter ganhos desde 2006 face a a adversários fraquíssimos. Na mina perspectiva apaixonada e nada imparcial, não contam, e para quem acompanha o futebol italiano sabe bem como é que o Inter se tornou o que é hoje e quais as razões que levaram o processo Calciopoli a ser reaberto)
"A ver vamos o que será do Inter esta época... "
Depois de ganhar tudo o q interessava é natural q não consiga manter a bitola...nem o Barça o conseguiu. E Mourinho não vai estar lá para dar seguimento ao trabalho.
Não me parece muito lógica essa argumentação...
O Barça continuou a apresentar um futebol de alto nível, mesmo sem o Iniesta e em termos de títulos só deixou escapar a Champions e a Copa Del Rey. Na época 09/10 inclui-se ainda a vitória no Mundial de Clubes. Não se pode ganhar sempre, mas chegando-se a Abril/Maio há que estar nas meias-finais ou finais, e o Barça cumpriu.
A lógica (tortuosa e algo desviada do post principal, ehehehe) do meu argumento reside no facto deste Inter, pelo futebol que pratica, não ter possibilidades de evoluir e de continuar a senda de vitórias. Foi o resultado de um trabalho excessivamente assente no treinador e pouco no clube, na direcção desportiva, com muita preocupação pelo curto prazo. Aquele Inter é uma equipa presa por arames, pouco preparada para vencer sustentadamente: algo que foi uma opção clara do Mourinho, no seguimento dos desejos do Moratti. Eu sempre achei que ele devia e podia ter feito mais, ainda por cima com os meios que teve à disposição, pelo simples facto do Mourinho ter, pela sua qualidade e para quem já ganhou tanto, obrigação para fazer algo mais que uma equipa incapaz de jogar de outra forma que não seja em transição. Acho que mais que ganhar, interessa como se ganha. Mas eu sou um idealista.
Sinceramente não consigo compreender como é que alguém pode tentar tirar mérito a um treinador e a uma equipa que acaba de ganhar todas as competições em que entrou, não faz absolutamente sentido nenhum, o Barça é melhor, isto é lógico e óbvio, não é preciso grandes exercícios mentais para chegar a esta conclusão, mas isto apenas reforça o mérito do Mourinho e do seu Inter, se têm futuro ? teriam pelo menos nas mãos do Mourinho pelo menos mais uma duas épocas, o efeito de moralização de se ganhar tudo não esvazia assim e se a algo que o Mourinho já demonstrou varias vezes é que um jogador se excede se estiver devidamente moralizado, se o Mourinho mudou ? acho que não acho que ele acima de tudo é um grande treinador que se adapta as especificidades de cada equipa e competição, fez o que achava que tinha que fazer nas alturas em que achou correcto, se tudo correr bem em Madrid, este poderá ser o primeiro trabalho longo de Mourinho, não vai ser fácil e provavelmente será o maior desafio da Carreira de Mourinho, devolver o Real á Glória, e não vai ser fácil porque terá que enfrentar um fortíssimo Barça, e porque existe muito trabalho para ser feito, acho que na primeira epoca vamos ver um Real á Inter e a partir da segunda Mais a Chelsea e a Fcporto, se na primeira época ganhar será o suficiente a partir dai terá que partir para a excelência e acho honestamente que ele é capaz de o fazer.
Eu concordo com a maioria do que é escrito neste blogue. Todos os principios que são aqui defendidos têm uma relação directa com o Barcelona de Guardiola. Muito provavelmente a ,elhor equipa de futebol de todos os tempos. Perante esta permissa é dificil aceitar um outro tipo de futebol quando aquele que é o mais bonito, o que dá maior primazia à posse de bola,aquele que promove um colctivo absolutamente fantástico em torno de um futebol apoiada, dinâmisco, criativo, rápido etc...
Contudo, na minha opinião, José Mourinho escolheu apenas uma outra forma de vencer. Menos bonita? Seguramente. Sem previligiar na maioria dos jogos uma maior posse? talvez. Mas o que acho importante salientar é o facto de se manter metódico em função de uma determinada forma de jogar. Dentro do seu jogo mais defensivo e baseado em transições rápidas ele saiu vencedor.
Ainda ontem tive a ver o seu modelo de jogo no Leiria ao qual tive acesso e já ele dizia que os seus centrais tinham de ser fortes no choque físico... lol Ele afinal não mudou muito. Sempre foi assim.
Um grande abraço
joao gonçalo,
e partilhares com a malta o modelo de jogo??
podes enviar-me isso por mail???
Ando a ler o livro do Mourinho, sobre liderança :)
Artigo impressionante! Pela inteligência em explicar o fenómeno Mourinho que se está a ver em 2018, e pela coragem em ir contra a corrente que, na altura, apontava o Mourinho como o melhor treinador de sempre. Se ainda hoje há quem aponte que o Mourinho nunca deixou de ser Special One, o que terá sido apontar que ele já não era assim tão Special em 2010...
Enviar um comentário