quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ponto de viragem?

O Sporting vive, neste momento, uma fase extremamente importante. Mais do que tentar salvar a época, é imperativo que a equipa leonina encontre um treinador que a possa colocar no rumo certo. Não será fácil, mas acredito que existem soluções que podem catapultar o clube de Alvalade para um patamar superior.

Não acredito que os treinadores devam procurar o melhor modelo para os seus jogadores; antes devem procurar o modelo que serve melhor a concepção que detêm sobre o jogo. Posto isto, o que os dirigentes leoninos devem ter em consideração é a filosofia do treinador que vão escolher. Devem procurar alguém com um modelo que permita ao clube leonino voltar ao trilho do sucesso, cujo estilo, por defeito, valorize os activos do Sporting. E isto não pode ser feito senão através de um estilo que valorize a inteligência dos seus jogadores.

Vendo as soluções ventiladas para suceder a Bento, a melhor solução, no meu entender, surge através de Villas Boas. Só porque o seu nome está associado a tudo o que representa Mourinho? Não. Porque Vítor Pontes também tem uma forte ligação com o "Special One" e dificilmente o veria como uma solução que pudesse servir da melhor forma o clube leonino.

Baseio-me nos jogos que tive a oportunidade de ver da Briosa. É cedo? É. No entanto, os princípios que têm servido de base às exibições da Académica são os melhores. A Académica é uma equipa que revela organização em todos os momentos do jogo, privilegiando a posse do esférico, procurando sair sempre de forma apoiada, obrigando os extremos a jogar mais por dentro. Enfim, procura-se que todas as acções sejam verdadeiramente colectivas. Este factor retira alguma "objectividade" à equipa, impedindo que seja mais rápida nas situações de contra-ataque. No entanto, torna a equipa mais forte no momento ofensivo, assim como retira vulnerabilidade às transições ataque-defesa da sua equipa. Outra coisa que me impressiona é a constante criação de apoios efectuada por toda a equipa. Não é responsabilidade de um ou dois jogadores, mas sim de toda a equipa. Resumindo, é um modelo que não relega para segundo plano a capacidade dos seus elementos em relacionar-se entre si, sempre em função das linhas gerais que guiam a consciência colectiva da equipa. E que melhor modelo, que não este, para fazer crescer jogadores como Pereirinha, Adrien, Carriço, Rosado, André Martins, Rui Fonte, Diogo Amado, Pedro Mendes, ou até, porque não, João Moutinho, Veloso, etc.?

19 comentários:

Cat's Spot disse...

ó pá.. cala-te....
um bom treinador para o sporting nesta altura era o Machado... levou 7 do benfas e agora lavava a cara dessa cilindraçao pois estou deveras convencido que o ponto de viragem do sporting é no jogo contra os encarnados. Todos vao jogar que se fartam. escreve o que te digo... quer dizer, nao precisas porque ja escrevi..
(espero que este ainda faça as delicias daquele campeonato dos comentarios...)
ass Estrelamus Maximus

Pedro disse...

Não foi o André mas foi o Carvalhal!!!

Comentários?

O homem odeia o Glorioso portanto é sempre um ponto a favor para a familia sportinguista.
:)

pvalentim disse...

À falta de melhor Carvalhal parece-me uma escolha acertada. O futebol que as suas equipas praticam costuma ser agradável. Vamos ver se tem estofo para um grande, até porque a imprensa já começou a ataca-lo vamos ver como lida com a pressão.

Frederico disse...

José Lima na Equipa Técnica!

ilha_man disse...

Adoro 2º parágrafo. Começa por defender que "Não acredito que os treinadores devam procurar o melhor modelo para os seus jogadores; antes devem procurar o modelo que serve melhor a concepção que detêm sobre o jogo.", e acaba a afirmar "E isto não pode ser feito senão através de um estilo que valorize a inteligência dos seus jogadores.".
Num parágrafo com 4 frases a coerência ficou de fora.

Gonçalo disse...

"Devem procurar alguém com um modelo que permita ao clube leonino voltar ao trilho do sucesso, cujo estilo, por defeito, valorize os activos do Sporting. E isto não pode ser feito senão através de um estilo que valorize a inteligência dos seus jogadores"

Qual foi a parte do "por defeito" é que não percebeste? Por exemplo, o futebol que eu defendo, e que eu acho que é o que tem mais qualidade, valoriza a inteligência dos jogadores, em vez de valorizar a vertente fisica. Qual é a dúvida?

ilha_man disse...

A dúvida é: como fazer um modelo de jogo sem ter em conta os jogadores que se tem e ao mesmo tempo conseguir valorizar a sua inteligência a jogar.

Rui Moreira disse...

o treinador deve valorizar os seus princípios na escolha do modelo de jogo e a sad deve escolher um treinador cujo modelo de jogo, por defeito, valorize os seus activos. Logo, a sad deverá escolher um treinador cujo modelo de jogo preferencial valorize a inteligência dos jogadores. Ou seja, ao treinador compete escolher o modelo que sirva a sua concepção de jogo, aos dirigentes compete a escolha de um treinador com uma concepção de jogo que valorize os seus activos.

Se bem percebi, não há aqui contradição nenhuma. Mas pode dar-se o caso de eu não saber interpretar um texto de quatro parágrafos...

Já agora, será que os leitores sportinguistas do entredez merecem uma reflexão sobre a adequação da concepção de jogo do carvalhal aos jogadores leoninos? Era de valor e a gente agradecia :D

Gonçalo disse...

Epah, ilha man, o Moreira já explicou tudo. E sinceramente até nem percebo a dificuldade na interpretação do mesmo.

Rui, por enquanto um post desse teor não seria fidedigno da nossa parte. É que o Carvalhal já teve fases distintas. Dentro de uma ou duas semanas já nos poderemos pronunciar sobre o mesmo. Reforço o que disse ao Frederico, acho que ele tem qualidades, mas houve algumas fases do Carvalhal que me deixaram "desconfiado"...

Cumprimentos.

Pedro disse...

Tudo certo mas se os principios de jogo defendidos pelo treinador forem incompatíveis com os jogadores q tem à sua disposição como é?
Abdica dos mesmos e adapta-se aos jogadores q tem ou insiste no seu modelo de jogo apesar de saber q não tem jogadores capazes de o cumprirem como desejado?

Fernando disse...

Boas.

Também estou interessado na resposta à pergunta do Pedro.

Assume a situação do Mourinho quando começou a treinar no Inter... O que farias, Gonçalo? O próprio Mourinho, numa entrevista, já admitiu que teve que abdicar dos princípios que defende porque percebeu que, se queria ser campeão nesse ano, seria impossível implementá-los. E o Inter até tem bastantes jogadores inteligentes.

Cumprimentos.

ilha_man disse...

Afinal parece que há mais gente com a mesma dúvida.

Gonçalo disse...

Não tive oportunidade de responder mais cedo.
Pedro, da nossa relação com o jogo surge as nossas impressões e conlusões do mesmo. E a partir daqui construimos a nossa concepção do jogo.
Á luz do nossa interpretação do jogo vamos construindo o nosso modelo, a nossa filosofia, aquela forma de jogar que para nós é a melhor. Ou seja, espera-se que o modelo de jogo não tenha sido "imposto"por uma moda, ou até, por imitação de um qualquer treinador(por mais sucesso que tenha).
Vamos de "encontro" a um detreminado modelo de jogo porque acreditamos que os principios subjacentes ao mesmos são indispensáveis para alcançar o sucesso.
Esta filosofia, esta ideia de jogo, é um conceito abstracto. Não o fazemos para um certo e determinado tipo de jogadores em concreto. A nossa opção recai sobre a ideia de jogo que, para nós, é a melhor. Até podemos admitir que haja outras que podem ter sucesso, mas para nós, e por isso é que adoptamos determinado estilo, o nosso modelo é o melhor.
Dai que, independentemente dos jogadores que possuamos, devemos sempre procurar implementar os melhores principios de jogo. Porque estes, á luz do paradigma que nos orienta, são para nós os melhores.
Para além disso, uma equipa não é estanque, está em constante evolução. E quando se "pega numa equipa" não conseguimos, aliás nunca conseguimos, que alcançar os indices e as performances idealizadas. Mas o caminho para esse ideal, só pode ser feito na perspectiva das tuas ideias e "crenças". E se tu adoptares um estilo que não é aquele em que tu acreditas, o objectivo que vais "procurar", a evolução será algo que terás muito mais dificuldade em balizar.
Imagina que vais pintar um quadro. Se o fizeres de acordo com o que tu tens na mente, ficará, de certo, mais próximo do pretendido, do que se pintares um quadro idealizado por outra pessoa.

Ao escolhermos um modelo de jogo parte-se de principio que o percebemos, e que o consideramos o melhor. Os jogadores não o devem adulterar, podem lhe acrescentar qualidade, torna-lo mais atraente, e as caracteristicas desses jogadores pode levar a que haja algumas oscilações nos nossos conceitos: podemos jogar com um bloco mais baixo, ou mais alto, dependendo da velocidade dos elementos de cada sector, etc., mas a preferência por um estilo apoiado, com transições seguras, mesmo que isso resulte em transições mais lentas, no meu entender, não ha´como abdicar delas. Porque é neste futebol que eu acredito. E se eu adoptar um estilo diferente, ao minimo erro, não só terei dificuldade em perceber o que é que não está a funcionar, como vou colocar o trabalho feito em questão, porque aquele não é o modelo no qual confio.

Fernando, o Mourinho disse isso? Eu sei que ele disse que(no final do jogo contra o Manchester) com aqueles jogadores não conseguiu impor ao Manchester o jogo que pretendia, não me pareceu que ele tenha optado, apenas se resignou e aceitou a superioridade do Manchester. Mas eu naõ estou a dizer que ele não possa ter dito o que referiste, apenas gostava de saber o contexto das sua declarações.

Ilha, em que medida isto:
Adoro 2º parágrafo. Começa por defender que "Não acredito que os treinadores devam procurar o melhor modelo para os seus jogadores; antes devem procurar o modelo que serve melhor a concepção que detêm sobre o jogo.", e acaba a afirmar "E isto não pode ser feito senão através de um estilo que valorize a inteligência dos seus jogadores.".
Num parágrafo com 4 frases a coerência ficou de fora"

é a mesma dúvida que o Pedro levanta?

Fernando disse...

Gonçalo,

Agora não tenho muito tempo para responder ao que disseste. Mas percebo o que vocês defendem e, na minha opinião, é também o melhor modelo possível se existirem características para tal. Não concordo, no entanto, que se possa implementar o modelo pretendido tendo tão pouca atenção às características dos jogadores ou do adversário.

A tal entrevista do Mourinho colei aqui o URL há uns tempos. Vou ver se encontro porque é interessante.

Abraço.

Gonçalo disse...

Ok, Abraço.

Fernando disse...

Ok, não demorou muito. Cá vai a tal entrevista do Mourinho em que ele, além de outros assuntos, justifica a forma de jogar (péssima) do Inter no passado ano:

http://www.espiraldotempo.com/webreportagens/detalhes.php?id=73

ilha_man disse...

Gonçalo, se leres o meu 2º comentário encontrarás a semelhança entre a minha dúvida e a do Pedro e Fernando. Transcrevo:

"A dúvida é: como fazer um modelo de jogo sem ter em conta os jogadores que se tem e ao mesmo tempo conseguir valorizar a sua inteligência a jogar."

ilha_man disse...

Van der Sar em entrevista:

World Soccer: How is Manchester United coping without Cristiano Ronaldo?

Van der Sar: We had to change the way we play because he has been such a good player for United, but now he's gone. Of course, we wish him all the best and it is strange without him, but we still have 11 players on the pitch and we have to make sure all the players score the goals now. Wayne Rooney has started well and we have brought in one or two players such as Antonio Valencia and Michael Owen -- on a free transfer -- so hopefully, all the other players can stand up a little bit and contribute together the way Cristiano did as an individual. Hopefully there's life after him.

Pedro disse...

Gonçalo percebo claramente o q dizes e defendes. E concordo q um treinador deve ter um modelo base em q acredita, uma filosofia de jogo pela qual rege o seu trabalho e procurar sempre optimizar a mesma.

Eu sei q vocês defendem q um jogador de futebol tem q ser inteligente, capaz de conseguir fazer circular a bola, ter noção dos espaços, etc. Mas não vivemos num mundo perfeito e muitos treinadores deparam-se, principalmente em equipas mais pequenas, com jogadores muito aquem destas características e por isso precisam de ajudar o seu modelo aos jogadores q tem à disposição e q muitas vezes leva a uma total negação do seu modelo preferido.

Claro q tudo depende do apoio q o treinador tem dos seus superiores. Se lhe derem tempo então ele poderá treinar os jogadores de modo a eles se adaptarem ao q ele pretende, se pedem resultados imediatos talvez ele abdique do seu modelo para adoptar um modelo mais de acordo às características dos jogadores.