terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sporting e a Formação: que Futuro?

Depois de ver o jogo entre o Barça "B" e a equipa principal do Tottenham pergunto-me sobre o que é que é preciso mais para se perceber que o Barcelona vale pela filosofia de jogo, pelo modelo implantado desde as camadas jovens, e não pelas individualidades (estas, e o respectivo desempenho, sim, são influenciadas pelo modelo implementado).

Neste jogo, vimos um Barcelona "mandão", que só não o venceu por manifesta infelicidade. Nomes como o de Montoya, Fontás, Victor Sanchez, Oriol, etc., não envergonharam em nada o campeão da Europa. E isto tudo porque existe uma grande afinidade e identificação com os mecanismos e padrões da equipa. Por isso, o Barça é a melhor escola do Mundo! Porque a formação catalã é contextualizada, eles formam jogadores para jogar na sua equipa principal e não nos seus adversários. Com isto quero dizer que os seus jogadores são "formatados" segundo as características da filosofia de jogo adoptada pelo clube, de tal forma que estes jogadores, muito provavelmente, só conseguem explorar todo o seu potencial no Barça.

Em Portugal muito se fala da formação do Sporting; se por um lado se admite que é a melhor em Portugal, por outro critica-se o facto de nos séniores não se utilizar o mesmo sistema táctico dos escalões de formação.

Realmente, devo admitir que deveria existir um padrão que servisse quer os esclões jovens, quer os séniores. Mas esse padrão deverá ir muito para lá do sistema táctico. Deverá compreender, também, o mesmo estilo e modelo de jogo. Isto permitiria ao clube, por um lado, executar uma selecção (e evolução) mais correcta dos seus jovens jogadores; por outro, facilitaria a introdução dos jovens talentos no plantel principal (fruto da identificação dos jogadores com o modelo que vão encontrar).

Assim, o Sporting não só não salvaguarda os interesses do seu maior activo, a formação, como não consegue evoluir no futebol sénior através da exploração do filão que tem na Academia. Promovendo ingressos de elementos juniores na equipa principal de forma anárquica, não consegue explorar todo o potencial dos jogadores que vão sendo formados.

Não existe um padrão e, por isso, tão depressa se forma jogadores como Diogo Tavares, Ricardo Nogueira, Carlos Saleiro, e outros como Silvestre Varela, Wilson Eduardo, André Cacito, etc. Se os primeiros são jogadores que se poderiam associar a grandes escolas como a do Ajax e Barcelona, devido à capacidade de perceber o jogo e ao facto de privilegiarem soluções colectivas, em detrimento das individuais, os jogadores do segundo grupo são exactamente o oposto: primitivos, o seu único proposito é explorar as suas caracteristicas físicas para o seu sucesso individual, relegando para segundo plano os movimentos colectivos.

Esta esquizofrenia não só é prejudicial para os elementos da formação leonina como impede que o aproveitamento desses elementos contribua, da melhor forma possível, para a evolução da equipa principal de Alvalade. E o Aurélio Pereira, infelizmente para o Sporting, não é eterno...

1 comentário:

Dennis Bergkamp disse...

Boas! Excelente post!

Ainda a pouco tempo falei sobre o mesmo tema mas... decerto não consegui passar tão bem as ideias para o papel, ou... vá, para o Blog.

No Blog Paradigma Guardiola, vêm excertos de um jogo de juniores ou juvenis ou lá qual é a categoria de "base" do Barça.

E o que espanta não é a qualidade individual dos jogadores, é .. a profunda identidade com a filosofia de jogo que é comum ao clube, de alto ... até baixo.

Mais do que os sistema táctico ( que tem alguma influência ), as ideias comuns, as regras do jogo... são iguais para todos, dai, é fácil alguém entrar na equipa principal.. já que a maneira como jogam... é reconhecida pelos novos elementos como também sendo sua.

É o único caminho a seguir.


Para atingir este fim ( o jogar de igual maneira seja qual for o escalão do clube) há que cimentar uma filosofia, um perfil de jogo... e isso só é possivel quando os treinadores que se contratam estão perfeitamente identificados com isso.

Contratar treinadores ao sabor do vento, porque teve sucesso no clube A ou B, ou isto e aquilo.. faz com que tudo perca identidade.

Veja-se o que se tem passado com o SLB nos ultimos anos... o Benfica de Quique, com os mesmos jogadores ( ou quase ), é radicalmente diferente do Benfica de Jesus, e ... o que mudou ali não foi só a postura do treinador no banco, nem o sistema táctico..

As ideias da equipa mudaram completamente.

Agora.. quando os treinadores dos varios escalões treinam e organizam as equipas a pensar no seu sucesso momentaneo, não se preocupando sequer com a identidade do clube... tudo fica muito mais dificil.

Mas.. como ainda agora disse num comentário ao excelente post do lateral esquerdo, a culpa disto tudo, pelo menos na minha maneira de ver... é dos dirigentes.

São eles quem escolhem quem comanda, quem organiza. Tem de partir do topo da estrutura uma organização que trabalhe com os mesmos principios de alto abaixo.

Só assim se consegue chegar onde o Barça chega.. Ao Topo

Abraço! e parabéns por conseguires ter exposto o problema de uma maneira como eu muito provavelmente não consegui.