Há uns tempos, talvez há mais de um ano, publiquei um texto em que defendi que o trinco, o pivô, o médio-defensivo,como queiram, devia ser a âncora de uma equipa. Não sendo por este ser de facto mais importante do que qualquer outro jogador, mas porque lhe conferia um relevância muito particular no desenrolar do jogo.
No entanto, depois de ler um texto em que se defendia algo de muito semelhante, dei comigo a sentir que havia algo que, para mim, já não fazia tanto sentido como outrora. É sobre este assunto que eu me vou debruçar nas próximas linhas.
O médio-defensivo, por se posicionar numa zona central da estrutua da equipa, é requisitado com mais frequência, nos vários momentos do jogo. No entanto, não o considero mais importante do que um lateral, por exemplo. Isto no futebol que preconizo.
Não considero que, numa equipa que seja verdadeiramente una, que jogue verdadeiramente como um todo, o jogador que ocupe esta posição tenha de compreender mais variáveis do jogo, ou que seja mais determinante do que qualquer outro elemento. Desta posição diz-se pretender que procure sempre dar os apoios, que mantenha sempre a equipa ligada e equilibrada, que fosse o ponto de orientação da equipa. Não digo o contrário, apenas digo que todas estas "funções" não são exclusivas de uma posição, mas antes do todo.
No referido texto, que me levou a esta reflexão (texto esse que podem encontrar no blogue Falemos de Futebol), fazia-se alusão ao princípio do farol, princípio que acho correcto, mas que não considero exclusivo de uma posição específica. Defendo isto na perspectiva de um conjunto mais forte, ou seja, mais complicado de dividir e enfraquecer, mais complicado de analisar. Mas não só. O nosso jogar sairá sempre reforçado segundo o paradigma que defendo porque a compreensão total e una do jogo, no limite, exigirá isto mesmo. A nossa âncora, ou o nosso farol, como queiram, é a bola. É em função da mesma que nos posicionamos em campo, que adequamos a nossa estratégia, em todos os momentos do jogo. E só assim poderemos ser "activos" no jogo.
Se cada jogador perceber que em cada momento, esteja ou não perto do colega que detém a posse da bola, a sua movimentação é indispensável para o sucesso do modelo de jogo que preconiza, então essa equipa será um todo. O mesmo jogador que num momento foi "obrigado" a criar linhas de passe, ou a criar apoios, noutro momento, desde que a situação em que a sua equipa se encontre o chame a isso, terá de provocar um desequilíbrio, ou assumir uma movimentação de ruptura, nem que para isso apenas se movimente, lateralmente, metro e meio. Daí que pretenda que os meus jogadores não sejam nem avançados, nem defesas, nem médios. Apenas pretendo uma equipa.
E como distribuo essa equipa em campo? Será um processo aleatório a escolha de posições dentro do campo? Não. Os diferentes momentos do jogo contemplam diferentes movimentações/acções, colocando enfâses variados em cada uma dessas situações. O prazer que cada jogador retira dos diferentes momentos, aliado a uma maior ou menor adequação das suas caracteristicas aos mesmos, deverá decidir em que situções cada jogador se sentirá mais confortável. Porque há posições que, em função do nosso jogar, serão mais expostas a certo tipo de situações, há jogadores que apresentarão diferentes niveis de competência nas diferentes posições. Não porque tenham a obrigação de "compreender" diferentes variáveis, mas porque conseguem oferecer melhores, ou piores, soluções em diferentes momentos do jogo. Daí que se procure colocar cada jogador em contacto com as situações que podem tirar o melhor de cada um. Não porque lhe pretendemos atribuir diferentes funções.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
O Dilema das Funções vs Posições
Escrito por Gonçalo às 18:06:00
Etiquetas: Raciocínios Tácticos
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