domingo, 4 de maio de 2008

Erro de Casting ou Casting Errado?

Luís Freitas Lobo, num artigo sobre Tiago, explica, e bem, por que razão o internacional português não rendeu o que se esperaria dele nesta época. Diz Freitas Lobo:

"Na Juventus de Rainieri, [Tiago] entrou num 4x4x2 clássico em linha e com grande distância entre-linhas como um dos membros de um duplo-pivot central. Deixou de ter apoios para jogar curto, tocar e desmarcar-se, numa progressão apoiada, até à entrada da área, para ter à sua frente um corredor inteiro para percorrer, seja em posse, seja à espera de um passe, seja na recuperação. Não é este o habitat indicado para o futebol de Tiago. Assim, fica fora dos timings do jogo, ritmos e espaços."

Concordo, na íntegra, com isto. Acho que as características de Tiago não lhe permitem ser um jogador de topo neste sistema e, mais, que o 442 clássico, além de todas as lacunas que lhe reconheço, é das tácticas nas quais os jogadores têm de ser mais completos. Porque o futebol caminha na direcção da especialização, a própria táctica é um fóssil. Por exemplo, um médio de topo neste sistema tem de ser óptimo a atacar e óptimo a defender, tem de ser criativo, saber ler o jogo e, ao mesmo tempo, correr quilómetros (o que provoca desgaste, sobretudo psicológico, e retira discernimento), ser forte nos duelos corpo a corpo, etc. Para uma táctica destas, há poucos médios de qualidade. O melhor, aquele que melhor se enquadra neste sistema, que tanto ataca como defende com qualidade, talvez seja Steven Gerrard. Tendo em conta tudo isto e tendo em conta que Tiago nunca se evidenciou num sistema idêntico, que foi sempre um jogador de apoios curtos, não seria de espantar que não fosse capaz de vingar na Juventus. Outro exemplo foi Hugo Viana no Newcastle, ou no Valência. Diz ainda Freitas Lobo:

"O seu melhor lugar é como um dos médios interiores no vértice avançado de um meio campo em triângulo só com um pivot-defensivo. Ou seja, no centro de um 4x3x3. Assim, sente as costas protegidas por um trinco forte e depois, de perfil com outro médio culto, faz as transições defesa-ataque-defesa. Foi assim, com as linhas próximas, que brilhou no Lyon, à frente de Diarra, e a lado de Juninho. Tal como fez no Chelsea."

Sem dúvida. Mas num 442 losango também renderia, como interior. Ou em qualquer táctica que privilegie o jogo em apoios, na qual tenha, a seu lado, alguém com quem trocar a bola, para que nunca tenha de jogar comprido, ou de fazer uso da capacidade de transporte, aspectos do jogo em que é um jogador mediano. Os seus melhores jogos na selecção foram ao lado de Deco, porque aí consegue ter alguém que lhe facilite o jogo, que lhe dê soluções colectivas e não o obrigue à individualidade, na qual é banal.

Tiago é um jogador de colectivo e não tem capacidade para resolver sozinho os problemas da equipa, seja a construir o jogo ofensivo, seja a transportar a bola, seja a jogar comprido, seja a recuperar bolas ou a ganhar lances de cabeça. Nesse sentido, jamais se integraria com facilidade numa táctica como o 442 clássico, que é uma táctica iminentemente individual, que não privilegia um jogo em apoios e na qual os jogadores têm de acumular funções.

Freitas Lobo resume bem os porquês de Tiago ter tido uma época tão abaixo do que se esperaria dele, mas fica por aí. Quero pegar no seu argumento para concluir três coisas que não poderia deixar de dizer:

1) Que o 442 clássico - repetindo o que disse acima - no contexto actual do futebol, é uma táctica que não privilegia o colectivo e que os jogadores, sobretudo os do meio-campo, são obrigados a preencher espaços maiores, a esforços redobrados, a demasiadas tarefas e funções. Isto faz com que um jogador de meio-campo, para ser eficaz nesta táctica, tenha de possuir uma capacidade que só os melhores do mundo possuem. Neste contexto, esta táctica só poderá ser desempenhada com sucesso por equipas com capacidade para contratar os melhores do mundo.

2) Que não foi Tiago em si, ou seja, o jogador, quem falhou, mas sim a contratação de Tiago. Quero com isto dizer que, tendo o aval de Ranieri (desconheço se o teve, mas tenho de partir do pressuposto de que teve), a contratação de Tiago foi um erro. Se o plano era jogar em 442 clássico, o treinador italiano deveria ter percebido que Tiago não era o jogador ideal para esse sistema, uma vez que as suas características são totalmente opostas às que se requerem num médio nesta táctica. Ranieri terá contratado, então, Tiago pelo bom futebol que praticou noutra equipa, não tendo em conta as suas características, mas apenas a posição que ocupava em campo. Em vez de querer um médio competente para um 442 clássico, terá apenas desejado um médio.

3) Que este tipo de erros grosseiros (como foi exemplo também a contratação de Leandro Lima, um médio de toque curto, para jogar entre linhas, coisa que a equipa de Jesualdo não contempla) denota a incapacidade da grande maioria dos treinadores em reconhecer os atributos de cada jogador, bem como a incapacidade destes para perceber que os atributos intelectuais são de todo mais importantes na adequação de um jogador a um modelo de jogo do que os atributos técnicos e físicos. É fácil, portanto, concluir que Ranieri, como Jesualdo, como grande parte dos treinadores, olha apenas para os atributos técnicos e físicos dos jogadores, descuidando os atributos intelectuais, sem dúvida mais relevantes. Em Tiago, ter-se-á visto que é um jogador de boa técnica, com boa capacidade de passe e remate, mas não se terá visto, com certeza, que não é um jogador para ritmos demasiado altos, que é bom a nível posicional, fornecendo correctamente os apoios, que reconhece que os processos ofensivos passam por diferentes etapas, que não arrisca passes demasiado longos, privilegiando a segurança e a posse de bola, que precisa de ter várias soluções de passe perto de si, pois não é forte em acções individuais, etc. São estes atributos, estas capacidades intelectuais e não as capacidades técnicas e físicas, que definem a posição de um jogador, bem como o papel que o mesmo pode desempenhar num colectivo. E foram estes atributos intelectuais que não se tiveram em conta quando se decidiu contratar o internacional português.

Discordo, portanto, que Tiago tenha sido um erro de casting. O próprio casting (bem como a quem competia fazê-lo) esse sim, é que foi um erro.

26 comentários:

Mister Fred disse...

De acordo.
Tiago é um jogador muito inteligente, não é nenhum portento físico, bom tecnicamente (não resolve individualmente, mas não é um Binya ou Diakité com a bola nos pés, nem nas opções de passe que estes fazem já agora), e que priveligia sobretudo o passe de curta/média distância, mas com qualidade. Em jeito de curiosidade, lembrei-me agora, de um amigo meu, que na sua visão duvidosa do futebol, dizia que Tiago era para ele um jogador banal, pois era "daqueles jogadores que andava para lá a fazer passes para o lado", que não se via grande coisa. Assim, não o é concerteza.
Gerrard, concordo é o chamado médio "box-to-box", e de muita qualidade, pois alia capacidade técnica e visão de jogo, a uma elevada resistência e capacidade física, já para não falar do remate que não é propriamente mau, e aparece bem em zonas de finalização.
Julgo que Lampard, ou por exemplo Maniche num plano nacional, são jogadores, que provavelmente não se enquadrariam nada mal, no chamado 4-4-2 clássico, na minha óptica.
Realmente, Ranieri, não foi astuto, nessa matéria, acabando agora Tiago, eleito como o maior flop do futebol italiano. Portanto, para o ano, ou muda o treinador (que não lhe reconheço grande mérito confesso), ou então será melhor rumar a outras paragens.
No meio-campo do Paulo Bento, no Sporting, assentaria que nem uma luva. No FC Porto, numa função semelhante à de Raúl Meireles, também não estaria mal. Pena os clubes portugueses, não terem capacidade financeira para tal. A liga agradeceria, esse ganho de qualidade, que o improvável regresso de Tiago traria.
Cumprimentos,

Paulo Santos disse...

Estou de acordo com o "casting errado", contudo não concordo de maneira nehuma com as considerações sobre o 4x4x2 clássico.
Aceito que a inadaptação de Tiago tenha a ver com essa nuance táctica, tal como, por exemplo, a inadaptação de Riquelme ao 4x3x3 do Barcelona.

Não me parece que o Sevilha das últimas épocas (bicampeão da UEFA) tenha no seu plantel os melhores jogadores do mundo. Nem me parece que o seu futebol não seja apoiado e assente em impulsos individuais. E este é apenas um exemplo.

Abraço

filipe disse...

Não concordo com a reflexão sobre o 4-4-2 clássico e, aliás, sou totalmente contra análises que tentam interpretar o jogo com base em sistemas, como se o futebol fosse xadrez (não estou a dizer que o tenhas feito aqui, mas é uma tendência que frequentemente observo em muitos lugares).
É verdade que o 4-4-2 clássico tem tendencia a criar espaços entre linhas. Esse é, por exemplo, um dos defeitos tradicionalmente explorados quando equipas continentais defrontavam as rigidas tacticas britanicas, imoveis nesse sistema. O proprio Mourinho se referiu a essa situação referindo que facilmente criava superioridade na zona central frente a equipas com essa rigidez, jogando com 3 médios não alinhados e que com um passe vertical tirava do lance os 2 médios, precisamente pela exploração do espaço entre linhas.
Dou-te dois exemplos evidentes de equipas que conseguem com esse sistema ter, num caso, grande capacidade de progressão em apoio, e noutro, grande eficácia defensiva.

1) Arsenal. Com a dinâmica criada pelas movimentações dos alas e dos avançados, facilmente se vê jogadas em que os médios conseguem progredir em apoio.
2) Liverpool. Um exemplo de como o 4-4-2 clássico pode ser um optimo sistema para defender bem em largura, desde que se mantenham as linhas juntas. Neste caso, um médio como Mascherano, não tendo grande capacidade ofensiva consegue corresponder às expectativas do treinador porque os principios ofensivos não requerem a sua progressão em posse.

Tudo isto não quer dizer que o que foi dito sobre o 442 classico não se possa verificar várias vezes e que esse sistema não potencie essas dificuldades. É um pouco como dizer que por se jogar com o losango não se ataca pelas alas, quando isso pode acontecer ou não, dependendo das equipas.

Sobre o Tiago, provavelmente o problema original não reside no sistema mas sim nos principios (alias com Camacho ele chegou a jogar num 442 com sokota e nuno gomes na frente). É que Tiago não entrou nas contas do treinador como opção principal e os principios da equipa não foram adptados às suas características, sendo que as suas aparições a partir de certa altura provavelmente não encontraram uma equipa enquadrada com as suas características.

Abraço

Paulo Santos disse...

"Sobre o Tiago, provavelmente o problema original não reside no sistema mas sim nos principios (alias com Camacho ele chegou a jogar num 442 com sokota e nuno gomes na frente)."

Sim, é verdade Filipe. Aliás, foi assim que jogou a final da taça, ganha frente ao Porto de Mourinho.

Quanto ao Arsenal, sem dúvida, também. Aliás, para mim, apesar de não obter resultados, é o maior paradigma na actualidade de futebol apoiado, de enorme propensão ofensiva.

Gonçalo disse...

"Não me parece que o Sevilha das últimas épocas (bicampeão da UEFA) tenha no seu plantel os melhores jogadores do mundo."
Pois, mas o Sevilha não jogava em 442 clássico.

" Arsenal. Com a dinâmica criada pelas movimentações dos alas e dos avançados, facilmente se vê jogadas em que os médios conseguem progredir em apoio"
O Arsenal é um caso claro de uma equipa que, apesar de praticar um futebol bonito e envolvente, é extremamente desiquilibrada, daí sofrer tantos golos. O facto de todos os jogadores subirem no terreno ao seu critério, permite-lhes ultrapassar essa debilidade táctica. A liberdade concedida aos jogadores do Arsenal contraria a rigidez do sistema, mas leva a que a equipa se desequilibre em demasiadaos momentos( Por exe: não é raro ver os dois laterais subirem em simultâneo, ou então um lateral e um central em simultâneo, mesmo qd este não faz a transição em posse).

"Liverpool. Um exemplo de como o 4-4-2 clássico pode ser um optimo sistema para defender bem em largura, desde que se mantenham as linhas juntas. Neste caso, um médio como Mascherano, não tendo grande capacidade ofensiva consegue corresponder às expectativas do treinador porque os principios ofensivos não requerem a sua progressão em posse."
Pois, mas o problema é que uma equipa que jogue desta forma, como o Liverpool faz, vê-se obrigada a praticar um futebol demasiado directo.
No fundo estes dois casos são paradigmáticos de quão desequilibrada é esta táctica.

os médios, não por serem mais importantes do que outros, mas por (devido ao seu posicionamento no campo) possuírem mais facilidade em criar apoios, sem criar desiquilibrios na equipa, ficam, sempre incumbidos de ocuparem um maior numero de zonas do campo. Isto numa equipa que jogue apoiado. Dai ser desaconselhável a utilização de um sistema como este.

Um abraço.

apenasfutebol disse...

Então em que sistema jogava e joga ainda o Sevilha?

Gonçalo disse...

O sistema e que o sevilha joga agora é um 442 clássico, mas com juan de ramos não o fazia.

filipe disse...

Gonçalo,

O Arsenal e o Liverpool são apenas casos que exemplificam situações opostas, e não concordo que se tenha de ser desequilibrado para atacar bem num 442 clássico, nem que se tenha de jogar directo para se manter eficácia defensiva. Dou-te mais 2 exemplos de equipas equilibradas e que são bastante equilibradas, sendo igualmente fortes ofensivamente: Inter e Getafe.

Mais uma vez, quando se afirma que um sistema, por si só, faz ou deixa de fazer uma equipa está-se a ver o futebol como se fosse estático. É o mesmo que falar do "sistema que dispoe mais racionalmente os jogadores no terreno". Ouço, em Portugal, algumas pessoas dizer que é o 4-3-3, mas o Wenger diz que para ele é 4-4-2 e se perguntasses ao Herrera ou ao Gutman no seu tempo, eles dir-te-iam outra coisa qualquer. Depende dos jogadores e daquilo que se pretenda fazer. Ver o futebol à luz de sistemas é, na minha opinião, profundamente limitado para a complexidade que o próprio jogo tem.

Paulo Santos disse...

Gonçalo, bem sei que a televisão nem sempre é o melhor meio para se poder vislumbrar, com rigor, certos aspectos do jogo. Não há nada como ir ao estádio. No entanto, creio que após o visionamento de alguns jogos da mesma equipa, podemos ter alguma segurança. Se bem me recordo, o onze base do Sevilha de Ramos (2006-2007) formava-se, para além da linha de 4 que não adianta estar agora a recordar, com mais uma linha de 4 a meio campo, com dois médios centro para as tarefas de recuperação de bola e transição ofensiva - Poulsen/Renato ou Marti. Nas alas, Adriano na esquerda e Navas na direita. Na frente sempre dois avançados em cunha - Kanouté/Fabiano ou Kerzhakov Com algumas alterações, ao longo da época este era o onze base, se a memória não me atraiçoa. Claro que, bastava, a um dos avançados deslocar-se mais para as costas de outro, que logo estaríamos na presença de um 4-2-3-1, ou a um dos médios centro a adiantar-se em posse para termos quase um losango. Até porque, se não estou em erro, Adriano até é defesa de origem. Assim, estamos perante o que diz o Filipe, ou seja, o sistema não é estático, daí que os sistemas tenham uma importância diminuta na análise do jogo.


Mas o Sevilha (no papel, que é meramente disso que se trata)para mim, jogava e ainda joga, em 4-4-2 em linha.


Abraço

Paulo Santos disse...

Só uma correcçãozita ao meu comentário anterior. Quando falo em um dos médios centro se adiantar em posse, não será tanto esse movimento, mas antes o de ele se adiantar para pressionar, por exemplo o médio defensivo contrário no caso de ser esse o primeiro construtor de jogo, por exemplo...

Nuno disse...

Filipe diz: "Não concordo com a reflexão sobre o 4-4-2 clássico e, aliás, sou totalmente contra análises que tentam interpretar o jogo com base em sistemas, como se o futebol fosse xadrez".

Não me digas que não há sistemas melhores e piores? O sistema de jogo, isto é, a forma como as pedras são dispostas, por si só, não é tudo sobre a forma de jogar de uma equipa. Estes, são, digamos, os princípios gerais da mesma. Aquilo que define o seu jogar são os subprincípios destes princípios, bem como os subsubprincípios. São as movimentações de cada atleta, as movimentações colectivas, a mentalidade, ofensiva ou defensiva, a forma como se efectuam as transições, etc. Agora, negar que os subprincípios possam ser afectados pelos princípios gerais é assumir que qualquer sistema pode funcionar da mesma maneira e isso não é verdade. Não podes achar que a forma como as pedras se distribuem em campo não influi na mentalidade dos jogadores ou na forma como estes se movimentam. Os subprincípios de uma equipa são tão influenciados pelos princípios desta como o contrário. Por exemplo, já o defendi aqui, pressionar alto em 4231 é muito menos eficaz do que pressionar alto em 433 com um só pivot-defensivo.

No que diz respeito ao 442 clássico, tem vários defeitos, alguns deles já expostos aqui, outros que penso explorar brevemente, noutros posts. Considero, de facto, que essa táctica pode ter algumas virtudes, como seja a possibilidade de defender com mais eficácia em largura. O problema é que essa vantagem se faz à custa de outras coisas, o que provocam que essa táctica seja desequilibrada. Falaste de dois exemplos, e muito bem, de equipas que conseguem 2 coisas diferentes em 442. O que não consegues, porque o 442 clássico não o permite, é que essas duas coisas diferentes sejam feitas ao mesmo tempo. És capaz de conseguir defender bem em largura, com um bloco baixo, com as 2 linhas de 4 homens cada bem encostadas, como o Liverpool, mas depois o jogo fica condicionado a transições rápidas e ao aproveitamento dos espaços que o adversário conceder. Da mesma forma, é possível atacar com muita dinâmica, como o Arsenal, mas não sem conceder espaços inevitáveis, porque essa dinâmica, no 442 clássico, é necessariamente anárquica. O que não consegues é atacar bem sem arriscar muito ou defender bem sem abdicar do ataque apoiado. Porquê? Porque o 442 clássico não contempla um jogo em apoios. E o jogo em apoios é, nada mais, nada menos, que a chave para atacar defendendo e defender atacando. Só jogando em apoios é que se ataca bem sem pôr em risco a defesa e se defende bem, sem abdicar do ataque.

O maior paradigma da inutilidade do 442 actualmente é o Manchester, sobretudo o Manchester até à época passada. Atacava muito, mas nunca de forma apoiada. Havia dinâmica, como há este ano no Arsenal (embora não haja tantas trocas de bola curtas), mas não havia segurança na forma como a equipa ia para o ataque. Em Inglaterra, evidentemente, era o suficiente, porque as outras equipas também jogam em 442 clássico, mas quando apanharam o Milan e a dinâmica não foi suficiente para romper as linhas adversárias, as descompensações defensivas foram postas a nu.

Paulo, uma equipa ter propensão ofensiva não significa que jogue apoiado. É verdade que o Arsenal chega à baliza adversária através de passes curtos e movimentações constantes, mas sempre de uma forma pouco equilibrada, ou seja, pouco apoiada. Não é só os 2 laterais que sobem, ou o central, numa jogada corrida, que vai até à área cabecear. Os movimentos verticais de Flamini, às vezes, chegam a ser constrangedores, ficando o meio-campo, nessas alturas, sem ninguém. A defesa do Arsenal joga muito subida e, muitas vezes, consegue disfarçar os frequentes despovoamentos de certos espaços, mas não o consegue fazer sempre. O futebol do Arsenal é dinâmico, de pé para pé, atraente, mas irreflectido, criando muitos desequilíbrios. Mas é assim porque tem de ser assim. A única forma de jogar em 442 clássico ao ataque é arriscar o que o Arsenal arrisca, ou o que o Manchester arriscava em épocas anteriores e, em alguns momentos, também esta época. A alternativa, mantendo este esquema, é jogar como o Liverpool, ou como o Real de Capello o ano passado, com o bloco muito baixo e apostando em transições mais rápidas e na necessária inspiração individual dos homens da frente. Não há outra forma, porque a rigidez das três linhas não o permite. Não há construção de triângulos, apoios constantes à frente, atrás e dos lados, há pouca gente a povoar a zona fulcral do campo, que é o meio, etc. Mas, como o disse, escreverei para breve, mais exaustivamente, sobre o 442 clássico.

Quanto ao Sevilha, estou com o Gonçalo. O que vi deles, com Juande Ramos é muito diferente do que é agora. Agora jogam claramente em 442 clássico, com Navas à direita e Capel à esquerda. Com Ramos não era assim. Admito que, quando jogava Navas, o jogo exterior do Sevilha, pela direita, era mais procurado, por causa das características dele. Mas ele não jogava sempre. Muitas vezes, o losango foi formado por Poulsen, atrás, Martí ou Renato à direita, Adriano à esquerda e Maresca ou Renato como 10. Acontece que o 10 no losango de Ramos nunca era bem um 10 e jogava muito mais na linha de Adriano e Martí. De qualquer maneira, o importante era a colocação de Adriano e Martí, ou Renato, que nunca eram jogadores de linha. Mesmo quando jogava Navas, que abria mais do que fechava, o lado esquerdo do losango nunca era tão aberto. Adriano não fazia o trabalho exterior que Navas fazia. Ou seja, Ramos nunca abria os dois vértices do losango ao mesmo tempo, passando para um 442 clássico puro. Porquê? Julgo que por ter consciência de que o meio-campo, só com Poulsen e Maresca, era muito espaço para 2 jogadores. Era também este tipo de esquema que possibilitava tantas subidas pela linha a Daniel Alves, que hoje, no 442 clássico, em vez de o fazer, inflecte para o meio. No Tottenham, Juande Ramos tem esquemas idênticos. Já vi o Tottenham em 442 losango e em 442 clássico, embora o médio-esquerdo seja muito mais interior do que outra coisa. Dos jogos que vi, quando jogou Jenas, a equipa jogou claramente em 442 losango, com Zokora atrás, Malbranque na esquerda, Lennon na direita e Jenas no meio. Neste esquema, era visível o esforço de Lennon para ocupar zonas centrais, às quais não está habituado. Sem Jenas, vi Lennon a abrir mais, muito mais encostado à linha, e com Huddlestone mais recuado, ainda assim não exactamente na mesma linha de Zokora. De qualquer forma, Malbranque nunca ficou encostado à linha. Tal como no Sevilha com Poulsen, a equipa só joga com um pivot-defensivo, Zokora, havendo contudo uma aproximação do 10, Jenas ou Huddlestone ao mesmo. O que é importante é que, num 442 puro, há dois homens encostados à linha e no 442 de Juande Ramos, o máximo que acontece é haver um médio de linha, pois a preocupação com os espaços centrais é valorizada.

Um abraço!

Gonçalo disse...

Filipe, e Paulo,

Em momento algum eu defendi que as posições de cada jogador deverão ser estáticas. Agora o que não se pode dizer é que indiferente o sistema em que se joga. O 442 clássico, pela estrutura que tem, dificilmente será tão equilibrado como um 433, ou 442 losango, por exemplo.
A principal razão reside na quantidade de espaço que é necessário, cobrir, e utilizar, pelos médios-centros.

Mais uma vez vou referir a facilidade com que os jogadores que actuam nesta posição podem(Porque se encontram no meio do campo) criar, apoios, linhas de passe, etc.; assim cm na ocupação de espaços, independentemente da zona em que a equipa reinicia a "luta" pela posse de bola.

O problema reside no espaço que os médios tem de ocupar, e da necessidade da equipa não se descaracterizar seja em que momento for.
Por outras palavras, é importante que o posicionamento da equipa não se adultere, radicalmente, aquando do momento defensivo, para o momento ofensivo, e no 442 clássico, isso muito dificilmente sucederá.
Repito, estou a falar de 442 clássico, com dois médios centros, dois alas,e dois avançados, pq é disso que se trata, e não de um sistema, como era o do sevilha, em que em vez de alas se utilizavam interiores.

Um abraço.

Gonçalo disse...

Só mais uma coisa: o inter, maior parte das vezes, joga num 4312.

Abraço.

Anónimo disse...

Não estava para entrar na discussão porque já vai muito avançada. Mas falaram do inter, clube que sou adepto e sigo fervorosamente todos os jogos, e devia dizer algo.

O Inter de mancini joga sim maioritariamente num 4312 mas esta época o 442 foi tão ou mais utilizado do que o 4312 devido às lesões do figo, do stankovic e mais tarde do jimenez.

Quanto ao que o Felipe diz do Inter ser forte ofensivamente e equilibrado não posso concordar muito. O inter praticamente divide os jogos por momentos. O momento de atacar e o de defender. Literalmente.

No momento ofensivo o inter é demolidor na frente e fá-lo em futebol apoiado de forma perfeita, mas desiquilibra-se muito a defender nessa altura. Mancini é muito mau nesse aspecto. A equipa sofre muitos contra-ataques e desiquilíbrios com uma perda de bola e isso só não acontece mais devido à gigantesca cultura táctica dos médios (cambiasso viera zanneti). E raramente se reflete no resultado porque na baliza está um autêntico monstro (eu que vi os jogos todos acho que ele garantiu tantos pontos à equipa como o zlatan).

No momento defensivo o inter fecha-se com 2 linhas de 4 (contra adversários mais fortes um ponta recua para fazer linha de 5) e limita-se a defender de forma muito eficaz(mas sempre com júlio césar a intervir)! O ataque é feito quase exclusivamente por lançamentos longos para os pontas (tal como o gonçalo refere que o liverpool tem que fazer).

O problema é que o inter separa MESMO estes 2 momentos. Quando digo momentos digo pedaços de jogo de 30 minutos ou mais.

Os jogos desta temporada foram invariavelmente assim:

1) Inter entrou no forte, praticou o seu momento ofensivo de forma demolidora e resolveu o jogo na 1ªparte dedicando a segunda a momento defensivo ou posse de bola passiva (quando o adversário não fazia mesmo nada).

2) (este foi incrivelmente o jogo mais frequente) O adversário entrou mais forte e o inter fechou-se no seu momento defensivo simplesmente à espera. Raro foi o jogo em que sofreu golo nesta altura, apenas sofreu 4 golos até aos 30 minutos sendo que 2 deles foram foram no frio do jogo (1º e 2º minutos) e os outros 2 um foi de livre e o outro de auto-golo! Isto demonstra bem a sua segurança neste momento defensivo.
O inter apenas passava para o momento ofensivo quando o adversário sofria um revés. E sendo o inter particularmente esmagador nas bolas paradas muitos desses jogos o momento mudava com um golo do inter de bola parada quando ainda nem 1 lance de ataque tinham criado. 12 foram os jogos em que o inter se pôs em vantagem (1-0) de bola parada!!! Atenção, muitos destes jogos ficaram apesar de tudo decididos logo na primeira parte também!!

Por isso nesse aspecto tenho que concordar com com o gonçalo e não com o filipe porque o Inter de facto ataca muito bem e é uma equipa equilibrada MAS em momentos distintos. Quando ataca bem desiquilibra-se e quando se equilibra atrás o ataque passa por jogo directo. Nunca consegue conciliar as duas coisas.

cumpriemntos

Frederico disse...

De acordo.
Tiago é um jogador muito inteligente, não é nenhum portento físico, bom tecnicamente (não resolve individualmente, mas não é um Binya ou Diakité com a bola nos pés, nem nas opções de passe que estes fazem já agora), e que priveligia sobretudo o passe de curta/média distância, mas com qualidade. Em jeito de curiosidade, lembrei-me agora, de um amigo meu, que na sua visão duvidosa do futebol, dizia que Tiago era para ele um jogador banal, pois era "daqueles jogadores que andava para lá a fazer passes para o lado", que não se via grande coisa. Assim, não o é concerteza.
Gerrard, concordo é o chamado médio "box-to-box", e de muita qualidade, pois alia capacidade técnica e visão de jogo, a uma elevada resistência e capacidade física, já para não falar do remate que não é propriamente mau, e aparece bem em zonas de finalização.
Julgo que Lampard, ou por exemplo Maniche num plano nacional, são jogadores, que provavelmente não se enquadrariam nada mal, no chamado 4-4-2 clássico, na minha óptica.
Realmente, Ranieri, não foi astuto, nessa matéria, acabando agora Tiago, eleito como o maior flop do futebol italiano. Portanto, para o ano, ou muda o treinador (que não lhe reconheço grande mérito confesso), ou então será melhor rumar a outras paragens.
No meio-campo do Paulo Bento, no Sporting, assentaria que nem uma luva. No FC Porto, numa função semelhante à de Raúl Meireles, também não estaria mal. Pena os clubes portugueses, não terem capacidade financeira para tal. A liga agradeceria, esse ganho de qualidade, que o improvável regresso de Tiago traria.
Cumprimentos,

filipe disse...

Esclareço que eu não referi que os sistemas são irrelevantes. O que eu digo é que me parece profundamente redutor fazer análises centradas exclusivamente no sistema. Aliás, aqui já foram referidas equipas claramente diferentes que, todas elas, actuam no mesmo sistema. Um exemplo do que quero dizer é concluir-se que uma equipa que Tiago não se adapta a jogar num 4-4-2 clássico. Se fosse dito que não se adapta ao 4-4-2 da Juventus, já concordaria.

Pedro, acho que estás a ser um pouco exigente em relação ao Inter. É a melhor defesa da Serie A e é incomparavelmente mais equilibrado do que a Roma (2ºclassificado). Aliás, nas 3 principais ligas, apenas o Man Utd tem um melhor registo defensivo em percentagem. De qualquer forma, não me parece que os defeitos tácticos que identificas tenham a ver com o sistema, ou é diferente quando actua em 4-3-1-2?

Anónimo disse...

Não filipe, nesse aspecto tens razão, eu apenas referi a forma como o inter joga para mostrar que não é tão equilibrado como parece. Quando o faz em 4312 os problemas mantêm-se. Não tem a ver com a disposição táctica mas não creio que possa ser dado como um exemplo muito bom de 442 equilibrado e bom ofensivamente da forma que te referias só isso.

Mais equilibrado que a Roma? Sim 1000 vezes!!!

Quanto ao facto de ter poucos golos sofridos é simples. Digamos que se tivesse que fazer uma estimativa entre tempo do momento ofensivo e defensivo desta época diria talvez 35 ofensivo e 55 defensivo seria o mais aproximado.
Ora passando a maior parte do tempo no momento defensivo onde o inter é fortissimo é natural que sofra poucos golos.

Sendo o momento ofensivo, onde a equipa apresenta mais desiquilibrios, relativamente pouco tempo, normalmente a equipa não incorre em situações de desiquilibrio muitas vezes. Além disso a mentalidade italiana faz com que, quando o inter começa a asfixiar, as equipas se preocupem exclusivamente em defender à frente da área sem sequer pensarem em explorar as debilidades do inter nessa altura o que faz com que elas nem sequer se revelem. Vê como a Roma causa sempre grandes dificuldades ao inter explorando precisamente esse facto com contra ataques muito rápidos e pressão imediata sobre a linha de médios não deixando o Inter pensar o jogo.

Não quero contudo tirar mérito nenhum ao Inter evidentemente pois é claramente uma equipa fortíssima e joga um futebol avassalador. Se joga desta forma é porque o Mancini assim o quer e os resultados estão à vista.

E não concordo com nenhuma das teorias que dizem que este inter é apenas para consumo interno e que na europa não tem pedalada. Essas justificações são ridículas. Mas lá os comentadores de top, que nem os jogos vêem é que devem saber.

Anónimo disse...

boas não sei se concordo ou descordo com isto do tiago temos o exemplo do schols que a sua complecção fisica não é do outro mundo e memso assim joga num 442 comno um senhor.....axo que não é um erro de casting pois o jogo em frança nãoa tem muito haver com o jogo em italia pois em italia o jogo é muito defensivo, pois se formos a ver as equipas em italia quase todas a equipas jogam com tres medios interiores(medios centros),onde o tiago é jogador de um jogo aberto e rapido caso do lyon,claro que jogar com um pilar nas suas costas qualquer jogador joga muito melhor e com mais confiança caso do porto em que lucho e raul meireles tem liberdade de atacar mas ambos defendem bem tb mais o rual que o lucho, o andersson do manchester esta a jogar a meio campo e tb a sua arma não é muito defender e nesse aspecto esta muito melhor pois tem uma equipa tecnica muito forte que trabalha com ele se o tiago tisseve essas condições podia jogar em qualquer tactica

Anónimo disse...

Olha o Pelé marcou um golo!! Desculpa lá...

Gonçalo disse...

"onde o tiago é jogador de um jogo aberto e rapido"
Fdx!!?? qual tiago? o do Leiria? Só pode!!!

Filipe eu apenas referi as dificuldades que uma equipa sente, qd se apresenta no 442 clássico, para jogar de forma apoiada, e equilibrada, contra equipas que joguem em 433,ou 442 losango, por exe. Claro que se me apresentares uma equipa em 442 clássico, que que tenha bons principios, que por exe, jogue à zona, e me apresentares uma equipa em 433 treinada pelo jaime pacheco, ou pelo josé mota, obviamente que vais ser mais equipa do que qlq outra que estes dois apresentem, mesmo que joguem num 433.

Um abraço.

Pedro, não sei se viste mas na primeira parte do jogo de ontem, o inter revelou enormes dificuldades quer no processo ofensivo quer no defensivo, e a Lázio nem é nada de especial.
No que toca à segunda parte nao posso falar pois não a vi.

Anónimo disse...

Gonçalo, o jogo de ontem não é um grande exemplo porque o inter jogou com a segunda (terceira até) linha.

O objectivo do mancini era marcar um golo e esperar. Foi o que fez. O processo ofensivo nem existiu. O denfensivo pode não ter sido excelente até porque a lazio teve as suas chances mas aquilo não é a primeira equipa e por isso não se pode pegar por aí. Mas acredita que o Inter mesmo com a primeira linha passa muito tempo assim encostado lá atrás.

ps. a segunda ainda foi mais clamoroso pois o inter só lá foi 2 vezes e marcou(também não vi na integra devido ao clássico mas o que vi foi isso)

Anónimo disse...

escreveste um texto desse tamanho no pressuposto de que discordavas da expressão "erro de casting", e no fundo a que tu usas é a mesma coisa com palavras diferentes...acho bem que dês a tua opinião acerca do caso do Tiago, mas dizeres que "discordas" é absurdo: o que dizes é exactamente a mesma coisa que o Freitas Lobo.

Nuno disse...

O Freitas Lobo nunca diz se discorda ou não disto; nem sequer refere isto. O que o Freitas Lobo faz é explicar por que razão Tiago não foi utilizado este ano tanto quanto se esperaria. E concordo com a explicação. Mas há muita gente, sobretudo pessoas que não ficaram satisfeitas com a prestação de Tiago e que culpam o jogador por não ter atingido o nível esperado. O que eu faço é discordar dessas pessoas, dizendo que a culpa de Tiago não ter rendido foi de quem o foi buscar sabendo que não iria necessitar de um jogador com as suas características.

A expressão "Erro de Casting" pressupõe que um determinado jogador foi visto como uma mais-valia, quando o não era. A expressão "Casting errado" pressupõe, pelo contrário, que o casting é que estava errado, pois servia para procurar médios indiscriminadamente quando deveria servir para procurar médios apenas com as características ideais para o sistema de Ranieri. Nesse sentido, num Casting correcto, Tiago nem sequer deveria ter sido avaliado, ou deveria ter chumbado a avaliação. Aquilo que defendo é que quem fez o casting é que se enganou, e não que o Tiago é que enganou quem fez o casting.

Anónimo disse...

não, é exactamente a mesma coisa...

Nuno disse...

Não, é exactamente o oposto... Se não percebes português, lamento...

Bimbosfera disse...

Boas. Vou ler os comentários, mas antes que me esqueça, Tiago jogou com Camacho com Petit ao lado, e chegaram a jogar em 4x4x2 clássico, ao que se dizia na altura. Não foi sempre, mas aconteceu, com Simão e Geovanni nas alas e Nuno Gomes e Sokota na frente. Com 4 defesas atrás temos os 10 jogadores e o guarda-redes a fazer 11. E tiveram boas críticas nesse modelo, na altura. Isto já há 7 anos, e lembro que nesse ano jogámos contra o Guimarães de Inácio, com Nuno Assis e Pedro Mendes, em 3x5x2, e que ganhámos o jogo, qual ao certo não sei, se casa ou fora, mas creio que fora, e eles, que eram os dois extremamente dinâmicos nos 5 de Guimarães, não fizeram farinha com os nossos 2, Petit e Tiago. Creio que ficou, um dos jogos, 2 a 0.
Depois de ler os comentários, bom, gostei dos mesmos, das explicações dos mesmos, até o que eu disse acima foi abordado, e agora estão discutir quem é que tem a maior, mas ok.
Percebi o ponto, da diferença que se quer fazer, entre erro de casting ou casting errado, mas é uma minudência que pode ser encarada como ambos estão a fazer. Eu entendi o post, mas compreendo a intenção/apreciação feita pelo leitor antes de mim.

Abraço

Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

Bimbosfera.blogspot.com