terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Os seis que mereciam ser dez - 1

Um gesto lânguido, num segundo que, de certa forma, irá perdurar nas nossas mentes. A melhor opção, sempre a melhor. A linha de passe invisível, até nos ser revelada pelo patrão, num assomo de pura genialidade, e generosidade para os adeptos do futebol. Por vezes dava a sensação de ser lento a executar, mas não, nada disso; apenas criava essa ilusão para assim podermos desfrutar da sua magia. Pois é, e pela primeira vez, senti uma atracção por esse comando, por esse posto. Paulo Sousa.
A maneira como a equipa seguia as suas passadas, dando, por vezes, a ideia que o jogo variava de flanco com apenas um olhar seu, como se este dissesse à bola, « é por ali, é por ali o melhor caminho»; outras vezes, o desenrolar do jogo colava-se ao bater do seu pulso, acelarando, ou detendo-se, conforme o entusiasmo do general.
Seria uma personagem de um qualquer conto de Wilde pela sua graça e elegância; simbolo máximo da vitoria da inteligência sobre o músculo, não se descobria em Sousa indìces fisicos invulgares. Não era rápido, tão pouco forte no choque, não era dotado de uma garra extraordinária, tecnicamente apesar de bom, não deslumbrava... Mas compensava tudo isso com uma inteligência singular. Que prolonga no seu cargo como selecionador, mas isso são contas de outro rosário...

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

A grande mentira do futebol.

Este vai ser, provavelmente, um post bastante polémico.
Apesar de admitir que o fenómeno futebol em Inglaterra é excitante, e de certa forma, um grande espéctaculo ( com todos os seus ingredientes - adeptos incansáveis, boas molduras humanas nos estádios, etc.), acho que o futebol, enquanto jogo, é pobre. Mais, acho lamentável a maneira como os árbitos conduzem os respectivos jogos. E a provar o que digo, confirmem a quantidade de entradas violentas que existem todas as jornadas naquele campeonato. Quando me dizem que ali não embarcam em teatros, sou levado a concordar, ali bate-se a valer. É ridícula a justificação que se dá para permitir aquele tipo de atitude que é rainha na Premiership. O futebol é um desporto viríl! Calculo que os momentos de ouro da história do futebol, estejam repletos de virilidade. Pois são homens como Jorge Costa, Paulo Turra, Vidigal, Petit, etc, que nos fizeram apaixonar pelo jogo. Não essas meninas, como Zidane, Laudrup, Baggio, MARADONA, Van Basten, etc.

Outra coisa que não concordo é com o mito de que em Inglaterra o futebol é mais verdadeiro. É apenas um eufemismo para a realidade: é um futebol pobre em termos tácticos, sem ideias, baseado única e exclusivamente, nas pontecialidades fisicas/técnicas dos seus jogadores. Tomemos o exemplo do MU: no último jogo, contra o Fulham, não fosse a qualidade técnica de alguns jogadores, poderia-se dizer que estávamos perante um jogo dos distritais. Sem qualquer tipo de transições definidas, assistiu-se ao estilo very british, kick and run. Entregando a sua sorte ao acaso, Sir Alex, teve em Cristiano Ronaldo a solução para um jogo que parecia condenado. E dei comigo a desconfiar do futebol; como poderia ele recompensar alguém que o ignorava daquela forma, rebaixando-o a um nivel tão primitivo? Fazendo dele não mais do que um desporto baseado em apenas músculo, suor, e uma percentagem exígua de inspiração, sem qualquer qualidade? Porém, a explicação é simples. Num campeonato como aquele, em que todas as equipas, excepto, o Chelsea e o Arsenal, são pobres do ponto de vista táctico, quem tem os melhores jogadores, e a sorte de não ter um grande número de lesões, vence. Com um modelo de jogo básico, e primítivo, conseguem alcançar resultados. Contudo, na europa, as coisas já soam de maneira diferente. E por isso, à excepção do Arsenal e Chelsea, o seu contributo nas provas europeias ficam sempre aquém. O futebol em Inglaterra é jogado de maneira etérea. Sem esquemas, é o país do fair-play. Ok, voltemos então ao jogo do sabado passado. Depois de conseguir o 2-1 de forma casual, como é que o MU passou os últimos 5 minutos de jogo? Pois é, da maneira mais nobre, e leal: levando a bola para a bandeirola de canto, tentando queimar todos os segundos, tentando proteger a bola junto do quarto circulo. Porque, lá está, ter um modelo de jogo definido, que lhe permitisse manter a posse de bola trocando a mesma entre os seus jogadores isso era feio, e desleal. Ok.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Doentes Mentais ou Génios?

Jaime Pacheco diz que Mourinho é doente mental. Hmmm... pois... Jaime, Jaime, o que é que andas a fumar, pá? Ora façamos um paralelo. A diferença entre um doente mental e Napoleão é que o primeiro pensa que é o Imperador de França e o segundo foi-o. O primeiro julga que é um génio militar e que venceu imensas batalhas, mas só o segundo é que as venceu. Então vejamos. Entre Pacheco e Mourinho, quem é o Napoleão e quem é o doente mental? Diz Pacheco que Mourinho deve ser um frustrado por nunca ter ganho nada como jogador. Acredito. Será tão frustrado como os outros 9 milhões, 999 mil e tal portugueses que nunca ganharam nada como jogador. E como treinador, quem será o mais frustrado?

Já há tempos, Jaime Pacheco, numa entrevista, tinha dito que Mourinho só se tornou no que se tornou porque teve sorte, pois nunca treinara equipas pequenas, que fora logo para as grandes. Recapitulemos. Mourinho andou mais de uma década à sombra de Robson e Van Gaal. Realmente, poderia ter usado este tempo para se iniciar como treinador, mas preferiu passá-lo a aprender, coisa que falta a... vá lá... quase todos os treinadores além dele. Depois, chegou ao Benfica. Um grande, é verdade. Mas deu-se ao luxo de abandonar o cargo de treinador e foi para o Leiria. Parece que afinal sempre treinou equipas pequenas. E vejamos o que fez no Leiria. Pois, saiu a meio da época para o Porto, porque era evidente que era bom. Deixou o Leiria em terceiro no campeonato, à frente do Benfica. Depois, no Porto, foi o que se viu. Em duas épocas, só não ganhou uma taça de Portugal. E se quisermos, no panorama europeu, o Porto era uma equipa pequena, mas ainda assim ganhou a UEFA e a Champions. Resumindo, o que Jaime Pacheco diz não tem qualquer fundamento. Mourinho treinou equipas pequenas. Ganhou sempre mais do que era esperado. Parece-me doença mental não saber interpretar isto, sr. Pacheco.

Para finalizar - é preciso dizê-lo sem medo - Jaime Pacheco não percebe nada de futebol. As suas equipas baseiam-se na força. Na força, imagine-se. E como sabemos, tudo o que é preciso num futebolista é força. Mourinho terá reagido a uma acusação de Pacheco dizendo que este só tinha um neurónio. Na minha opinião, foi simpático. Se Jaime Pacheco tivesse um neurónio, tê-lo-ia usado para permanecer calado e não se meter com Mourinho. Jaime Pacheco, como maior parte dos treinadores portugueses, não faz ideia do porquê do sucesso de Mourinho. Julga que teve sorte ou que é por saber disciplinar os seus jogadores. Há que dizê-lo também sem medo: Mourinho teve sucesso porque percebe de futebol e porque não deixa a sorte do jogo ao acaso ou à inspiração dos jogadores. Trabalha e potencia os seus jogadores, de acordo com um modelo de jogo concreto e de acordo com uma filosofia de jogo que não só é a mais correcta como a única que faz sentido. A diferença entre um doente mental e um génio é muito ténue. O que diferencia o génio do doente mental consiste na consciência que o primeiro tem do êxito que alcança. Mourinho não ganhou, como se ganha na maior parte dos casos, acidentalmente. Ganhou porque era muito melhor que os outros. E era de tal forma melhor que dificilmente não ganharia.

Génios

Sexta feira, 23 de Fevereiro. Um jogo entre duas equipas distintas, tais como os seus objectivos, mas que comungaram os mesmos pontos. Nesta altura o mais facíl será dizer o que faz falta ao Sporting; mas não é isso que vou apresentar, não, nada disso. O clube de alvalade apenas aproveita os prejuízos de ter um plantel bastante jovem. Uma grande parte da culpa está imíscuida nos comportamentos dos adeptos, uma vez que, ao invés de se apresentarem como apoiantes, mais parecem procurar na equipa o escape de todas as sua frustrações, dando assim enfâse ás dificuldades, inerentes à idade, resultantes da pressão de jogar num clube com grandes objectivos, mas, não só; um dos predicados das equipas jovens, é a sua irreverência, a sua imprevisibilidade, o seu arrojo e tendência para fantasiar. Porém, refém de uma disciplina rigída, a equipa não consegue explorar os seus valores na sua plenitude. O caso mais gritante passa por Carlos Martins. O seu talento ímpar para ser aproveitado, temos que o deixar ser rei no campo. Deixá-lo sentir os ritmos da equipa, e, então com alguma anarquia, produzir os desiquilibrios que fazem dele um dos maiores talentos da sua geração. Não podemos circunscrver o seu talento com rigidez táctica, tão pouco com um altruismo exagerado. Os génios são individualistas, e serão sempre dotados de temperamento muito sensível, oscilando, sempre em função do momento em que vivem. Por outras palavras, o génio, nunca irá ter a consciência das necessidades dos vulgares, por isso são mais verdadeiros nas suas demonstrações de insatisfação, não se preocupando com as consequências de tais actos.
Não tendo a consciência da correlação entre um talento criativo descomum, e um desajustamento social, que neste caso se refere à equipa, somos levados, muitas vezes, a crucificar estes jogadores por não manifestarem a mesma predisposição para sofrer como os demais. Porém, esta expectativa, por si só, é uma contradição. Num génio o seu intelecto, ou sentido criativo, prevalece de uma forma clara, sobre a sua vontade, ou espírito de sacrifício. Ao Carlos Martins, temos que deixar de pedir que se integre nesta sociedade, cada vez mais triste, e que seja cada vez mais um desajustado. Só assim, não o obrigando a ser igual aos outros, e a ter a consciência das limitações da mediocridade, poderemos comtemplar o talento dos grandes. Teria Zidane sido quem foi, se, por ventura, não fosse o rebelde que sempre se mostrou em campo? Não basta ser diferente com a bola nos pés. É preciso arrojo, coragem de pensar diferente, fazer o inesperado, quando o mais aconselhável, é seguir o convencional. E são esses momentos, em que uma aparente loucura toma conta dos predestinados, que ficam para sempre. Em alkmar, contra o Az, muitos daqui a uns anos, para além do golo do Miguel Garcia, poucas coisas serão recordadas. E uma dessas poucas coisas que surgirão, será o passe em plena pequena área da sua própia equipa, do P. Barbosa para Ricardo, quando à ilharga do primeiro se avistavam dois adversários. Ou, então, quando contra o Feyenoord, depois de um canto contra a sua equipa, em vez de aliviar a bola, fazendo o que qualquer comum jogador faria, e que, muito provavelmente, iria dar origem a um segunda vaga de ataque da equipa holandesa, saiu em drible, tirando do caminho quem quer que lhe aparecesse pela frente. Louco e arriscado? Não!, Superior! Não basta ser brilhante, é preciso a coragem para assumir esse futebol diferente.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

O verdadeiro adepto de futebol

O que é o verdadeiro adepto? Aquele que exulta com cada lance, ficando roxo de tanto gritar? Aquele que insulta, do primeiro ao último minuto, o árbitro, a mãe do árbitro, o adversário, a mãe do adverário, o adepto adversário, a mãe do adepto adversário, e todos os outros e as mães de todos os outros? Aquele que defende, com a vida, se for preciso, a honra do seu clube? Não! O verdadeiro adepto, o verdadeiro apreciador de futebol não se comporta como se comporta a generalidade dos adeptos de futebol. Porquê? Simples. Porque não vai para o estádio para se sentir superior, mas para assistir a um espectáculo. E um espectáculo, como o é um jogo de futebol, não é uma batalha, nem sequer uma competição. O futebol é, acima de tudo, arte. Não digo que se deva retirar ao futebol o elemento competitivo. Longe disso. Esse elemento é fundamental. Até porque o futebol é uma espécie de arte que tem uma finalidade clara que é o golo e a vitória. Sem esse desígnio, não poderia ter expressão. Mas então qual é o problema do adepto que vai para o estádio para se sentir melhor que o vizinho? Simples. Ao invés de se regozijar com o espectáculo, o adepto comum contenta-se somente com o êxito do seu clube. Mas, se ele deve patrocinar a competitividade, não deve felicitar-se com as vitórias? Não! A vitória, o sucesso não é o mais importante no futebol! São o seu fim, não aquilo que o define. Por que não? Porque, como disse, o futebol é mais do que aquilo que o adepto comum pensa que é. O futebol é arte. E, como toda a arte, o seu objectivo não é o sucesso ou o insucesso, mas ela própria. Quando um bom cinéfilo vai ao cinema, só fica satisfeito se a qualidade da película corresponder aos seus padrões de qualidade. Pouco importa que a sua personagem preferida não fique com a mulher por quem está embeiçada ou que morra tragicamente no final. Perante um conhecido quadro de Goya em que se retrata a execução de um grupo de espanhóis durante as invasões francesas, não deixamos de sentir piedade por aquelas pessoas, mas não é por isso que a qualidade geral da tela sai prejudicada. A arte pouco tem a ver com o desfecho das coisas ou com as afinidades de quem a observa. E, se o futebol é arte, também não deve ser observado de forma sentida. O bom adepto de futebol é desapaixonado. Contempla uma forma de arte e pouco se importa com o resultado final, se bem que deseje que aqueles que melhor praticam essa arte sejam condecorados pela vitória, porque esse é o fim dessa forma de arte particular.

O verdadeiro adepto de futebol pode ter um clube do coração, pode gostar mais de um certo clube, mas se reconhecer que o seu clube não é o melhor, não desejará a vitória a esse clube. Como tal, o verdadeiro adepto de futebol é o único isento, o único capaz de decidir, perante a sua análise, quem mais merece a vitória. Esse tipo de adepto defende, antes da sua equipa, antes da selecção do seu país, o futebol de melhor qualidade. É, portanto, aquele que vai mais triste para casa com uma má exibição da sua equipa, ainda que tendo ganho, do que com uma derrota em que os postes e o guarda-redes adversário cometeram o milagre de evitar a vitória. Um verdadeiro adepto de futebol só considera o dinheiro do seu bilhete mal gasto quando não assiste a um espectáculo em conformidade. E o que define a conformidade desse espectáculo? Precisamente a sua qualidade e não o seu resultado. Ao contrário do adepto comum, o verdadeiro adepto satisfaz-se com a qualidade e não com o resultado. Porquê? Porque para uns o futebol é a forma mais fácil de se sentirem poderosos (agora, que a religião perdeu toda a sua força) e para outros é uma forma de arte.

É aqui que o argumento pretende chegar. O verdadeiro adepto não é só aquele que entende o futebol como uma forma de arte. É também aquele que, tendo capacidade de assim o entender, está apto a saber avaliá-lo qualitativamente. O que pretendo provar é que só o adepto que veja o futebol como arte, que consiga colocar a qualidade do espectáculo à frente do seu resultado, é que tem condições para saber distinguir o bom futebol do mau futebol. E isto é fácil de provar. Um adepto que dê preferência ao resultado não saberá distinguir a melhor forma de atingir esse resultado. Porquê? Porque nem sempre os resultados derivam da qualidade. Uma equipa que jogue um futebol demasiado directo pode ganhar vários jogos apenas porque os seus avançados são mais rápidos que os defesas adversários. Num jogo em que isso não se passe, não ganharão. Mas o adepto comum não perceberá porquê. Na sua óptica, ficará sempre a ilusão de que os jogadores não se esforçaram o suficiente, ou que o adversário teve sorte, ou que o treinador não soube planear o jogo. E por que pensa ele assim? Porque só lhe interessa o resultado e porque pensa que, tendo chegado a um resultado positivo, uma equipa tem obviamente qualidade. Falso. Maior parte dos resultados positivos não derivam da qualidade, mas de factores diversos incontroláveis. Em contrapartida, um adepto para quem o resultado não seja importante, que concentre a sua atenção na qualidade do jogo (o único factor controlável no futebol) saberá dizer o que está mal e o que está bem. Porquê? Porque, à partida, conseguirá perceber em que medida os resultados foram derivados de uma boa ou de uma má qualidade do jogo ou de determinados aspectos do jogo.

Como é óbvio, isto não é linear. Há quem consiga fazer isto melhor, há quem consiga fazê-lo pior. O que digo é que saber assistir a futebol, isto é, ver o futebol como arte, é premissa necessária para se perceber de futebol. Só de entre os que assim o fazem saem os que entendem mesmo de futebol. Mesmo entre esses poucos, há quem depois não saiba interpretar correctamente as coisas. Ou quem saiba apenas parcialmente. São raríssimos os que têm inteligência suficiente para saber interpretar correctamente a qualidade de um jogo. Não digo, com isto, que estes adeptos estejam aptos a ser treinadores, conquanto o fossem, certamente, melhor que maior parte dos treinadores que existem. Uma coisa é interpretar a qualidade e saber como atingi-la, outra coisa é ensiná-la, comunicá-la a um grupo de jogadores. Conheço apenas um que o sabe quase na perfeição, mas esse é Especial...

Avé Catennacio!

As equipas italianas estão de parabéns. Ou talvez não estejam. Tudo bem, reconheço que a Itália foi campeã do mundo. Mas não ignoremos que foi orientada pelo menos defensivo dos treinadores italianos das últimas duas décadas e que um dos supostos médios defensivos, Pirlo, era um dos mais talentosos jogadores italianos dos últimos tempos. A Itália de Lippi, até pelo que demonstrou durante o mundial, foi a menos italiana das selecções italianas. Mereceu o campeonato? Não sei responder. Mas mereceu, por certo, mais que qualquer uma desde a Itália de Baggio. Voltando às equipas italianas. Começo pelo Parma. É verdade que, para o vulgar português, a passagem do Braga deve ser motivo de orgulho. Mas dá pena, a um espectador de futebol que não esteja inflamado pelo vício do patriotismo, ver um Parma tão débil. Quanta diferença, desde os tempos de Brolin e Asprilla... Agora, resta uma equipa medíocre, que joga demasiado à italiana. Além de ser uma equipa tacticamente infértil, como de resto o são quase todas as equipas italianas, não possui jogadores de qualidade aceitável (salvo raras excepções, como Gasbarroni) que possam desiquilibrar individualmente. Este Parma é uma nulidade, quer colectivamente, quer individualmente. Passo agora para a Roma. Confesso que não acompanho o campeonato italiano há algum tempo, mas a disposição táctica dos romanos a meio da semana, frente ao Lyon, foi das coisas mais absurdas dos últimos tempos. Conseguiram empatar 0-0, é verdade. Mas foi pura sorte. Quem se lembraria, além de um treinador italiano, de jogar de forma tão defensiva? A equipa actuou num 4-5-1. Mas vejamos quem eram os elementos mais adiantados. Comecemos pelo trio de meio-campo. Perrotta, De Rossi e Pizarro. Pizarro era o jogador com características mais ofensivas, mas, pelo que percebi, nem actuou propriamente como médio ofensivo. Em suma, a Roma jogou com 3 trincos. Depois, os alas: Taddei e Mancini. Confesso que não vi o jogo. Não sei como foi o comportamento destes jogadores, mas sei que nenhum deles é, por natureza, extremo. Em 5 elementos de meio-campo, nenhum com vocações verdadeiramente ofensivas. Mas falta o ponta-de lança, ou qualquer coisa assim parecida. Isolado na frente, jogou - pasmem-se - Totti... Percebo agora com mais facilidade por que razão o Inter, a única equipa italiana que pratica um futebol de teor ofensivo, domina o campeonato a seu bel-prazer. Palmas para o Catennacio...

Entre 10

Para quem vê no futebol muito mais que um espectáculo de massas ou que um despique clubístico e para quem anda farto de comentadores ineptos, eis o Entre 10... Porque o futebol merece um tratamento menos empírico; porque o futebol merece mais que trocas de mimos entre claques; porque o futebol merece mais, muito mais... Aqui, o futebol será visto como deve ser visto - como Arte. Aqui, o fervor irracional do emblema não imperará. Importa não a afeição por um ou outro clube, mas a análise lógica da qualidade de jogo. Aqui, o rigor jornalístico terá pouca relevância. Importa defender os artistas, não julgá-los. Aqui, não ganha quem marca. Não se promete, por isso, qualquer tipo de isenção: todo o jogador que não for capaz de dar dois toques seguidos na bola será vilipendiado. Aqui, o intelecto vence a força bruta. Afinal, tratar-se-á aqui de futebol, não de halterofilismo...