quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Certezas (25)

Não é propriamente uma novidade, mas há muito que merecia a honra de ser falado aqui. Não o fiz antes essencialmente porque queria perceber melhor qual seria o seu enquadramento no plantel da sua equipa, este ano, até porque tinha ideias a esse respeito. O seu valor é inquestionável e serão poucos os que acharão alguma novidade nesta referência. Não é, como o seu ídolo, Xavi, um jogador tão inteligente e criterioso no momento do passe. Nem me parece que seja em fases de construção tão prematuras que pode fazer a diferença. Claro que pode jogar aí, e claro que aparecerá sempre em zonas baixas, mas a sua qualidade de drible, sobretudo, merece um aproveitamento diferente. Não o considero tão rápido a ler o jogo como outro colega com quem cresceu e com quem coabitou no meio-campo, Jonathan dos Santos, mas parece ter maiores recursos que o mexicano, e uma personalidade mais forte. É atrevido, tem uma capacidade técnica invulgar, e é assaz inteligente para jogar em qualquer posição do meio-campo, mas é entre linhas, enfiado entre as defesas contrárias que gostaria de vê-lo mais vezes. É fortíssimo no último passe, muito criativo, e individualmente desembaraça-se de situações difíceis sem problemas. Como médio, não tem ainda a maturidade nem a qualidade para poder ombrear com os habituais titulares, e ficaria durante muitos anos na sombra deles. Mas encostado à esquerda, como no último jogo, partindo depois para dentro, ou à frente dos dois médios, percorrendo sem bola os espaços entre os médios e os defesas adversários, oferecendo-se para tabelas curtas e puxando as marcações adversárias para onde interesse à equipa, acho que tem tudo para crescer. Em qualquer uma dessas posições, a sua responsabilidade é menor, e as suas melhores qualidades podem continuar a ser trabalhadas. O seu treinador não parece concordar, utilizando-o quase sempre como médio-ofensivo, mas nunca como aquele jogador que joga à frente dos médios, menos posicional, deambulando pela frente de ataque com menores amarras, mais preocupado em solicitar linhas de passe do que em ter ele a bola. Agora que é claro que Guardiola valoriza como ninguém a utilização de jogadores com características de médios nas posições mais ofensivas do seu modelo, assim como valoriza a criação de espaços ofensivos, os movimentos sem bola dos atacantes, a utilização da bola como um engodo, cabe-lhe talvez a missão de fazer de Thiago Alcântara um jogador mais decisivo na manobra ofensiva da equipa, especialmente naquilo que se passa no último terço do terreno, precisamente onde os espaços são mais curtos, a quantidade de vezes que se toca na bola é menor, e a técnica individual mais preponderante.

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