A cara de miúdo não engana: é ainda júnior. É, porém, como outros das escolas do Sporting, precocemente talentoso. Muito adulto a jogar, faz lembrar João Moutinho na dedicação ao grupo. Abnegado, põe de lado o talento individual, a extraordinária capacidade de explosão, a velocidade, as correrias desenfreadas com bola, e opta por tentar aprender, ainda verde, a arte de jogar colectivamente. Por causa disso, passa, para já, despercebido. E os idiotas apupam-no, chamam-lhe nomes, duvidam da sua qualidade, põem em causa o seu valor. Fizeram o mesmo quando Hugo Viana se tentou transformar enquanto jogador, quando deixou de praticar o futebol demasiado objectivo que sempre praticara para se melhorar. Não percebem, como não perceberam na altura, o que é um jogador numa fase de aprendizagem, de adaptação. Não se pode avaliá-lo só por isso. Um jogador em transformação está longe de ser perfeito. Para se saber o que vale, seria preciso tê-lo visto jogar entre os seus, despreocupado. Aí, era rei. O ano passado, na equipa júnior do Sporting, era dos poucos juniores de primeiro ano que tinha lugar indiscutível na equipa. Tanto do lado direito do meio-campo, onde trocava as voltas aos laterais contrários, partia rins, fazia comer pó aos adversários, como no meio, onde pautava com classe o jogo da equipa, era eficaz. Já esta época, o primeiro teste entre os adultos. Na segunda liga, foi aprovado com distinção. Entre os grandes, calado, aparentemente tímido, fintava, arrancava, voltava a fintar, fazia passes de morte, cruzamentos perfeitos. E tudo com uma perfeição invejável. Uma das coisas mais impressionantes é a sua humildade. Leva porrada, não resmunga. Concentrado, prossegue o seu jogo. Sabe a qualidade que possui e não duvida dela. Não tardará a calar muita gente. No um para um, é fortíssimo e, embora não tendo a espectacularidade de outros, como Ronaldo ou Quaresma, tem a elegância de movimentos de Figo ou Dani. Tem uma mudança de velocidade estonteante e uma inteligência fora do comum. Ousei pensar, num momento de audácia, que Portugal tinha descoberto o seu Zidane. Não sei se o será. Nem sei se, no futuro, será nessa posição que se destacará. Sei, isso sim, que não demorará a fazê-lo. Ou como extremo, ou como médio de ataque, será uma referência do futebol português na próxima década. Disso não tenho quaisquer dúvidas. E o que mais me agrada é que o terei afirmado antes da grande maioria. Quando outros o reconhecerem, já eu terei firmado a minha certeza há muito, e não há prémio maior que essa satisfação. Esperem para ver e, por enquanto, deixem crescer o... Bruno Pereirinha...
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ResponderEliminarÉ pá, tinha que vir aqui deixar um grande abraço, ainda para mais visto que este post não tem qualquer comentário.
ResponderEliminarJá leio o Entre10 há imenso tempo, eventualmente li este post "em directo", já não sei. O que é certo é que me fazia confusão esta vossa opinião, e juro que fui fazendo um esforço para a perceber. Entretanto, eu próprio cresci e aprendi mais sobre o jogo, e acho que hoje (vs Manchester City) foi o click definitivo.
Tenho acompanhado os jogos em que ele entra com atenção, mais do que para perceber a opinião, que sempre percebi, para ver se eu via o mesmo, se conseguia chegar ou retirar as mesmas conclusões.
Hoje foi o click, definitivo. Espero que te dê a tal satisfação que previas (parabéns pela opinião acertada e pela precisão do que afirmaste neste post), embora não sejamos ainda muitos. Mas sem dúvida nenhuma, o Pereirinha é um excelente jogador. Está certo tim-tim por tim-tim, pese embora se venha assumindo mais atrás como lateral direito (eventualmente por ainda ser posto em causa pelos próprios treinadores, tamanho talento e inteligência) e não como médio mais central ou interior.
Hoje foi Pereirinha, Marat e Matias, quando aquilo andou ali pela direita. Um mimo. Houve futebol outra vez de verde e branco.
Manuel, não vi o jogo mas o Gonçalo diz que ele esteve muito bem. Não me espanta. Pena é que não haja muitos a ver o mesmo. Num clube como o Barcelona, em que se valoriza não só a prata da casa, como se valorizam os atributos certos, já tinha explodido há muito.
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