Nas IV Jornadas Técnicas de Futebol, que decorreram na segunda-feira da semana passada em Moscavide, ao falar do seu modelo de jogo, José Couceiro afirmou que defende, no processo ofensivo, essencialmente duas coisas:
1) Posse e circulação de bola.
2) Transições rápidas e eficazes.
É de mim, ou uma coisa impossibilita a outra? José Couceiro tem um modelo de jogo no qual, durante o processo ofensivo, pretende duas coisas contraditórias. Fenomenal! Por um lado, quer que a equipa tenha posse de bola, que a circule pelos seus jogadores, mas por outro pretende que as transições sejam rápidas? Como é que se mantém a posse de bola com transições rápidas? Jogando sem adversário? Creio que o que dava mesmo jeito, no futebol português, era treinadores com alguma escolaridade.
Mas José Couceiro não se ficou por aqui. Disse ainda que gostava de jogar em 433, com um médio-defensivo e dois interiores, preferindo essa versão ao duplo-pivot defensivo. Pus-me a pensar: queres ver que o Couceiro é um brincalhão? Então ele nunca jogou só com um médio-defensivo, mas prefere isso? Dá-me ideia que é mais ou menos o mesmo que um homossexual que continua a insistir que prefere mulheres a homens, mas tudo bem. No Porto, Couceiro jogou sempre com um médio-ofensivo; na selecção nacional de sub-20, insistiu na dupla Pelé/Nuno Coelho, mesmo quando esse esquema já tinha revelado todas as suas fragilidades. E isto em equipas grandes, que devem comandar o jogo. Se nestas não pôs em prática aquilo que afinal defende, só posso concluir que, ou não percebe nada de futebol e nem sequer sabe o que são médios-ofensivos, ou é mentiroso.
Disse ainda, entre muitas coisas sem nexo, outra barbaridade digna de nota. Para Couceiro, o processo ofensivo tem de terminar sempre com finalização. Isto é, uma jogada de ataque deve ter por conclusão uma tentativa de finalização, ainda que o jogador esteja desequilibrado, desenquadrado, etc. A teoria de Couceiro é a seguinte: se a jogada de ataque terminar, mesmo que o remate seja absurdo, a equipa nunca é apanhada em contra-ataque. Isto causa-me alguma confusão, até porque logo de seguida Couceiro disse preferir que um avançado rematasse à baliza, mesmo que não tivesse hipóteses de fazer golo, do que tentasse assistir um colega, porque isso poderia causar uma perda de bola e um consequente contra-ataque. Mais uma vez, fenomenal raciocínio! Para impedir o contra-ataque do adversário, Couceiro pede à sua equipa que não troque a bola. Agora entendo o porquê das transições rápidas: não é para aproveitar espaços, mas para evitar perder bolas. O modelo de jogo de Couceiro é, no fim de contas, o medo. Porque tem medo de perder a bola e de sofrer as consequências disso, troca-a o menos possível e, na iminência de a perder, há que tentar finalizar a jogada, ou seja, rematar de onde se está e em que contexto se está. O modelo de jogo de Couceiro não contempla o risco, que todo o modelo ofensivo tem necessariamente de contemplar; pressupõe atacar sempre a pensar que perder a bola é defender mal. Logo, Couceiro é um treinador que só sabe defender. Há formas de atacar sem descuidar em demasia a defesa, mas isto é muito mais do que isso: é não atacar verdadeiramente. É atacar apenas até ao ponto em que não se comprometa a estrutura defensiva. Como isso é impossível, a equipa de Couceiro só defende. Aquilo que é o ataque da sua equipa é apenas o aproveitamento de espaços. Ou seja, o modelo de jogo de Couceiro não ambiciona a perfeição e limita-se àquilo que o adversário permitir. Em vez de dar liberdade à equipa para procurar soluções ofensivas, prefere que os jogadores ataquem apenas enquanto isso não for arriscado. Isto, creio, é um contra-senso. Atacar é arriscar, pouco ou muito. Couceiro pretende atacar sem arriscar. Isso é defender...
Além destes paradoxos, destas palermices evidentes, Couceiro disse pouca coisa acertada. Para mim, que desde sempre me amotinei contra a incompetência de Couceiro, foi apenas a confirmação de tudo o que pensava. Acho, por isso, que os cursos de treinador deveriam estar sujeitos a apreciações competentes. Se examinados, muitos treinadores não teriam emprego. E o futebol agradecia. Couceiro seria um caso desses. Nesse caso, as nossas selecções jovens teriam agradecido. Assim não aconteceu e, Couceiro, um jogador banal, aproveitando-se da sua carreira no sindicato, chegou onde chegou. É a prova de que, hoje em dia, qualquer um que aposte em fortalecer a sua imagem política, mesmo que seja profundamente incompetente, tem o futuro garantido.
1) Posse e circulação de bola.
2) Transições rápidas e eficazes.
É de mim, ou uma coisa impossibilita a outra? José Couceiro tem um modelo de jogo no qual, durante o processo ofensivo, pretende duas coisas contraditórias. Fenomenal! Por um lado, quer que a equipa tenha posse de bola, que a circule pelos seus jogadores, mas por outro pretende que as transições sejam rápidas? Como é que se mantém a posse de bola com transições rápidas? Jogando sem adversário? Creio que o que dava mesmo jeito, no futebol português, era treinadores com alguma escolaridade.
Mas José Couceiro não se ficou por aqui. Disse ainda que gostava de jogar em 433, com um médio-defensivo e dois interiores, preferindo essa versão ao duplo-pivot defensivo. Pus-me a pensar: queres ver que o Couceiro é um brincalhão? Então ele nunca jogou só com um médio-defensivo, mas prefere isso? Dá-me ideia que é mais ou menos o mesmo que um homossexual que continua a insistir que prefere mulheres a homens, mas tudo bem. No Porto, Couceiro jogou sempre com um médio-ofensivo; na selecção nacional de sub-20, insistiu na dupla Pelé/Nuno Coelho, mesmo quando esse esquema já tinha revelado todas as suas fragilidades. E isto em equipas grandes, que devem comandar o jogo. Se nestas não pôs em prática aquilo que afinal defende, só posso concluir que, ou não percebe nada de futebol e nem sequer sabe o que são médios-ofensivos, ou é mentiroso.
Disse ainda, entre muitas coisas sem nexo, outra barbaridade digna de nota. Para Couceiro, o processo ofensivo tem de terminar sempre com finalização. Isto é, uma jogada de ataque deve ter por conclusão uma tentativa de finalização, ainda que o jogador esteja desequilibrado, desenquadrado, etc. A teoria de Couceiro é a seguinte: se a jogada de ataque terminar, mesmo que o remate seja absurdo, a equipa nunca é apanhada em contra-ataque. Isto causa-me alguma confusão, até porque logo de seguida Couceiro disse preferir que um avançado rematasse à baliza, mesmo que não tivesse hipóteses de fazer golo, do que tentasse assistir um colega, porque isso poderia causar uma perda de bola e um consequente contra-ataque. Mais uma vez, fenomenal raciocínio! Para impedir o contra-ataque do adversário, Couceiro pede à sua equipa que não troque a bola. Agora entendo o porquê das transições rápidas: não é para aproveitar espaços, mas para evitar perder bolas. O modelo de jogo de Couceiro é, no fim de contas, o medo. Porque tem medo de perder a bola e de sofrer as consequências disso, troca-a o menos possível e, na iminência de a perder, há que tentar finalizar a jogada, ou seja, rematar de onde se está e em que contexto se está. O modelo de jogo de Couceiro não contempla o risco, que todo o modelo ofensivo tem necessariamente de contemplar; pressupõe atacar sempre a pensar que perder a bola é defender mal. Logo, Couceiro é um treinador que só sabe defender. Há formas de atacar sem descuidar em demasia a defesa, mas isto é muito mais do que isso: é não atacar verdadeiramente. É atacar apenas até ao ponto em que não se comprometa a estrutura defensiva. Como isso é impossível, a equipa de Couceiro só defende. Aquilo que é o ataque da sua equipa é apenas o aproveitamento de espaços. Ou seja, o modelo de jogo de Couceiro não ambiciona a perfeição e limita-se àquilo que o adversário permitir. Em vez de dar liberdade à equipa para procurar soluções ofensivas, prefere que os jogadores ataquem apenas enquanto isso não for arriscado. Isto, creio, é um contra-senso. Atacar é arriscar, pouco ou muito. Couceiro pretende atacar sem arriscar. Isso é defender...
Além destes paradoxos, destas palermices evidentes, Couceiro disse pouca coisa acertada. Para mim, que desde sempre me amotinei contra a incompetência de Couceiro, foi apenas a confirmação de tudo o que pensava. Acho, por isso, que os cursos de treinador deveriam estar sujeitos a apreciações competentes. Se examinados, muitos treinadores não teriam emprego. E o futebol agradecia. Couceiro seria um caso desses. Nesse caso, as nossas selecções jovens teriam agradecido. Assim não aconteceu e, Couceiro, um jogador banal, aproveitando-se da sua carreira no sindicato, chegou onde chegou. É a prova de que, hoje em dia, qualquer um que aposte em fortalecer a sua imagem política, mesmo que seja profundamente incompetente, tem o futuro garantido.